09 janeiro 2009

Si non è vero... è bene trovato!

Alexander Fleming

A história de hoje, como habitualmente de autor que desconheço, que me chegou por correio eletrónico e que eu edito para publicação aqui no blogue, afirma-se como sendo uma história real. Não penso que o seja. A ter sucedido, certamente teria sido referenciada nas biografias dos dois famosos intervenientes, coisa que não sucede. Aliás, pelo contrário, uma biografia de Fleming refere factos manifestamente incompatíveis com esta historieta:

O médico e bacteriologista inglês Alexander Fleming nasceu nas terras altas do Ayrshire, no sudeste da Escócia, a 06 de Agosto de 1881. O pai faleceu quando Fleming tinha ainda sete anos; a partir desta data a mãe e o irmão Hugh passaram a dirigir a família e a cuidar da exploração de gado, e o seu irmão Tom partiu para Glasgow para estudar medicina.

Fleming passava os dias, nesta época, com o irmão John, dois anos mais velho, e com Robert, dois anos mais novo: exploravam a propriedade, seguiam os ribeiros e pescavam nas águas do rio. Desde cedo ficou fascinado pela natureza, desenvolvendo um sentido excepcional de observação do que o rodeava.

No verão de 1895, Tom propôs-lhe que fosse estudar para Londres, onde este tinha um consultório que se dedicava a doenças oculares. Juntaram-se, assim, os três irmãos em Londres: Fleming, John e Robert. John aprendeu a arte de fazer lentes (o diretor da empresa onde ele trabalhava era Harry Lambert, o famoso paciente de Alexander Fleming) e Robert o acompanhou na Escola Politécnica. Aos 16 anos, tinha realizado todos os exames, mas não tinha ainda certeza sobre qual o futuro a seguir. Assim, empregou-se numa agência de navegação da American Line.

Em 1901, os irmãos Fleming receberam uma herança de um tio recentemente falecido. Tom utilizou-a para abrir um novo consultório e assim, aumentar o número de clientes. Robert e John estabeleceram-se por conta própria como fabricantes de lentes, onde obtiveram um enorme sucesso. E Fleming utilizou a sua parte da herança para tirar o curso de medicina, ingressando em Outubro de 1901 na Escola Médica do Hospital de St. Mary.

Acresce que Winston Churchill nasceu em 1874, sendo sete anos mais velho que Fleming.

Mas, como refiro no título do texto de hoje, si non e vero... e bene trovato!

Havia um homem que se chamava Fleming e era um pobre lavrador escocês. Um dia, enquanto trabalhava para ganhar o pão para a sua família, ouviu um pedido de socorro proveniente de um pântano que havia nas redondezas. Fleming largou tudo o que estava a fazer e correu para o pântano. Lá, deparou-se com um rapazinho enterrado até à cintura, gritando por socorro e tentando desesperadamente, e em vão, libertar-se do lamaçal onde caíra. O Sr. Fleming retirou o rapazinho do pântano, salvando-o assim da morte.

No dia seguinte, chegou uma elegante carruagem à sua humilde casa, donde saiu um nobre elegantemente vestido, que se lhe dirigiu apresentando-se como o pai do rapazinho que salvara da morte certa.

- Quero recompensá-lo. - disse o nobre. - O senhor salvou a vida do meu filho.

- Não, não posso aceitar dinheiro pelo que fiz. - respondeu o lavrador escocês.

Nesse momento, o filho do lavrador assomou à porta da casa.

- É seu filho? - perguntou o nobre.

- Sim. - respondeu orgulhosamente o humilde lavrador.

- Então, proponho-lhe o seguinte: deixe-me proporcionar ao seu filho o mesmo nível de instrução que proporcionarei ao meu. Se o seu rapaz sair a si, não tenho dúvida alguma que se converterá num homem de que ambos nos orgulharemos."

Fleming aceitou. O filho do humilde lavrador frequentou as melhores escolas e licenciou-se em Medicina na famosa Escola Médica do St. Mary's Hospital de Londres. Tornou-se um médico brilhante e ficou mundialmente conhecido como o Dr. Alexander Fleming, o descobridor da penicilina.

Anos depois, o “rapazinho”que havia sido salvo do pantano adoeceu com uma pneumonia. E desta vez, quem salvou a sua vida?

A PENICILINA!

Quem era o nobre, que investiu na formação do Dr. Alexander Fleming?

Sir Randolph Churchill.

E o filho do nobre, que foi duas vezes salvo pela família Fleming?

Sir Winston Churchill.

Que lição tirar desta historieta, que sabemos não ter realmente sucedido? Provavelmente apenas que devemos estar sempre atentos aos nossos atos, porque nunca sabemos as repercussões, positivas ou negativas, que os mesmos podem ter. Só esta perspetiva deve bastar para nos determinarmos a agir sempre da melhor forma possível. A ajudar, na medida das nossas possibilidades. Sem preconceitos. Também sem vãs esperanças. Poderá suceder que uma pequena ajuda nossa possibilite que, no futuro, alguém descubra algo de alto valor para a Humanidade. Ou poderá suceder que a nossa ajuda apenas auxilie uma pessoa comum, que nada de especial fará. Mas que nunca a nossa omissão inviabilize um avanço!

Talvez afinal a lição seja a de que não basta não realizar o Mal. Há que promover o Bem

Rui Bandeira

08 janeiro 2009

Reserva de identidade

Em Inglaterra considera-se uma honra ser admitido maçon. Nos Estados Unidos, ser maçon é uma natural forma de integração na sociedade local e, para muitos, uma preservação da tradição familiar. No Brasil, apesar de subsistirem, aqui e ali, algumas desconfianças, a assunção pública da condição de maçon é natural. Nestas paragens e noutras em que a realidade seja similar, parecerá talvez bizarro, excêntrico, que um dos deveres essenciais dos maçons seja a reserva de identidade dos seus Irmãos que não se tenham publicamente assumido como maçons. No entanto, este princípio continua - infelizmente - a ter justificação.

Séculos atrás, quando as guerras religiosas estavam no auge e quando parecia que todos os contendores seguiam a máxima quem não é por mim, é contra mim, ser maçon, pregar e praticar a tolerância para com quem tinha ideias diferentes ou professava diversa fé, era perigoso. A ideia de haver estruturas e locais em que homens que se deveriam situar em campos opostos confraternizavam e trocavam ideias de forma livre e aberta era, para muitos, insuportável e assumindo a natureza de traição. Nos países católicos, a dita Santa Inquisição perseguia e torturava maçons, com o mesmo zelo e fervor com que perseguia e torturava judeus, bruxas e correlativos.

Nessa época, não divulgar a identidade de seus Irmãos maçons era uma regra absoluta e essencial para a segurança de todos. Mas era sobretudo, um elemento essencial do laço de fraternidade que une os maçons. Aquele podia pensar de modo diferente deste, ou professar uma religião diferente ou até pertencer ao exército inimigo daquele em que este se alistara. No campo de batalha, podiam ter o dever de lutar um contra o outro. Mas - ainda que porventura inimigos - ambos eram essencialmente e sobretudo Irmãos. Ambos podiam compartilhar o mesmo espaço e debater as suas ideias, quiçá descobrindo que, afinal, não eram tão diferentes quanto julgavam. Ambos podiam confraternizar pacificamente, armas pousadas, guardas baixadas e descobrir como isso melhorava cada um deles. Ambos sabiam que, se um deles denunciasse o outro, o denunciado sofreria grave perda, seguramente da liberdade, inevitavelmente da sua segurança, quase certamente da sua integridade física, porventura da própria vida. Em resumo, ambos sabiam que cada um deles se colocava inteiramente nas mãos do outro. E ambos protegiam o outro. Isso era e é Fraternidade!

Nos dias de hoje, ainda há locais onde é perigoso ser maçon. E a mesma regra de reserva da identidade do Irmão maçon tem de ser escrupulosamente seguida. Outros locais há em que ser maçon não será propriamente perigoso, mas poderá ser incómodo, trazer prejuízos. Onde o preconceito contra a Maçonaria e os maçons ainda dura e ser maçon e ser conhecido como tal ainda pode causar danos profissionais ou sociais. Também nestes locais se justifica, e facilmente se percebe que justifica, a reserva de identidade do maçon, a não divulgação dessa condição.

Mesmo nas sociedades mais abertas e com maior inserção social da Maçonaria, mesmo no Brasil, nos Estados Unidos ou em Inglaterra, existem preconceituosos contra a Maçonaria que, se tiverem o poder e a posição para tal, podem subrepticiamente prejudicar um maçon apenas por o ser - embora porventura ocultando o seu preconceito e usando uma qualquer outra desculpa ou justificação... Também nas sociedades mais abertas e com maior inserção social da Maçonaria se continua a justificar uma atitude prudente em relação aos preconceituosos e, portanto, o cumprimento do princípio de não revelar que alguém, que não tenha assumido publicamente essa condição, é maçon.

Uma outra razão justifica ainda o cumprimento deste princípio. A Fraternidade implica o reconhecimento da dignidade do outro em todas as circunstâncias. Implica o respeito pelo outro, pela sua inteligência, pelas suas escolhas. Se um maçon divulgasse que outrem tem essa qualidade, sem que o visado tivesse previamente assumido a mesma publicamente, estaria, sobretudo a desrespeitá-lo, a desrespeitar essa sua escolha. Se o visado não se tinha assumido publicamente como maçon, isso resultava de uma análise do mesmo, de uma escolha sua. Análise e escolha que era seu direito fazer e que só a ele competia fazer. Divulgar que esse que se não assumiu como maçon é maçon corresponde a substituir, a desvalorizar, a desconsiderar, o juízo por ele feito, em favor do juízo (ou da falta de juízo...) do próprio.

A decisão de cada um se assumir publicamente como maçon a cada um pertence. Não pode, não deve, ser apropriada por nenhum outro maçon. E não o é. Em nome do respeito pelo outro, pela sua inteligência, pela sua capacidade de análise, pelas suas escolhas, que é inerente ao elo que une todos os maçons: o elo da Fraternidade. Trair esse elo, mais do que trair o outro seria traição ao próprio e a todos.

Rui Bandeira

07 janeiro 2009

Porque se guarda o segredo maçónico

A classificação do segredo maçónico em exotérico e esotérico é minha. Quero com estes adjetivos significar duas diferentes realidades. No meu entendimento, o segredo maçónico exotérico é aquele que é constituído por matéria ou conhecimento que é suscetível de fácil apropriação por qualquer pessoa, que sem dificuldade de maior pode ser transmitido por quem o sabe a quem não o sabia. Inversamente, o segredo maçónico esotérico não comunga dessa facilidade de apreensão e de transmissão. O segredo maçónico exotérico só existe enquanto e na medida em que for preservado por todos aqueles que o detêm, os maçons, nos seus respetivos graus e qualidades. O segredo maçónico esotérico existe independentemente de qualquer esforço de preservação, porque o seu teor não é suscetível de ser adequada e completamente transmitido por quem atinge o seu conhecimento (apenas alguns, maçons ou não). Tem de ser descoberto, num esforço individual, mediante um percurso de autopreparação para o atingir e reconhecer, em que cada patamar atingido é condição necessária para poder conseguir-se chegar ao seguinte. Este segredo existe independentemente de qualquer propósito de preservação por quem o detém. Direi mesmo que existe apesar dos esforços e das tentativas de partilha por quem o descortinou.

Dito de outro modo: o segredo maçónico é composto por uma parte que não é sequer particularmente importante (o segredo exotérico) e subsiste graças e na medida dos cuidados dos maçons na sua subsistência; e existe também uma outra componente (o segredo esotérico) que existe independentemente da vontade e dos esforços e das tentativas dos seus detentores, por impossibilidade de sua adequada e completa transmissão, seja por via oral, seja por escrito. O acesso a este implica vivência, experiência, vontade, esforço. Não basta ouvir ou ler. Portanto, o segredo que se guarda não é especialmente importante e o que importa não se consegue transmitir...

O segredo maçónico exotérico é constituído por quatro aspetos:

1) Reserva da identidade dos maçons que não se hajam assumido publicamente como tal;

2) Reserva de divulgação das formas de reconhecimento entre os maçons;

3) Reserva de divulgação de rituais e de cerimónias;

4) Reserva de divulgação do teor concreto e específico dos trabalhos de qualquer reunião de Loja ritualmente realizada.

Talvez com exceção da última faceta, o segredo maçónico exotérico é um verdadeiro segredo de Polichinelo: só não o conhece quem não quiser. Basta um pouco de esforço e trabalho para apurar o seu conteúdo. Então com as possibilidades atualmente disponíveis com as Novas Tecnologias de Informação e os potentes motores de busca universalmente disponíveis, aceder a esse conhecimento é uma pura questão de perseverança, trabalho e alguma habilidade. Ao contrário do que vulgarmente se pensa, está tudo publicado. Só é preciso descobrir onde... E - esta será porventura a maior dificuldade - destrinçar entre o que verdadeiramente é e o que é falso ou imitado ou errada ou desajustada ou intempestivamente utilizado.

O objetivo primacial do segredo maçónico exotérico é permitir aos maçons saber, de uma forma exclusivamente a si acessível, quem é e quem não é maçon - e também que grau detém quem é maçon. Nos tempos de antanho, foi essencial. Hoje, nem por isso. Outras formas de saber, rápida e eficazmente, quem é e quem não é maçon existem. Hoje, a facilidade e rapidez das comunicações, particularmente das telecomunicações e da comunicação eletrónica, permite, em caso de necessidade, fácil e rapidamente verificar junto de uma Grande Loja ou de uma Loja se fulano é seu membro. Antigamente, era diferente. Daí que a importância do conhecimento da forma de obter essa informação, e a sua preservação, fosse nuclear. As realidades da vida, da evolução e do desenvolvimento em muito erodiram a necessidade e importância do segredo.

Sendo assim, porque continuam os maçons a preservar esse já não tão importante segredo? Por duas razões, uma acessória, outra essencial. A acessória é que, embora a necessidade de preservação das reservas de informação tenha diminuído, seja menos importante, não cessou completa e universalmente, não perdeu TODA a importância (ainda há locais onde é perigoso ser maçon). A essencial é que os maçons preservam o segredo maçónico PORQUE SE COMPROMETERAM, POR SUA HONRA, A FAZÊ-LO.

Sendo assim, porque se continua a exigir aos maçons esses compromisso de honra? Não já pela necessidade de antanho. Ou não já essencialmente. Nem também por um cego tributo à Tradição, o continuar a fazer agora assim porque dantes assim se fazia. Antes como um exercício permanente do que é na essência inerente à condição de maçon. Um maçon é um homem livre, apenas escravo da sua palavra; sério, sempre preservando a sua honra; cumpridor dos seus compromissos, apenas porque ele se obrigou a eles. A palavra de um maçon vale tanto ou mais do que um contrato escrito, é mais duradoura do que se tivesse sido gravada em pedra. Independentemente da importância do assunto. Um homem só é honrado e de confiança se o for nas pequenas como nas grandes coisas. A verdadeira palavra sagrada de um maçon é a sua palavra de honra.

É portanto em execução desse princípio inderrogável de que o maçon cumpre sempre a sua palavra, seja-lhe ou não conveniente, seja o assunto importante ou sem destaque particular, que este preserva o segredo maçónico. Porque se comprometeu a fazê-lo. Independentemente de ser ou não ser já importante fazê-lo. Mesmo que, por esse mundo fora, esse segredo, total ou parcialmente, tenha sido centenas ou milhares de vezes exposto. Se o não fizesse, sabia-se merecedor do opróbio e desprezo unânimes dos maçons. E um maçon só o é na medida em que seja reconhecido como tal pelos seus pares...

O maçon preserva o segredo maçónico porque se comprometeu a fazê-lo e esse compromisso continua a ser exigido aos maçons como forma de exercício diário, constante, permanente, dos deveres inerentes a um homem honrado, livre e de bons costumes. Outros existem que, diz-se para aí, pontuam a sua pertença à organização em que buscam a excelência através do cilício, da mortificação do corpo. Os maçons buscam a excelência do caráter, do espírito, e portanto exercitam continuamente o caráter e o espírito. Uma das formas de o fazerem é honrando escrupulosamente os seus compromissos. Independentemente de serem importantes. Sem questionar a eficácia ou o interesse desse cumprimento. Sendo-lhes indiferente que outros, mais fracos ou imerecedores, porventura tenham falhado esse cumprimento.

Rui Bandeira

06 janeiro 2009

A propósito do segredo maçónico


Em comentário ao texto Os meus Irmãos reconhecem-me como tal, alguém se insurgiu contra o mesmo, entendendo que nele era revelada matéria integrando o que se convencionou chamar de segredo maçónico e que eu, como todos os maçons, jurei não revelar a profanos. Em resposta a esse comentário, o Ruah já esclareceu que nada do que nos comprometemos a não revelar foi exposto no dito texto. Assim é: que os modos de reconhecimento dos maçons são sinais, palavras e toques é, de há muito, do domínio público e é, até, intuitivo. Para alguém reconhecer outrem como integrando determinado grupo ou qualidade, terá de se aperceber através do que vê (sinais), do que ouve (palavras) ou do que sente (toques). Referi-lo, pois, não atenta contra o chamado segredo maçónico. Atentatório, sim, contra ele e contra os compromissos por todos os maçons assumidos, seria revelar que sinais são esses, que palavras estão em causa, que toques relevam.

O chamado segredo maçónico é um dos pontos que mais suscita a curiosidade de quem não é maçon. Mas, relativamente a ele, não posso e não devo satisfazer a curiosidade profana: se o fizesse, o segredo deixaria de existir e o motivo para a curiosidade também... O chamado segredo maçónico é também um dos pontos utilizados por aqueles que são hostis à Maçonaria e aos maçons para procurar atacar e vilipendiar uma e outros, ao abrigo do genérico pretexto de que se não tivessem um propósito criticável, não precisavam de segredo para nada. Como se não fosse intuitivo que todas as pessoas têm e guardam segredos, uns só para si, outros apenas acessíveis aos que lhe são mais chegados - chama-se a isso reserva da vida privada e tem dignidade de direito fundamental, constitucionalmente protegido em todas as sociedades civilizadas... Como se todas as sociedades e associações não tivessem matérias e planos e decisões e estratégias cujo conhecimento reservam apenas para os seus membros... Como se os empresários, os membros da alta finança e os políticos não proclamassem todos, com alegre satisfação, que o segredo é a alma do negócio... A todos é naturalmente reconhecido o direito ao segredo, à reserva do que não se destina a ser do conhecimento público. Só os maçons são verberados por respeitarem o seu compromisso de guardar o segredo maçónico!

Muita da curiosidade, muito do combustível para os ataques aos maçons resulta, afinal, de se mitificar a essência, a natureza e a amplitude do segredo maçónico. Mitificação para que a Maçonaria e os maçons contribuíram, reconheço... Mitificação que, sendo um exagero, é um distorcer da verdade. E do torcer da verdade não resulta, normalmente, nada de bom...

A Maçonaria é uma instituição ancestral e que preza a Tradição. Mas, como todas as instituições ancestrais bem sucedidas, sabe preservar a Tradição, adaptando os seus usos e costumes ao evoluir dos tempos e das sociedades. Só assim evita ser anacrónica e mantém interesse e importância e valor, ao longo da passagem dos anos, décadas e séculos.

O século XXI lançou-nos a todos na voragem da Sociedade da Informação. As chamadas Novas Tecnologias permitem aceder a mananciais de informação que, ainda há poucas décadas - há poucos anos... - eram impensáveis. A Maçonaria não pode, não deve, obviamente, ser indiferente às consequências desta evolução. Não que tenha deixado de fazer sentido a subsistência do segredo maçónico. Mas a mitificação do mesmo, essa sim, não me parece que seja vantajosa, nem para os maçons, nem para os profanos.

A Maçonaria prossegue objetivos honrosos e louváveis. É frequentemente denegrida por quem, sendo-lhe hostil, a acusa de prosseguir propósitos menos recomendáveis e, sistematicamente, esgrime com o segredo maçónico como alegada prova dos tenebrosos propósitos da Maçonaria. Em época de acelerada circulação da informação, não basta à Maçonaria seguir o seu caminho, não ligando aos cães que ladram à passagem da caravana. Porque tanto ladrido de tanta canzoada acaba por impressionar quem o ouve. A Maçonaria deve continuar a prosseguir o seu caminho, apesar dos rafeiros e seus latidos. Mas, para bem de si própria e elucidação de todos, nestes tempos de abertura de informação, deve mostrar e informar para onde vai, porque vai e como vai. Assim todos verão qual o caminho e não se impressionarão com a barulheira dos canídeos, que todos poderão ver ser vã e sem motivo que a sustente.

O segredo maçónico é um dos objetos dos latidos. Pois bem, é tempo de mostrar, a quem estiver de boa fé, que esse vozear não tem razão de ser. Não - repito - abandonando o segredo maçónico ou traindo os compromissos assumidos. Mas explicando os limites, a natureza e as razões do dito segredo. Quem estiver de boa fé perceberá. Os outros... continuarão a ladrar, mas já impressionarão menos...

Nos próximos dias tenciono, pois, publicar alguns textos sobre o segredo maçónico, explicando o que abrange, porque existe, porque se justifica. Sem trair os meus juramentos.

Por hoje, e para terminar, deixo apenas este aperitivo: na minha opinião, não há um segredo maçónico. Há dois. Um exotérico e outro esotérico. Aquele é o que normalmente é referido. Mas, na minha opinião, é o que menos importa...

Rui Bandeira

05 janeiro 2009

União e Prosperidade


O blogue União e Prosperidade já há algum tempo que fazia parte do conjunto de blogues que era seguido por mim. Desde que, devidamente autorizado, começou a publicar textos originalmente publicados aqui no A Partir Pedra. Há muito que hesitava sobre se deveria fazer-lhe aqui uma referência. Este blogue é de grande qualidade. Mas o facto de publicar alguns dos textos aqui do A Partir Pedra inibia-me. Temia que fosse tomado como um auto-elogio. E elogio em boca própria é vitupério - lá diz o povo , e com toda a razão.

Um elemento novo surgiu, porém, muito recentemente. Recebi uma mensagem eletrónica do animador do União e Prosperidade, BAG. Através dela, confirmei algo que já me cruzara o espírito como hipótese, mas de que não tinha a certeza: BAG foi um elemento da Loja Mestre Affonso Domingues! Há muitos anos - desde que ele tinha emigrado para o estrangeiro - que nada sabia dele. Agora fiquei - com agrado! - a saber: BAG está no Brasil, mais precisamente em Florianópolis, Estado de Santa Catarina, onde leciona numa Universidade local. E integra ali uma loja maçónica - presumo que a Augusta e Respeitável Loja União e Prosperidade, que dará nome ao blogue. E assim o caso muda de figura! Já sabem como é: uma vez da Mestre Affonso Domingues, sempre da Mestre Affonso Domingues. O BAG é um dos nossos! E honra a sua Loja-mãe lá por terras de Vera Cruz, azimute de Santa Catarina, Oriente de Florianópolis! Agora fiquei a perceber o interesse que o União e Prosperidade tinha em publicar alguns dos textos do A Partir Pedra!

Claro que combinarmos uma troca de atalhos entre os dois blogues foi coisa mais ou menos de trinta segundos, entre duas mensagens eletrónicas, à distância de dois continentes! E executar o acordo foi coisa para aí de dois minutos. O atalho para o União e Prosperidade aí está na barra do lado direito do A Partir Pedra, na secção respetiva. E idem aspas quanto ao atalho para o A Partir Pedra no União e Prosperidade!

Assim sendo, já não tenho quaisquer pruridos em satisfazer a minha vontade de dedicar aqui um texto - merecido! - ao União e Prosperidade. Tenho todo o orgulho em proclamar que é um blogue de alta qualidade, da responsabilidade de um maçon que viu a luz na Loja Mestre Affonso Domingues.

É um blogue com uma frequência de publicação invejável: em 2008 publicou 250 textos (menos 22 do que o A Partir Pedra) e em 2007 publicou 430 textos (mais 115 do que o A Partir Pedra e uma média superior a um por dia! Isto de ser professor universitário deixa tempo livre...).

Para além de textos de elementos da Loja e da Grande Loja e de textos recolhidos em várias proveniências, BAG publica vários textos próprios, de assinalável interesse.

É um blogue, seguramente, de grande valia, que emula aqui o A Partir Pedra e nos obriga a manter uma especial atenção à qualidade, para que os nossos leitores não nos troquem por ele! Lê-se com gosto e proveito. Recomendo vivamente!

Afinal, é animado por um dos nossos!

Rui Bandeira

01 janeiro 2009

A felicidade exige valentia

(Fotografia de um quadro de Hernani Oliveira)

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa
Acompanho o Zé Ruah em tudo o que escreveu na sua (nossa...) Mensagem de Ano Novo.
Para todos, TODOS, os leitores deste espaço desejo o melhor em 2009, mesmo sabendo que "2009" não é mais do que uma convenção, tanto menos importante quanto estamos em espaço maçónico, no qual o tempo é todo o que há, desde sempre e até...
Este dia é de descanso (supostamente de descanso !) e poderá bem ser, também, de reflexão.
Cá por mim deixo o encargo a Fernando Pessoa que sabe da matéria muito mais do que eu.
Bom ano para todos.
JPSetúbal

31 dezembro 2008

Mensagem de Ano Novo

Pode parecer pretencioso o titulo. Normalmente usado para o Presidente da Republica ou para altos dignatarios de confissões Religiosas.

Mas na verdade não faria sentido que este Blog não assinalasse o fim do Ano Civil de 2008 comemorando o Inicio de um novo Ano.

Em Maçonaria não há um inicio, há multiplos inicios e em cada um deles o Maçon revê o que fez e abarca novas responsabilidades.

Assim também é o ciclo do tempo. Em cada fim de ciclo deparamos-nos com um novo ciclo prestes a começar.

Os votos são de S+F+B que é como quem diz:

Saude Felicidade e Bonança

ou

Sucesso, Fraternidade e Benemerencia

ou mesmo

Sabedoria, Força e Beleza


A cada um de vós os desejos que em 2009 as vossas aspiraçoes se cumpram.


Feliz ano de 2009

José Ruah