22 setembro 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - Base VII

BASE VII

DOS DITONGOS

1º) Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais, caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivan, lencóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou, regougar.

Obs.: Admitem-se, todavia, excecionalmente, à parte destes dois grupos, os ditongos grafados ae (= âi ou ai) e ao (âu ou au): o primeiro, representado nos antropónimos/antropônimos Caetano e Caetana, assim como nos respetivos derivados e compostos (caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, representado nas combinações da preposição a com as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos.

2º) Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares:

a) É o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se emprega nas formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na da 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em -Um: constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e de 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em -air e em -oer: atrais, cai, sai; móis, remói, sói.

b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a união de um ii a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como fluido de formas como gratuito. E isso não impede que nos derivados de formas daquele tipo as vogais grafadas ii e i se separem: fluídico,fluidez (u-i).

c) Além dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes. Podem considerar-se no número deles as seqüências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se representam graficamente por ea, co, ia, ie, lo, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua, ténue/tênue, tríduo.

3º) Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m. Eis a indicação de uns e outros:

a) Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro, considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão; Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, colocar-se o ditongo üi; mas este, embora se exemplifique numa forma popular como rüi = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui, por obediência à tradiçăo.

b) Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:

i) am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam, escreveram, puseram;

ii) em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição e pela acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (variação do ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém, também; convêm, mantêm, têm (3ªs pessoas do plural); armazéns, desdéns, convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho.


As previsões desta Base em nada alteram a norma de escrita vinda do antecedente.

De notar que os linguistas, na redação do Acordo chegam ao pormenor de indicar uma palavra, de uso popular, tão excecional, mas mesmo tão excecional... que os teclados atuais nem sequer estão programados para a escrever. Com efeito, o ditongo "ui" escreve-se sempre sem til, exceto num caso: na forma popular de ruim, em que o "m" final é substituído por um til sobre o "u". O problema é que os teclados em uso não prevêm a colocação de um til sobre a letra "u"... Daí que tivesse optado por colocar lá um trema (¨) a fazer de (~) til, apesar de o uso do trema, como iremos ver ao tratarmos de uma outra Base, mais adiante, desaparecer da língua portuguesa, exceto em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros que o utilizam. Mas tive de optar por um mal menor: afinal de contas, não me apetecia que, por ausência de sinal gráfico, uma forma popular de "ruim" ficasse grafada... rui. Eu sei que sou uma peça em aperfeiçoamento, mas também não exageremos...

Descodificando alguns termos técnicos:

Ditongo é o nome que se dá à combinação de um som vocálico com um som semivocálico emitidos num só esforço de voz. O ditongo diferencia-se do hiato pelo facto de este último ser constituído por duas vogais e ser pronunciado em sílabas diferentes. Quando a semivogal antecede a vogal denomina-se ditongo crescente. Os ditongos podem ser denominados ditongos nasais, se a vogal que contiverem for uma vogal nasal
(informação obtida aqui).

Tónico: respeitante a sílaba tónica, aquela em que recai a maior intensidade de som da palavra.

Átono: respeitante a sílaba que não é tónica.

Antropónimo: nome de pessoa.


Rui Bandeira

21 setembro 2008

O Templo de Salomão


Um poema escrito por um Aprendiz - vale a pena ler

Esculpido foi aquele templo
No tempo de Salomão.
Como que pedra cúbica sobre pedra cúbica,
Cada pedra, cada ponta,
Aponta-me um novo mundo:
– O Templo de Salomão!

Oh! Como são belas as colunas... Ícones da maçonaria!
A fraternidade universal
Da beleza, da força e da sabedoria.
Romãs, acácias e labirintos,
Mágicos modelos templários.
Todos os nossos instintos,
enigmas
Dogmas de Zoroastro
Antigos e novos calendários.

Harmónicos e eternos rosa-cruzes,
Misteriosos, entrelaçados.
Todas as raças do mundo
Em uma só igualdade.

Herdeiros de Alexandria
Livro da lei:
Velho e Novo testamento
Palavras de Salomão
– Façam de mim o teu instrumento.

Ensinam-me a caminhar ao topo da escadaria
Régua e compasso... Geometria!
Somente corações puros
Progridem na maçonaria.

Oh! Como é fantástico adentrar ao templo:
– É saborear o gozo do crepúsculo de cada manhã,
– É aprender filosofia, arquitectura e sabedoria,
– É ouvir de nossos mestres: “A lenda de Hiram”.

Salomão!
Símbolo máximo da ciência e sabedoria suprema.
Hiram!
Arquitecto, governador da ordem e da justiça.
Assassinato foi sua sentença
Venerado combatente
Sublimes segredos
Relatos e poemas.
Só decifro em Pitágoras
Seus pentagramas e teoremas,

Porque...
Há um olho no céu:
Atravessa-me,
Impulsiona-me
Aperfeiçoa-me... Cada aresta!
Transforma-me... Um fiel irmão!... (prontidão).
Ventanias entre universos
Virtudes, razões, cantos paralelos,
Como se neles sempre existissem:
... Versos!
Transparência,
É a corrente de aprendizes
Despidos do medo
E isentos de profanas insígnias.
Inteligência,
São os companheiros e os mestres
Interligados.
Brilho em Vénus
Raio de sol
Chaves astronómicas e rectilíneas.

Nada é mais belo
Que a verdade.
Busco o princípio,
O começo!
Vasculho origens
Luz e vida,
Sonhos e silêncio.
O mundo é esse,
Assim como o vemos em nossa frente?
Cinzel, malhete, acertos, erros e ilusões?
Ou é o passado que retorna,
Simplesmente?

Não!
Não estamos sonhando,
Não criamos ilusão.

Nós arquitectamos,
Revolucionamos,
Reconstruímos pontes
Dentro de cada coração.
– Reconstruímos juntos:
“O Templo de Salomão”.

Autor: Wlidon Lopes da Silva

19/21 de Setembro


19 de Setembro




Na 6ª feira passada, 19 de Setembro, estive no velhinho "Martinho da Arcada" no jantar comemorativo dos 20 anos da nossa Loja Irmã "Fernando Pessoa".

Como era de esperar a sala estava muito bem composta, fraternalmente ocupada, tendo a noite sido preenchida por 2 sessões, uma de "comeres" e outra de "dizeres", sendo que a segunda seria sempre a mais importante, e foi ! Os "dizeres" por sua vez tiveram 3 intervenientes:

- NNF que contou a história da RLFernando Pessoa, a primeira a surgir na Obediência em que nos integramos e portanto a Nº 1 da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP;
- FQ que falou de Fernando Pessoa, da vida dos desassossegos, da obra, dos amores e desamores com a "Ofélinha" e por aí fora...;
- DR que disse alguns poemas de Fernando Pessoa.

A reunião terminou por volta da meia-noite mas, pelo menos para alguns (eu incluido), se durasse a noite toda não se teria perdido nada.

Daqui vão os PARABÉNS da redação do "A-PARTIR-PEDRA" para os nossos Manos em festa.

Mais ano menos ano (mais 2) também nós na Mestre Affonso Domingues comemoraremos os nossos 20 aninhos.

21 de Setembro

Talvez por esta aproximação Pessoana resolvi lembrar na data de hoje, 21 de Setembro, um dos momentos mais extraordinários da poesia, ela toda, universal, transportadora de sentimentos, panfletária de revoltas, o mais possível desassossegada, que Fernando Pessoa nos legou.

Faz hoje anos (45) que um barco grande, teria sido um magnifico navio de cruzeiros se não lhe tivessem adulterado a função, partiu do Tejo direito "às Áfricas", na altura longinquas, misteriosas, desconhecidamente perigosas.

É na recordação dessa partida, desse navio e principalmente de quem lá ia dentro, que copio para aqui as palavras de Fernando Pessoa.
Na época o slogan era algo diferente do actual:

- "Há mar e mar, há ir e não voltar"

Para muitos foi assim !


O Menino da Sua Mãe

No plaino abandonado

Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
-Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe

Fernando Pessoa

Um belo Domingo para todos e preparem a semana que aí vem.
Que seja alegre de muito e bom trabalho.

NOTA EXTRA - Para os nossos visitantes que não conhecem Lisboa, ou conhecem mal, vale uma explicação extra sobre o Martinho da Arcada.
O “Martinho da Arcada” é actualmente um restaurante de Lisboa, situado no antigo “Terreiro do Paço”, hoje Praça do Comércio, a oriente da praça e sob as arcadas que a rodeiam. Bem junto ao Rio Tejo.

Inaugurado em 1782 e situado sob as arcadas da Praça do Comércio, foi um dos cafés mais emblemáticos de Lisboa. Um dos seus mais distintos clientes foi o poeta Fernando Pessoa, que aqui gostava de fazer as suas refeições ou passar longas horas escrevendo. As paredes encontram-se decoradas com fotografias do poeta, a par de bonitos azulejos antigos (transcrição de “lifecooler-Guia de Boa Vida”)

Paiva Setúbal

19 setembro 2008

FAQ sobre Maçonaria


A FAQ (perguntas e respostas) sobre Maçonaria que reproduzo abaixo não é da minha autoria, sendo eu unicamente responsável pela sua adaptação. Naturalmente, são da minha responsabilidade os erros e/ou imprecisões que a minha adaptação possa ter introduzido no texto.

1. O que é a Maçonaria dos nossos dias?

A Maçonaria é uma Ordem Universal formada de homens de todas as raças, credos e nacionalidades, escolhidos pelas suas qualidades morais e intelectuais e reunidos com a finalidade de construírem uma Sociedade Humana, fundada no Amor Fraternal, na esperança de que com amor à Deus, à Pátria, à Família e ao Próximo, com Tolerância, Virtude e Sabedoria e com a constante investigação da Verdade e sob a tríade LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, dentro dos princípios da Ordem, da Razão e da Justiça, o mundo alcance a Felicidade Geral e a Paz Universal.

2. A Maçonaria é uma sociedade secreta?

A Maçonaria não é uma sociedade secreta, no sentido tradicional do termo. Uma sociedade secreta é aquela que tem objectivos secretos e oculta a sua existência assim como as datas e locais de suas sessões. O objectivo e propósito da Maçonaria, as suas leis, história e filosofia tem sido divulgados em livros que estão a venda em qualquer livraria. Os únicos segredos que a maçonaria conserva são as cerimónias usadas na admissão de seus membros e os meios usados pelos Maçons para se conhecerem. A Maçonaria é simplesmente discreta.

3. A Maçonaria é uma religião?

A Maçonaria não é uma religião no sentido de ser uma seita, mas é um culto que une homens de bons costumes. A Maçonaria não promove nenhum dogma que deva ser aceito tácicamente por todos, mas inculta nos homens a prática da virtude, não oferecendo panaceias para a redenção de pecados. O seu credo religioso consiste apenas em dois artigos de fé que não foram inventados por homens, mas que se encontram neles instintivamente desde os mais remotos tempos da história: A existência de Deus e a Imortalidade da Alma que tem como corolário a Irmandade dos Homens sob a Paternidade de Deus.

4. A Maçonaria é anti-religiosa?

A Maçonaria não é contra nenhuma religião. Ela ensina e pratica a tolerância, defendendo o direito do homem praticar a religião que entender. A Maçonaria não dogmatiza as particularidades do credo e da religião, mas reconhece os benefícios e a bondade assim como a verdade de todas as religiões, combatendo, ao mesmo tempo, as suas inverdades e o fanatismo.

5. A Maçonaria é ateísta ou meramente agnóstica?

A Maçonaria não é ateísta nem agnóstica. O ateu é aquele que diz não acreditar em Deus enquanto o agnóstico é aquele que não pode afirmar, conscientemente, se Deus existe ou não. Para ser aceite e ingressar na Maçonaria, o candidato deve afirmar a sua crença em Deus, O Grande Arquitecto do Universo.

6. A Maçonaria é um partido político?

A Maçonaria não é um partido político, nem tem partido. Como princípio, a maçonaria apoia o amor à Pátria, o respeito às leis e à Ordem, pugnando pelo aperfeiçoamento das condições humanas. Os maçons são aconselhados a serem cidadãos exemplares e a se afastarem de movimentos cuja tendência seja a de subverter a paz e a ordem da sociedade: São também incentivados a serem cumpridores das ordens e das leis do país em que estejam a viver, sem nunca perder o dever de amar o seu próprio país. A maçonaria promove o conceito de que não pode existir direito sem a correspondente prestação de deveres, nem privilégios sem retribuição, assim como privilégios sem responsabilidade. Os maçons, como tal, não se envolvem em actividades de natureza politíca.

7. A Maçonaria é uma sociedade de auxílios mútuos?

A Maçonaria não é uma sociedade de auxílios mútuos, não assegurando uma fonte de rendimentos para qualquer dos seus membros, nem mesmo para os que ocupam cargos. Contudo, a Maçonaria empenha-se em que nenhum de seus membros sofra necessidades ou seja um peso para os outros. O Maçon necessitado é apoiado pelos demais membros da Ordem.

8. A Maçonaria é uma ideologia ou um "ismo"?

A Maçonaria nem é uma ideologia, nem um "ismo". Ela não se envolve com as subtilezas da filosofia política, religiosa ou social. A Maçonaria reconhece que todos os homens tem uma só origem, participam da mesma natureza e tem a mesma esperança e, por conseguinte, devem trabalhar em união para o mesmo objectivo - a felicidade e bem estar da sociedade.

9. Então o que é a Maçonaria?

A Maçonaria é uma organização mundial de homens que, através de formas simbólicas dos antigos construtores de templos, voluntariamente se uniram para o propósito comum de se aperfeiçoarem na sociedade. Admitindo em seu seio, homens de carácter, sem consideração à sua raça, cor ou credo, a Maçonaria esforça-se para constituir uma liga internacional de homens dedicados a viverem em paz, harmonia e afeição fraternal.

10. Qual é a missão da Maçonaria?

A missão da Maçonaria é a de "fazer amigos, aperfeiçoar suas vidas, dedicar-se às boas obras, promover a verdade e reconhecer seus semelhantes como homens e irmãos".

A missão da Maçonaria ainda é a prática das virtudes e da caridade, é confortar os infelizes, não voltar as costas à miséria, restaurar a paz de espírito e a paz aos desamparados e dar novas esperanças aos desesperançados.

11. A Maçonaria obriga a juramentos anti-sociais?

A Maçonaria não obriga nenhum homem a juramentos incompatíveis com sua consciência, com as regras sociais e/ou do estado de direito, bem como da liberdade de pensar.

12. Porque é que a Maçonaria não inicia mulheres?

Tendo evoluído da Maçonaria Operativa que erguia templos no período da construção de catedrais, a Maçonaria adoptou a antiga regulamentação que provia o seguinte: "As pessoas admitidas como membros de uma Loja devem ser homens bons e de princípios virtuosos, nascidos livres, de idade madura, sem vínculos que o privem de pensar livremente, sendo vedada a admissão de mulheres assim como homens de comportamento duvidoso ou imoral.

A regularidade da maçonaria deve-se ao facto de esta se ater aos seus princípios básicos e imutáveis regidos por Landmarks, entre os quais se inclui o que acima se disse.

13. Por que se chama templos aos locais de reunião?

Os lugares onde os maçons se reúnem são designados templos porque, embora não sendo uma religião ou reunindo-se em uma igreja, a Maçonaria preserva religiosamente os direitos de cada indivíduo praticar a religião ou credo de sua preferência, mantendo-se equidistante das diferentes seitas ou credos. A Maçonaria ensina a todos como respeitar e tolerar as diversas religiões dos seus membros.

14. A Maçonaria Universal obedece a uma autoridade máxima?

Nem mesmo num país como os Estados Unidos, composto de 50 Estados e com cerca de 4 milhões de Maçons, a Maçonaria obedece a uma autoridade suprema. A Maçonaria em cada país ou em cada estado de uma Federação é regulada e dirigida por uma Grande Loja independente e soberana. Contudo, a Maçonaria Universal tem um sistema de regularidade, que permite às diversas Organizações Maçónicas reconhecerem-se como tal, desde que respeitem as regras (Landmarks) secularmente estabelecidas.

Adaptado de: "Maçonaria - Sua História, Objectivos e Princípios" - Erwin Seignemartin (28.09.79)

O vento canta!


Esta historieta - que, como habitualmente, recebi por correio eletrónico e de que desconheço quem seja o autor - parece-me particularmente adequada para os dias que vão correndo. Anda tudo ansioso, preocupado, pessimista, ai que até um grande banco americano abriu falência, ui que o petróleo ora baixa, ora sobe outra vez, mas a gasolina e o gasóleo não baixam coisa que se veja (e, se baixarem, ei, cuidado com os gastos de combustível, olhem a poluição e o aquecimento global...). Enfim, por todo o lado, parece que toda a gente só vê perigos e não descortina possibilidades de mudanças positivas. Não é seguramente boa ideia ser um irrazoável otimista; mas também não se ganha nada em ser um embrutecido pessimista, esquecido que as crises servem para nos adaptarmos, abandonar o que está mal ou é ineficiente e passar a adotar o que melhor global e individualmente nos convém. Vamos então à história, que é pequena no tamanho, mas espero que grande na lição.

Certa vez uma fábrica de calçado desenvolveu um projeto de exportação de sapatos para a Índia. Enviou, então, dois dos seus melhores consultores a pontos diferentes desse país para realizarem as primeiras
observações do potencial daquele futuro mercado.

Depois de alguns dias de pesquisa, um dos consultores enviou o seguinte fax para a direção da fábrica:

"Cancelem o projeto de exportação de sapatos para a Índia. Aqui ninguém usa sapatos."


Sem saber desse fax, o segundo consultor enviou o seu com os seguintes dizeres:

Tripliquem o projeto da exportação de sapatos para a Índia.
Aqui ninguém usa sapatos... ainda."


MORAL DA HISTÓRIA:

A mesma situação era um tremendo obstáculo para um dos consultores e uma fantástica oportunidade para o outro. Da mesma forma, tudo na vida pode ser visto com enfoques e maneiras diferentes. A sabedoria popular traduz essa situação na seguinte frase:

OS TRISTES ACHAM QUE O VENTO GEME; OS ALEGRES ACHAM QUE O VENTO CANTA.


O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos.
A maneira como cada um encara a vida faz TODA a diferença.

Crise? Qual crise? Um mundo em fase de mudança, é o que é! Basta-nos estar atentos, navegar aproveitando o vento (e, quando preciso, saber também bolinar...) para chegarmos a bom porto, um pouco melhor do que aquele de onde partimos!

Rui Bandeira

18 setembro 2008

Sobre o Grande Arquiteto do Universo - 2


Há tempos, num seu comentário ao texto Maçons e controvérsia sobre religião, o simple lucidamente fazia notar que, embora aparentemente o José Ruah e eu muitas vezes pareçamos discordar, o que na realidade acontece é que normalmente estamos de acordo, simplesmente analisamos os temas de forma diferente, no fundo cada um olhando para uma das faces da mesma moeda. Tem razão o simple: o nosso pensamento é, no essencial, muito semelhante, a forma como lá chegamos ou como o expressamos é que, muitas vezes, é diferente. Hoje, o simple vai ter mais uma demonstração do acerto da sua apreciação.

No mês passado, o José Ruah escreveu um texto sobre o Grande Arquiteto do Universo, no qual, em síntese e simplificando, esclarece que esta designação constitui uma abstração em que cabe qualquer conceito de Divindade ou Criador. Daí que tenha prosseguido, esclarecendo que a Maçonaria Regular pergunta a quem a ela pretende juntar-se uma pergunta muito simples (Acredita no Grande Arquiteto do Universo?), que pede a mais simples das respostas, a escolha entre a afirmativa e a negativa.

O simple, que está sempre à procura de ir mais fundo, insistiu na concretização do conceito, lembrou que no sítio da Loja Mestre Affonso Domingues se afirma que a Maçonaria Regular é deísta, trouxe à colação um texto sobre Deísmo na edição em língua inglesa da Wikipédia e uma pretensa "teologia" básica da Maçonaria (infeliz escolha de termos...), em jeito de argumento pelo absurdo inquiriu se integraria o conceito de crente no GADU quem acreditasse que a espécie humana tinha sido criada por uma avançada espécie extra-terrestre, entretanto extinta; em resumo, procurou levar o José Ruah a aprofundar a noção de GADU que ele dera. O José Ruah, que não se deixa arrastar para discussões que considera estéreis, cartesiano e direto como sempre, limitou-se a reafirmar que nada mais entendia que se devesse acrescentar à noção que dera e deu o tema por encerrado.

Pelo contrário, eu decidi dar resposta ao "repto" do simple. Mas a introdução a este texto já permite intuir que, se formalmente faço diferente do Ruah, materialmente a resposta é exatamente a mesma: o texto original do Ruah coloca acertadamente a questão e não há, utilmente, maior definição a dar ao conceito, em termos de Maçonaria Regular.

O simple insiste em saber se não é desejável, acertado, concretizar mais o conceito de GADU, em termos de Maçonaria Regular. Mais do que responder-lhe com uma simples negativa, convido o simple a simplificar e, mais do que procurar ensinamentos através do Google, buscar entender por si próprio a razão de ser da amplitude do conceito de GADU que a Maçonaria Regular utiliza.

Deixe o simple de lado a questão do deísmo, até porque, como terá a oportunidade de verificar noutro texto, que oportunamente escreverei sobre o tema, antes de se falar sobre deísmo é necessário verificar que definição do conceito se está a utilizar. Não considere a pretensa "teologia" maçónica, até porque mais tarde espero ter a possibilidade de lhe demonstrar que, não só não há nenhuma "teologia" maçónica, como os princípios apontados no texto correspondem a um particular entendimento cultural, porventura até mais teísta do que deísta, da concepção da maçonaria. Esqueça o seu argumento pelo absurdo, até porque o mesmo nem sequer é relevante: a criação de uma espécie animal num pequeno planeta orbitando à roda de uma insignificante estrela situada na ponta de uma das miríades de galáxias existentes nem sequer merece comparação com a criação do Universo! Tomar aquela por esta seria o mesmo que confundir a primeira frase escrita por uma criança que está aprendendo a escrever com Os Lusíadas...

Quer então o simple, ou qualquer outro que este texto leia, entender a noção de GADU acolhida pela Maçonaria Regular? Não precisa de ler, não precisa de pesquisar. Basta que, numa qualquer noite sem nuvens se desloque a um local pouco iluminado - quanto menos luz, melhor! Aí chegado, ponha-se em posição que lhe seja confortável e... olhe para o alto! Só isso! Olhe, veja, repare nos incontáveis pontos luminosos que verá. Lembre-se que cada um deles é uma estrela - alguns já foram, porque, de tão distantes, a sua luz demora tanto, mas mesmo tanto, a chegar até nós, que já só é o testemunho de algo que, tendo existido, já se extinguiu. Procure abarcar o conceito de milhões de estrelas existentes numa inimaginável imensidão de Espaço e Tempo. E junte-lhes os planetas que à roda delas girarão. E mais os cometas. E... E...

Agora, sempre olhando para o Firmamento, reflita na perfeição do seu funcionamento, na profusão de leis a que chamamos naturais, muitas que dizemos da física, outras de que ainda nem sequer fazemos ideia que existem, na impensável quantidade de forças que se repelem e atraem, se cruzam, entrecruzam, mutuamente se influenciam e que não só mantêm o Universo imenso, ordenado, belo, de que está a ver uma pequena parte, como assim o mantiveram desde há milhões e milhões e milhões (e acrescente ainda milhões...) de anos e que se, como o chefe da aldeia de Astérix acima de tudo teme, o céu não nos cair em cima da cabeça, porventura o manterão assim por incontáveis milhões e milhões e milhões (e acrescente ainda milhões...) de anos. Sinta a Harmonia do Universo, que não é de agora, mas que sempre foi conhecida como assim sendo. Feche os olhos e foque a sua atenção do infinitamente grande para o infinitamente pequeno e procure imaginar a inimaginável quantidade de átomos que se agregam no impensável número de moléculas que formam o estrondosamente grande número de células do seu corpo. Considere ainda a imensidão de átomos que em outros corpos, animados e inanimados, existem... não, não pense no planeta (o número de algarismos que seria necessário para indicar a potência a que teria que ser elevado o número que matematicamente o descrevesse seria superior a todos os algarismos que todos os que viveram desde que a escrita foi criada escreveram...), pense apenas na sua rua - que digo eu? Na sua casa... Do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, em todas as dimensões de medida físicas e ainda acrescidas da dimensão temporal. E tudo isto, tudo isto que a pobre mente humana tem dificuldade em conseguir imaginar que seja possível chegar a imaginar, desde há milhões e milhões e milhões (e acrescente ainda milhões...) de anos que existe, que está, que funciona, que é Belo e Imenso e Harmónico e suporta Vida (no nosso pontinho insignificante do Universo e não sabemos se mais onde...). Sempre em posição confortável, olhe, aprecie, medite, relaxe e... sinta a profunda sensação de paz e de felicidade que o leve vislumbre da Perfeição que conseguirá entrever lhe provocam!

E então... só então... coloque a si mesmo uma única pergunta: tudo isto, tudo o que vejo e não vejo, vislumbro e me está escondido, imagino e é para mim inimaginável, este Universo, do infinitamente grande ao infinitamente pequeno, de imensa harmonia existente desde muito antes de haver bicho que conseguisse ter a noção de Tempo... foi criado como?

Se então responder que uma maravilha destas, cuja dimensão e perfeição nos é impossível de imaginar, só pode existir porque foi criada por uma Entidade Suprema, que criou as complexíssimas regras das complexidades que regem o Complexo Universal com tão Perfeita Harmonia, então aí tem a sua resposta: eis o Grande Arquiteto do Universo da Maçonaria Regular. Não importa que forma, que caraterísticas, que singularidades, cada um lhe atribua. É esta noção do Perfeito que Perfeitamente cria a Perfeição que conta... O resto são complicações, próprias da nossa natureza, escusados cinzentos que só servem para esmaecer o brilho intenso da Luz da Perfeição.

Foi isso o que o José Ruah, no seu estilo direto, escreveu...

Rui Bandeira

17 setembro 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - Base VI


BASE VI

DAS VOGAIS NASAIS

Na representação das vogais nasais devem observar-se os seguintes preceitos:

1º) Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre a; por m, se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n se é de timbre diverso de a e está seguida de s: afã, grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-braseiro (forma dialetal; o mesmo que são-brasense = de S. Brás de Alportel); clarim, tom, vacum, flautins, semitons, zunzuns.

2º) Os vocábulos terminados em -ã transmitem esta representação do a nasal aos advérbios em -mente que deles se formem, assim como a derivados em que entrem sufixos iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, maçãzita, manhãzinha, romãzeira.



Também esta Base em nada altera a norma anterior da escrita.

As alterações na escrita introduzidas pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 são bem menores do que o alarido que à sua volta se criou fez temer. A extensão e a tecnicidade do texto também não ajudaram a que os não especialistas se informassem devidamente.

A extensão do Acordo (21 Bases) não implica grande quantidade de mudanças. Explica-se pela opção de registar todas as regras de escrita que, a partir da sua vigência, determinam a correta maneira de escrever português, pela primeira vez com um âmbito verdadeiramente universal, porque ratificado e vigorando em todos os países de expressão oficial portuguesa.

A publicação neste blogue de todas as Bases do Acordo destina-se a divulgar, não só o que muda, mas todo o código da escrita que foi fixado.

Rui Bandeira

16 setembro 2008

Mais um marco no A Partir Pedra

São neste momento 1h 40 min do dia 16 de Setembro de 2008, pelo fuso horário de Lisboa, e acabo de constatar que entre a 1h05 e a 1h11 entrou o visitante

100 000 - Cem Mil

É certo que é só mais um numero, mas é a inexoravel entrada nos 6 digitos. E isso torna o nosso trabalho muito mais complexo, pois para passar para os 7 digitos é preciso contabilizar 900 000 vistantes adicionais.

Nada que não se consiga em ainda durante este século !

Aos nossos devotos, simpaticos, atentos, fieis, assiduos e amigos leitores um Agradecimento especial porque fazem com que valha a pena continuar a porfiar e a escrever.


José Ruah

15 setembro 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - Base V



Base V

Das vogais átonas

1.º O emprego do e e do i, assim como o do o e do u, em sílaba átona, regula-se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das palavras. Assim se estabelecem variadíssimas grafias:


a) Com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeão, cardeal (prelado, ave, planta; diferente de cardial = «relativo à cárdia»), Ceará, côdea, enseada, enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, peanha, quase (em vez de quási), real, semear, semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, amieiro, arrieiro, artilharia, capitânia, cordial (adjetivo e substantivo), corriola, crânio, criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e identicamente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso;


b) Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça, consoada, consoar, costume, díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, esboroar, farândola, femoral, Freixoeira, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, tavoada, távola, tômbola, veio (substantivo e forma do verbo vir); açular, água, aluvião, arcuense, assumir, bulir, camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fémur/fêmur, fístula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar, mangual, Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, tabuleta, trégua, vitualha.


2.º Sendo muito variadas as condições etimológicas e histórico-fonéticas em que se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a consulta dos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve empregar-se e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado. Convém fixar os seguintes:


a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em -eio e -eia, ou com eles estão em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia; aveal por aveia; baleal por baleia; cadeado por cadeia; candeeiro por candeia; centeeira e centeeiro por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia; correada e correame por correia;


b) Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba tónica/tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual pode representar um antigo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé; coreano, de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné; poleame e poleeiro, de polé;


c) Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tónica/tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formação vernácula -iano e -iense, os quais são o resultado da combinação dos sufixos -ano e -ense com um i de origem analógica (baseado em palavras onde -ano e -ense estão precedidos de i pertencente ao tema: horaciano, italiano, duriense, flaviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre), camoniano, goisiano (relativo a Damião de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano, torriense [de Torre(s)];


d) Uniformizam-se com as terminações -io e -ia (átonas), em vez de -eo e -ea, os substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de outros substantivos terminados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia, de haste; réstia, do antigo reste; véstia, de veste;


e) Os verbos em -ear podem distinguir-se praticamente grande número de vezes dos verbos em -iar, quer pela formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tempo. Estão no primeiro caso todos os verbos que se prendem a substantivos em -eio ou -eia (sejam formados em português ou venham já do latim); assim se regulam: aldear, por aldeia; alhear, por alheio; cear, por ceia; encadear, por cadeia; pear, por peia; etc. Estão no segundo caso todos os verbos que
têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em -eio, -eias, etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear, nomear, semear, etc. Existem, no entanto, verbos em -iar, ligados a substantivos com as terminações átonas -ia ou -io, que admitem variantes na conjugação: negoceio ou negocio (cf. negócio); premeio ou premio (cf. prémio/prêmio), etc.;


f) Não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem latina. Escreve-se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de moto próprio); tribo, em vez de tríbu;


g) Os verbos em -oar distinguem-se praticamente dos verbos em -uar pela sua conjugação nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba acentuada: abençoar com o, como abençoo, abençoas, etc.; destoar, com o, como destoo, destoas, etc.; mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas, etc.



A matéria regulada nesta base também não constitui nenhuma alteração em relação ao antecedente, quer em Portugal, quer no Brasil, quer na África de língua oficial portuguesa, quer em Timor.


O artigo primeiro indica um conjunto e palavras cuja norma de escrita depende da etimologia, ou seja, implica uma memorização da sua forma de escrita ou a consulta a dicionários ou prontuários ortográficos. O artigo 2.º, embora alertando para essa necessidade, apresenta algumas regras indicativas.


Em resumo: nada se altera, pois, neste aspeto, mantém-se a influência da etimologia em detrimento da fonética. Concordarão os puristas. Notam todos os demais que esta opção, mantendo a pureza da língua e das suas origens, aumenta a complexidade da sua escrita. De qualquer forma, impõe-se reconhecer que não existem usos ou evoluções de relevo na língua, no que respeita às vogais átonas, que coloque na ordem do dia a análise da possibilidade de aligeirar a etimologia em favor da fonética. E uma língua é um complexo sistema vivo, que depende do uso generalizado. Se esse uso continua a privilegiar a escrita das vogais átonas segundo o que resulta da etimologia das palavras, é assim que a norma de escrita, ainda que complexa, se deve manter.


Eis alguns significados de termos técnicos utilizados:


Vogal átona - o oposto de vogal tónica, que é o som que é mais fortemente pronunciado numa palavra.


Formas rizotónicas - formas verbais em que o acento tónico recai na raiz da palavra


Rui Bandeira

14 setembro 2008

Continuidade - instalado o 19º

Ora pois Venerável Mestre!!

Depois de eleito em Julho, coube a J.F. ser instalado na primeira sessão de Setembro.

A cerimónia, decorreu com a solenidade que se impunha. O Muito Respeitavel Grão Mestre que esteve presente tomou em mãos algumas partes da cerimónia, ajudando o Mestre Instalador que era apenas e só um dos Vice Grão Mestre e além disso membro da Loja.

A Loja continua entregue a mãos experientes, não no cargo mas em maçonaria, pois JF é membro da Affonso Domingues desde o dia da sua Iniciaçao e nela fez todo o seu percurso.

Estamos seguros que o seu mandato,que agora se inicia, será proficuo e permitirá que a Loja engrandeça e siga no caminho que tem vindo a percorrer.

Desejo ( desejamos) um grande sucesso ao JF e daqui vai um TFA.

José Ruah

12 setembro 2008

Cenas do Sec.XX em Portugal

Ainda há uma semana fiz uma referência ao "estado da arte" em Portugal dos anos 50/60 do Séc.XX quando puxei o exemplo da garrafa de Coca-Cola no texto do dia 4 p.p.
Como é fim de semana e tentando contribuir para a boa disposição dos leitores cá vos trago uma "anedota" deste jardim à beira mar plantado.
Caberia plenamente sob o título de "Portugal no seu melhor", mas de facto na minha opinião seria "Portugal no seu pior", pelo que prefiro pura e simplesmente mostrar-vos a imagem de um documento extraordinário, que descobri através de um Velho Amigo (só podia ser...).
É um momento da história deste país e da sua gente, tão capaz de seguir à frente na descoberta científica como de mostrar o maior atraso na organização da vida dos seus habitantes.

Como a leitura não ficou famosa, fica o esclarecimento.
Trata-se da aplicação do "Imposto sobre pianos" em Janeiro de 1921, conforme Dec.Lei 7002 de 15 de Setembro de 1920 !
Nessa época era necessário ter licença do Estado para se ter um piano, e para tal havia que pagar o respectivo imposto.
Como diria alguém "era a vida !..."
Só não sei se este contribuinte se relaciona com algum familiar do nosso querido Rui Bandeira. Mas pelo menos Bandeira é.
JPSetúbal

A verdade da alegoria


Sob o marcador genérico de "alegoria", tenho publicado algumas historietas que me enviam, geralmente de autor desconhecido, com que procuro ilustrar princípios de ordem moral. Todas as pequenas histórias que publiquei tive-as na conta disso mesmo, de histórias, ficções criadas com o propósito de ilustrar preceitos morais. Mas o José Ruah, que tem por hábito investigar a verdade e a mentira do que lê na Net, descobriu algo muito interessante: uma das historietas que publiquei não é, afinal, ficção! A situação nela contada ocorreu na realidade! Não exatamente como contada, de forma que embelezou a realidade ocorrida (quem conta um conto acrescenta um ponto... e este conto foi muito contado...), mas ocorreu! Ainda por cima, trata-se de uma das histórias de que mais gostei, com que procurei ilustrar uma das virtudes que mais aprecio, a gratidão, e que intitulei O copo de leite.

Essa informação foi obtida aqui, de onde traduzo algumas passagens:

Trata-se de uma história muito apreciada e muito divulgada. No seu cerne, é uma história verdadeira , mas tem sido tão fortemente exagerada que agora é apenas uma caricatura de si própria, tendo sido distorcida de inúmeras maneiras, para melhor contar a história de um médico que não aceitou o pagamento de honorários pelos seus serviços, de uma jovem que uma vez lhe deu um copo de leite.
O Dr. Howard Kelly (1858-1943) foi um médico distinto, que foi um dos quatro médicos fundadores da John Hopkins, a primeira universidade de investigação médica nos Estados Unidos, e indiscutivelmente um dos melhores hospitais do Mundo. Em 1895, criou nela o Departamento de Ginecologia e Obstetrícia. Ao longo de sua carreira, contribuiu para o avanço das ciências da ginecologia e da cirurgia, quer como professor, quer como médico.

De acordo com a biografia escrita por Audrey Davis, a história da fatura paga na totalidade pelo copo de leite é verdadeira: no decorrer de um passeio a pé pelos campos do Norte da Pensilvânia, Kelly parou numa pequena casa para pedir um copo de água. Uma jovem respondeu ao seu pedido e, em vez de água, trouxe-lhe um copo de leite fresco. Depois de uma curta e amigável conversa, ele prosseguiu o seu caminho. Alguns anos mais tarde, a mesma jovem e ele reencontraram-se por causa de uma operação a que ela foi submetida e em que ele a operou. Pouco antes de ela partir para casa, a sua fatura foi-lhe entregue, estando nela escrito: "Totalmente pago com um copo de leite."


No entanto, deve notar-se que, embora a história seja verdadeira, tem sido grandemente embelezada para torná-la mais tocante.
Kelly nunca foi um estudante pobre que resolveu mendigar uma refeição na próxima casa. Descendia de uma família relativamente rica e não teve que trabalhar para estudar e muito menos vender mercadorias porta a porta. Para além de a família lhe custear os estudos e o seu sustento, o jovem estudante recebia da sua família uma mesada de 5 dólares - uma quantia apreciável para a época. No seu 21.º aniversário, o futuro médico recebeu cheques de 100 dólares, dados pelo seu pai e por várias tias, o que seriam consideradas somas astronómicas naqueles dias (1879).
O futuro Dr. Kelly gostava de passear pelos campos agrícolas e matas da Pensilvânia. Tinha um gosto especial por efetuar grandes caminhadas. No dia referido na história do copo de leite, ele era apenas um caminhante sedento, que pediu um copo de água numa fazenda por onde passou.

A biografia de Kelly não contém nenhuma menção ao facto de a jovem do copo de leite estar criticamente doente ou de ter sido enviada para Baltimore por ser vítima de uma doença rara.
Com efeito, nada se diz do seu caso, que indicasse que era incomum, ou que sua vida estava de alguma forma em perigo. Com exceção para o facto de o Dr. Kelly ter escrito na fatura que a mesma estava paga com o copo de leite, o seu caso não teve nada de especial.

No que diz respeito à sua anulação da fatura,
Kelly cobrava honorários muito elevados pelo seu trabalho, mas fazia-o apenas relativamente a pacientes que podiam pagar, prestando gratuitamente cuidados médicos aos menos afortunados. Numa estimativa conservadora, em 75% dos seus casos, não recebeu pagamento pelos seus serviços. Além disso, durante anos, pagou o salário de uma enfermeira para visitar e prestar cuidados aos seus pacientes, que de outra forma não poderiam suportar os custos dos tratamentos, fornecendo-lhes, assim, tanto serviços médicos, como de enfermagem, sem encargos.


Portanto, em suma:

  • Howard Kelly não era um jovem estudante arruinado que vendia mercadorias porta a porta, na prossecução do seu sonho de um dia se tornar um médico e, por isso, não foi resgatado da fome por um fortuito copo de leite. Foi um caminhante sedento, que pediu água numa fazenda e, em vez dela, foi-lhe dado leite.
  • A jovem que lhe deu o leite mais tarde veio a ser sua doente, mas provavelmente não porque estava morrendo ou porque o seu estado era incomum.
  • O Dr. Kelly escreveu que a fatura estava paga, mas procedia de igual modo com três em cada quatro pacientes tratados por si.
Embelezada, a história é bonita. Mesmo despida dos pontos acrescentados ao conto, continua a sê-lo, talvez não tão incisivamente como exemplo de gratidão, mas seguramente como exemplo de um homem bom que, tendo o privilégio de uma vida confortável, procurou auxiliar os menos afortunados do que ele. A verdade da alegoria é, pelo menos, tão edificante como a lição que se pretendeu ilustrar com o que se pensava ser só ficção, sem suporte na verdade.

Rui Bandeira

11 setembro 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - Base IV


BASE IV

DAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS

1º) O c, com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct, e o p das sequências interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt, ora se conservam, ora se eliminam.

Assim:

a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto.

b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.

c) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carate­res, dicção e dição; facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receçâo.

d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respetivamente, nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e assunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.

2º) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd, em amígdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdalóide, amigdalopatia, amigdalotomia; o m da sequência mn, em amnistia, amnistiar, indemne, indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o t da sequência tm, em aritmética e aritmético.

Esta é a grande alteração que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 traz, relativamente à anterior norma lusitana da escrita, passando a deixar de se usar a primeira de duas consoantes, em sequências interiores de palavras, quando a mesma não se pronuncia. Anteriormente, utilizava-se, por razões de ordem etimológica.

Basicamente, a regra é simples: se a primeira consoante é articulada, escreve-se; se não existe articulação de consoante, não existe consoante na escrita, abandonando-se a escrita de consoantes não articuladas, por razões exclusivamente de ordem etimológica.

Esta alteração, se bem que cause alguma perturbação a quem estava habituado a grafar as palavras com as consoantes mudas, facilita clara e inequivocamente a aprendizagem da escrita da língua portuguesa, seja por crianças em processo de alfabetização, seja por estrangeiros.

Esta alteração afeta cerca de 0,54 % do vocabulário da língua portuguesa, um pouco mais de 600 palavras.

Note-se que esta alteração, visando simplificar a escrita, adotando o critério fonético, em detrimento do critério etimológico, não unifica a escrita da língua portuguesa, precisamente devido a diferenças de pronúncia existentes no espaço lusófono. Assim, cerca de 0,5 % das palavras do vocabulário geral da língua (pouco mais de 575 palavras) vão possuir dupla grafia, em função das diferentes pronúncias. Assim, em Portugal passa-se a escrever aspeto e conceção, mas os nossos irmãos brasileiros, porque pronunciam as consoantes que os lusos já deixaram de pronunciar, podem continuar a escrever aspecto e concepção. Por outro lado, em Portugal continua a escrever-se súbdito e amnistia, porque todas as consoantes aqui se pronunciam, enquanto que no Brasil se escreverá súdito e anistia, porque aí se deixaram de pronunciar as consoantes que por cá continuamos a usar.

De notar que, quando a consoante muda "p" cai e é antecedida por "m", este passa a "n": o que era peremptório em Portugal, passa a ser perentório.

É inevitável que o processo de habituação a estas alterações cause, no início, alguma perturbação e alguns esquecimentos na atualização das palavras alteradas. Mais uma razão para não deixar para o fim a habituação às alterações. Mas esta minha experiência de poucos dias mostra-me que é com alguma facilidade e rapidez que a habituação acontece, sobretudo se se estiver atento.

Rui Bandeira

10 setembro 2008

Já somos fonte!

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Foi hoje publicado na edição eletrónica do jornal Ponto Final, de Macau, um artigo, da autoria do jornalista João Paulo Meneses, intitulado Está a nascer a terceira loja maçónica em Macau.

Para além de apreciarmos uma notícia genericamente bem feita relativa a uma Loja em constituição da GLLP/GLRP, Obediência em que se integra a Loja Mestre Affonso Domingues, que temos nós a ver com isso? Dois aspetos:

O primeiro, notar que a Imprensa tradicional começa a usar assumidamente como fonte de informação e pesquisa os blogues, no caso os blogues de temática maçónica. Com efeito, expressamente se refere na dita notícia que parte das informações recolhidas para a notícia foram obtidas no blogue Luz do Oriente (Macau) (in installation), para cujo endereço remete um dos atalhos que disponibilizamos na coluna da direita do A Partir Pedra.

O segundo, assumir que o "outro blogue que segue a mesma filiação da GLLP", no qual o "mestre instalador" escreveu um comentário transcrito na notícia foi o nosso A Partir Pedra. O comentário foi publicado por AMG, Mestre Instalador da Loja em processo de constituição, a propósito do texto Loja Luz do Oriente (Macau).

A notícia parece-me genericamente correta e elaborada com o propósito de informar. Detetei, no entanto, duas pequenas imprecisões: a GLLP/ GLRP foi criada, não em 1996, mas sim em 1990, então sob o nome de GLRP. Em 1996, na sequência da cisão dos elementos afetos ao que ficou conhecido como "golpe da Casa do Sino", mudou de nome para GLLP/GLRP; não é completamente exato que todas as Lojas da GLLP/GLRP trabalhem, como afirma a notícia, no Rito Escocês Antigo e Aceite: a maior parte das Lojas da GLLP trabalham no REAA, mas há Lojas trabalhando noutros ritos. Aliás, e não sendo contas do nosso rosário, creio que não será também correto afirmar-se que todas as Lojas do GOL trabalhem no Rito Francês... Mas, bem vistas as coisas, trata-se de imprecisões naturais em quem assumidamente teve alguma dificuldade em recolher as informações que pretendia.

Rui Bandeira

09 setembro 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - Base III



BASE III

DA HOMOFONIA DE CERTOS GRAFEMAS CONSONÂNTICOS

Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonânticos, torna-se necessário diferençar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam pela história das palavras. É certo que a variedade das condições em que se fixam na escrita os grafemas consonânticos homófomos nem sempre permite fácil diferenciação dos casos em que se deve empregar uma letra e daqueles em que, diversamente, se deve empregar outra, ou outras, a representar o mesmo som.


Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes casos:

1º) Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho, capucho, chamar, chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, estrebucha, facho, ficha, flecha, frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim, baixei, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre, faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez, xarope, xenofobia, xerife, xícara.

2º) Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio, alfageme, Álgebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido, almargem, Alvorge, Argel, estrangeiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim, geringonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, herege, relógio, sege, Tânger, virgem; adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de papagaio), canjerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum, jeira, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum, Jerónimo, Jesus, jibóia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, laranjeira, lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujê, pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito.

3º) Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes surdas: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso,farsa, ganso, imen­so, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa; abadessa, acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar, benesse, Cassilda, codesso (identicamente Codessal ou Codassal, Codesseda, Codessoso, etc.), cras­so, devassar, dossel, egresso, endossar, escasso, fosso, gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso, remessa, sossegar, acém, acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cinfães, Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; açafate, açorda, açúcar, almaço, atenção, berço, Buçaco, caçanje, caçula, caraça, dan­çar, Eça, enguiço, Gonçalves, inserção, linguiça, maçada, Mação, maçar, Moçambique, Monção, muçulmano, murça, negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, Seiça (grafia que pretere as erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, Suíça, terço; auxílio, Maximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe.

4º) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar, esplanada, esplêndido, espontâneo, espremer, esquisito, estender, Estremadura, Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraordinário, inextricável, inexperto, sextante, têxtil; capazmente, infelizmente, velozmente. De acordo com esta distinção convém notar dois casos:

a) Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto.

b) Só nos advérbios em -mente se admite z, com valor idêntico ao de s, em final de sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.); de contrário, o s toma sempre o lugar do z: Biscaia, e não Bizcaia.

5º) Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fónico/ fônico: aguarrás, aliás, anis, após, atrás, através, Avis, Brás, Dinis, Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, Jesus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós, quis, retrós, revés, Tomás, Valdês; cálix, Félix, Fénix flux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, petiz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósito, deve observar-se que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não oxítona: Cádis, e não Cádiz. 6º) Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar, besouro, besun­tar, blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses, coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposende, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de lugar, homónimo/ho­mônimo de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses, narciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa, Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa, tisana, transe, trânsito, vaso; exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável; abalizado, alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza, bazar, beleza, buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro, Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, sazão, urze, vazar, Veneza, Vizela, Vouzela.

As determinações constantes desta base também em nada alteram a norma de escrita pré-existente, quer em Portugal, quer no Brasil. Note-se que, em bom rigor, com a exceção da norma que declara que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não oxítona: Cádis e não Cádiz, esta base não fixa nenhuma regra orientadora de escrita. Limita-se a apresentar listas de palavras que, em razão das suas diferentes origens etimológicas, são escritas com letras diferentes representando os mesmos sons. Ou seja, aqui não há (salvo a exceção referida) regras para aprender e aplicar. A escrita correta das palavras indicadas nesta base só se aprende memorizando a forma de escrever de cada uma delas.
Dada a elevada tecnicidade dos termos utilizados, indica-se seguidamente o seu significado em linguagem mais corrente.
Homofonia - (do grego antigo "mesmo som") literalmente significa "vozes semelhantes" (definição extraída daqui ).
Grafema - é o nome dado à unidade fundamental de um sistema de escrita, podendo representar um fonema nas escritas alfabéticas, uma sílaba nas escritas silábicas ou em abjads, ou ainda uma ideia numa escrita. O grafema é a unidade formal mínima da escrita. Mínimo porque não pode ser desmembrado em dois ou mais sinais que também possam ser tratados como grafema. Formal porque é abstrato, não pode ser visto (definição extraída daqui).
Consonântico - relativo a consoante.
Fricativa palatal - emissão de som, resultante da fricção do ar expirado, decorrente da colocação da língua junto ao palato. Som representado em português pela letra j e, em certos casos, também pela letra g, seguida de e ou i.
Sibilante surda - sonoridade resultante da emissão de um sopro através dos dentes cerrados, semelhante ao som emitido pela cobra. Som normalmente representado em português por s ou ss.
Sibilante sonora - o mesmo, mas o sopro é acompanhado de voz resultando um som semelhante a um zumbido. Som normalmente representado em português por z, mas também por s entre vogais e, ainda, residualmente, por x entre vogais.
Fónico - relativo a som; sonoro.

Palavra oxítona - palavra que tem o acento tónico na última sílaba, por muitos designada como palavra aguda.
Rui Bandeira

08 setembro 2008

A propósito de anedotas e de sementes


O nosso “novato” A.Jorge aproveitou a 6ª feira, entrada do fim de semana, para propor uma reflexão sobre uma anedota, tirando no final (e muito bem) uma conclusão moral.
Acontece que recebi uma “estorinha” (não é uma anedota), com evidente relação com a conclusão moral tirada pelo A.Jorge no seu post.
Bom, a relação tem a ver o encaminhamento que é, ou pode ser, dado às sementes...
Transcrevo pois a estorinha que uma amiga fez o favor de me enviar hoje (6ª feira, dia 5).

Conta assim:

Uma chinesa velha tinha dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.
Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Todos os dias ela ia ao rio buscar água, e ao fim da longa caminhada do rio até casa o vaso perfeito chegava sempre cheio de água, enquanto o rachado chegava meio vazio.
Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso cheio e outro meio de água.
Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho do seu próprio resultado - e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.
Ao fim de dois anos, reflectindo sobre a sua própria amarga derrota de ser 'rachado', durante o caminho para o rio o vaso rachado disse à velha :
"Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até casa..."
A velhinha sorriu :
"Reparaste que lindas flores há no teu lado do caminho, somente no teu lado do caminho ? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu regava-las. Foi assim que durante dois anos pude apanhar belas flores para enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa !"

Cada um de nós tem o seu defeito próprio : mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que a nossa convivência seja interessante e gratificante.
É preciso aceitar cada um pelo que é ... e descobrir o que há de bom nele !
Portanto, meu "defeituoso" amigo/a, desejo que tenhas um bom dia e que te lembres de regar as flores do teu lado do caminho ! Já agora, envia este e-mail a algum (ou a todos) os teus amigos "defeituosos".
Sem esquecer que é "defeituoso" também quem to mandou ! ...

Este foi o texto completo da mensagem que me chegou.

(Não o alterei de propósito para agora poder escrever o seguinte:
Recuso definitivamente todas as mensagens que apelam à auto-divulgação, seja porque nos próximos 3 dias a Cláudia Schiffer me vai cair “amantissimamente” nos braços, seja porque durante o próximo mês ganharei o “euro-milhões” pelo menos 5 vezes.
Este apelo continuado de propagação de mensagens tem com resultado único o entupimento das vias de comunicação dos acessos à rede, estudados e preparados para uma utilização racional, que ficam completamente entupidos com a utilização desregrada que estas correntes provocam.
Para quem está longe da matéria pode comparar ao efeito que as grandes e inesperadas chuvadas têm nos sistemas de escoamento das águas públicas.
O sistema existente, que funciona muito bem durante 99% do ano, é incapaz de engolir a massa de água caída inesperadamente e em quantidade muito superior ao habitual, dando origem a cheias e às consequências nefastas que todos conhecemos.
É isso o que se passa também na rede de comunicação de dados internacional, resultando depois queixas de que os sistemas são lentos, têm erros ou, pura e simplesmente, não funcionam.

Este parágrafo de facto não tem relação com o que pretendo deixar-Vos.
Constitui apenas um pequeno desabafo pelo que… voltemos ao assunto.)

Este conto pequeníssimo termina com uma conclusão:
- Nada é completamente mau !
Pronto, já sei que virão argumentar que a inversa também é verdadeira.
Claro que é, mas cada um vê a metade da garrafa com os olhos que tem ou que quer ter.
Os otimistas de uma forma e os pessimistas da forma contrária.
Para este caso tanto me faz que a vejam meio cheia ou meia vazia.
Em qualquer dos casos o que me interessa é que sejamos capazes de perceber o que há de bom em cada momento, eventualmente esquecendo o resto que é mau, e percebendo o que é bom aproveitá-lo, para si próprio e para incentivar os que lhe estiverem próximos de modo a que num esforço de conjunto se não desperdice nada de bom e não se aproveite nada de mau.
E bem sabemos como muitas vezes deitamos fora o vaso rachado, como se dele nada houvesse para aproveitar.
Há um “Amigão do peito” que acha muita graça quando lhe digo que “até um relógio parado tem razão 2 vezes ao dia” (!).
O que quero afirmar com esse princípio (que não inventei, antes apanhei-o no ar, algures) é exactamente o mesmo: -Nada é completamente mau !
E assim vamos descobrindo formas de utilizar os recursos disponíveis. Mesmo sendo escassos é provável que, com jeito, se consigam resultados surpreendentes utilizando-os de forma adequado.
A este respeito ainda cá voltarei com um aspecto importante deste aproveitamento possível.
Agora, e para terminar, apontarei apenas dois princípios.
1 – Repito, até um relógio parado tem razão 2 vezes ao dia ou, por outra imagem, até um vazo rachado pode ser muito útil. Só temos que olhar o relógio na hora adequada ou utilizar o vazo para a função que ainda pode cumprir.
2 – E agora pegando no conceito moral concluído pelo A.Jorge no final do seu post, o que acontecerá se “comermos” as sementes em vez de as utilizar para lançar à terra, onde com a ajuda de um qualquer vazo rachado germinarão em belas plantas novas, embelezando o mundo e dando continuidade à vida, tal qual foi devidamente arquitetado em tempo útil ?

Pois é, se comermos as sementes e/ou deitarmos fora o vazo rachado o mundo ficará mais triste e a vida perderá alguns dos seus argumentos.
Também tal como na estória, os velhos são capazes de perceber facilmente que é assim.
JPSetúbal

06 setembro 2008

Poema maçónico

Onde quer que possas estar,
Onde quer que te detenhas a meditar,
Seja longe, em terras estranhas,
Ou simplesmente no lar, doce lar,
Sempre sentes um grande prazer,
Que faz vibrar as cordas do coração,
Apenas em ouvir a fraterna saudação
“Vejo que tens viajado muito, Irmão!”

Quando recebes a saudação do Irmão
E ele te toma pela mão
Isso comove-te e toca-te no íntimo,
Numa emoção incontida, por demais profunda.
Sentes que aquela união de Irmãos,
Que é um anseio da humanidade inteira,
Que se realiza no estender das mãos
E na voz a dizer fraternalmente:
“Vejo que tens viajado muito, Irmão”

E se és um estranho,
Solitário em estranhas terras,
Se o destino te deixou derreado,
Batido e à beira da morte, longe do lar,
Não há sentimento mais completo
Que aquele que te sacode sob a saudação
“Vejo que tens viajado muito, Irmão”

E quando chegar, finalmente, tua derradeira hora,
O momento de empreender a mais longa das viagens,
Revestido do branco avental de cordeiro
E sob a a escolta dos Irmãos que já passaram,
O Cobridor da Porta de Ouro,
Com Esquadro, Régua e Prumo
Pedir-te-á a Palavra de Passe
E dir-te-á, então,
“Passa. Vejo que tens viajado muito, Irmão”
Autor: desconhecido, do Oriente de Montana - USA

05 setembro 2008

Uma anedota

Como o fim-de-semana se aproxima, decidi transcrever aqui uma anedota que ouvi há dias e que acho "deliciosa".

Um industrial da nossa praça, tendo problemas com um equipamento informático, decidiu chamar um técnico. O técnico chegou, deu duas voltas ao equipamento e com uma simples chave de parafusos, deu 1/4 de volta num parafuso, tendo o equipamento ficado a funcionar perfeitamente.

Passados dias, chegou a factura. Tinha como descritivo "reparação informática - 1.000€".

O nosso empresário, achando a factura demasiado alta para um simples quarto de volta num parafuso, decidiu solicitar uma factura discriminada. A nova factura que chegou já tinha duas linhas:

  • Apertar 1/4 de volta no parafuso - 1 €
  • Saber qual o parafuso a apertar - 999€

A factura foi paga.

(PAUSA PARA RISOS)

Desta anedota, é possível concluir que numa situação destas, quereríamos todos receber os 1000€, que são bem melhores do que só um.

O problema é que só tem direito aos 1000€, quem sabe realmente identificar qual é o parafuso que é preciso apertar. Não chega dizer que sabemos ou ter um diploma que diz que sabemos ou até fazer um movimento do tipo "os 1000€ quando nascem são para todos..." ou ainda "eu não sei, mas a culpa não é minha..., logo também tenho direito".

Vem isto a propósito das dificuldades com que me defronto regularmente quando proponho formação aos meus colaboradores - é preciso quase impô-la. Estamos mais uma vez perante um problema "das duas ansiedades" - "deixem-me continuar a fazer o que sempre fiz, mas não me falem em deslocalizar a fábrica".

Como sociedade, temos todos de unir esforços no sentido de conseguirmos levar as pessoas a querer saber qual o parafuso a apertar, mais do que a apertá-lo.

Como? Persistindo e não baixando os braços, apoiando, motivando, reduzindo a resistência à mudança (ansiedade 1) e, em certos casos, ajustando ainda que ligeiramente a ansiedade 2. Já agora, dava jeito que tivéssemos todos uma atitude mais "agrícola" - semear para colher. Creio que por vezes comemos as sementes e reclamamos quando não há mais.

Bom fim-de-semana

04 setembro 2008

A CAVERNA E AS BARREIRAS do A.Jorge


Os variados acidentes com que tropecei ao longo dos últimos 3 meses não são de molde a desculpar a terrível “sornice” que me deu e que fez com que não tivesse dado qualquer ajuda ao “coitado” do Zé Ruah que arcou com a responsabilidade, por inteiro, de manter viva a chama diária do “A-Partir-Pedra” durante o mês de Agosto.
De facto, durante todo este tempo, até foram muito poucas as vezes que visitei o blog, umas vezes por não ter máquina disponível, outras porque a tinha para utilização muito “bate e foge”, outras ainda por “sornice”… pois, a mesma !

Agora regressado à base pude passar pelos textos entretanto “blogados” e, haja Deus, eis senão quando dou com um novo colaborante para as postagens (não é pastagens, é mesmo postagens ! O Rui que se entretenha a confirmar se cabe no acordo, acordado).
E fiquei muito feliz.
Primeiro porque é mais um que não promete, faz !
Segundo por ser quem é !
Terceiro porque, tal como diz o Zé R., soltaram o monstro… Agora aturem-no.

Grande texto, esta “iniciação” do A.Jorge !

Tocaste num ponto sensível do nosso dia a dia actual.
O facto é que não se pode reconhecer, e portanto desejar, o que se não sabe que existe.
Se apenas for mostrada a sombra, os homens não reconhecerão, nunca, a coisa razão da sombra e ficarão apenas com o conhecimento dessa imagem.

Certamente viram um filme sensacional (digo eu) que esteve nos cinemas há um ror de anos, mas que também já passou pela televisão mais de uma vez. Chama-se “Os Deuses devem estar loucos” e é um hino à interpretação do desconhecido.
No caso trata-se de uma garrafa de Coca-Cola vazia transformada em sinal divino, mas a circunstância é facilmente transponível para outro objecto qualquer.

Veja-se o conceito de “mar” das populações do interior que nunca tiveram oportunidade de se aproximar da costa.
Veja-se o que acontece com populações de milhões de pessoas que nunca viram um frigorífico ou uma máquina de lavar.

Passa na RPT1 uma série excelente, excelentemente realizada e interpretada, que dá pelo nome de “Conta-me como foi”.
Para quem viveu os anos 50 e 60 do século XX em Portugal, vê ali magistralmente retratado o percurso da tal subida ao cimo do monte, com a descoberta sucessiva das coisas escondidas que estavam para além das sombras que nos eram mostradas.
É como se tivéssemos vivido de verdade a estória do filme.
E até a piada da garrafa de Coca-Cola se aplica direitinha.
É que a Coca-Cola era proibida em Portugal, muito poucos sabiam da sua existência e menos ainda conheciam o feitio da embalagem.
Aquele filme poderia muito bem ter sido feito no Portugal daquela época.

E quando trago a questão para o nosso “dia a dia” estou apenas a apontar o que se passa com muitos milhões de seres humanos mantidos acorrentados de “pernas e pescoço” dentro de uma “caverna” que, por “força” da “força” das tecnologias da informação e da comunicação vão sendo forçadamente e esforçadamente abertas, os seus pescoços e pernas a pouco e pouco desacorrentados, e consequentemente também a pouco e pouco, mas cada vez mais depressa, vão enxergando luz, vão caminhando direitos ao cimo do monte, vão querendo ter a coisa, não se contentado já e apenas com a sombra da coisa.

É a vida, diria um.
É o progresso dirá outro.
E como sempre os extremos tocam-se, diz Óscar Wilde
– Vivemos uma época em que as coisas desnecessárias são as nossas únicas necessidades.

Como dizes, caríssimo A.Jorge, não sabes onde está o equilíbrio.
E alguém sabe ?

Provavelmente não.
Provavelmente se alguém soubesse calava-se e enchia-se de dinheiro.
Provavelmente não interessa que se saiba.
Provavelmente não é possível saber-se.
Provavelmente esse equilíbrio não existe.
Provavelmente… seria o fim da guerra.

Uma chatice !

Sê bem vindo. É preciso é continuação.
Primeiro estranha-se, depois…

(Olha, gostei das palavras do Sócrates ! Tens mesmo a certeza que foi ele ?)

Grande abraço.

JPSetúbal