A Ordem do Templo em Loures
Por outro lado a história Templária tem sido também, ele própria, fruto de muita pesquisa e de muito estudo por historiadores de toda a parte do planeta, que começam a pesquisa em época muito anterior à data historicamente apontada como a da fundação da Ordem (1118) procurando reconhecer os princípios mais remotos da organização que, na altura, mudou o mundo, até 1311, data em que a ganância de Filipe IV, o Belo, de França e a cobardia de Clemente V, Papa de Roma, decretaram a chacina de todos os cavaleiros do Templo, a dissolução da Ordem e a entrega dos bens respectivos à coroa francesa.
Como estes estudos concluem, os Templários sofreram naquela data (1311) um importante revés, mas o fim da Ordem decretada pelo Papa apenas conseguiu um êxito parcial.
Os Cavaleiros que conseguiram fugir à matança, em França, vieram para Portugal, onde as intrigas papais tinham, naquela época, muito pouca audiência.
Aqui foram aceites junto dos seus irmãos que já por cá andavam desde 1125, e apoiados pela inteligência de um “Rei inteligente” (D.Diniz), que sempre reconheceu os muitos e grandes serviços prestados durante a criação da nacionalidade, decretando desde o inicio do seu reinado em 1279 que “inimigo da Ordem, seu inimigo seria”, e com o suporte do Rei puderam reformular a Ordem do Templo numa nova organização que foi então chamada de Ordem Militar de Cristo.
Para que as coisas pudessem ser assim, D.Diniz teve de desobedecer por completo à vontade papal, confirmar que em Portugal manda o Rei de Portugal e que a lei em vigor é a que os portugueses e o seu Rei entenderem como sendo a melhor para os seus interesses.
Isto é, cada macaco no seu galho, como convém e é de direito.
Como bem sabemos, 8 séculos depois destes acontecimentos muitas coisas se passam de sentido exactamente oposto a este.
Quando em 1125 D.Teresa acolhe os primeiros Templários no reino de Portucale (Portucale também sofreu uma enorme alteração no seu significado, ao longo dos séculos, e actualmente é sinónimo de vigarice) começa por lhes doar espaço para se instalarem em Soure e Penafiel, tendo a Ordem começado aí a sua instalação no território que viria a ser, com o seu auxílio, o País/Nação Portugal.
Muitas foram as zonas de Portugal onde os Templários (ou a Ordem de Cristo como ficaram depois de 1318) estiveram instalados e da sua presença ficaram muitos sinais que são “mais ou menos” conhecidos, e estão “mais ou menos” estudados e publicados.
Mais ou menos porque ainda restam muitos sinais da presença Templária por estudar ou cujo estudo ainda não chegou ao fim.
Entretanto os escritos existentes referem-se muito a alguns locais, certamente os mais importantes na sua existência portuguesa (Santarém, Tomar,…) mas quase não encontramos referências à presença destes Cavaleiros e Monges na zona de Odivelas/Loures.
E no entanto também lá estiveram, e deles há vestígios importantes.
Numa pequena excursão que realizei em companhia do historiador Vítor Adrião encontrei alguns desses vestígios que achei bem interessantes e resolvi trazer ao blog.
Pois aquilo que encontrei dando a volta ao exterior do edifício, e dentro dele, está em fotos que tirei e que junto agora.
Frente à porta principal está uma sepultura de um Cavaleiro Templário, provavelmente pessoa de importância dado que na pedra da sepultura aparece um ábacus, sinal de que pertence a um Mestre Templário.
Sta. Maria de Loures foi designada a 28ª Comenda da Ordem do Templo o que reforça a importância desta zona geográfica na história dos Templários.
A evolução da Ordem do Templo para Ordem de Cristo também é assinalada pela Cruz de Cristo que fecha a cúpula do tecto da Capela –mor.
Nesta sepultura também se encontram os sinais decorativos correspondentes à função, esquadro, compasso e outros símbolos operativos da arte da cantaria e como era regra na época, as pedras da construção estão marcadas com os símbolos dos canteiros que ali trabalharam.
Junto ao edifício foram iniciadas pesquisas arqueológicas cujos resultados são ainda incipientes.
Esperemos os resultados destas pesquisas, mas entretanto (conselho meu…) sentemo-nos, porque a espera será longa !