19 dezembro 2012
12 dezembro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXXII
Não basta estar certo, tomar a decisão acertada, seguir o caminho correto. Isso é, obviamente essencial, pois é a substância do comportamento e das escolhas desejáveis. Mas, tal como o conteúdo só o é porque está dentro de um continente, a Substância, tendo inestimável valor intrínseco, necessita de Forma. Tanto melhor se aproveita a substância quanto esta se apresentar na Forma adequada. E mais fácil, mais agradável, mais suscetível de obter a nossa preferência, é a utilização de substância que esteja dotada de uma Forma que consideramos bela, agradável.
Os maçons aprendem assim que não basta ter Razão, há que saber expô-la de forma compreensível e tão agradável, bela, quanto possível. Um Sábio que seja um Bruto não deixa de ser Sábio - mas continua a ser um Bruto! Entre o Sábio Bruto e aquele que, talvez até porventura um pouco menos sábio, menos experiente, ainda precisando de fazer um pouco de caminho para chegar onde o Bruto já está, mas que, ao contrário dele, sabe expor o seu pensamento, apresenta a sua um pouco menor sabedoria com o atavio da Beleza, é este último que será seguido, que singrará, que fará valer as suas ideias. E, no entanto, o Bruto sabe um pouco mais...
Os maçons procuram que o Sábio Bruto remova as suas asperezas e aprenda a expor a sua Sabedoria com a Força da sua inteligibilidade e a Beleza que a torna apetecível - e simultaneamente que o menos Sábio mas loquaz e elegante aprenda o que lhe falta para vir a saber o que o outro já sabe. Não lhe interessa decidir se é melhor a Sabedoria ou se o são a Força e a Beleza. Pretende juntar todas e assim obter o melhor resultado possível. Entre o Sábio Bruto e o menos sábio Convincente e Elegante, prefere deles fazer dois Sábios Convincentes e Elegantes, pois é isso que é o melhor para eles e para todos os que com eles privam...
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 2 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
05 dezembro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXXI
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 143.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 1 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
29 novembro 2012
Que significa Huzza, Huzza, Huzza?
A pergunta que dá título a este texto, foi a mesma que um I:. da R:.L:.Fernando Pessoa, me colocou há uns tempos atrás, por ocasião da minha primeira visita à sua Loja.
Não lhe soube oferecer resposta alguma, porque, efetivamente não tinha forma de lhe responder, eu, pura e simplesmente não tinha informação suficiente para lhe responder com a assertividade que o momento exigia.
Não considero grave não saber a resposta, seria enquanto maçom, muito mais grave não saber a resposta e ignorar esse desconhecimento, portanto o que havia a fazer era trabalhar para, investir para e por fim, ter aprendido. Pareceu-me um bom móbil para escrever um artigo sobre isso.
E o texto que se segue é o fruto desse trabalho.
Assim:
Huzzé, tem origem hebraica, que pronuncia-se “Huzzá”, há mesmo várias formas de a escrever, desde Uzé, Huzzé, Houzzé e claro está Huzzá.
Para os antigos árabes, Huzzá era o nome dado a uma espécie de Acácia, consagrada ao Sol, sendo símbolo da imortalidade, que significaria, “Força e Vigor”.
Exotericamente a palavra é formada por duas sílabas, que constituem a aclamação no seu todo, assim, deve ser pronunciada com voz forte, tratando-se de uma descarga para o nosso organismo e, segundo o dicionário maçónico, ao pronunciar a aclamação estamos a expulsar o “ar impuro”, mandando embora todo o negativismo que carregamos no dia-a-dia profano.
Por outro lado, Huzza! Huzza! Huzza! é uma velha aclamação escocesa que significa “Viva o Rei” e que se pronuncia “Houzé”.
Para Alberto Lantoine, Maçon e Ensaísta Francês, a palavra Huzzá, é apenas sinónimo de Hurra, aclamação vulgarmente conhecida por todos nós como, Hip, Hip, Hurra, mas acrescenta este que, há no inglês o verbo “To Huzza” que quer dizer aclamar, repare-se nas seguintes definições:
“Definition: huzza: “A shout of huzza; a cheer; a hurrah” e Specialty definition:huzza “A shout of joy; a foreign word used in writing only, and most preposterously, as it is never used in practice. The word used in our native word hoora, or hooraw.”.
Para o médico, escritor e historiador, José Castellani, a palavra é francesa, é uma aclamação e não uma exclamação, que seria usada em honra a um acontecimento feliz, quer para a Loja, quer para um I:..
Há quem sugira que a palavra foi adoptada do inglês, pelos maçons franceses, logo em inglês a sua grafia é Huzza e a pronúncia ÚZÊ, em Francês é Huzzé, com uma grafia diferente mas com uma pronúncia muito semelhante, ou seja, UZÊ.
Em hebreu por exemplo, OZA significa “força”, que por extensão significa “VIE”, tal como a palavra “Vivat”.
Nós, maçons portugueses do R:.E:.A:.A:., pronunciamos a aclamação dizendo a palavra com a vogal “a”, aberta: Huzzá! Huzzá! Huzzá!
Claro que as diferenças de pronúncia pouco importam para os maçons, pois na realidade a aclamação é mais um momento de união, que fortalece o espirito de grupo e de família que tão bem nos carateriza, onde cada um está consigo próprio e ao mesmo tempo está com todos os Irmãos. E esta união, este espírito de grupo não é, naturalmente, algo nosso, da Maçonaria, é algo de vários “mundos” e nomeadamente em desportos coletivos, já todos assistimos ao tradicional Haka da equipa de rugby da Nova Zelândia, ainda que seja uma antiga dança do povo Maori, é ao mesmo tempo um grito de incentivo para toda a equipa.
É, não mais que uma forma de potenciar a vontade coletiva do grupo, contando com o melhor desempenho possível a nível individual de cada um dos elementos que o compõem em prol do grupo.
Daniel Martins
Fontes:
http://pt.scribd.com/doc/509839/DICIONARIO-DA-MACONARIA
http://www.samauma.biz/site/portal/conteudo/opiniao/r009uzze.html
http://www.maconaria.net/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=34
http://www.obreirosdeiraja.com.br/huzze/
Publicado por Daniel Martins às 15:13 0 comments
Marcadores: Aclamação
28 novembro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXX
Após esta conversa, os Mestres, Vigilantes e todos os Irmãos podem conversar livremente, ou entreterem-se juntos, até que o jantar seja servido, devendo cada Irmão tomar o seu lugar à mesa.
No seu processo de autoaperfeiçoamento, o maçom necessariamente que tem de olhar para o interior de si mesmo, de se conhecer a si próprio, mas, em simultâneo deve manter presente que o Homem é um animal social, que cada um verdadeiramente é o que é, não apenas em si e por si, mas também enquanto elemento enquadrado socialmente e socialmente interagindo. Por isso o maçom, em bom rigor, não declara ser maçom, afirma que os seus Irmãos como tal o reconhecem. O Homem não é uma ilha, não basta Ser perante si próprio apenas; o seu Ser só adquire pleno significado enquanto ator social.
Esta noção implica que o maçom permanentemente deve agir sobre si perante si, mas também perante todos aqueles com quem se relaciona. Pouco importará se alguém cultiva um coração de ouro, uma exemplar tolerância, se, por outro lado, permanece um intratável bicho-do-mato, incapaz de agir de forma a que os demais possam entrever o seu dourado coração e beneficiar da sua estimável tolerância...
A aquisição destes conceitos e, sobretudo, o adequado trabalho, em equilíbrio, nestas duas vertentes diversas, o Eu perante mim e o Eu perante os outros, não é fácil, não é algo intuitivo, inevitavelmente gera erros, recuos, hesitações, sobretudo na fase inicial de aprendizagem desse trabalho que perpetuamente se deve efetuar. Daí a absoluta necessidade do período de silêncio a que os Aprendizes e Companheiros são sujeitos - e cuja utilidade, por vezes, demora a ser entendida...
Esta singela e aparentemente inútil Regra é um afloramento de princípios de conduta social que são de evidente utilidade, não só para os maçons, como para todos os que se inserem civilizadamente na sociedade: há tempo e lugar adequados para tudo; não se deve misturar o que não deve ser misturado; os assuntos tratam-se nos lugares e momentos próprios para serem tratados.
A preparação das deliberações a assumir na Assembleia Anual tem lugar na reunião prévia. É aí que se tem de discutir o que se tiver de discutir, esclarecer o que houver para esclarecer, opinar o que cada um entenda por bem opinar. Uma vez saídos dessa reunião, não é útil, não é produtivo, não é acertado, não é socialmente adequado, continuar a discutir ou comentar, fora de local, fora de tempo, porventura na presença de quem não teve assento na reunião, os assuntos que a esta dizem respeito.
Esta atenção que os maçons cultivam, no sentido de não tratar os seus assuntos fora do local onde devem ser tratados, do tempo adequado para o fazer e apenas com a presença dos que os devem tratar, é, pelos detratores da Maçonaria, considerada como ultrajante e perigoso sigilo conspirativo. Coitados! Perdoai-lhes, senhores leitores, pois não sabem do que falam, nem sequer se apercebem de que se trata de um puro princípio de boa educação e de prática de conduta social que todos deveriam aprender e praticar desde criancinhas: que há tempos e locais próprios e adequados para tratar de tudo e que falar fora de tempo e do lugar adequado e perante quem não tem nada que ver com o assunto é, além do mais, demonstrativo de falta de educação e de desconhecimento de como as pessoas se devem comportar em Sociedade! Nem sequer se trata de sigilo versus coscuvilhice: é simplesmente boa-educação versus rudeza...
Ora vejam lá onde nos levou uma mais atenta reflexão sobre uma aparentemente insignificante Regra...
Fonte:
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 143.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 11 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
21 novembro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXIX
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 143.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 5 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
14 novembro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXVIII
Todos os Membros da Grande Loja devem apresentar-se bastante antes do Jantar, incluindo o Grão-Mestre, ou o seu Vice Grão-Mestre, para reunirem, dirigidos por este, a fim de:
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 143.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 0 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
07 novembro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXVII
A resposta ao brinde é efetuada, por todos os maçons presentes, sempre de pé e empunham as suas taças, proferindo em uníssono: A todos os maçons!.
Este brinde é realizado pelo Aprendiz mais recente que estiver presente, que se coloca de pé imediatamente por detrás do Venerável Mestre (ou do Grão-Mestre, se for este a presidir ao ágape), coloca a sua mão esquerda no ombro direito daquele, ergue a sua taça e profere então as palavras acima transcritas, ou similares.
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, páginas 142-143.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 2 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
31 outubro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXVI
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 142.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 5 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
24 outubro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXV
Esta designação é pacífica e comum na Maçonaria Portuguesa.
Já no Brasil, existem duas variantes para a designação. Uma parte das Lojas, em regra as subordinadas ao Grande Oriente do Brasil, utiliza "telhar" e "telhamento". Outra parte, em regra Lojas jurisdicionadas às Grandes Lojas dos vários Estados brasileiros, utiliza os termos "trolhar" e "trolhamento". Tenho este últimos termos por corruptelas dos termos originais, decorrentes de particular entendimento da fonética das palavras originais, tais como são pronunciadas no "português europeu". Com efeito, a forma de pronúncia utilizada no português europeu é consideravelmente mais fechada, mais "muda" na pronúncia das vogais não tónicas. Enquanto que no português do Brasil a vogal "e" de telhar é claramente pronunciada, no português europeu é completamente muda. Não admira, assim, que um ouvido brasileiro confundisse a sílaba "te" de telhar e telhamento, em que a vogal, pura e simplesmente é abafada, é completamente átona, com a a sílaba "tro" de "trolhar", ato de passar a trolha (que até é um instrumento de pedreiro...), daí derivando "trolhamento".
Um ilustre Irmão brasileiro, Kennio Ismail, defende, no blogue "No esquadro" (em http://www.noesquadro.com.br/2011/02/telhamento-ou-trolhamento.html) que o correto é utilizar "trolhar" e "trolhamento", argumentando, designadamente:
O argumento é interessante, mas, a meu ver, não colhe, por várias razões:
1) O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa é um recente dicionário eletrónico, criado por uma empresa comercial que, embora meritório, não tem a autoridade bastante para, por si só, definir o que é certo ou errado na língua portuguesa;
2) Em mais nenhum outro dicionário que consultei, inclusive do século XIX, encontrei o entendimento de "trolha" como operário que assenta e conserta telhados;
3) Em português europeu "trolha" é pedreiro ou servente de pedreiro (e também a designação de uma ferramenta do pedreiro, a colher de pedreiro), e ponto final; nem no século XIX, quando "muitos maçons brasileiros" estudaram e foram iniciados em Lisboa trolha era designação específica de quem consertava telhados;
4) É certo que o pedreiro trabalha em todas as fases da construção, desde executar os caboucos a levantar paredes, fazer lajes e, sim, também assentar o telhado - mas tudo isso são partes da função do pedreiro, do mister do trolha: não é correto individualizar uma particular tarefa (se o fosse, então ao trolha também cabe abrir janelas, por onde estranhos podem espreitar para o interior das Lojas...);
5) Finalmente, nunca, em português arcaico ou nos rituais e catecismos em uso em Portugal nos séculos XIX e XX foi utilizado "trolhar" e "trolhamento", antes e apenas "telhar" e "telhamento".
Tenho assim que, com toda a amizade, discordar do entendimento do Irmão Kennio Ismail.
Mas, por outro lado, algo há ainda a frisar.
Os defensores do uso de "telhar" e "telhamento" acusam quem usa "trolhar" e "trolhamento" de incorreção, frisando que "trolhar", passar a trolha, o ato de alisar uma superfície é bem mais adequado para designar, não a verificação de quem é maçom, mas sim a atividade de conciliar irmãos desavindos, de limar as asperezas entre eles surgidas, aplainar, alisar, os desentendimentos, enfim, obter a concórdia na Loja através do diálogo que esclareça posições, atenue divergências e garanta a tolerância de diferentes posições e entendimentos.
Embora pessoalmente eu adira a esta interpretação simbólica, não quero deixar de expressar que não concordo com a acusação de "incorreção": a língua é uma coisa viva, evolui, por vezes por variantes cultas, talvez a maioria das vezes por variantes populares, por norma precisamente corruptelas de expressões cultas. Se a língua não evoluísse, se não se alterasse, ainda todos falávamos latim... Uma vez que uma expressão ganhe um uso continuado e significativo na língua, passa a integrá-la, quer a sua origem seja "culta" e tida por gramaticalmente correta, quer a sua origem seja "popular" e decorra de corruptela. Penso que é essa precisamente a situação, neste caso concreto: uma evolução da língua portuguesa, no espaço brasileiro, que acabou por consagrar o uso como sinónimos de "telhar" e "trolhar" e "telhamento" e "trolhamento", desde há dezenas de anos. Precisamente porque a língua é viva e extravasa as pretensões de lhe impormos espartilhos, regras e normas, considero que nenhuma das expressões é, hoje, correta ou incorreta: ambas as variantes estão consagradas pelo uso, ambas ganharam a sua alforria na língua portuguesa, ambas podem ser utilizadas no português utilizado no Brasil.
Uma última nota: não se estranhe que o texto da regra refira que o telhamento era feito por Companheiros: em 1723, ainda a Loja tinha apenas Aprendizes e Companheiros (estes os "oficiais", os que já sabiam executar os trabalhos, equivalentes hoje aos Mestres Maçons), sendo a designação de Mestre reservada ao que hoje designamos por Venerável Mestre. Só mais tarde é instituído o sistema de três graus. O que nos recorda que preservação da Tradição não é sinónimo de imobilismo... nem na língua!
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 142.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 10 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
21 outubro 2012
O saber calar-se
Publicado por Paulo M. às 20:35 4 comments
17 outubro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXIV
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 142.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 0 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
10 outubro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXIII
Independentemente da crença de cada um, todos os maçons reconhecem como patronos da Maçonaria os dois S. João, o Batista e o Evangelista. Muitas Obediências mantêm a época solsticial de junho como referência para a sua principal festividade anual.
No caso da GLLP/GLRP, a sua constituição formal data de 29 de junho de 1991, o primeiro sábado após o dia de S. João naquele ano. Também por esse motivo é a época solsticial de junho objeto da sua maior celebração anual.
A regra que ora se comenta instituía como principais responsáveis pela organização dessa celebração os Grandes Vigilantes. Modernamente, a organização da celebração é assegurada pelas Grandes Secretarias, verdadeiro centro nevrálgico administrativo da generalidade das Obediências maçónicas.
Fonte:
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, páginas 141-142.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 1 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723
03 outubro 2012
Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XXII
O conjunto dos elementos das Lojas operativas inglesas reunia-se anualmente, para serem dirimidos conflitos e uniformizadas práticas.
Esta prática transmitiu-se para a Maçonaria Especulativa que, formalizada em reunião de quatro Lojas de Londres e Westminster ocorrida no dia de São João Batista de 1717, manteve o uso da reunião anual de Grande Loja, em regra no dia de São João Batista, ou perto dele.
A regra ainda estipula que essa reunião anual poderia ser no dia de São João Batista (24 de junho) ou no dia de São João Evangelista (27 de dezembro). A aproximação às datas solsticiais é evidente. Com o decorrer do tempo, veio a festividade anual da Maçonaria a fixar-se por volta do solstício de verão, já que as festividades do solstício de inverno acabam por ser absorvidas pelas festividades natalícias nos países maioritariamente cristãos.
Nos tempos operativos e nos primeiros tempos da Grande Loja de Londres e Westminster, a assembleia anual destinava-se a reunir todos os maçons. O grande crescimento da Maçonaria tornou impossível que assim continuasse a suceder, passando a assembleia anual da Grande Loja a ser mais uma das reuniões trimestrais da Assembleia de Grande Loja, formada pelos representantes designados pelas Lojas, apenas com uma maior solenidade e festividade.
A Assembleia anual pelo dia de São João Batista era também a ocasião para a eleição do Grão-Mestre, do Vice Grão-Mestre e dos Grandes Vigilantes. A evolução sofrida pela Maçonaria com a sua expansão pelo mundo veio a alterar significativamente esta regra: em muitas Obediências, o Vice Grão-Mestre e os Grandes Vigilantes deixaram se ser eleitos, passando a ser designados pelo Grão-Mestre (em contrapartida, emergiu a importância de um ofício administrativo que, por razões que parecem evidentes, passou, em muitas Obediências, a ser um ofício preenchido por eleição: o Grande Tesoureiro). Em muitas Obediências, o mandato deixou de ser anual, passando a ter duração variável, entre dois e cinco anos - mas não na generalidade das Obediências norte-americanas, que mantém a duração do mandato de Grão-Mestre como anual. Também a dispersão geográfica, os usos e costumes de cada país, as diversas condições climáticas, enfim, uma multitude de fatores, vieram a originar que a eleição do Grão-Mestre não ocorra necessariamente no solstício de verão.
Mas a Assembleia ocorrida por volta do dia de São João Batista, por volta do solstício de verão no hemisfério norte (de inverno, no hemisfério sul) continua a ser a ocasião mais festiva globalmente na Maçonaria.
Uma tradição comum mas adaptável em função das circunstâncias, dos locais, dos costumes, das necessidades, tem-se revelado uma poderosa força de união dos Maçonaria.
Finalmente, uma outra nota. Os maçons têm como objetivo o seu aperfeiçoamento pessoal, num esforço individual beneficiando do auxílio e da contribuição do coletivo. É um permanente trabalho de construção, uma incessante e laboriosa tarefa. Mas os maçons também sabem que a Vida não é só composta de esforço, de labuta, de trabalho. Também o descanso, o ócio, os momentos de festa e confraternização, são importantes, quer para restaurar as forças de cada um, quer para fortalecer os laços de amizade, de camaradagem, de fraternidade. Há tempo e lugar para tudo, para o trabalho e para o ócio, para a labuta e para a festa, para o esforço e para a confraternização. Por isso os maçons também estabeleceram e mantiveram regra prevendo a existência da festa para ser em comum fruída.
Os maçons são homens bons que querem tornar-se melhores, mas são, sobretudo, homens!
Fonte:
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 141.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 1 comments
Marcadores: Constituição de Anderson de 1723