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28 setembro 2008

Equinócio de Outono

Dando cumprimento ao regulamento em vigor, reuniu a GLLP em sessão de Grande Loja, ontem sabado 27/9

A Sessão contou com a presença de um grande numero de Irmãos e correu de forma justa e perfeita.

Para além dos assuntos normais esta Sessão tinha a particularidade de servir para eleger e empossar o Grande Tesoureiro da Grande Loja, e este assunto é que para a Mestre Affonso Domingues assume particular relevância.

O Eleito foi PauloFR, escritor ocasional deste blog e antigo Veneravel da Mestre da Mestre Affonso Domingues, é um profissional competentissimo desta area.

Sendo este um cargo complicado de exercer, queremos manifestar ao Paulo o nosso apreço por ter acedido a candidatar-se e a melhor das sortes no desempenho das suas novas atribuições.

Nao ficaria este relatório completo sem a mais que merecida referencia à Milu e à Sandra, que mais uma vez garantiram que toda a parte administrativa estava devidamente tratada.


José Ruah

20 agosto 2008

Continuamos em Agosto mas não parece !

Tradicionalmente a maçonaria para em Agosto. Nalguns países pára mesmo em Julho e Agosto. Ou seja aos obreiros é reconhecido o direito a férias tal qual como numa qualquer Oficina, ou Loja.

Os Maçons são como os outros têm direito a Férias, a estar com as respectivas famílias e a não se preocuparem com os trabalhos rituais nem com o funcionamento da Loja.

Pois é ! Isto é Verdade mas não para todos.

Aqui este escriba está atarefadissimo com uma incumbencia do MR Grão Mestre. Quer ele que no início de Setembro esteja pronto para distribuição o novo Ritual do Grau de Companheiro para o Rito Escocês Antigo e Aceite.

E para tal chamou ao trabalho dois obreiros da sua confiança, que têm dado ao dedo. O FPC criou as versões iniciais, baseadas no Ritual existente.

Mandou-as por e-mail cá para mim, e eu estou a trabalhar na que será a versão para apresentação ao GM, já formatada, com a apresentação e aspectos finais, etc.

Preferencialmente sem erros mas sobretudo sem fontes de equivocos.

Enfim, coisas de Grande Inspector.

José Ruah

10 agosto 2008

Desfazendo uma Confusão

Um Leitor que com imaginação conseguiu um perfil de blogger chamado Anónimo, deixou-nos alguns comentários no post aqui sobre a questão da fé e da regularidade.

Começou por nos perguntar se a condição para ingressar na GLLP/GLRP era acreditar em Cristo.

Foi-lhe respondido que a questão era mais vasta, e que a única condição era acreditar na existência de um Grande Arquitecto do Universo, não tendo a questão a ver com religião mas sim com fé.


Volta o nosso leitor à carga, com as seguintes questões:

“Estou confuso, afinal o que vos diferencia da GLNP?”

E num comentário logo imediato:

“Acabei de ver uma reportagem da TVI sobre maçonaria.Se há pouco estava confuso, agora estou completamente perdido.Qual a diferencia entre GLLP, GLRP e GLNP?De todas as obediências em Portugal só consigo distinguir a particularidade do GOL que aceita mulheres e ateus sem qualquer reconhecimento por parte da regularidade inglesa, mas quanto as outras acima referidas, como distingui-las ??”


Está confuso sim senhor!

Vamos tentar resolver a confusão.

1 – Nem tudo o que se vê na televisão é de boa qualidade ou verdadeiro. Há sempre uma parte sensacionalista, uma parte invenção, uma parte show off e uma parte verdadeira e real.
Se a reportagem que viu é uma que passou originalmente há cerca de 1 ano e que refere a existência do GOL, GLLP, GLNP e GLTP então é a mesma que conheço. E será sobre esta que assento a minha opinião.

2 – Decifrando as Siglas e as datas de constituição e origens:

GOL – Grande Oriente Lusitano – fundado em 1802
Primeira Obediência em Portugal, tendo sido reconhecida pela Grande Loja Unida de Inglaterra, num primeiro tempo e perdido essa regularidade quando adoptou os princípios que regiam o Grande Oriente de França, nomeadamente a não necessidade de acreditar num Grande Arquitecto do Universo, abrindo assim a ateus e agnósticos.
É uma obediência Masculina, só admitindo homens, tendo no entanto convénios de reconhecimento com Obediências Femininas, e consequentemente direitos de visitação.

GLLP – também denominada GLLP/GLRP – Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal – fundada em 1991
Originalmente constituída apenas como GLRP, aparece pela vontade de maçons que militavam no GOL e que com a ajuda da GLNF – Grande Loja Nacional Francesa – constituem uma Grande Loja aceite e reconhecida pela Regularidade.
Em 1996 por força do que ficou conhecido pelo Golpe do Sino, dá-se uma cisão na GLRP e por uma questão legal e administrativa, a Denominação passa para GLLP.
Esta é a única Obediência Maçónica em Portugal a ser reconhecida pela Maçonaria Regular Internacional.

Mais informações em:
Regularidade Maçónica
O Nome da Grande Loja

GLNP – Grande Loja Nacional Portuguesa – fundada cerca de 1997 em Bragança
Aparece fruto da instabilidade gerada pelo Golpe do Sino, e é essencialmente radicada no Nordeste Transmontano, onde aliás tem a sua sede.
Sendo um fruto da linha regular original, adoptou os mesmos princípios, mas não obteve reconhecimento internacional por parte da Regularidade


GLTP – Grande Loja Tradicional de Portugal – Fundada em 2005 e constituída enquanto jurisdição. Os seus fundadores são oriundos da GLLP, da qual saíram após sérias divergências.
Aceita a feminilidade, e é portanto Mista.


3 – A sua primeira confusão:

A obrigatoriedade de uma religião especifica para pertencer à GLLP. Como expliquei na minha resposta, isso não existe. Existindo sim a obrigatoriedade de acreditar num Grande Arquitecto do Universo.

4 – A sua segunda confusão:

O GOL é uma obediência masculina e não aceita mulheres nos seus quadros nem nas suas Lojas. Os Maçons do GOL são considerados Maçons pelos movimentos regulares, embora não sejam reconhecidos enquanto regulares.

5 – A sua maior confusão:

É natural que as duas organizações – GLNP e GLTP – anunciem princípios parecidos aos da GLLP, pois dela derivam e saíram os seus membros constituintes. Todavia e do ponto de vista da GLLP estas associações não são consideradas sequer maçónicas, ou seja nem sequer gozam do mesmo estatuto do GOL. Mas como se pode depreender pelo acima escrito há diferenças substanciais entre os vários caminhos.

É evidente que cada pessoa tem o direito de seguir a via que melhor lhe convém e que não posso, não devo, nem quero estar a fazer juízos de valor.


É certo que este tema é passível de grandes discussões filosóficas, mas usando o principio KISS – Keep it Short & Simple – tudo assenta nos Landmarks e no cumprimento dos mesmos, e no reconhecimento por parte do Movimento Regular internacional que inclui a United Grand Lodge of England, as Grandes Lojas Americanas, a Grande Loja Nacional Francesa e mais uma infindável lista de Grandes Lojas e Grandes Orientes.

Quanto aos Landmarks poderá ler mais em :Landmarks


E com isto espero ter contribuído para a sua confusão !


José Ruah
Com a prestimosa colaboração dos autores dos posts referenciados.
Nota: todas as opiniões expressas são do autor.

30 junho 2008

Solsticio de Verão - Aniversário



Decorreu no passado Sábado a sessão de Grande Loja correspondente ao Solsticio de Verão e consequentemente o aniversário da constituição da Grande Loja.

E vão 17 anos desde a consagração pela Grande Loge Nationale Française, e vão dias bons e dias maus e outros assim assim.

O de sábado foi dia bom. Sala absolutamente cheia estando cerca de 250 Irmãos presentes.

A GLLP/GLRP foi honrada com a presença de várias potências estrangeiras a saber:

Moldova, Marrocos, Roménia, Itália, França, Espanha, Brasil e a mais importante de todas a Inglaterra. A Grande Loja Unida de Inglaterra fez-se representar pelo seu Pró Grão Mestre o Marquês de Northampton, 2ª figura da hierarquia da UGLE.

A sessão decorreu ligeira e rapidamente, sendo respeitados todos os procedimentos e protocolos.

Mas a melhor noticia foi que o Grão Mestre da GLLP/GLRP o Muito Respeitável Irmão Mário Martin Guia se apresentou de saúde e com toda a sua força e jovialidade, já recuperado das maleitas que lhe atormentaram a saúde nos primeiros meses deste ano.

O Jantar decorreu em ambiente agradável (segundo me disseram que eu não pude estar presente pois obrigações familiares mais importantes assim o determinaram) e de grande fraternidade.

Evidentemente que, e como sempre, a prestimosa colaboração da Milu e da Sandra foi de importância vital para que a logística do evento decorresse sem sobressaltos.

Mais um marco na história da GLLP/GLRP.



José Ruah

12 junho 2008

Futebol, Maçonaria e mais...

Não, não venho deixar nenhum texto sobre o Euro-2008 nem sobre a vitória da Selecção Portuguesa sobre a da República Checa. Isso já foi glosado em vários tons pela imprensa, pela rádio, pela televisão e pelas conversas de emprego, amigos e de café. Hoje, o tema de partida para o texto é o futebol, mas é outro e de outras paragens.

Li no jornal electrónico Midiamax - o Jornal Eletrônico do Mato Grosso do Sul uma notícia na secção de Esportes, da autoria do jornalista Jorge Franco, com um título que logo me chamou a atenção: Capital terá Copa Maçônica de Futebol Society.
Os detalhes primeiro. Que é isso de "Futebol Society"? A Wikipedia elucida-nos, nesta entrada: Futebol Society é uma variação do futebol. Jogado em campos menores, e usualmente com grama sintética (ou outros materiais artificiais). Disputado por 7 atletas de cada lado, tem regras próprias, criadas por um brasileiro, Milton Mattani. Difundido em todo o mundo, principalmente na América do Sul. Hoje, no Brasil, é a modalidade mais praticada com cerca de 12 milhões de praticantes.

Resolvido o pormenor, vamos então à notícia:

Promovido pela Prefeitura de Campo Grande, numa realização da Funesp (Fundação Municipal de Esporte), começa no dia 5 de julho, a primeira edição da Copa Maçônica de Futebol Society, competição que conta com a parceria das potências maçônicas GOMS, GOB-MS e Grande Loja Maçônica, além da Federação de Futebol Society de Mato Grosso do Sul.

A competição reunirá maçons ativos das três potências de Mato Grosso do Sul, que poderão inscrever quantas equipes pretenderem. Cada equipe será composta por 15 atletas com idade superior a 40 anos, podendo cada uma inscrever ainda até dois atletas com idade inferior a 40 anos. Um destes jogadores será, obrigatoriamente, o goleiro.

Também será permitida a fusão de duas ou mais lojas de uma mesma potência para a composição das equipes.

As inscrições poderão ser feitas na Funesp, até o dia 1º de julho, sendo que cada equipe pagará a quantia de 15 cobertores, que serão doados para a campanha do agasalho promovida pela primeira dama de Campo Grande, Maria Antonieta Trad.

O congresso técnico, que definirá a tabela de jogos e a composição dos grupos ocorrerá às 16 horas do dia 5 de julho, na praça esportiva do Belmar Fidalgo, com a presença do prefeito Nelsinho Trad (PMDB) e dos Grão-Mestres Herbet Xavier (Grande Oriente de Mato Grosso do Sul), Juares Vasconcelos (Grande Loja) e Gercírio Domingos Mendes (Grande Oriente do Brasil).

Para o presidente da Funesp, Carlos Alberto de Assis, esta competição visa promover a integração e a confraternização entre os maçons. "É uma forma de prestigiarmos e ao mesmo tempo agradecer a estas pessoas, que tanto fazem pelo bem estar de nossa sociedade, bem como prestamos a colaboração com a campanha do agasalho".

Brasileiro é mesmo assim: futebol, mesmo de sete, tem lugar de destaque. Mas o que me chamou a atenção na notícia foi algo diverso: a naturalidade da confraternização entre maçons de Obediências distintas. Aqui não há querelas sobre regularidade ou reconhecimento. Cada um joga no seu time e, golo daqui, defesa dacolá, todos confraternizam.

É um bom exemplo a seguir deste lado do Atlântico. É bom que todos vamos entendendo e praticando que, estando cada um integrado na sua Obediência, que tem características, aqui mais, ali menos, diferentes das outras, não tem que, não deve, ignorar ou verberar quem escolheu integrar-se noutra. Se esta é Regular, aquela Liberal, uma reconhecida internacionalmente por uns, outra por outros, e uma terceira por nenhuns, são outras questões, que nada têm a ver com o desejável amistoso trato que deve existir entre quem busca o aperfeiçoamento e a Luz - onde quer que o faça. Se um maçon vir um certo sinal pedindo ajuda, o que faz é prestar socorro, dar auxilio, providenciar alívio; não vai perguntar a quem necessita de auxílio em que Obediência está inserido. Quando é hora de prestar homenagem fúnebre a um maçon que passou ao Oriente Eterno, não importa nem em que Obediência ele se encontrava, nem se quem está ao meu lado na Cadeia de União é Regular, Liberal, Reconhecido ou não. Homens livres e de bons costumes prestam homenagem a um outro, que pousou já as suas ferramentas. É tudo! E é assim que deve ser!

Obviamente que as determinações de cada Obediência devem ser respeitadas. No meu caso, como Maçon Regular, não visito Loja que não seja Regular e não admito visitantes que não sejam maçons Regulares na minha Loja. São essas as regras que vigoram e que me comprometi a cumprir, ponto final. Mas essas regras não me impedem de, fora de Loja, confraternizar, colaborar, debater, organizar, enfim, relacionar-me com outros homens livres e de bons costumes que optaram por se inserir e trabalhar em outras Obediências. Nem, já agora, embora a minha Obediência seja exclusivamente masculina - e eu concordo com isso, e já expliquei aqui porquê -, tenho qualquer impedimento em estabelecer idêntico relacionamento com senhoras que, integradas em sua organização própria, comungam também dos ideais e objectivos maçónicos. Em resumo, homens e mulheres de boa vontade, comungando dos ideais maçónicos, têm um vasto campo de cooperação, que podem e devem aproveitar e utilizar, independentemente de cada um se inserir na sua específica Obediência e cumprir as regras que nelas vigoram.

Por isso, não se praticando por estas bandas o Futebol Society, mas praticando-se o Futsal, bem gostaria de ver organizado um campeonato de Futsal, com equipas formadas por obreiros da GLLP/GLRP, do GOL, da GLRP, da GLTP e do que mais por aí houver! Pontapé na canela aqui, golo acolá, defesa mais adiante, também assim se aprende a distinguir entre o essencial e o acessório...

Mas, atenção!, não pode ser já! É que o craque da Loja Mestre Affonso Domingues, o José Ruah, lesionou-se recentemente num renhido jogo e está fora de combate por uns tempos - e nós precisamos do nosso craque!

Rui Bandeira

09 junho 2008

Encontro das Lojas (tri)gémeas

A Loja Mestre Affonso Domingues está geminada com duas outras Lojas: A Fraternidade Atlântica, Loja da Grande Loge Nationale Française que reúne em Neuilly-Bineau e em que se integram imigrantes portugueses em França, lusodescendentes e franceses com interesse e carinho pela Língua Portuguesa, e a Rigor, Loja da GLLP/GLRP que reúne ao Oriente de Bragança.

Os nossos Irmãos gémeos da Loja Fraternidade Atlântica programaram uma visita a Portugal nos primeiros dias de Junho e tinham-nos informado que tencionavam visitar um pouco do Norte do País. Pois bem, juntou-se o útil ao agradável e a fome com a vontade de comer e preparou-se uma sessão em Bragança da Loja Rigor, com a visita dos Irmãos viajantes da Loja Fraternidade Atlântica e uma delegação da Loja Mestre Affonso Domingues. Em suma, uma reunião com a presença dos obreiros das três Lojas, unidas por duas geminações. Assim a modos que um esquadro, em que o vértice do ângulo recto é ocupado pela Loja Mestre Affonso Domingues, um dos braços pela Loja Fraternidade Atlântica e o outro pela Loja Rigor.

Antes dessa sessão, que teve lugar na passada sexta-feira, os Irmãos da Fraternidade Atlântica tinham já efectuado um passeio fluvial pelo rio Douro, do Porto até ao Pocinho. E, no dia seguinte, os nossos Irmãos da Loja Rigor organizaram e proporcionaram-lhes, como já anteriormente tinham feito aos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues, um outro passeio fluvial, agora num belo, agreste e felizmente preservado trecho do Douro Internacional, na zona fronteiriça.

A sessão foi, obviamente, dirigida pelo Venerável Mestre da Loja anfitriã, a Rigor, Irmão Jorge C., que recebeu no Oriente os Veneráveis Mestres das Lojas Fraternidade Atlântica, Irmão François B., e Mestre Affonso Domingues, Irmão JPSetúbal.

Após o passeio no Douro Internacional e agradável almoço numa quinta da região, os Irmãos da Fraternidade Atlântica viajaram para Lisboa, onde pernoitaram e eram aguardados pelos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues.

Foi já sob organização da Loja Mestre Affonso Domingues que os obreiros da Fraternidade Atlântica e suas famílias participaram num passeio pela Baixa Pombalina, guiado pelo antigo Venerável da Loja Mestre Affonso Domingues, Victor E. C., o qual esclareceu as circunstâncias e a forma como decorreu a reconstrução da cidade de Lisboa após o tríplice cataclismo de 1 de Novembro de 1755 (terramoto, maremoto e incêndio), que arrasou quase por completo a Lisboa medieval. Durante o passeio, Victor E. C., para além de ter partilhado a sua profunda erudição com todos os presentes, chamou a atenção para alguns detalhes existentes naquela zona da cidade, com interesse para os maçons.

Seguidamente, efectuou-se uma visita a uma exposição de objectos e artefactos maçónicos, pertencentes à Loja Mestre Affonso Domingues e a alguns dos seus obreiros, após o que foi tempo de ir reconfortar o estômago, num almoço de convívio em que tivemos o gosto da presença do nosso Muito amigo e Respeitável Grão-Mestre, Mário Martin Guia.

Maçonaria é ritual, mas não é só ritual. Maçonaria é estudo de símbolos, mas é mais do que isso. Maçonaria é também, e indissociavelmente, fraternidade e convívio fraternal. Que possibilita o convívio de gente, não fora a Maçonaria, desconhecida entre si, que vive e labuta em regiões tão díspares e distantes como a região de Paris, Bragança e Lisboa.

Um fim de semana alargado de convívio, boa disposição, fraternidade, cultura.

Os nossos Irmãos da Fraternidade Atlântica regressaram hoje a França. Esperamos que, parafraseando antigo e significativo brinde que os maçons costumam efectuar, tenham um bom regresso a suas casas, se for esse o seu desejo.

Rui Bandeira

01 abril 2008

Registo

No passado sábado, dia 30 de Março, teve lugar a Assembleia de Grande Loja da GLLP/GLRP do equinócio da Primavera. Como habitualmente, esta Assembleia de Grande Loja foi dedicada essencialmente a trabalhos administrativos. Estando prevista uma revisão do Regulamento Geral e do Estatuto da Associação GLLP, a Assembleia foi precedida, na manhã desse dia, por uma reunião entre a Comissão encarregada da elaboração das respectivas propostas e os representantes das Lojas, destinada a debater as propostas apresentadas e a analisar as posições transmitidas pelas Lojas. Essa reunião foi bastante profícua, tendo permitido limar algumas arestas, aperfeiçoar as propostas de alteração e expurgá-las de soluções menos adequadas, tendo-se atingido soluções consensuais que permitiram, em Assembleia, a rápida aprovação das praticamente consensuais emendas.

Ao princípio da tarde, teve lugar o também habitual Conselho de Veneráveis Mestres, reunião de todos os Veneráveis Mestres de todas as Lojas da GLLP/GLRP com a equipa do Grão-Mestrado, destinada à análise da actuação das Lojas, informação, coordenação e planificação dos trabalhos para os próximos meses. Esta reunião, que ocorre, normalmente, com uma periodicidade trimestral, é sempre um excelente meio de contacto entre os responsáveis máximos em exercício nas Lojas e de estabelecimento de plataformas e projectos de colaboração.

Ainda antes da Assembleia de Grande Loja, reuniu a Assembleia da Associação GLLP, a associação de direito civil que corporiza a personalidade jurídica da Obediência, que tratou dos indispensáveis assuntos inerentes à vida de uma associação de direito privado: debate e votação das contas do ano transacto, debate e votação do orçamento e eleições dos titulares dos órgãos sociais. Enfim, profanidades, mas profanidades necessárias...

A Assembleia de Grande Loja procedeu então à formal aprovação das alterações ao Regulamento Geral, contas e Orçamento. Burocracias, mas não só, já que estes instrumentos são essenciais à normal vida da Obediência e neles se espelham escolhas importantes sobre os caminhos que a mesma trilhará no futuro próximo.

Mas tudo isto não é o verdadeiro objectivo deste texto. Esse apresenta-se em quatro parágrafos, já de seguida.

É normal que em todas as Assembleias de Grande Loja exista um período de intervenções "a bem da Ordem", isto é, um período destinado a intervenções sem sujeição a ordem de trabalhos definida. Tradicionalmente, esse período era aproveitado pelas Lojas para a apresentação de cumprimentos ao Grão-Mestre, aos Grandes Oficiais e às demais Lojas, em intervenções protocolares espelhando o sentimento de fraternidade que a todos une. No princípio e durante algum tempo, era um intervalo agradável nos trabalhos. Mas o número de Lojas foi crescendo. O que inicialmente era uma dúzia de breves apresentações de cumprimentos, que não consumiam mais de um quarto de hora, passou a ser um penoso e longo exercício de repetitivas intervenções de dezenas de Lojas. Havia que atalhar. A Maçonaria preza as suas tradições - e a afirmação e reafirmação dos sentimentos fraternais é indubitavelmente uma delas -, mas deve evoluir e promover mudanças sempre que necessário. E, em regra, as melhores soluções acabam por ser simples, ovos de Colombo à vista de toda a gente, mas ignorados até que alguém se lembra de para elas chamar a atenção.

Desde o início do mandato do actual Grão-Mestre que se optou por uma solução que, mantendo a afirmação da fraternidade, obviou à perda de tempo e à penosidade de sucessivas intervenções parecidas de dezenas de Lojas: em cada Assembleia de Grande Loja intervém, para a tradicional apresentação de cumprimentos e manifestação de regozijo pela presença e convívio de todos, apenas UMA loja, que assegura a dita intervenção em nomes de todas as Lojas presentes. A escolha da Loja que intervém é simples e feita de forma transparente: por ordem do respectivo número no cadastro da Grande Loja.

O ano passado houve quatro sessões da Assembleia de Grande Loja. A deste fim de semana foi a quinta sessão, desde que se inaugurou, com proveito, este sistema. A Loja Mestre Affonso Domingues é a Loja n.º 5 no cadastro da GLLP/GLRP. Logo, nesta Assembleia de Grande Loja, a intervenção para a protocolar apresentação de cumprimentos foi da responsabilidade da Loja Mestre Affonso Domingues e assegurada pelo seu actual Venerável Mestre, JPSetúbal.

Não se trata de nada particularmente especial. Mas não quis deixar de aqui registar este acto. Até porque, se a GLLP/GLRP mantiver, como todos esperamos, a sua saudável evolução e o seu paulatino crescimento, em número de obreiros e de Lojas, o mais certo é que idêntica situação não volte a ser assegurada pela Loja Mestre Affonso Domingues (basta que a média de criação anual de novas Lojas não seja inferior ao número de Assembleias de Grande Loja) ou, pelo menos, só volte a ser assegurada por ela daqui a muitos e muitos anos. E isso merece registo!

Rui Bandeira

19 agosto 2007

Desafio - Da Justiça Maçonica

Escrevo hoje (Domingo) porque sei de antemão que amanhã segunda será muito dificil encontrar tempo para postar, e como meu compromisso é 1 post por dia excepto fim de Semana e Feriado.

O nosso leitor Simple ( de identidade blogueira apenas) é tudo menos simples nas suas perguntas.

Cabe-me a mim dar respostas simples a perguntas complicadas.

A pergunta (com respectiva introduçao e considerandos)

Simple disse...
Caros: Já que prorrogaram o prazo, aqui seguem mais umas.

Li não sei bem onde (tenho que passar a ser mais organizado com os meus bookmarks...) que um maçon deverá resolver eventuais litígios com outros maçons dentro da Maçonaria, sem recurso aos tribunais civis.
Deverá, em princípio, aceitar a mediação do Mestre, mas encontrei referências a um tal "Tribunal Maçónico".
Ora, tanto quanto sei, a Maçonaria Regular pauta-se pelo escrupuloso cumprimento do ordenamento jurídico dos países em que se encontra implantada.
Assim, deveriam bastar-lhe os tribunais civis - a não ser que, à semelhança dos tribunais desportivos, as partes optem explicitamente por um sistema próprio.
Assim sendo, ficam as questões:- A Maçonaria Regular tem um Tribunal?- Para que serve?- Se existe, em que medida pode o seu âmbito colidir com o dos tribunais civis?- Os processos também demoram anos a ser julgados, acabando por prescrever? ;)Um abraço,Simple Aureole


Antes de mais uma correção.

Não prorrogaram ( plural) o prazo - prorroguei (singular) o prazo, logo Caros tem um s a mais.

Em todas as organizaçoes há a necessidade de regular determinado tipo de acçoes e de comportamentos, nomeadamente estipulando quais as consequencias do nao cumprimento.

Exemplo: O pagamento de quota pecuniaria é obrigatório. O nao pagamento tem uma repercussão.

Na Maçonaria Regular isto acontece também.

APenas posso falar do caso da GLLP, pois as estruturas sao distintas ( o poderão ser) de Grande Loja para Grande Loja.

Em Portugal existe um orgao eleito que administra a Justiça maçónica. Actua como primeira instancia quando o nao cumprimento é a um determinado nivel hierarquico, ou como orgao de recurso para decisões aplicadas em Loja.

Das decisões deste Orgao cabe recurso para o pleno da Grande Loja, ou seja para a Assembleia de Grande Loja.

Em caso algum saõ apreciados processos do foro civil, sendo apenas apreciados os resultantes do incumprimento das normas Maçonicas.

Os procedimentos de justiça têm tempos de resoluçao que estão fixos em regulamento próprio e que consequentemente impedem o arrastar no tempo dos ditos processos.

Concluindo:
A Maçonaria Regular administra justiça maçonica apenas.
Sendo de foro interno, nao creio que colida com a Lei Civil.
Os prazos estao estipulados para nao permitir o arrastamento dos processos.
De todas as decisões cabe recurso ao Orgao acima, sendo a decisao definitiva e sem recurso a proferida pela Asembleia de Grande Loja - orgão máximo da Grande LOja.


José Ruah

09 maio 2007

O nome da Grande Loja

O texto de JPSetúbal Noticiário da capoeira foi objecto de um comentário algo ácido de memorias, questionando a legitimidade do uso da sigla GLRP pela Grande Loja onde se integra a Loja Mestre Affonso Domingues, a Loja em que se enquadram os maçons que escrevem este blogue.

memorias é, manifestamente, um elemento ligado à estrutura que se designa de Grande Loja Regular de Portugal e que, segundo se deduz do que escreveu, reivindica o direito ao uso exclusivo da sigla GLRP.

Não vou aqui criticar nem desmerecer daqueles que, honestamente, então tomaram opção diversa da minha. Nem na altura da cisão havida na Maçonaria Regular Portuguesa dei para esse peditório, não o vou fazer agora.

Entendo que cada pessoa tem o direito de exprimir as suas posições, as suas opiniões e, por isso, de forma alguma critico memorias por ter expressado a sua naquele comentário. E distingo a forma do fundo. Aquela não me agradou: achei-a, como em outros comentários que entretanto li de memorias, desnecessariamente azeda e agressiva, nada ilustrativa de como um maçon deve argumentar. Este, merece a explanação do meu ponto de vista sobre o assunto. Esclarecido isto, vamos então ao assunto.

A Maçonaria Regular Portuguesa nasceu do anseio de um grupo de maçons, então integrando a única estrutura do tipo maçónico existente em Portugal, o Grande Oriente Lusitano, de assumirem o estrito cumprimento dos princípios da Maçonaria Regular e de virem a obter o reconhecimento da Comunidade Maçónica Regular Internacional como tal. Foram então esses maçons liderados por aquele que veio a ser o primeiro Grão-Mestre da Maçonaria Regular, Fernando Teixeira.

Sendo princípio inalienável da Regularidade que a constituição de uma potência Maçónica Regular deriva da transmissão dessa qualidade por uma Potência Regular pré-existente, esses maçons constituíram as suas Lojas (entre as quais a Loja Mestre Affonso Domingues) sob os auspícios da Grande Loge Nationale Française (GLNF), única Potência Maçónica Regular existente em França, agrupando essas Lojas num Distrito daquela Grande Loja.

A Maçonaria que se reclama da regularidade tem como um dos seus princípios enformadores o respeito das leis do Estado em que funciona. A legislação em vigor no Estado Português dispõe que, para uma comunidade de interesses ter relevância jurídica, deve estar constituída em associação (ou, eventualmente, fundação).

Em cumprimento da legislação do Estado Português, esses maçons refundadores da Regularidade em Portugal constituíram uma associação civil de direito privado denominada Grande Loja Regular de Portugal.

A seu tempo, a Grande Loge Nationale Française acedeu ao desejo dos maçons regulares portugueses de autonomizar o seu Distrito em Portugal e consagrá-lo como Grande Loja com autoridade exclusiva sobre a Maçonaria Regular em Portugal, com a designação, similar à da associação profana já existente, de Grande Loja Regular de Portugal.

Esta nova Potência Mónica Regular foi reconhecida como tal pela generalidade das suas congéneres de todo o Mundo, designadamente pela UGLE (United Grand Lodge of England) e pelas potências maçónicas americanas (para além, obviamente, da sua Grande Loja Mãe, a GLNF), reunindo assim o consenso do reconhecimento como Potência Maçónica Regular por todas as Potências Maçónicas Regulares chaves do globo (Grã-Bretanha, Estados Unidos e França).

Assim, e sendo Grão-Mestre Fernando Teixeira e Vice-Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho, ficou institucionalizada a Maçonaria Regular em Portugal com uma associação de direito civil e uma Obediência Maçónica internacionalmente reconhecida, ambas utilizando o nome de Grande Loja Regular de Portugal e a sigla GLRP.

Ocorreram então, em finais de 1996, os acontecimentos que vieram a ficar conhecidos pela cisão da Casa do Sino. Para melhor entendimento das suas consequências quanto ao nome da potência Maçónica Regular Portuguesa, importa ter presente alguns detalhes.

Os calendários eleitorais civil e maçónico não são coincidentes. Normalmente, as eleições nas associações civis ocorrem no primeiro trimestre de cada ano. Na Obediência Maçónica Regular, a eleição do Grão-Mestre sucessor ocorreu no final do segundo trimestre de 1996 e a sua posse no trimestre imediato. Por outro lado, a Casa do Sino, em Cascais, então a sede da Maçonaria Regular Portuguesa, fora arrendada em nome pessoal pelo então Grão-Mestre Fernando Teixeira.

No final do ano de 1996, alguns elementos da GLRP, discordando do Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho, e beneficiando do beneplácito do anterior Grão-Mestre, Fernando Teixeira, ocuparam a Casa do Sino e declararam que consideravam destituído o Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho.

A maioria dos maçons e das Lojas, concordantes ou não com o estilo de Luís Nandin de Carvalho, tendo ou não votado nele na eleição para Grão-Mestre, não acompanhou este pronunciamento, considerando-o violador das regras da Maçonaria Regular (eu permito-me acrescentar: das regras da maçonaria, seja ela Regular ou Liberal...), e, concordando ou discordando de Luís Nandin de Carvalho, tendo ou não votado nele, manifestou o reconhecimento pela sua autoridade de Grão-Mestre da Maçonaria Regular Portuguesa, legítima e regularmente eleito e instalado, e submeteu-se à sua autoridade, rejeitando o pronunciamento.

Os ocupantes e quem os apoiou declararam vago o cargo de Grão-Mestre e vieram a eleger, entre si, outrem a quem passaram a declarar ser o seu Grão-Mestre.

Estava consumada a cisão!

Colocou-se, porém, um problema jurídico: apesar de a maioria dos maçons regulares e das Lojas Regulares se ter mantido sob a autoridade do Grão-Mestre eleito e instalado, devido à falta de sincronismo dos calendários eleitorais civil e maçónico, os dirigentes em funções da associação civil denominada Grande Loja Regular de Portugal eram elementos que tinham apoiado a ocupação da Casa do Sino e se tinham pronunciado pela destituição do Grão-Mestre a que a maioria (concordando ou não com o seu estilo, tendo ou não votado nele) de maçons e de Lojas Regulares manteve a sua lealdade.

Para a maioria dos maçons que se mantiveram fiéis ao Grão-Mestre eleito e instalado, havia duas hipóteses: entabular um longo, desgastante e desprestigiante litígio nos tribunais do Estado sobre quem tinha direito de gerir a associação civil denominada Grande Loja Regular de Portugal ou, pura e simplesmente, não entrar em disputas estéreis e constituir uma outra associação civil que desse o enquadramento institucional civil e legal à Obediência Maçónica Regular que fora posto em crise pelo pronunciamento dos que optaram por rejeitar a autoridade maçónica Regular do Grão-Mestre eleito e instalado.

Optaram por não entrar em dolorosos, desgastantes e inúteis confrontos e criaram a associação civil denominada Grande Loja Legal de Portugal. Esta associação civil passou a enquadrar legalmente a Obediência Maçónica internacionalmente reconhecida, até aí, como Grande Loja Regular de Portugal.

Quer em virtude dessa continuidade, quer pelo peso sentimental do nome que também eles tinham ajudado e habituado a respeitar e a reconhecer, decidiram que a sua designação, enquanto Obediência Maçónica e estritamente nesse âmbito, passaria a ser Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, utilizando comummente a sigla GLLP/GLRP.

É esta a Potência Maçónica Regular que manteve o reconhecimento internacional como tal, seja da UGLE, seja da GLNF, seja das Potências Maçónicas Americanas, seja da generalidade das Potências Maçónicas Regulares de todo o Mundo

Resumindo: existe (creio que existe, admito que existe) a associação civil Grande Loja Regular de Portugal, controlada pelos que, em 1996, se subtraíram à autoridade maçónica do Grão-Mestre então eleito e empossado; existe a associação civil Grande Loja Legal de Portugal, que enquadra a Potência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal em Portugal. Esta, para evitar confusões, passou a usar a denominação Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Nunca, em termos civis ou profanos, desde a cisão de 1996, a entidade que enquadra legalmente a Potência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal em Portugal usou ou usa outra denominação que não a de Grande Loja Legal de Portugal. Consequentemente, nunca usurpou ou usurpa o nome de outra associação.

Em termos estritamente maçónicos, por definição subtraídos e independentes dos poderes do Estado, a Obediência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal passou a designar-se Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, abreviadamente GLLP/GLRP, constituindo o último conjunto de quatro letras a homenagem e a ligação à sua designação original, que teve de alterar em virtude de eventos dolorosos protagonizados por elementos que tomaram opções diversas dos que se mantiveram fiéis ao que entenderam ser o espírito e a prática da Regularidade Maçónica.

A Loja Mestre Affonso Domingues e os seus obreiros orgulhosamente enquadram-se na Grande Loja Legal de Portugal/GLRP e aí seguem o seu caminho na busca do seu aperfeiçoamento.

À Loja Mestre Affonso Domingues e aos seus obreiros nenhuma mossa faz, nenhum incómodo traz, que outros, que fizeram opções diferentes das deles, usem, na organização em que se agrupam, o nome que entenderem. Essa é uma contenda que não temos, que não nos interessa, que não nos motiva e que não nos afecta! O que importa não é a designação que se usa, o que interessa é o trabalho que se faz, o projecto que se segue, o caminho que se trilha!

Desejamos sinceramente que ninguém busque criar conflitos, ou levantar contendas, ou simplesmente expressar azedume a propósito de nomes ou designações. Para esse peditório, repito, não demos, não damos e nunca daremos!

E, se alguém tiver dúvidas, pergunte a quem foi da Loja Mestre Affonso Domingues e teve a opção diferente da maioria da Loja o que, então, todos nós, combinámos! E ficará a saber que, para todos, a maioria que ficou e aqueles que se foram, quem foi da Loja Mestre Affonso Domingues é sempre da Loja Mestre Affonso Domingues, esteja onde esteja, esteja com quem esteja, pense como pensar, opte como optar! Foi, é e será sempre um dos nossos! Que fique esclarecido e que ninguém tenha disso dúvidas!

Portanto, não vale a pena quem quer que seja procurar vir a este blogue relançar pretensas rivalidades. Da nossa parte, não terá quem as sustente. O que nós desejamos é, tão simplesmente, que cada um siga o seu caminho e que seja feliz nele. O que pedimos é, tão só, que não nos venham importunar no nosso caminho. E, se algum dia, os nossos caminhos se voltarem a cruzar e a unir, tanto melhor. A isso eu chamo, também, ser maçon!

Rui Bandeira

28 março 2007

Grandes Inspectores

É importante clarificar a nuance.


Nas obediencias regulares os graus Azuis ( 1º ; 2º ; 3º) e os Graus filosoficos ou Altos Graus estão separados administrativamente.


Sendo assim a Grande Loja Legal de POrtugal / GLRP titula administrativamente a Maçonaria Azul , tendo estabelecido convenios com os Organismos que titulam os Altos Graus e que são fundamentalmente 3 linhas:


Rito Escoces Antigo e Aceite

Regime Escoces Rectificado

Rito de York e suas Derivativas.


O convenio estabelecido com estas entidades especifica que apenas Maçons da GLLP/GLRP poderão pertencer a estes altos graus e que se deixarem de pertencer À GLLP/ GLRP sairão tambem dos altos Graus.


A Grande Loja no entanto tem uma estrutura administrativa que inclui 3 cargos eleitos separadamente e um certo numero de cargos nomeados pelo Grao Mestre. Entre estes estão os Grandes Inspectores em numero igual aos ritos praticados pela Grande Loja.


Estes Grandes Inspectores têm por missao fiscalizar as Lojas verificando que tudo se encontra dentro dos regulamentos e que os rituais são praticados e trabalhados de forma correcta. Devem ainda propor medidas correctivas e em casos extremos sanções.


A Unica condiçao para se ser Grande Inspector é ter sido Veneravel Mestre de uma Loja.


No Post anterior e eu referi-o em comentario ao post o Rui usou o Simbolo dos Grandes Inspectores do REAA ( altos graus). Ora para ser esse Grande Inspector é necessario ser grau 33, o que nao sou ( mas por outras razões que para aqui nao sao chamadas).



Para comparaçao encontrei a imagem de um avental de Grande Loja para o Cargo de Grande Inspector. Poderão ver no centro do Avental o Simbolo Distintivo da Função ( a figura é de um avental da G.L. N. Francesa)

Comparando com a Aguia Bicefala simbolo do 33º poderão perceber a grande diferença.
Na verdade há mais uma diferença. Uma vez 33º sempre 33º, uma vez que é um grau obtido por iniciação. Quanto à função de Grande Inspector da Grande Loja, essa é efemera terminando quando o Grao Mestre assim o desejar, não conferindo qualquer direito o prerrogativa uma vez terminada.
JoseSR

Grande Inspector do REAA

Hoje apetece-me cometer uma inconfidência! Bem sei que nós, os maçons temos fama de ser discretos (alguns dizem "secretos"), mas todos temos direito a um momento de fraqueza...

Do que se passou na sessão da Primavera da Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal já o JPSetúbal deu conta. Mas houve algo, com um particular interesse para nós que ele não contou! Discreto!

Naquela sessão de Grande Loja ocorreu, já se disse, a investidura do Grão-Mestre Mário Martin Guia. Mas houve mais... Ocorreu também a ajuramentação dos Grandes Oficiais designados pelo novo Grão-Mestre.

Ora sucede que um desses Grandes Oficiais é o que exerce a função de Grande Inspector do Rito Escocês Antigo e Aceite. E sucede também que o ajuramentado Grande Inspector do Rito Escocês Antigo e Aceite é um elemento da Loja Mestre Affonso Domingues. Até aqui, nada de anormal: a Loja Mestre Affonso Domingues é uma das lojas mais antigas da GLLP/GLRP (é a Loja n.º 5) e está habituada a que elementos que a integram façam parte do Quadro de Grandes Oficiais.Todos os que passaram por essa situação exerceram os ofícios para que foram escolhidos com espírito de serviço e dedicação. Nada de mais, realmente.

Mas a razão da inconfidência é que, neste caso, vocês, nossos caros leitores, conhecem o novo Grande Inspector do Rito Escocês Antigo e Aceite. É certo que, pessoalmente, só alguns. E de nome poucos mais. Mas se o que um homem escreve permite perscurtar um pouco da sua alma, então, meus caros, esse é o caso daqueles que costumam visitar e ler esteblogue.

O novo Grande Inspector do Rito Escocês Antigo e Aceite da Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal é o colaborador do A Partir Pedra JoséSR!

Ele não o diria, modesto como é. Mas nós, os outros que aqui escrevemos, estamos muito satisfeitos com a escolha do M:. R:. Grão-Mestre!

Bom, só há um problema: já repararam, certamente, que apreciamos particularmente arranjar maneira de manter umas polemicazitas com o JoséSR...Isso agora, vai ficar mais complicado e fiar mais fino... Afinal de contas, Grande Inspector é Grande Inspector...

Brincadeiras à parte, JoséSR é o homem certo para a função. Poucos maçons regulares em Portugal conhecerão tão profundamente o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite como ele. E também poucos o executarão de forma tão conscientemente cuidada. Eu sei bem disso: há mais de quinze anos que o testemunho!

Bem executar o ritual em que se trabalha é importante para os maçons (um dia destes escreverei um texto sobre isso, sobre o ritual e sobre a sua importância). Tão importante que as Grandes Lojas têm elementos (os Grandes Inspectores dos vários ritos e os seus Assistentes) cuja função é visitar as várias lojas e observar como elas o executam, com vista a detectar possíveis falhas e ajudar os seus elementos a corrigi-las. E, não havendo falhas, a ajudar a que sejam ainda melhores.

Para uma loja, ser visitada por um Grande Inspector ou por um Assistente de Grande Inspector é uma ocasião em que todos procuram dar o seu melhor. E assim só o mero facto de serem visitadas por um desses Grandes Oficiais por si só já contribui para o aperfeiçoamento do seu trabalho ritual em sessão. Receber os conselhos (e também as críticas, se for caso disso) de um Grande Inspector é sempre uma mais-valia.

Com o JoséSR, todas as lojas que trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceite sabem que vão beneficiar da ajuda do melhor.

Todos nós, aqui no blogue e na Loja Mestre Affonso Domingues sabemos que o "nosso" JoséSR vai fazer um excelente trabalho!

Rui Bandeira

25 março 2007

O Dia Seguinte

Continuando o “post” anterior, do Rui, é altura para anunciar que hoje é o “dia seguinte” e assim sendo já podemos afirmar que tudo foi verdadeiramente JUSTO e PERFEITO (bem, exceptuando a treta do ar condicionado que acabou sendo condicionado demais).

O nosso querido Mário Martin Guia está instalado em sua Cadeira de Salomão, regularmente eleito e investido, com o testemunho de mais de 400 Irmãos Maçons e de muitas das obediências maçónicas regulares estrangeiras.

Com a pompa e circunstância bem merecidas estiveram presentes representações da G.L. Unida de Inglaterra (representada pelo respectivo Vice Grão-Mestre e como se sabe o Grão-Mestre é o Duque de Kent e a sua deslocação ao estrangeiro implica relações ao nível de Estado que complicam sistematicamente a sua presença nestes eventos), e das Grandes Lojas de Espanha, da Roménia, da Eslovénia, de Washington D.C., da Macedónia, Nacional Francesa, da Costa do Marfim, Grandes Orientes do Brasil e de Itália e do Supremo Conselho dos Estados Unidos.
A juntar a todos estas representações tivemos a presença, que nos toca especialmente, da Respeitável Loja Fraternidade Atlântica da G. L. Nacional Francesa, que tem connosco (Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues) uma convivência de geminação, única na nossa obediência.

A sessão teve a presença de mais de 400 Irmãos Maçons e pensamos ter sido a mais assistida jamais realizada no âmbito da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP (talvez por isso se sentiu tanto a fraqueza do ar condicionado…) e o jantar de gala cerca de 290 participantes.
Se estivéssemos no futebol teriam sido casas cheias !
Foi uma festa bonita, de alegria, de esperança, que a presença dos Grão-Mestres anteriores (Nandin de Carvalho, José Anes e o agora substituído Alberto Trovão do Rosário) e do candidato não ganhador (Fernando Ferrero) tornou num hino à verdadeira fraternidade maçónica.
JPSetúbal

23 março 2007

Investidura do Grão-Mestre da GLLP/GLRP

Vai ter lugar amanhã, dia 24 de Março de 2007, a partir das 17 horas, num hotel de Lisboa, a sessão da Primavera da Grande Loja /Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal.

O elemento central da ordem de trabalhos da sessão é a Investidura nas funções de Grão-Mestre do Muito Respeitável Irmão Mário Martin Guia, que foi eleito para o exercício desta missão no passado dia 16 de Dezembro, na sessão de Inverno da Grande Loja realizada em Tomar, em que se procedeu ao apuramento do resultado das votações ocorridas em todas as Lojas da Obediência.

Desde a data em que foi proclamada a sua eleição até à investidura que irá agora ocorrer, o Grão-Mestre eleito tomou mais profundamente conhecimento dos assuntos em andamento na Obediência, beneficiando da colaboração do Grão-Mestre em exercício, e seleccionou e escolheu os colaboradores que o irão auxiliar na condução dos destinos da Grande Loja durante o seu mandato, integrando o Quadro de Grandes Oficiais da GLLP/GLRP. O trimestre de transição entre a eleição e a investidura permitiu, assim, uma suave transição entre as duas equipas de direcção da Obediência, a que cessa as funções que frutuosamente exerceu e a que agora vai assumir a responsabilidade da gestão da GLLP/GLRP.

Na sessão de instalação estarão representadas todas as Lojas da GLLP/GLRP, os Corpos Rituais dos Altos Graus regularmente praticados em Portugal e as Grandes Lojas e Grandes Orientes internacionalmente reconhecidos como Regulares, convidados para a ocasião, e estarão presentes todos os maçons , de todos os graus e de todas as Lojas da GLLP/GLRP, que desejem fazê-lo.

Será manifestado o respeito pela Nação e seus símbolos, quer pela presença, no lugar proeminente que lhe compete, da Bandeira Nacional, quer pela, como sempre, sentida e respeitosa entoação do Hino Nacional. Seguidamente, efectuar-se-á a silenciosa homenagem à memória dos Irmãos que passaram ao Oriente Eterno.

Após a realização das operações de leitura e votação de aprovação da acta da sessão anterior, será apresentado o relatório do Grande Secretário e proceder-se-á à imposição de distinções honoríficas conferidas pela Obediência.

O final do exercício de funções do Grão-Mestre cessante, M:. R:. I:. Alberto Trovão do Rosário, será, muito simbolicamente, assinalado com a apresentação por este da sua última prancha de Grão-Mestre.

Efectuar-se-á então a cerimónia de investidura do M:. R:. Grão-Mestre Mário Martin Guia, após o que este procederá à nomeação e ajuramentação do corpo de Grandes Oficiais, que o acompanhará no exercício do seu mandato.

Está prevista seguidamente a habitual concessão da palavra a Bem da Ordem, que será certamente utilizada pelos representantes das várias Lojas para saudarem o novo Grão-Mestre e manifestarem a disponibilidade das mesmas para a cooperação e colaboração nas tarefas que se perfilam no horizonte, bem como a concessão da palavra aos Muito Ilustres Visitantes.

Proferirá depois o Grão-Mestre recém-investido a sua primeira alocução nessa qualidade.

Após a apresentação da prancha do Grande Orador, circulará o Saco da Beneficência, na habitual recolha de fundos para as obras de beneficência auxiliadas pela Grande Loja, e executar-se-ão as operações de encerramento dos trabalhos.

Pelas 20 horas, no mesmo hotel, terá lugar um jantar de convívio, em honra das senhoras.

É um simples acto da mais elementar justiça, que neste blogue gostosamente se pratica, reconhecer o frutífero desempenho do Grão-Mestre cessante, M:. R:. I:. Alberto Trovão do Rosário, e da equipa de Grandes Oficiais que o auxiliou, e manifestar a todos eles a gratidão pelos esforços que desenvolveram a bem da nossa Ordem.

É um simples acto de natural confiança declarar que todos depositam as maiores e mais optimistas expectativas no bom desempenho de funções pelo novo Grão-Mestre, M:. R:. I:. Mário Martin Guia, e da equipa que o acompanhará.

É um simples acto de natural satisfação consignar a naturalidade com que ocorre a transição entre dois ciclos.

Rui Bandeira

08 fevereiro 2007

Regularidade em Maçonaria

Há dias lancei um repto e um comentador solicitou mais informações sobre um tema determinado, ou melhor sobre uma questão associada a um tema.

De então para cá foram já publicados vários textos sobre este assunto e vários comentários feitos. De qualquer forma e com algum atraso aqui vai.

O tema : Regularidade
a questão :

"Caro josesr, o que me deixa triste é a maioria das obediências deste país, não todas, proíbam, a palavra é esta, o contacto entre maçons de outras obediências que não a sua. Não faz para mim sentido, de todo, que me possa reunir institucionalmente com um irmão australiano e não o possa fazer com um de Coimbra. A Maçonaria é só uma, uma questão administrativa não devia servir para dividir irmãos que almejam apenas trabalhar em conjunto, há luz de um Ideal Maior.
comentário assinado por Escriba "

O leitor pergunta essencialmente sobre questões de politica relacional e institucional maçónicas, do que sobre a regularidade.

No Inicio não havia regularidade ou irregularidade, havia Maçonaria. Com os ideais de 1789, inicia-se um movimento maçónico em França que abdica da imprescindibilidade de crença num ente superior - Grande Arquitecto.

Os movimentos maçónicos entretanto constituídos por esse Mundo fora regiam-se todos pelos mesmos princípios, pelo que o aparecimento desta nova corrente, que aos olhos do Maçonaria de então cometera uma irregularidade, provocou a necessidade de decidir o alinhamento. Ou seja manter como estava ou aderir à nova forma.
Aparecem as cisões, porque dentro de cada obediência havia pessoas que queriam uma coisa e outras, outra.

Aparece então o movimento irregular, sendo que o seu nome deriva apenas da Irregularidade original.

Por oposição as Obediências que se mantêm fiéis aos princípios iniciais passam a ser denominadas Regulares.

Estão então criados dois movimentos alimentados por fundos comuns, mas com filosofias distintas.

É normal, creio eu, que os movimentos privilegiem as relações com os da “sua cor”. E tão normal é que ganhou corpo uma nova figura, a do reconhecimento.

O reconhecimento não é mais que ser aceite pelos seus pares como um igual, dentro da linha filosófica seguida, seja ela Regular ou Irregular.

Segundo a minha opinião criaram-se, emergiram melhor dito, 2 pólos centralizadores do reconhecimento, a Grande Loja Unida de Inglaterra (regular) e o Grande Oriente de França (irregular).

Com o andar do tempo, e o aparecimento da Maçonaria Americana, USA, apareceu um terceiro pólo de reconhecimento. A Maçonaria Americana sendo regular, articula as suas políticas de reconhecimento com a Inglaterra, sendo que todavia pode reconhecer Potencias que a Inglaterra ainda não tenha reconhecido (geralmente a Inglaterra é a ultima a reconhecer).

Feita esta pequena introdução, importa aqui clarificar o que são relacionamentos institucionais.

Poderão haver dois tipos de relacionamento institucional. Os de ordem politica e os de ordem filosófica/ritual

Os de ordem politica (chamemos-lhe assim), a ocorrer, ocorrerão normalmente entre as mais altas esferas das instituições, de forma mais ou menos explícita. Este tipo de contactos não tendo qualquer repercussão para a vida interna da organização, pode fazer muito sentido na preservação da imagem pública da Maçonaria, pois quem ataca não faz distinção entre correntes filosóficas.

Os de ordem ritual. Ora penso que é mais sobre estes que o leitor está interessado.

OS rituais seguidos pelas obediências, independentemente dos ritos, estão de acordo com a linha filosófica que optaram. Regular ou Irregular conforme seja requisito a crença num Ente Superior – Grande Arquitecto ou não seja requisito.

Mas interliguemos aqui a Maçonaria com a história das religiões. Considerando um Cisma o advento da Irregularidade, poderemos compara-lo com os variados cismas que foram existindo ao longo dos séculos.

Comecemos pelo primeiro, o advento do Cristianismo. O aparecimento do Cristianismo rompe com a religião Judaica. E apesar dos fundamentos serem muito similares, um Judeu não pode pregar numa Igreja nem um Padre pode fazer as vezes de um Rabino.

Alguns anos mais tarde aparecem as Igrejas Anglicana e Protestante. Mais recentemente temos as confissões Evangélicas. Todas estas são Cristãs, seguem um principio de base similar, mas são todas diferentes.

Os Oficiantes de cada uma apenas Oficiam na respectiva Igreja/confissão.

As hierarquias de cada uma são definidas por métodos próprios, e cada qual tem a liberdade de interpretar os mesmos livros de forma distinta, pregando coisas diferentes. Sendo mais ou menos tolerantes.

As concelebrações são coisas muito raras e apenas em ocasiões especificas, sendo que na verdade não são concelebraçoes, mas sim celebrações paralelas justapostas no tempo e espaço.

Ora a Maçonaria não é diferente.

Todavia a pergunta é, porque razão não se juntam ritualmente, ou melhor porque razão é proibido que isso aconteça.

A resposta é minha, e confesso que não fui ler nada sobre este tema, e como tal obriga-me a mim. Pode até ser um erro colossal, mas é a minha e penso que tem lógica.

Saber a razão inicial da proibição parece-me tarefa ciclópica, e só possível se pudéssemos viajar no tempo e ir ouvir o que foi dito pelos dignitários que a decretaram. Entre o que é dito publicamente e a verdadeira razão pode ir uma diferença substancial.

É certo que o objectivo era marcar a diferença. Mas a diferença primordial se bem que importante era ténue. Os espíritos da altura, época de revoluções e de descobertas de princípios que para nós hoje são dados adquiridos, eram talvez menos contemporizadores.

A forma tradicional de evitar, foi sempre a proibição. E ainda hoje voltando atrás as religiões o fazem de forma discreta mas fazem ao exigirem processos de conversão (mais ou menos complicados) para celebrarem casamentos de acordo com a “verdadeira fé”.

Ora em períodos conturbados, as indicações dadas pelas “chefias” devem ser claras.
“Não é permitido” é substancialmente mais claro do que , “ poderão eventualmente estar presentes desde que salvaguardados …… “ sem contar que desta forma ao proibir se preservava o poder de Reconhecer.

A não miscigenação preservaria os valores impolutos, e permitiria claramente considerar os grupos como dissidentes.

Ora hoje quase 3 séculos depois, a proibição passou a questão filosófica e cimentou a diferença.

Hoje não creio que seja possível, sem grandes modificações, que a junção das correntes acontecer. Todavia no futuro quem sabe.

Todavia e como Rui Bandeira mencionou, há algumas coisas a serem tidas em conta. Do ponto de vista da Regularidade é aceite como Maçonaria embora diferente a praticada pelos movimentos Irregulares, no caso português o GOL.

E na prática, há uma circunstância em que Maçons Regulares e Irregulares se reúnem ritualmente e é aceite (na generalidade) pelas estruturas. Esta circunstancia é infelizmente a Cadeia de União Fúnebre quando efectuada publicamente.

E por aqui me fico por enquanto. Sei que não disse nada de muito diferente do que o Rui Bandeira já escreveu, mas talvez a abordagem seja algo distinta.
JoseSR

07 fevereiro 2007

Relacionamento entre Corpos Maçónicos

Como resulta do texto publicado ontem, a posição da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE) relativamente aos Corpos Maçónicos que considera que não preenchem as normas para que possam ser por ela considerados Regulares é a de, embora os reconheça como Maçonaria, os qualificar de Irregulares e interditar o contacto maçónico com eles. As Obediências Regulares, em todo o Mundo, devem seguir - e por norma seguem - idênticos critério e procedimento. Este procedimento aplica-se em relação, quer colectivamente ao Corpo Maçónico considerado Irregular, quer individualmente aos obreiros desse corpo.

Por contacto maçónico deve entender-se exclusivamente o respeitante à actividade maçónica stricto sensu, isto é, a participação, integração ou recepção em sessões RITUAIS, exclusivamente destinadas à participação de maçons e, assim, realizadas, como os maçons referem, a coberto dos profanos.

Tudo o resto não está coberto pela interdição. Não estão nela incluídos os ágapes brancos (isto é, em que é admitida a participação de profanos) ou mesmo as sessões cerimoniais brancas, pela simples razão de que, se tais eventos são abertos a profanos, por maioria de razão não são interditos a maçons de diversa tendência; não estão incluídos pela dita interdição quaisquer eventos organizados ou dinamizados ou participados por Corpos Maçónicos, Regulares ou Liberais, destinados ou abertos a profanos; não estão cobertos pela mencionada interdição os actos, organizações, projectos, etc., organizados pelas associações cívicas profanas que constituem o suporte legal ou que são participadas pelos Corpos Maçónicos, Regulares ou Liberais, porque, por definição, são eventos profanos.

Concordo com esta orientação. Conforme escrevi no texto A Regularidade Maçónica, reconhecer as diferenças, assumir a diferente natureza destas duas grandes tendências, admitir que não há UMA Maçonaria, antes DOIS tipos de Maçonaria - e que não há mal nenhum nisso! - é, no meu entendimento, essencial para que os elementos de cada uma das tendências viva proveitosamente aquela em que está inserido e se relacione fraternalmente com a outra. Admitido isto, sem complexos, facilmente entendemos que cada uma das tendências tem algo de único, de próprio, de íntimo. Esse algo deve ser reservado a ela própria e aos seus membros. Tal como cada um de nós preserva a sua vida íntima para si próprio e para com quem a compartilha. Em Maçonaria esse nível de intimidade corresponde às sessões rituais e respectivos ágapes. Faz-me, assim, sentido que essas sejam reservadas a quem compartilha comigo exactamente os mesmos princípios. Com maçons de outras orientações, o nível de relacionamento é diverso, mas seguramente diferente e mais próximo do que em relação ao Mundo Profano. Logo, excluído o ambiente exclusivamente destinado a meus Irmãos compartilhando comigo os mesmos princípios, é gratificante, é valioso, será porventura útil, ter um relacionamento especial também com maçons de outras orientações, mas respeitando o seu espaço próprio e preservando o meu. Assim, terei oportunidade de conviver e beneficiar dos ensinamentos de meu Irmão maçon de outra tendência em ágapes brancos, em sessões cerimoniais brancas (na sua casa, ou na minha), em organizações ou eventos de carácter profano, quiçá conjuntamente organizados (porque não?).

Em termos de imagem: com os conhecimentos normais, convivo fora de minha casa; aos meus familiares e amigos, recebo-os em minha casa e com eles compartilho a minha sala; o meu quarto, esse, reservo-o para quem é meu íntimo! E os meus amigos e familiares não se ofendem por eu reservar esse Santo dos Santos para mim e com quem partilho a minha intimidade. Igualmente não é razão de tristeza para meus Irmãos maçons de tendência diferente da minha que idêntica reserva eu faça na minha Vida Maçónica e que, similarmente, respeite tal reserva em relação a eles!

Tal reserva - que apenas distingue entre íntimos e próximos, mas que a ambos privilegia em relação a todos os demais - traduz apenas a aceitação da Realidade, das Similitudes e Diferenças que existem, de forma alguma um menor respeito ou consideração para com o Maçon de tendência diversa da minha.

Do meu ponto de vista, não há que nos lamentarmos por existir um pequeno espaço reservado unicamente aos maçons da mesma Obediência; há que aproveitar o enorme espaço de convivência, de cooperação, de afirmação dos princípios comuns, de que a Maçonaria e os maçons, independentemente das suas orientações, dispõem.

Rui Bandeira

06 fevereiro 2007

Reconhecimento de Corpos Maçónicos

Freemason's Hall - Londres

A existência de diversos Corpos Maçónicos, desde logo em termos internacionais - mas não só -, mas também a existência de organizações para-maçónicas ou que, nada tendo a ver com a Maçonaria, se reclamam dela, ou de esoterismo, ou de similares conceitos, implica a necessidade da Maçonaria distinguir entre o que é Maçonaria e o que não é e, dentro desse conceito, entre quem postula idênticos princípios e quem segue diferente caminho. Criou-se, assim, o mecanismo do Reconhecimento.

Na Maçonaria Regular, particularmente importante é o Reconhecimento da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE), por ser essa a Grande Loja original da Maçonaria Especulativa. Daí que seja dada especial atenção aos critérios instituídos por essa Grande Loja para o Reconhecimento de Corpos Maçónicos. Tais critérios estão publicados aqui e a sua versão em português está publicada no sítio da GLLP /GLRP, mais precisamente no capítulo sobre o Reconhecimento, de onde é para aqui transcrita. São, pois, os seguintes os critérios que é necessário preencher para que um Corpo Maçónico seja reconhecido como integrando a Maçonaria Regular:

1. Regularidade de origem, isto é, que cada Grande Loja tenha sido criada regularmente por uma Grande Loja devidamente reconhecida ou por três ou mais Lojas regularmente constituídas.

2. Que a crença no Supremo Arquitecto do Universo e na sua vontade revelada seja condição essencial para admissão dos membros.

3. Que todos os iniciados prestem o seu compromisso sobre o Livro da Lei Sagrada ou com os olhos fixos nesse Livro, aberto à sua frente, livro pelo qual se exprime a revelação do Ser Supremo ao qual o individuo que acaba de ser iniciado fica, em consciência, irrevogavelmente ligado.

4. Que a composição da Grande Loja e das Lojas particulares seja exclusivamente de homens e que cada Grande Loja não mantenha quaisquer relações maçónicas, seja qual for a sua natureza, com Lojas mistas ou com corpos que admitem mulheres como membros.

5. Que a Grande Loja exerça jurisdição soberana sobre as Lojas submetidas à sua obediência, isto é, que seja um organismo responsável, independente e inteiramente autónomo, possuindo uma autoridade única e incontestada sobre a Arte ou os graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) colocados sob a sua jurisdição, e que não esteja de forma alguma subordinada a um Supremo Conselho ou qualquer outra Potência reivindicando controle ou supervisão sobre esses graus, nem partilhe a sua autoridade com esse Conselho ou essa Potência.

6. Que as Três Grandes Luzes da Maçonaria (isto é, o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso) estejam sempre expostos durante os trabalhos da Grande Loja ou das Lojas na sua obediência, sendo o principal dessas luzes o Volume da Lei Sagrada.

7. Que as discussões de ordem religiosa e politica sejam estritamente proibidas em Loja.

8. Que os princípios dos Antigos Landmarks, costumes e usos da Arte sejam estritamente observados.

A Grande Loja Unida de Inglaterra precisa ainda, sob o título

Grandes Lojas Irregulares e Não Reconhecidas

Existem alguns Corpos Maçónicos com regras próprias que não preenchem estas normas, por exemplo, não exigem a crença num Ser Supremo, ou que autorizam ou encorajam os seus membros a desenvolver, enquanto tal, actividade política. Esses Corpos são reconhecidos pela Grande Loja de Inglaterra como sendo Maçonicamente Irregulares e o contacto maçónico com eles é interdito.

Note-se que a Grande Loja Unida de Inglaterra, com esta formulação, embora enfatize que tais Corpos Maçónicos não são Regulares (e portanto os designa de Irregulares), reconhece-os como Maçonaria.

A GLLP/GLRP é o único Corpo Maçónico português reconhecido como Regular pela Grande Loja Unida de Inglaterra, como se pode conferir aqui. De notar que, ao contrário do que muitos pensam, não é exacto que a Grande Loja Unida de Inglaterra apenas reconheça necessariamente um Corpo Maçónico por país; designadamente, no Brasil reconhece como Regulares o Grande Oriente do Brasil e as Grandes Lojas do Estado de Mato Grosso do Sul, do Estado do Rio de Janeiro e de S. Paulo, como se pode conferir aqui.

A GLLP/GLRP é reconhecida pelas seguintes Potências Maçónicas:

District Grand Lodge of Gibraltar
G. L. de la Republica Dominicana
G. L. de los Andes (Bucaramanga)
G. L. Nationale Guinéenne (Conakry)
Gran Loggia Repubblica Di San Marino
Gran Logia "Benito Juarez"
Gran Logia "Cosmos" del Estado de Chihuahua
Gran Logia "Cuscatlan"
Gran Logia "Occidental Mexicana"
Gran Logia "Unida Mexicana"
Gran Lògia D' Andorra
Gran Logia de AA:. LL:. Y AA:.MM:. de Sinaloa
Gran Logia de Chile
Gran Logia de Costa Rica
Gran Logia de Cuba
Gran Logia de Guatemala
Gran Logia de Honduras
Gran Logia De La Argentina
Gran Logia de la Republica de Venezuela
Gran Logia de Nicaragua
Gran Logia de Peru
Gran Logia de Tamaulipas
Gran Logia de Uruguay
Gran Logia de York de México
Gran Logia Del Ecuador
Gran Logia del Estado de Chiapas
Gran Logia del Estado de Hidalgo
Gran Logia del Estado de Nuevo Leon
Gran Logia del Pacifico
Gran Logia Simbolica del Paraguay
Gran Logia Soberana de Puerto Rico
Gran Logia Valle de México
Grand East of the Netherlands
Grand Lodge Alpina of Switzerland
Grand Lodge of A.F. & A.M. of Ireland
Grand Lodge of Austria
Grand Lodge of Bolivia
Grand Lodge of Bulgaria
Grand Lodge of Denmark
Grand Lodge of F. and A.M. of Japan
Grand Lodge of Finland
Grand Lodge of Greece
Grand Lodge of Iceland
Grand Lodge of India
Grand Lodge of Iran
Grand Lodge of Moldova
Grand Lodge of Norway
Grand Lodge of Panamá
Grand Lodge of Philippines
Grand Lodge of Russia
Grand Lodge of Slovenia
Grand Lodge of South Africa
Grand Lodge of Spain
Grand Lodge of Sweden
Grand Lodge of the Czech Republic
Grand Lodge of the State of Israel
Grand Lodge of Turkey
Grand Lodge of Ukraine
Grand Loge du Congo
Grand Loge Nationale de Madagascar
Grand Orient D' Haiti
Grande Loge de Côte D' Ivoire
Grande Loge de Luxembourg
Grande Loge Du Benin
Grande Loge Du Burkina Faso
Grande Loge Du Cameroun
Grande Loge Du Gabon
Grande Loge du Royaume du Maroc
Grande Loge du Sénégal
Grande Loge Nationale Française
Grande Loge Nationale Togolaise
Grande Oriente D' Italia
Grande Oriente de Pernambuco
Grande Oriente do Brasil
M. R. G. L. Nacional de Colombia
Marea Loja Nationala Di Romania
National Grand Lodge of Poland
Regular Grand Lodge of Belgium
Regular Grand Lodge of Yugoslavia
Sino Lusitano Lodge of Macau Nº 897 - Hong Kong
Symbolic Grand Lodge of Hungary
The G. L. of British Columbia & Yukon
The Grand Lodge of Alberta
The Grand Lodge of Croatia
The Grand Lodge of F. and A.M. of Estonia
The Grand Lodge of Scotland
United Grand Lodge of England
United Grand Lodge of New South Wales and Australian Capital Territory
United Grand Lodge of Victoria
United Grand Lodges of Germany.

Rui Bandeira

05 fevereiro 2007

A Regularidade Maçónica

No seu texto Breve análise do Blogue, JoséSR sugeriu aos visitantes do mesmo que, no espaço para comentários, indicassem assuntos que gostassem de ver aqui tratados. Escriba não se fez rogado e escreveu: Gostaria de por aqui ver abordada e participada pelos internautas, a questão da regularidade. É com enorme tristeza e pesar que constato o que no nosso país se passa neste dominio. Instado a esclarecer a razão da tristeza, acrescentou: o que me deixa triste é a maioria das obediências deste país, não todas, proibam, a palavra é esta, o contacto entre maçons de outras obediências que não a sua. Não faz para mim sentido, de todo, que me possa reunir institucionalmente com um irmão australiano e não o possa fazer com um de coimbra. A Maçonaria é só uma, uma questão administrativa não devia servir para dividir irmãos que almejam apenas trabalhar em conjunto, há luz de um Ideal Maior.

A prioridade no desenvolvimento cabia ao JoséSR, já que o assunto fora suscitado em comentário a um texto seu. Porém, o JoséSR não terá tido ainda disponibilidade para o fazer. Como não é conveniente deixar passar mais tempo sem desenvolver o assunto proposto, sob pena de o Escriba ficar defraudado na sua expectativa, avanço já eu.

Uma advertência, porém, não quero deixar de formular, talvez desnecessariamente: todas as opiniões que neste blogue deixo consignadas vinculam-me apenas a mim, maçon livre de uma Loja livre, e a mais ninguém, pois sou porta-voz apenas de mim mesmo.

Escriba levantou, não uma, mas três questões diferentes: a Regularidade, o Reconhecimento e o Relacionamento das e entre as Obediências Maçónicas. Interligar-se-ão, influenciar-se-ão, sem dúvida. Mas são questões diferentes e assim devem ser tratadas. Hoje, tratarei apenas da primeira.

Denomina-se de Maçonaria Regular a Maçonaria que segue os princípios da Maçonaria Inglesa, especificamente da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE). Tais princípios estão definidos nos doze Landmarks já neste blogue apresentados e comentados. Deles se retira estarmos perante uma Maçonaria deísta (é elemento essencial a crença num Ente Criador), independente de e aceitando todas as religiões, com o objectivo do aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros através do método maçónico e da interacção individual com o grupo em que se está inserido e só mediatamente influenciando a Sociedade, através do exemplo dos maçons, isto é, sem intervenção política directa e organizada. Em Portugal, esta tendência está corporizada na Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal (GLLP / GLRP). Outras organizações de menor expressão, originadas de cisões desta Obediência se reclamam do mesmo ideário.

À falta de melhor designação, designa-se por Maçonaria Liberal (evito aqui o adjectivo de Irregular, que pode ser interpretado como tendo uma carga negativa) a tendência que prossegue o ideário desenvolvido pelo Grand Orient de France desde a época da Revolução Francesa, assente sobretudo na trilogia de princípios Liberdade-Igualdade-Fraternidade, na promoção da Democracia e das Ideias Democráticas. Esta tendência não considera essencial a crença num Criador, admitindo agnósticos e ateus. Busca o aperfeiçoamento da Sociedade através da acção dos seus membros, que devem, para tal, aperfeiçoar-se moralmente. Não rejeita, antes favorece, a intervenção política. Em Portugal, esta opção é a seguida pelo Grande Oriente Lusitano (GOL).

Estas duas correntes são realidades e organizações diferentes e com diferentes propósitos. É certo que em muito os respectivos caminhos são comuns (o método de evolução, o tipo de organização, as raízes simbólicas, a proactividade pelo aperfeiçoamento). Mas também de forma não despicienda tais caminhos divergem: enquanto uma baseia todo o seu ideário na crença num Criador, como base e enquadramento para o aperfeiçoamento dos seus membros, objectivo essencial buscado (sendo tudo o resto, incluindo a evolução da Sociedade uma consequência mediata), a outra prescinde dessa crença (mas não a hostiliza, aceitando sem problema crentes e, tal como a Maçonaria Regular, integrando a tolerância perante as várias opções religiosas no seu ideário) e prossegue o aperfeiçoamento dos seus membros como meio para atingir o objectivo essencial, a transformação da Sociedade, a sua evolução e aperfeiçoamento, de acordo com a matriz democrática.

Ambas as tendências são igualmente respeitáveis. Têm - repito - muito em comum, quer na forma, quer na substância. Têm, no entanto, princípios essenciais diferentes e objectivos diversos. São, pois, realidades diversas, embora em muito semelhantes. Percorrem e partilham o mesmo caminho, ao longo de grande parte da jornada. Mas querem chegar a pontos diferentes. Ambas são romeiras. Só varia o destino de romagem.

No meu ponto de vista, não é melhor nem pior uma do que outra. São, simplesmente, diferentes. Ambos os caminhos são louváveis. Um convirá mais a uns; o outro a outros.

Não há, assim, uma mera questão administrativa a dividir Irmãos. Reconhecer as diferenças, assumir a diferente natureza destas duas grandes tendências, admitir que não há UMA Maçonaria, antes DOIS tipos de Maçonaria - e que não há mal nenhum nisso! - é, no meu entendimento, essencial para que os elementos de cada uma das tendências viva proveitosamente aquela em que está inserido e se relacione fraternalmente com a outra.

Eu insiro-me na Maçonaria Regular, prossigo e aceito os seus princípios. É este o meu caminho, o que se adequa a mim. à minha mentalidade, à minha maneira de ser, de pensar, de reagir. Outros inserem-se noutra tendência maçónica. O seu caminho é igualmente meritório e, porventura, para a mentalidade, a maneira de ser, de pensar e de reagir de quem o trilha, será mais profícuo.

Se os maçons, de qualquer tendência, souberem assumir a sua própria individualidade e as dos demais, se aplicarem a si próprios e aos demais maçons, qualquer que seja a sua tendência, os princípios que professam, ser maçon Regular ou Liberal não será nunca um factor de divisão, antes e tão só o que é: um adjectivo caracterizador da forma que escolheu para procurar ser melhor e ajudar a Sociedade a ser melhor.

Rui Bandeira

19 dezembro 2006

Eleiçoes na Maçonaria (3)

Aqui há um tempo expliquei os vários métodos eleitorais que conheço. Há 2 dias o JPSetubal informou que tinha havido um vencedor e um vencido e que a ordem Prosseguia.

O processo que teve início em 30 de Setembro com o anuncio das Candidaturas terminou no sábado 16 com o escrutínio dos votos.

Apesar dos pesares mencionados no meu post anterior, e que se centraram em acções que extravasaram para a imprensa, o processo decorreu sem perturbações de maior.

Tendo já a noticia sido publicada no Site da GLLP/GLRP, é chegado o momento de dar aqui expresso esse mesmo resultado.

Concorreram ao cargo Mario Martin Guia e Fernando Ferrerro Marques dos Santos. cada um com o seu programa, assente nas suas convicções pessoais e visão de futuro para a Maçonaria Regular em Portugal.

Os votos reflectindo a vontade dos Maçons ditaram que o próximo Grão Mestre da Maçonaria Regular em Portugal será Mário Martin Guia, estando a posse aprazada para Março de 2007.

Está desta forma assegurada a continuidade natural de uma politica de serenidade e crescimento interno de forma consolidada.

Ao Mário Martin Guia os desejos de um mandato profícuo.

JoseSR

06 dezembro 2006

Eleiçoes na Maçonaria

Podemos dizer com quase total propriedade que todas as Grandes Lojas elegem o seu Grão Mestre. Eventualmente elegem também outros Irmãos para outros cargos, mas a unica eleição que é transversal a todas é de facto a do Grão Mestre. Os métodos e os regulamentos são os mais diversos e por isso podemos dizer que não há uma tese unica quanto à forma de eleição de um Grão Mestre.

As que conheço são :

Eleição directa e universal ou quase - porque só os membros com o grau de Mestre podem votar e nalguns casos mesmo de entre estes apenas os que o sejam há pelo menos um certo tempo. Estas restriçoes à Universalidade vêm de questões rituais e iniciaticas em que apenas os Mestres têm direito a falar e consequentemente emitir opinião e votar. Quanto ao facto de nem todos os mestres votarem a questão prende-se essencialmente com o momento de referencia dos cadernos eleitorais.

Eleição por Colegio - Existem varios tipos de colégios possiveis constituidos por Grandes Oficiais, representantes das Lojas ou outras Inerencias Rituais. Estes Colégios podem assumir varias formas e constituiçoes, sendo mais ou menos "democraticos" consoante tenham mais ou menos representantes das Lojas. Da minha experiencia pessoal conheci já Colegios inteiramente nomeados pelo Grao Mestre e colégios constituidos por Inerencias nomeadas e representantes das Lojas. Esta ultima versão pode ainda ter alternativas pois pode ou não haver limitaçoes ao numero de Inerencias.

Eleição por Inerencia - pode parecer um paradoxo, mas na verdade o caso mais paradigmatico deste tipo de eleição é a Grande Loja Unida de Inglaterra - que como sabemos é a Grande Loja mais antiga - em que o Grão Mestre é o REI ( quando este é Maçon - o que não falhou até agora). Ora actualmente o Rei não é Rei é Rainha e como foi já explicado em Post anterior a Ordem é Masculina. Por isso o GM de GLUI é o Duque de Kent ( primo da Rainha) que é eleito e re-eleito para o mandato. Um outro caso de Inerencia é a Suécia em que o GM é sempre o Rei.

A Eleição de um Grao Mestre é sempre um assunto de relevo na vida das Organizações Maçónicas, pois representa a escolha de um lider para um periodo mais ou menos longo ( dependendo dos regulamentos) e com poderes bastante vastos. Os poderes de um Grao Mestre podem ir para além dos regulamentos pois estão-lhe também acometidos poderes rituais especiais.

Pela Natureza simbolica associada à escolha de um lider de uma organização como a Maçonaria o acto em si reveste-se de uma caracteristica quase esoterica. Mas é também um acto interno e interior. É o assegurar a continuidade das tradições e o progresso da ordem, assuntos que em primeiro lugar dizem respeito apenas aos membros da Obediencia.

Como tal devem em minha opinião ser tratados internamente e com a reserva necessária à manutenção da discreção, mesmo que possam haver divergencias internas. Não sendo um assunto comum, e sobretudo não estando a base eleitoral noutro sitio que a propria instituição maçónica ( independentemente do tipo de eleição) tenho alguma dificuldade em entender o uso de Mass Média para derimir questões eleitorais, ou mesmo outras questões internas quaisquer que elas sejam.

Creio que a Instituição, e as pessoas que a compõem, têm que ser respeitadas. A Maçonaria tem internamente formas de resolver todas as questões e tem resposta para todas as questões, mesmo que em ultima analise a unica resposta possivel seja " se a Instituição já não corresponde as suas aspirações pode sempre optar por sair", pelo que e nos anos que levo ( 15 ) sempre me ative às normas que escolhi ( de livre vontade) respeitar.

Estamos em periodo eleitoral. Tanto quanto sei decorre com toda a normalidade, não fosse a vontade de alguns de quererem parecer mais que o que são e com isso terem manchado por 2 vezes este processo, que se adivinhava pacifico, com investidas nos Media.

Mas a Maçonaria e em particular a GLRP / GLLP prevalecerão uma vez eleito o novo Grão Mestre, pois a estabilidade de uma vasta maioria não será seguramente posta em causa por uma minoria que apesar de andar por cá há muito tempo, ainda não conseguiu combater os seus vicios nem aplacar as suas paixões.

Resta-nos ajudá-los a encontrarem o seu caminho, qualquer que ele seja, que se aparte quer se junte.

JoseSR