30 junho 2009

Os segredos de Rosslyn (II)

(... continuação)

Plano de Rosslyn

Wilson iniciou um levantamento de toda a cidade de Jerusalém para a padronização do Levantamento de Artilharia em 1865 e, em Fevereiro de 1867, o tenente Warren chegou para empreender uma escavação dentro das galerias debaixo da área do Templo. Um dos diversos diagramas produzidos por Warren Ilustra o grau de dificuldade que eles encararam e ajuda a explicar o porquê dos Cavaleiros Templários terem levado nove anos para realizar as suas escavações.

A maior parte da edificação de Rosslyn foi projectada como uma interpretação da visão de Ezequiel da Jerusalém reconstruída ou "celeste" com suas muitas torres e pináculos. Uma das partes da edificação que é claramente diferente é a parede ocidental que foi construída em proporções maiores. A explicação oficial para esta escala maior é a de que a própria "capela" seria somente uma capela lateral de uma igreja colegiada muito maior. Os actuais guardiões de Rosslyn admitem que esta explicação é uma suposição, uma vez que não existem evidências de que esta fosse a intenção de William St Clair. Certamente, qualquer parede que permanecesse sozinha poderia ser parte de uma edificação que tenha sido praticamente demolida. Neste caso há uma terceira opção: a de que a parede seja uma réplica de uma edificação praticamente demolida, deste modo, nunca haveria uma outra parte - nem actual, nem pretendida.

Inicialmente, parecia ser assim, embora fosse impossível encerrar de modo conclusivo o debate.

Após a publicação do nosso livro anterior, estivemos em contacto com um grande número de pessoas, muitas das quais possuíam informações para nós ou estavam em posição de nos ajudar. Entre estas pessoas encontrava-se Edgar Harborne que é um conceituado Maçon, sendo um Past Grande Mestre de Cerimónias Assistente da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Edgar é também um estatístico e integrava uma sociedade de pesquisa na Universidade de Cambridge, onde era patrocinado pelo Ministro da Defesa para analisar a rendição e os pontos cruciais dos campos de batalha. Ele foi capaz de confirmar que a nossa tese a respeito da morte de Seqenenre Tao, o rei da décima sétima dinastia do Antigo Egipto, era altamente plausível devido aos ferimentos que não eram totalmente típicos daqueles encontrados em antigas batalhas.

Edgar foi perspicaz ao visitar Rosslyn em companhia do seu bom amigo Dr. Jack Millar que é o director de estudos de uma famosa universidade. Felizmente para nós, Jack é um geólogo de considerável fama, com aproximadamente duzentas publicações académicas em seu nome.

No inicio de Agosto de 1996, Edgar e Jack voaram até Edimburgo onde nos encontrámos, numa sexta-feira à tarde, e imediatamente nos dirigimos para Rosslyn para uma avaliação do terreno como precursora de uma investigação de solo mais profunda. Lá, encontrámo-nos com Stuart Beattie, o director de projecto de Rosslyn, que gentilmente nos abriu o edifício. Edgar e Jack passaram algumas horas absortos pela beleza e complexidade da obra de arte, e então retirámo-nos para o hotel para discutir o nosso plano de acção para o dia seguinte. Ambos os homens estavam muito excitados e conversámos muito sobre o que tinhamos visto. Entretanto, Jack esperou até o café da manhã do dia seguinte para nos contar que ele tinha notado algo sobre a parede ocidental que ele acreditava que acharíamos interessante. Quando voltámos a Rosslyn ele explicou:

"Este debate sobre se a parede ocidental é uma réplica de uma ruína ou uma secção inacabada de uma edificação muito maior...", disse Jack, apontando para o lado do noroeste. "Bem, há somente uma única possibilidade - e eu posso assegurar-lhes que vocês estão correctos. Aquela parede ocidental é um disparate".

Nós ouvimos atentamente as razões que poderiam provar os nossos argumentos. "Há duas razões do porquê de eu poder assegurar que isto é um disparate. Inicialmente, enquanto aqueles suportes possuem uma integridade visual, os mesmos não possuem nenhuma integridade estrutural; a cantaria não está presa completamente à secção central principal. Qualquer tentativa de construir além teria resultado em um colapso estrutural... E o povo que construiu esta "capela" não era tolo. Eles simplesmente nunca pretenderam ir além". Nós olhámos para onde o Jack estava a apontar e pudemos ver que ele estava absolutamente certo.

Ele continuou: "Ainda mais, venham até aqui e dêem uma olhada nas pedras de canto". Jack andou até o canto e nós seguimo-lo, de modo que todos estivéssemos diante das desiguais paredes arruinadas que possuíam pedras projectando-se na direcção do ocidente. "Se os construtores tivessem interrompido o trabalho por causa da falta de dinheiro ou apenas para completarem posteriormente, eles teriam deixado um trabalho de cantaria perfeitamente esquadrinhado, mas estas pedras tinham sido deliberadamente trabalhadas para aparentar estarem danificadas - exactamente como uma ruína. Estas pedras não foram expostas às intempéries como aquela... Elas foram cortadas para parecerem com uma parede arruinada".

A explicação de Jack foi brilhantemente simples.

No início daquele ano, nós tinhamos trazido o Professor Philip Davies, do Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade de Sheffield e o Dr. Neil Sellors, um colega de Chris, até a Escócia onde fomos convidados do Barão St Clair Bonde, um descendente directo de William St Clair e um dos conservadores da Capela de Rosslyn.

Nós dirigimo-nos à inacreditavelmente bela moradia do Barão em Fife onde nós fomos muito bem recebidos por ele e pela sua esposa sueca, Christina, e onde nos foi servida uma esplêndida refeição sueca e nos foi apresentado um outro conservador, Andrew Russell e sua esposa Trish.

Na manhã seguinte, fomos todos visitar Rosslyn onde o Professor Davies tinha marcado um encontro com seu velho amigo o Professor Graham Auld, o Reitor da Divindade da Universidade de Edimburgo. Os dois pesquisadores bíblicos estudaram a edificação por dentro e por fora e então dirigiram-se ao longo do vale para a ver de uma certa distância. Ambos os homens conheciam muito bem Jerusalém e de facto concluíram que a construção era um notável remanescente do estilo herodiano.

Olhando a partir do exterior da parede norte, Philip repetiu as suas impressões: "Este não se parece com qualquer lugar de veneração cristã. A impressão esmagadora é a de que foi construída para abrigar algum grande segredo medieval".

Juntando os argumentos destes conceituados académicos das universidades de Cambridge, Sheffield e Edimburgo, parece que nós tinhamos provado o nosso argumento de que Rosslyn foi projectada como uma réplica do Templo de Herodes.

O Barão St Clair apontou que mais de 50% do grande número de figuras esculpidas na edificação seguram rolos de pergaminhos ou livros e um pequeno friso é arrematado com uma cena que parece mostrar algo como rolos de pergaminhos a serem colocados em caixas de madeira com uma sentinela colocada portanto uma chave encimada com um esquadro. O esquadro é uma peça fundamental do simbolismo maçónico. Esta e outras evidências a partir das esculturas convenceram-nos de que os manuscritos dos Nazoreanos que nós já sabíamos terem sido removidos debaixo do Templo de Herodes pelos Cavaleiros Templários estavam aqui em Rosslyn.

Uma Linha de Conhecimento

Sempre nos impressionou, como uma forte curiosidade, que o nome da "capela" é escrita como Rosslyn, enquanto que o da vila em torno desta é escrita como Roslin. Ao pesquisarmos sobre esta diferença, foi-nos dito que se passou a escrever o nome com um duplo "s" e com "y" somente a partir da década de 1950 como uma forma de tornar o lugar um pouco mais celta.

Nós sabemos que os lugares com nomes celtas possuem sempre um significado, mesmo sendo estes muito cumpridos, como a vila gaulesa de Llanfairpwllgwyngethgogerwyllyndrobwllllantisiliogogogoch, e que contém uma completa descrição do lugar. (esta última significa: A Igreja de Santa Maria próxima ao rápido moinho d'água ao lado da côncava aveleira branca oposta à caverna vermelha de São Sílio). Assim, ficámos curiosos sobre o significado gaélico de "Roslin" que frequentemente tem sido explicada como uma queda dágua ou promontório, apesar desta não descrever o local nem agora e nem em qualquer época passada. As palavras comuns em gaélicos para promontório são roinn, rubha, maoil ou ceanntire e para queda d'água são eas ou leum-uisge. Um significado adicional para Ross, ocorrendo apenas em nomes de origem irlandesa, é promontório de madeira, que somente se poderia formar usando esta definição, se o nome possuísse conexões irlandesas (ou se os pesquisadores anteriores tivessem usado um dicionário gaélico-irlandês por engano).

Com fluência em gaélico, Robert sabia que o som fonético "Roslin" poderia ser escrito como "Rhos Llyn" que significa "lago acima do pântano". Sem ser surpreendente, entretanto, estas palavras oriundas de Gales não descrevem o lugar de forma melhor que as irlandesas e, deste modo, procuramos as duas sílabas num dicionário gaélico-escocês que nos forneceu a seguinte definição:

  • Ros: um substantivo que significa conhecimento.
  • Linn: um substantivo que significa geração.

Parece que em gaélico, Roslinn poderia ser traduzido por conhecimento das gerações.

Estamos certos de que confiar em dicionários resulta sempre em traduções curiosas e sendo assim, decidimos recorrer a alguém que realmente conhecesse a língua gaélica (correctamente conhecida por gaélica e nunca como gaulesa).

Durante uma visita à Grande Loja da Escócia em 1996, fomos apresentados à Tessa Ransford, a directora da Biblioteca de Poesia Escocesa em Edimburgo. Nós ficámos extremamente lisonjeados ao descobrir que ela, uma notável poetisa escocesa, tinha escrito um poema para louvar o nosso livro anterior. Um dos propósitos principais da Biblioteca é tornar acessível ao público a poesia da Escócia em qualquer língua que tenha sido escrita; isto significa que Tessa, que é casada com uma pessoa fluente em gaélico, se reunia regularmente com um grande número de pessoas que possuíam um conhecimento detalhado da língua.

Nós contactamos a Tessa e pedimos para ela verificar se a nossa interpretação do nome Roslin estava correcta e ela gentilmente concordou em discuti-la com especialistas desta língua. Alguns dias mais tarde, ela procurou-nos dizendo que a nossa tradução não tinha considerado uma significante pista contida na palavra "Ros" que mais correctamente carrega um significado que a faz ser mais especificamente ser "antigo conhecimento"; deste modo, a tradução que ela confirmava era mais precisamente: antigo conhecimento passado ao longo das gerações.

Tessa e os seus colegas estavam realmente excitados e nós estarrecidos com esta ainda mais poderosa interpretação que aparentava encaixar-se perfeitamente com o propósito de Rosslyn ser considerada como um santuário de antigos manuscritos.

A próxima questão era: quando é que a palavra "Roslin" ou "Roslinn" (uma vez que não havia uma padronização da escrita naqueles dias) foi usada inicialmente? Nós sabíamos que ela era anterior à construção da "capela" de William St Clair, o que poderia indicar que os manuscritos removidos debaixo do Templo de Herodes tinham sido mantidos no castelo antes da "capela" ter sido construída.

Através de uma breve investigação, rapidamente descobrimos que a história dos St Clair, na Escócia, iniciara-se com um cavaleiro chamado William St Clair que popularmente era conhecido como William, o Gracioso. William era natural da Normandia e a sua família era conhecida oponente do Rei Guilherme I, o normando que conquistou a Inglaterra em 1066. William St Clair considerava que ele possuía um bom motivo para reivindicar o trono da Inglaterra através de sua mãe Helena, que era filha do quinto Duque da Normandia, uma vez que Guilherme, o Conquistador, era o filho ilegítimo de Roberto, Duque da Normandia, com a filha de um curtidor que se chamava Arletta. A família St Clair ainda se refere ao Rei Guilherme I simplesmente como Guilherme, o Bastardo.

William, o Gracioso, foi o primeiro St Clair a mudar-se da Normandia e naturalmente falava apenas o francês, mas o seu filho Henri foi educado sob a forte regra celta de Donald Bran e, deste modo, falava o gaélico tão bem como o francês normando (assim como todos os St Clair posteriores até o tempo de Sir William, o construtor da "capela"). Nós descobrimos que foi este Henri St Clair quem primeiro portou o título de Barão de Roslin, logo após ter voltado da Primeira Cruzada.

Esta data foi um grande desapontamento para nós uma vez que ela desestruturou a nossa bela teoria. Henri teria voltado da Cruzada por volta do ano 1100, oito anos antes dos Templários iniciarem suas escavações, e deste modo o nome Roslin (antigo conhecimento passado ao longo das gerações) não poderia ser uma referência aos manuscritos que nem ainda tinham sido descobertos. Contudo, nós reflectimos e pensámos que tinhamos descoberto algo novo e muito importante para a nossa pesquisa. Nós recusávamo-nos a acreditar que seria uma mera coincidência o facto de Henri ter usado um nome de tal significado para o seu novo título e, sendo assim, começámos a pesquisar em busca de novas pistas.

Logo após, descobrimos que Henri St Clair tinha lutado nas Cruzadas e marchado para Jerusalém ao lado de Hugues de Payen, o fundador dos Cavaleiros Templários. Além disso, após Henri ter escolhido "Roslin" como seu título, Hugues de Payen casou-se com a sobrinha de Henri e foram-lhe dadas terras na Escócia como um dote. As conexões estavam além da controvérsia, mas o que é que elas significavam? Henri estava, através da escolha de seu título, sinalizando que possuía um conhecimento especial da antiga tradição, ou era, talvez, apenas uma partida pregada por Henri para seu próprio divertimento? Parece que a nossa intuição de que o os nove Cavaleiros que formavam os Templários sabiam o que estavam procurando estava correcta, mas nós não poderíamos imaginar como eles poderiam saber o que estava enterrado sob o Templo de Herodes. Talvez, um melhor estudo da edificação revelaria alguma pista.

Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da Babilónia

A nossa descoberta de que Rosslyn possuía conexões incontestáveis com os graus da Maçonaria moderna causou muito interesse após a publicação d'A Chave de Hiram e muito pesquisadores nos procuraram. Um deles era um historiador maçónico da Bélgica chamado Jacques Huyghebaert. Jacques enviou-nos um e-mail perguntando-nos sobre a origem da inscrição em latim gravada no arco da Capela de Rosslyn que tinhamos mencionado no nosso livro. Traduzida ela significa:

O VINHO É FORTE,

UM REI É MAIS FORTE,

AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES.

MAS A VERDADE CONQUISTARÁ A TODOS.

Este estranho lema é a única inscrição original em toda construção e era claramente de muita importância para William St Clair na década de 1440.

A mensagem electrónica de Jacques dizia:

Vocês poderiam me fornecer a versão original em latim desta inscrição que está esculpida no Santuário de Rosslyn? Vocês seriam capazes de a datar?

... Vocês conhecem um grau [maçónico] complementar que se ocupa da relação entre Vinho, Reis, Mulheres e a Verdade?

Este grau é chamado de "Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha da Babilónia" ou da "Ordem do Caminho da Babilónia" e na Inglaterra está intimamente relacionado ao Real Arco.

... O seu ritual é baseado no Livro de Esdras e os eventos que ocorreram durante o Cativeiro da Babilónia... De acordo com a lenda maçónica deste grau, Zorobabel, o Príncipe de Judá, solicitou uma audiência no Palácio na Babilónia, de modo a obter permissão para reconstruir o Templo do Altíssimo em Jerusalém.

O Rei da Pérsia, demonstrando a sua boa vontade sobre esta permissão, disse "que tem sido um costume desde tempos imemoriais, entre os Reis e os Soberanos desta região, em ocasiões como esta propor certas questões". A questão que Zorobabel deveria responder era: "Qual delas é a mais forte, a Força do Vinho, a Força dos Reis ou a Força das Mulheres?"

Nós estávamos muito empolgados com as boas novas e respondemos a Jacques, dizendo que a existência desta inscrição em Rosslyn e o seu uso num alto grau da Maçonaria deveria estar além da coincidência. Ele respondeu-nos:

rosslyn_chapel_ap_col_6733Como vocês disseram, isto deve estar além da coincidência. Entretanto, eu recomendaria sermos cautelosos... Vocês poderiam verificar se esta inscrição não foi esculpida por um "espertinho" no século XIX ou XX, que tinha conhecimento deste grau, e a adicionou discretamente durante um recente trabalho de restauração?

Se, entretanto, por acaso a inscrição em latim em Rosslyn provar ser mais ANTIGA do que 1700, então não haverá dúvida de que vocês fizeram uma GRANDE DESCOBERTA, pois esta seria a primeira prova irrefutável de que os rituais dos altos graus eram trabalhados na Escócia tempos antes do seu lugar geralmente aceito e do seu período de criação: em França, após o ‘Discurso" do Chevalier Ramsay, isto é, a partir da década de 1740.

Imediatamente contactámos Judy Fisken, que era a curadora de Rosslyn àquela época, para estabelecer a origem da inscrição. Judy informou-nos que a pedra na qual a inscrição se encontrava gravada era uma parte intrínseca da estrutura da edificação e que ela estava certa de que as palavras gravadas datavam da construção da "capela", em meados de 1400. Assim, escrevemos a Jacques:

"As hipóteses da inscrição em latim ser uma adição posterior são iguais a zero. Nenhuma área do interior foi deixada sem ser esculpida e estas palavras não foram certamente sobrescritas a qualquer outra existente. O tipo de fonte certamente corresponde a do século XV. Também até 1835, a conexão maçónica com o edifício não era ainda amplamente conhecida para que alguém tivesse embocado sobre o pilar Jachin, fazendo parecer exactamente como os demais pilares, de modo que o significado maçónico dos pilares gémeos fosse escondido".

Uma noite, nós discutimos esta abordagem com Philip Davies e na manhã seguinte dirigimo-nos ao escritório de Chris com uma fotocópia dos dois Livros de Esdras que fazem parte apócrifa da Bíblia. Nós mantivemos Jacques a par das nossas pesquisas.

O Professor Philip Davies veio junto de nós com uma tradução completa do Livro de Esdras. A parte que nos interessou não é muito extensa, mas muito curiosa! Acredita-se que no texto original não havia o termo a "verdade" que fora adicionado posteriormente por um autor judeu.

O Rei tinha pedido à sua guarda pessoal para dizer o que era a coisa mais forte e contou-lhes que aquele que fornecesse a resposta mais sábia tornar-se-ia um igual ao Rei e desfrutaria de grandes riquezas. O homem que disse "a verdade é a mais forte" é feito nobre e então diz ao Rei:

"Lembrai de vosso juramento que fizestes um dia quando vós vos tornastes Rei, construir Jerusalém, e que enviaria de volta todos os vasos sagrados que foram tomados de Jerusalém que Ciro havia protegido quanto destruiu Babilónia e que prometera enviar para lá. Vós também jurastes construir o Templo que os Edomitas queimaram quando a Judeia caiu diante dos Caldeus".

Isto era importante para William St Clair, pois Rosslyn era a sua reconstrução do Templo, baseada no modelo do Templo de Herodes e na visão de Ezequiel da Nova Jerusalém.

Como você disse, tudo isso não pode ser coincidência.

rosslyn_chapel_ap_col_2398Neste meio tempo, nós tinhamos inquirido os nossos companheiros Maçons por qualquer informação sobre o ritual dos Cavaleiros da Passagem da Babilónia e descobrimos a nossa primeira referência numa publicação maçónica.

Cruz Vermelha da Babilónia: O mais profundo e místico dos Graus Maçónicos

Associados, este grau é similar aos graus 15º (Cavaleiro da Espada ou do Oriente), 16º (Príncipe de Jerusalém) e 17º (Cavaleiro do Oriente e do Ocidente) do Rito Escocês Antigo e Aceito. Os três pontos ou partes da cerimónia descendem de três dos graus praticados nos meados do século XVIII. Parte da cerimónia é semelhante à Passagem dos Véus dos ritos escoceses e do Campo de Balduíno... Para ser um membro dos Graus Maçónicos Associados você deve ter sido tanto um Maçon do Real Arco, como um Mestre Maçon da Marca.

Agora que sabíamos que o grau existia sob os auspícios do Grande Capítulo, rapidamente localizámos o ritual e este era uma fascinante leitura. O "Campo de Balduíno", pensámos inicialmente, parecia ser uma referência ao acampamento dos Cavaleiros Templários no terreno arruinado do Templo de Herodes sob os auspícios do Rei Balduíno de Jerusalém, mas logo aprendemos que estava associado com um antigo grupo de Maçons de Bristol.

O título completo do grau é Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilónia ou da Passagem da Babilónia. Ele consiste em três dramas ritualísticos, ou pontos, que narram três incidentes retirados dos capítulos 1-6 do Livro de Ezra, dos capítulos 2-7 do Livro de Esdras e dos capítulos 1-4 do Livro 11 d'As Antiguidades dos Judeus, de Josephus.

Este grau narra detalhadamente os motivos e os propósitos da reconstrução do Templo de Jerusalém. O líder do grau, conhecido como Mui Excelente Chefe, marca o exacto ponto na abertura do grau quando ele propõe a seguinte questão:

  • Excelente Primeiro Vigilante, que horas são?

Ele recebe a seguinte resposta:

  • A hora da reconstrução do Templo.

O ritual prossegue dizendo que Dario concordou em apoiar Zorobabel, o Príncipe de Judá, e emite um edito que permite a reconstrução do Templo e "ainda mais, os vasos de ouro e prata que Nabucodonosor tinha tomado serão restaurados e colocados em nos seus devidos lugares". Neste ponto da cerimónia, Dario nomeia o candidato, que faz o papel de Zorobabel, um cavaleiro do Oriente, e dá-lhe uma fita verde ornada com ouro o que significa a iniciação nos mistérios secretos.

Antes de ser permitido a Zorobabel deixar a corte de Dario e retomar a sua tarefa de reconstrução do Templo, é-lhe colocado (e a mais dois companheiros) um enigma por parte de Dario, cuja resposta correcta os cobrirá de grande prestígio e honra:

O grande Rei faz através de mim conhecido o seu contentamento e deste modo cada um de vós três dará a sua opinião em resposta à questão. O que é mais forte, o Vinho, o Rei ou as Mulheres?

O ritual então conta-nos as três respostas que foram dadas ao enigma de Dario. O primeiro jovem disse que o vinho era o mais forte porque ele podia alterar a mente e o humor de qualquer um que o bebesse; o segundo jovem disse que o Rei era o mais forte, pois, mesmo os soldados eram obrigados a lhe obedecer. Na vez do candidato Zorobabel falar, o ritual coloca as seguintes palavras na sua boca:

Ó, Senhores, é verdade que o vinho é forte, bem como os homens e o Rei; mas quem controla a todos? Certamente, as Mulheres. O Rei é o presente de uma mulher. As mulheres são as mães daqueles que trabalham nos vinhedos que produzem os vinhos. Sem as mulheres, os homens não podem existir. Um homem faz de facto coisas tolas pelo amor de uma mulher; dá a ela valiosos presentes e, algumas vezes, mesmo vende-se a si mesmo à escravidão por sua saúde. Um homem deixará o lar, o país e os títulos de nobreza pelo seu bem.

Ó, Senhores, não são as mulheres fortes, haja visto o que elas podem fazer?

Mas nem as Mulheres, o Rei ou o Vinho são comparáveis à poderosa força da Verdade. Como todas as outras coisas, eles são mortais e transitórios; mas somente a Verdade é imutável e eterna. Os benefícios que dela recebemos não variam com o tempo e com a fortuna. No seu julgamento não há injustiça; e ela é a sabedoria, a força, o poder e a majestade de todas as épocas.

Abençoado seja o Deus da Verdade.

Grande é a Verdade e poderosa é sobre todas as coisas!

Em face de tal evidência, ninguém pode negar que William St Clair era conhecedor deste grau maçónico que, até o presente momento, se acreditava inicialmente ter sido praticado após 1740. Ele é pelo menos trezentos anos mais antigo - e nós em breve descobriríamos evidências que o dataria para mais longe ainda.

(continua ...)

29 junho 2009

Os segredos de Rosslyn (I)

Iniciamos hoje a publicação em três partes de um artigo bastante curioso e cujo conteúdo pode ser polémico. Não reflete a opinião dos membros do Blog, mas unicamente a dos seus autores. As partes restantes serão publicadas na terça e na quarta-feira

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A pequena vila de Roslin localiza-se a aproximadamente quinze quilómetros ao sul de Edimburgo através da estrada para Penicuik, sendo famosa por três razões:

  • uma fazenda estatal experimental que tem produzido pares de ovelhas geneticamente clonados;
  • as ruínas de um castelo que foi destruído pelo Exército dos Roundheads quando a Guerra Civil Inglesa se espalhou até à Escócia;
  • uma não muito usual capela medieval.

A construção da Capela de Rosslyn foi iniciada em 1440 e tem demonstrado ser o mais antigo monumento que possui claras conexões com a Maçonaria moderna, os Cavaleiros Templários e a Jerusalém do primeiro século.

rosslyn_chapel_02Para compreender Rosslyn, temos que compreender os Cavaleiros Templários que eram, sem dúvida, a mais famosa ordem de guerreiros cristãos surgida no período medieval ou em qualquer outro. Estes monges guerreiros possuíam uma improvável concepção, uma existência controversa e um legado espectacular; todas essas características asseguraram que eles encontrassem o seu lugar dentro de mais de uma lenda. Factos extraordinários a respeito das façanhas dos Templários têm levado a que a fantasia e a realidade se confundam, não se sabendo exactamente qual é uma e qual é a outra.

Do mesmo modo que é completamente verdadeiro que muito de absurdo tem sido escrito a respeito dos Templários, seria absurdo admitir que eles eram apenas uma ordem comum que apenas surgiu para captar a imaginação de um número sem fim de tipos esotéricos. No mínimo, os Templários seriam qualquer coisa, menos comuns.

De acordo com avaliações aceites, esta bem sucedida e enorme ordem surgiu quase que por acidente em 1118, logo após a morte do primeiro rei cristão de Jerusalém, Balduíno I, e a sucessão por seu primo, Balduíno II. Costuma-se dizer que este novo rei foi procurado por nove Cavaleiros franceses que aparentemente o informaram que desejavam ser voluntários como uma audaciosa força de defesa para proteger os peregrinos dos bandidos e assassinos que havia nas estradas da Terra Santa. A história regista que o recém empossado rei imediatamente os alojou no sítio do Templo de Salomão e pagou o seu sustento por nove anos completos. Em 1128, apesar do grupo nunca ter se afastado do Monte do Templo, foram elevados à categoria de Ordem Santa pelo Papa pelos seus valorosos serviços na protecção dos peregrinos por toda uma década. Foi neste memento, que eles formalmente adoptaram o nome de Ordem dos Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão, ou simplesmente, "Os Cavaleiros Templários". Este reduzido grupo de homens medievais foi repentinamente posicionado como o exército de defesa oficial da Igreja Romana na Terra Santa. As hostes sarracenas devem-se ter divertido muito com isto!

As coisas mudaram rapidamente. Dentro de poucos anos, o bando de maltrapilhos que tinha acampado nas ruínas do Templo dos judeus, miraculosamente transformou-se numa esplendorosa, fabulosa e saudável Ordem que viria a ser os banqueiros dos reis da Europa.

Nós acreditamos que os registos dos livros de História sobre o surgimento dos Cavaleiros Templários são demasiado "simples" e, deste modo, precisávamos descobrir o que realmente ocorreu na segunda década após a Primeira Cruzada.

No nosso último livro, chegamos à conclusão de que os Templários não tinham protegido peregrinos, pois gastaram o seu tempo a escavar debaixo do Templo arruinado, à procura de algo, possivelmente o tesouro de Salomão. De facto, outros chegaram a conclusões similares antes de nós.

rosslyn_chapel_entryA verdadeira tarefa dos nove Cavaleiros era empreender buscas na área, de modo a obter certas relíquias e manuscritos que contivessem a essência da tradição secreta do Judaísmo e do antigo Egipto, alguns dos quais provavelmente remontassem à época de Moisés.

Em 1894, quase oitocentos anos após os Templários terem iniciado a escavação sob as ruínas do Templo de Jerusalém, os seus túneis secretos foram novamente sondados, nesta época por um contingente do exército britânico liderado pelo tenente Charles Wilson, membro dos Engenheiros Reais. Eles nada descobriram sobre os tesouros escondidos pela Igreja de Jerusalém, mas nos túneis cavados séculos antes, encontraram parte de uma espada templária, uma espora, restos de uma lança e uma pequena cruz templária.

Todos esses artefactos estão agora em poder de Robert Brydon, um arquivista templário na Escócia, cujo avô fora amigo de um certo Capitão Parker que tomou parte nesta e noutras expedições que escavaram debaixo do sítio do Templo de Herodes. Numa correspondência escrita enviada ao avô de Robert Brydon em 1912, Parker relata a descoberta de uma câmara secreta debaixo do Monte do Templo com uma passagem que ligava à Mesquita de Omar. Ao surgir dentro da mesquita, o oficial do exército britânico teve que fugir dos irados sacerdotes e fiéis para não morrer.

Não há dúvida de que os Templários de facto realizaram escavações maiores em Jerusalém e a única questão que nós precisávamos considerar era: o que é que os levou a empreenderem tal enorme projecto e o que é que descobriram? Quando estávamos a escrever o nosso último livro, embora estivéssemos convencidos de saber o que eles tinham descoberto, apenas podíamos especular que a motivação para toda esta aventura deveria ter sido uma caça ao tesouro.

Considerámos o mútuo juramento de aliança que os nove Cavaleiros estabeleceram no início de sua escavação, dez anos antes de se estabelecerem como a Ordem dos Cavaleiros Templários. Diversos livros sobre os Templários usualmente estabelecem que o compromisso era uma promessa de "castidade, obediência e pobreza" - que soa mais como um voto para monges do que para um pequeno grupo independente de Cavaleiros. Contudo, quando o juramento é analisado na sua origem latina, é traduzido por "castidade, obediência e manutenção de toda propriedade em comum".

Existe uma clara diferença entre jurar nada possuir e jurar compartilhar toda a prosperidade em comum - e prosperidade é o que eles obtiveram em pouquíssimo tempo!

Nós, entretanto, permanecemos intrigados pela natureza muito religiosa deste mútuo juramento. Outros observadores têm comentado sobre isto, pois sabem com certeza que os Templários, de facto, se tornaram uma ordem de monges guerreiros, mas como é que estes nove Cavaleiros saberiam o que iria ocorrer dez anos mais tarde? Muitas questões precisavam ser respondidas:

  1. Por que eles precisavam abraçar a "castidade" numa época em que os padres católicos romanos não o faziam?
  2. Porque é que um pequeno grupo de homens completamente independente precisou realizar um juramento de obediência e a quem é que eles planeavam serem obedientes?
  3. Se eles eram meros caçadores de tesouros, porque pretenderiam compartilhar toda a propriedade em comum quando o método usual seria o de dividir o espólio?

Para responder apropriadamente a estas questões, seria necessário conhecer um pouco mais a respeito das circunstâncias deste pequeno grupo de cavaleiros que se reunira em Jerusalém em 1118. Nós claramente sentimos que algo estava errado e nosso principal temor era que a verdade pudesse ter-se perdido ao longo dos séculos e que nós nunca conseguiríamos esclarecer as motivações destes homens.

Sentíamos que a conclusão razoável a respeito da segunda questão sobre a necessidade de "obediência" fortemente sugeria que outras pessoas deveriam estar envolvidas e que deveria haver um plano mais elaborado do que uma simples caça ao tesouro. Os três votos quando colocados juntos serviam mais aos padres do que aos Cavaleiros. Convem relembrar rapidamente o estilo de vida dos homens da comunidade dos Essénios descritos nos Manuscritos do Mar Morto: uma existência ascética que igualmente se aplicava aos líderes da Igreja original de Jerusalém que originalmente havia enterrado os manuscritos e os tesouros que os Templários descobriram.

rosslyn_chapel_ceiling_23655A partir de nossas pesquisas prévias, acreditamos que os manuscritos encontrados pelos Templários agora residem debaixo da Capela de Rosslyn na Escócia.

Um Santuário Templário

A Capela de Rosslyn está protegida por uma pequena estrada lateral passando por entre duas excelentes estalagens que somente pode ser notada por aqueles que se aventuram pela vila de Roslin. É difícil ver muito da edificação à primeira vista, uma vez que ela está obstruída por árvores e muros altos ao longo do lado norte, mas que estranhamente proporciona uma rápida visão da parede ocidental com as suas duas bases de colunas no ponto mais alto.

A entrada faz-se através de uma pequena cabana, onde lembranças podem ser compradas e onde é servido chá com biscoitos. Assim que se cruza a porta dos fundos da cabana, o esplendor desta curiosa e única capelinha é imediatamente óbvio e leva-se nada menos que alguns minutos para se perceber que esta é nada menos que um texto medieval escrito em pedra.

rosslyn_chapel_ceilingA proeza artística de William St. Clair não é semelhante a nada que nós já tenhamos visto anteriormente e nunca nos tinhamos encantado tanto com a aura gerada no interior e exterior celestialmente esculpidos. Como uma obra arquitectónica, ela não é particularmente graciosa, nem as suas dimensões físicas impressionam, mas mesmo assim instintivamente sente-se que este é um lugar muito especial.

Nós não encontramos nada de cristão nesta assim chamada "capela", uma observação que tem sido realizada por muitos observadores conhecidos por nós, desde então. Há uma estátua de Maria com um menino Jesus, um baptistério com fonte, alguns vitrais com alegorias cristãs, mas tudo isto são intrusões vitorianas ocorridas quando a capela foi consagrada pela primeira vez. Estes actos de "vandalismo" foram muito significativos, mas mal concebidos, uma vez que eles não puderam retirar a magnificência anterior da celestial edificação originariamente esculpida.

Esta construção cuidadosamente planejada não foi somente construída sem um baptistério, não possuía nenhum espaço para um altar no seu lado oriental e uma mesa de madeira hoje em dia serve para esse propósito no centro de um simples salão. A História regista que não foi consagrada até que a Rainha Vitória a visitasse e sugerisse que a mesma fosse transformada em uma igreja.

Construída entre os anos de 1440 e 1490, a estrutura é coberta por uma combinação de motivos celtas e templários que são instantaneamente reconhecidos pelos modernos Maçons. Preparados com um detalhado senso das antigas origens da Maçonaria, nós começamos a perceber que existem pistas precisas e secretas impressas na construção da edificação que estabelecem uma ligação sem qualquer dúvida entre o Templo de Herodes e esta maravilha medieval.

Há apenas dois salões: um salão principal e uma cripta que é acessível via uma escadaria no lado oriental. O salão possui catorze pilares, doze dos quais são iguais, mas os localizados no sudeste e no nordeste são únicos, ambos esplendorosamente esculpidos com diferentes desenhos. Frequentemente tem sido dito que estes pilares representam aqueles que existiam no átrio interior do Templo de Jerusalém e que são hoje em dia muito importantes para os Maçons.

Um exame mais atento revela-nos que a parede ocidental e a totalidade do piso foram projectados como uma cópia das ruínas do Templo de Salomão e a super estrutura acima do pavimento térreo e além da parede ocidental era uma interpretação da visão sobre a Jerusalém Celeste feita pelo profeta Ezequiel.

Os pilares principais - Boaz e Jachin - são posicionados precisamente do mesmo modo que aqueles existentes em Jerusalém. Nós sabíamos que o ritual do grau maçónico conhecido como Santo Real Arco descreve a escavação das ruínas do Templo de Salomão e claramente estabelece que deveriam haver dois esplendorosos pilares no lado oriental e mais doze de concepção idêntica exactamente como encontramos em Rosslyn.

Percebemos então, que o layout dos pilares formava um perfeito tríplice Tau (três formas de "T" unidos), exactamente como o descrito no ritual maçónico. Além do mais, de acordo com o grau do Santo Real Arco, também deveria haver um "Selo de Salomão" (idêntico à Estrela de David) fixado ao tríplice Tau e uma inspecção mais acurada revelou que toda a geometria da edificação era de facto construída em torno desse desenho.

Quando construiu Rosslyn, William St. Clair inseriu estas pistas e colocou o significado da descodificação deles dentro dos então rituais secretos do grau do Santo Real Arco. Através do ritual maçónico, ele explicou anos mais tarde o que ele estava a tentar dizer:

O tríplice Tau significa, entre outros significados ocultos, Templum Hierosolyma - o Templo de Jerusalém. Ele também significa Clavis ad Thesaurum - uma chave para um tesouro - e Theca ubi res pretiosa deponitur - Um lugar onde algo precioso está oculto - ou Res ipsa pretiosa - A própria coisa preciosa.

Esta era uma profunda confirmação de nossa tese de que Rosslyn era uma reconstrução do Templo de Herodes. Nós imediatamente imaginamos se este ritual da Maçonaria continha essas palavras para o único propósito de revelar o significado de Rosslyn ou se Rosslyn havia sido projectada neste formato para se confrontar com os conhecimentos mais antigos? Nesse momento isto não importava, pois estava claro para nós que William St, Clair era o homem que tinha estado envolvido em ambos. A definição maçónica do "Selo de Salomão" transcreve-se a seguir:

A Jóia de Companheiro do Real Arco é um triângulo duplo, muitas vezes chamado de Selo de Salomão, inscrito num círculo de ouro; na base há um rolo de pergaminho onde constam as seguintes palavras Nil nisi clavis deest - Nada é desejada a não ser a chave - e no círculo aparece escrito, Si tatlia jungere possis sit tibi scire posse - Se vós pudestes compreender estas coisas, vós conhecestes o suficiente.

rosslyn_chapel_entryWilliam St Clair tinha cuidadosamente escondido esta escrita secreta dentro dos rituais da Maçonaria, que devem ter existido anteriormente a 1440. Neste ponto, nós sabíamos que era certo que o arquitecto deste "Templo de Yahweh" escocês tinha inserido as suas próprias definições para estes antigos símbolos para que alguém num futuro distante pudesse "virar a chave" e descobrir os segredos de Rosslyn.

Os nove Cavaleiros originais que cavaram debaixo dos escombros do Templo de Herodes cuidadosamente mapearam as fundações abaixo do solo, mas eles não possuíam nenhuma condição para saber como a principal super estrutura se parecia, excepto pela secção da parede ocidental que ainda existia em pé naquele tempo. As principais paredes de Rosslyn equiparavam-se exactamente com a linha de paredes do Templo de Herodes descobertos pela expedição do exército britânico liderada pelo tenente Wilson e pelo tenente Warren, membros dos Engenheiros Reais.

(Continua...)

26 junho 2009

Demagogia ? Dêem-lhe o desconto...

Demagogia ? Pois, se calhar há alguma.
Em todo o caso desafio-vos a darem um desconto, mesmo que seja grande, e ainda ficarão com muita, muita verdade.
Às 6ª.s feiras começa a tornar-se uma fatalidade terem de levar comigo para o fim de semana.
A questão está na crise... É..., também estou em crise. É assim, toca a todos, mesmo aos que gostam de rir e de levar numa levezinha mesmo quando as coisas são um tanto mais pesadas.
E o blog serve também para isto.
Esta semana não correu bem !
Na 2ª. feira entrei num restaurante cá do burgo (para o Rui é o das iscas...) e dei de caras com um amigo de curta data, mas a quem devo um dos empurrões mais desinteressados que já tive na vida. Sem me conhecer, sem nunca me ter visto (pelo menos que eu saiba) entendeu defender uma causa em que me meti, resolvendo-a num "berro", ele que é uma pessoa calma, muito pacato, nada de ribalta. Só que no momento em que a coisa tomou ar de escândalo (teve a ver com o direito à liberdade de informação) entendeu meter-se e a sério, de tal forma que tudo se calou e o assunto ficou resolvido.
Pois foi esse amigo que encontrei no tal restaurante, almoçando com a esposa e uma amiga, aparentemente sem qualquer problema (estavam sentados à mesa).
A questão surgiu-me de repente quando ao levantar-se teve de ser amparado pelas 2 mulheres e mais um empregado do restaurante. Aí percebi que algo se passara no último mês, intervalo de tempo em que o encontrara na rua, sózinho, em passeio higiénico como ele me disse.
Não é um homem novo, mas os Homens não têm idade. E este tem a idade da quantidade de rasteiras que a vida lhe foi passando.
Passemos ao nosso "bonequinho" do fim de semana.
É ao conteúdo deste "bonequinho" que eu me refiro no título. Muitos políticos pagariam para serem eles a aparecer no vídeo (no lugar da Allanis) mas desta vez ficaram de fora.
Em época de eleições seria um bombom ! Seria uma caixa inteira de bombons !


Façam o favor de ser felizes. Bom fim de semana.

J.P.Setúbal

24 junho 2009

O sítio do poeta que é Grão-Mestre

Ser Grão-Mestre da GLLP/GLRP não impede Mário Martin Guia de manter a sua atividade de criação.

Maçonaria é também amor pela cultura.

Mário Martin Guia é, além de um homem (muito) bem humorado, um poeta bem disposto. Vale a pena lê-lo. E agora nem sequer é preciso ir procurar e adquirir os seus livros. Conforme a informação abaixo, Martin Guia criou o sítio www.martinguia.com, onde, além de poder ler e ouvir alguns dos seus poemas, pode descarregar os livros que até agora publicou.




Do texto de divulgação do sítio:

Informamos que o nosso I:. Mário Martin Guia tem desde o dia 10 de Junho o Site "www.martinguia.com" onde poderão encontrar todos os livros que já publicou completos e no formato em que foram editados. Se quiser um dos livros bastará fazer o seu download.

Contém também poemas seus ditos por diversos poetas e uma secção de foto poemas com fotografias tiradas pelo autor acompanhadas de poemas que as mesmas suscitaram.

Além destas Secções tem uma outra para poemas de Amigos do Autor disponível para qualquer Irmão que deseje fazer a divulgação da sua Obra, bastando para o efeito contactar Francisco Queiroz (francisco.queiroz@martinguia.com) para que no Site seja aberta uma Secção Específica encabeçada pela respectiva fotografia.

Qualquer comentário poderá ser recebido de volta clicando em Comentários.

Quem quiser receber a notificação das novidades do Site deve registar-se para o efeito (ver Front Page).

Rui Bandeira

22 junho 2009

Solsticio de Verão

Este ano quase que coincidia, o dia do Solsticio com a realização da reunião de Grande Loja. Quase porque a Reunião aconteceu no sabado.

Este ano e com uma simplicidade absoluta, reunião decorreu sem sobressaltos nem problemas. Trataram-se os assuntos que careciam de atenção, resolvendo-os.

As Lojas fizeram-se representar de acordo com o definido e o Grande Templo não tinha um unico lugar vazio, estando assim presentes mais de 150 Irmãos.

O MRGM Mario Martin Guia na sua breve alocução abordou o trabalho realizado desde o inicio do seu segundo mandato, dando indicações sobre o trabalho a realizar de agora em diante.

Foi também assinalado mais um aniversário da constituição da GLLP / GLRP.


José Ruah

19 junho 2009

O velho é chato...

O tempo está quente e não sopra uma aragem.
Mesmo bom para um tempinho no parque.

O Jean Pierre trouxe-nos à recordação o Kipling a propósito do qual o Nuno Raimundo recordou o famosíssimo "IF"...

Vem mesmo a "talhe de foice" !

Para um fim de semana que se prevê muito quente e a convidar às sombras dos parques (os que as têm) aqui fica uma página do "diário" que certamente é comum a muitos.
Na certa é comum a todos os que são Pais.



No parque, na praia ou a trabalhar (é... vai acontecer a vários, vai !), tenham um bom fim de semana.
Cuidado com o Sol, com o fogo... e com o resto.

JPSetúbal

18 junho 2009

Crónicas da Polónia - Rudyard Kipling




A minha Loja em Varsóvia é composta por obreiros francófonos (Europeus, Africanos e alguns Polacos) e trabalhamos no REAA com os Rituais da GLNF

Temos Irmãos radicados na Polónia e outros, expatriados pelas suas empresas. Estes últimos, dos quais faço parte, irão permanecer somente alguns anos antes de voltar para os seus países de origem ou, então, para outra expatriação.

O nosso Segundo Vigilante, de nacionalidade Belga, deixará a Polónia nos próximos dias para um novo desafio profissional no Líbano.

Decidi, na ocasião da última sessão na qual o nosso Irmão irá participar, ler um texto de Rudyard Kipling, «a Loja-Mãe»

Tenho de confessar que R. Kipling é um dos autores Ingleses que me dá mais prazer ler e sempre encontro, nas interlinhas dos seus textos, a sua sensibilidade de Maçon.

Kipling, que nasceu em Bombaim, foi iniciado na Loja «Hope and Perseverance» de Tahore e escreveu a poesia que se segue alguns anos após o seu regresso na Inglaterra.


Mother-Lodge

There was Rundle, Station Master,
An' Beazeley of the Rail,
An' 'Ackman, Commissariat,
An' Donkin' o' the Jail;
An' Blake, Conductor-Sargent,
Our Master twice was 'e,
With 'im that kept the Europe-shop,
Old Framjee Eduljee.


Outside -- "Sergeant! Sir! Salute! Salaam!"
Inside -- "Brother", an' it doesn't do no 'arm.
We met upon the Level an' we parted on the Square,
An' I was Junior Deacon in my Mother-Lodge out there!
We'd Bola Nath, Accountant,
An' Saul the Aden Jew,
An' Din Mohammed,
draughtsman Of the Survey Office too;
There was Babu Chuckerbutty,
An' Amir Singh the Sikh,
An' Castro from the fittin'-sheds,
The Roman Catholick!

We 'adn't good regalia,
An' our Lodge was old an' bare,
But we knew the Ancient Landmarks,
An' we kep' 'em to a hair;
An' lookin' on it backwards
It often strikes me thus,
There ain't such things as infidels,
Excep', per'aps, it's us.

For monthly, after Labour,
We'd all sit down and smoke
(We dursn't give no banquits,
Lest a Brother's caste were broke),
An' man on man got talkin'
Religion an' the rest,
An' every man comparin'
Of the God 'e knew the best.

So man on man got talkin',
An' not a Brother stirred
Till mornin' waked the parrots
An' that dam' brain-fever-bird;
We'd say 'twas 'ighly curious,
An' we'd all ride 'ome to bed,
With Mo'ammed, God, an' Shiva
Changin' pickets in our 'ead.

Full oft on Guv'ment service
This rovin' foot 'ath pressed,
An' bore fraternal greetin's
To the Lodges east an' west,
Accordin' as commanded
From Kohat to Singapore,
But I wish that I might see them
In my Mother-Lodge once more!

I wish that I might see them,
My Brethren black an' brown,
With the trichies smellin' pleasant
An' the hog-darn passin' down;
An' the old khansamah snorin'
On the bottle-khana floorLike a Master in good standing
With my Mother-Lodge once more!
Outside -- "Sergeant! Sir! Salute! Salaam!"
Inside -- "Brother", an' it doesn't do no 'arm.
We met upon the Level an' we parted on the Square,
An' I was Junior Deacon in my Mother-Lodge out there!

No seu texto, Rudyard Kipling evoca a composição da sua Loja: todas as profissões estão representadas, das mais humildes às mais prestigiosas, todas as religiões e todas as raças. Mas, concluiu «sabíamos os antigos landmarks e observamo-nos escrupulosamente».

A diversidade sociológica nas Lojas é um factor essencial de identidade para a maçonaria. Efectivamente, se o recrutamento se fizesse unicamente dentro da elite social, nada seria verdadeiramente diferente do Rotary, dos Lions ou outras organizações de caridade, e a iniciação não teria outro interesse se não a curiosidade.

Se se tratasse de uma elite financeira, logo as acusações de fazer negócios dentro da Ordem voltariam a aparecer, como de costume.

Então, devemos ser uma elite intelectual? Se assim fosse, seria ligar a iniciação ao quociente intelectual quando sabemos que qualquer um não está apto a ser iniciado, intelectual ou não. Para o ser, é preciso ter em si uma aspiração, um desejo.

O escritor Paul Valery definiu este pensamento na inscrição realizada na fachada do Palácio de Chaillot em Paris:

« II dépend de celui qui passe,
que je sois tombe ou trésor,
que je parle ou me taise ;
ceci ne tient qu'à toi.
Ami, n'entre pas sans désir. »

De facto, o elitismo é subconstancial da iniciação. O iniciado se sente legitimamente membro de uma elite por que a iniciação singulariza, torna diferente. Hoje, as pessoas sentem-se cada vez mais massificadas, integradas em multidões, identificadas por número, e procuram uma identidade através das tatuagens, dos piercings, roupas extravagantes ou cortes de cabelos pelo menos curiosos. Ora, sentir-se iniciado dá sentido à vida, oferece precisamente ao ego a possibilidade de ser, revela em si a pessoa.

Porque, para se tornar uma pessoa de parte inteira, é preciso, antes de tudo, aprender a amar-se. Nem demais, nem pouco ou mal. Nas nossas sociedades, nas quais a aparência exterior gera uma apreciação definitiva sobre o que somos, amar o seu próximo é começar por amar-se a si próprio. É o que nos ensina a fraternidade maçónica.

No REAA apresentamos trabalhos em Loja, «pranchas», sobre aspectos simbólicos ou directamente ligados à maçonaria. É uma incitação, em casa ou em Loja, ao trabalho, ao aperfeiçoamento. Permite a cada um exprimir-se em função da sua história pessoal, da sua profissão ou da sua cultura. Já que o enriquecimento de todos vem do que somos realmente, pelo menos tanto, e provavelmente mais, do que sabemos.

Jean-Pierre Grassi

17 junho 2009

Blogueirólico nada anónimo

("Blogueirólico" acabei de inventar. Significa "escrevinhador compusivo de textos de blogue". Se a palavra pegar, se se tornar neologismo, se porventura chegar a, ainda que de forma obscura, ter lugar no vocabulário da língua portuguesa, já sabem: reivindico a paternidade da sua invenção. Para que conste na Enciclopédia dos Conhecimentos Inúteis...)

Pois é! Estava eu, como há séculos o grande Camões escreveu sobre a bela Inês (de Castro, pois claro!), naquele engano de alma, ledo e cego, gozando o meu merecido repouso de quase três anos de muitos e variegados textos, parcimoniosamente matutando na melhor maneira de ir gerindo o institucional sítio da GLLP/GLRP, quando o José Ruah - amigo da onça! - matreiramente me atira, assim como quem não quer a coisa: Olha lá, o texto do aniversário do blogue fazes tu! Isso podes, não tem nada a ver com a Grande Loja...

E eu, pobre de mim, alma ingénua e pura (pelo menos, de vez em quando, sobretudo quando estou distraído...), nem me apercebi da armadilha, da ratoeira, da rede que subrepticiamente aquela raposa lançava sobre mim, para pilhar meu sossego! E, qual confiante criancinha de olho azul e louros caracóis, disse que sim!

Oh, destino cruel! Ai, que imprudência tamanha! Como pode um momento de desatenção mudar toda uma vida!

Um certo leitor deste blogue diria - que digo eu? Insistiria, teimaria, repetiria - que assim estava destinado, que tudo está determinado. Pensando nisso, intuí porque o determinismo tantos e tão abnegados defensores tem. No fundo, é um descanso, uma paz para a alma e a consciência, uma desculpa sempre à mão: a culpa não foi minha, o disparate não fui eu que o cometi, estava determinado, escrito nas estrelas e no Livro de Todos os Sucessos desde o Big até ao Bang, entendendo-se aquele como o estoiro inicial e este como o suspiro final de tudo o que existe, existiu e existirá...

Mas, ai de mim!, eu sempre tive a - vejo-o agora! - imprudência de acreditar firmemente no livre arbítrio - e na inerente responsabilidade que tal implica para cada um de nós. Não há desculpa possível para o disparate individual. Quem o faz, fê-lo. Por si. Por sua conta e risco. Por sua imprudência, pouco siso ou menos esperteza. Não há maneira de me poder consolar. Não estava nada escrito! O disparate fi-lo eu, por minha única e exclusiva culpa e imprevidência!

E, no entanto, bem poderia eu ter evitado tamanho trambolhão, tão aziago mau passo! Bem sabia eu que o alcoólico em recuperação, aquele que, anónimo ou não, conseguiu arranjar forças para se desintoxicar e consegue - quantas vezes há anos e anos - resistir ao chamamento da traiçoeira garrafa de bebida com álcool, não cede à tentação nem de um saudoso gole, muito menos de um desejado copo, porque sabe que, se ceder, o gole não será o único e o copo será apenas o primeiro.

Bem sabia eu - ex-fumador inveterado e permanentemente saudoso do inenarravelmente saboroso cachimbo - que quem consegue deixar de fumar, ainda que os anos tenham passado depois que se sobrepôs ao doentio hábito e conseguiu parar, se ceder à tentação de "dar só uma passa" é meio caminho andado para, a breve trecho, voltar a gastar mais em tabaco do que em combustível para o automóvel, enegrecer os pulmões, estreitar as artérias e apressar o conhecimento do que está para além da Derradeira Viagem...

Bem sabia eu que o vício, traiçoeiro, espreita, manso e escondido, a oportunidade para se reapossar de nossa vontade!

Apesar disso, apesar de tudo isso saber - oh! suprema imprudência! - disse que sim! Pior! Cumpri! Escrevi mesmo o texto do terceiro aniversário do blogue. Todos são testemunhas! Mas, se alguém duvida da minha desgraça, cavada com as minhas próprias mãos, torneada com o meu próprio teclado, revelada pelo meu próprio monitor, confira aqui a prova do meu deslize, da minha imprevidência!

Pois. Cedi. Não pensei. E agora, pobre e desgraçado blogueirólico nada anónimo, para aqui estou, tremendo, com os neurónios excitados, ansiando por mais e mais textos, com os dedos frementes de excitação alongando-se para o teclado, com cãibras nos olhos de tanto os virar para o monitor e de lá os afastar! Toda a minha abstinência, todo o esforço que me convenci ter tido sucesso, crente de me ter conseguido libertar da compulsão da escrita, foi então em vão?

Cedo? Desisto? Jogo tudo no vermelho, esperando que não saia preto?

Ah! A tentação é grande! A volúpia da palavra, o veludo da frase, assolam-me todos os sentidos!

Mas eu sou maçon! E que faz o maçon? Pratica a virtude e cava masmorras aos vícios! Há que resistir ao vício! Lutar...

Mas eu não sou perfeito! Por isso sou maçon. Porque reconhecço que necessito de me aperfeiçoar. E o ótimo é inimigo do bom. Lutar contra o vício, lutarei. Mas só na medida em que seja vício. Afinal de contas, o segredo está na moderação. Não me deixar cair em excessos. Não escrever nada é fugir do vício. Escrever com moderação é combatê-lo. E os maçons combatem os vícios...

Por isso, eu blogueirólico nada anónimo me confesso: decidi combater o meu vício e... só para mostrar que não tenho medo dele... escrever este texto!

(E quem não percebeu que, como sempre, o tema da escrita é a Maçonaria, faça o favor de ler outra vez, para perceber! Há muitas maneiras de escrever sobre maçonaria. Também levezinhas. Também brincando. Porque, ao contrário do que se diz por aí, a melhor maneira de lidar com as coisas sérias é conseguir brincar com elas. Porque, às vezes, aprende-se mais a brincar do que em muitas horas de aturado estudo. Perguntem a qualquer criança!)

O blogueirólico,

Rui Bandeira

16 junho 2009

Prince Hall - a outra maçonaria americana

Uma das areas da maçonaria americana menos faladas são as Grandes Lojas Prince Hall que coexistem com as Grandes Lojas Estaduais sendo estas ultimas consideradas a "Mainstream". Eu próprio sei pouco desta maçonaria que congrega quase só exclusivamente homens de cor negra ou como os americanos chamam no politicamente (in)correcto - African American.



Estas Grandes Lojas, absolutamente regulares e reconhecidas pela United Grand Lodge of England têm uma história própria curiosa.



Sabendo pouco do assunto mas estando absolutamente convencido do interesse do mesmo, pedi ao nosso amigo Frederick Milliken, a quem agradeço, que me mandasse informação sobre a Maçonaria Prince Hall e ele mandou-me bastante mais que o que esperava.



Assim, publico aqui hoje a História do próprio Prince Hall de quem as Grandes Lojas retiraram o nome, as minhas desculpas mas o texto está em inglês.








The Prince Hall Story
Compiled from various sources
by
Robert E. Connor, Jr., MWGM of Texas











"Prince Hall"September 12th, 1748 - December 4th, 1807


Prince Hall, our founder, was one of our greatest Americans; a Worthy Grand Master associated with our first black Masonic Grand Lodge and its expansion. His name is carried and borne by Masonic Organizations throughout the United States and thousands of Masons who regard themselves as descendants from the Grand Lodge of England from which he received his authority more than two centuries ago. America, celebrated in 1976 the two hundredth anniversary of our Declaration of Independence. This year Prince Hall Masons will celebrate the two hundred and twenty fourth (224th) anniversary of the founding of Prince Hall Masonry in the United States. Prince Hall Masons of Texas will celebrate their 124th year of Prince Hall Masonry in the State of Texas. This article is a monument to Prince Hall’s life, career and leadership. It shall further serve as information about Prince Hall Masonry.

A significant event happened in Masonry on March 6, 1775. John Batt, working under the authority and the Constitution of the Grand Lodge of Ireland, initiated Prince Hall and fourteen (14) other free black men into Masonry in Army Lodge No. 44. The other candidates were Cyrus Johnson, Bueston Slinger, Prince Rees, John Canton, Peter Freeman, Benjamin Tiler, Duff Ruform, Thomas Santerson, Prince Rayden, Cato Speain, Boston Smith, Peter Best, Forten Howard and Richard Titley. When the British Regiments left Boston on March 17, 1776, a dispensation was issued by Batt authorizing Prince Hall and his brethren to meet as a lodge under restrictions. Under this permit, African Lodge No. 1 was formed July 3, 1776. Official acknowledgment of the legitimacy of African Lodge No. 1 was almost immediately made by John Rowe of Boston, a Caucasian and provincial Grand Master of North America holding authority from the premier Grand Lodge of Freemasons, the Grand Lodge of England. He, too, issued a permit authorizing African Lodge No. 1 to appear publicly in procession as a Masonic Body for the purpose of Celebrating the Feasts of Saints John and to bury its dead.

For nine years these brethren, with other free black men who had received their degrees in Europe, assembled together and enjoyed their limited privileges as Masons, distressed that Prince Hall’s attempts to formally associate African Lodge with Caucasian Grand Lodges were frustrated by bigotry and racism. It was an ironic period in American history when colonists embraced the doctrine of independence, liberty, and equality to justify the revolt against English rule while promoting and condoning the economic and social exploitation of blacks debased by slavery.
Finally, in March, 1784, Prince Hall petitioned the Grand Lodge of England through Worshipful Master William Moody of Brotherly Love Lodge No. 55 (London, England) for a warrant of Constitution. The Charter was prepared and issued on September 29, 1784, although it would be three years before African Lodge could actually receive it.

Moddy sent a letter to Hall on March 10, 1787, stating the Charter was delivered to James Scott, Captain of the ship, Neptune, and brother-in-law of John Hancock. Hancock was a signer and President of the Continental Congress. The Charter, signed by Deputy Grand Master Roland Holt and witnessed by Grand Secretary William White, reconstituted African Lodge No. 1 as African Lodge No. 459 and thus began the parallel lines of black and Caucasian Freemasonry which continues to exist in America.

Some white Masons say that Blacks were not denied admission to white lodges and they point to the very few and the presence of others by invitation as proofs. D. Bentley, a contemporary who wrote in his diary, available to all, "The truth is they are ashamed of being equal with blacks. Even the fraternities of France, given to merit without distinction of color do not influence Massachusetts’s masons to give an embrace less emphactical or tender affectionate to their Black Brethren.. It is evident that a preeminence is claimed by whites." The same situation exists in Texas today but not in all States. Many Texas Caucasian masons refuse to recognize Prince Hall Masons however they do consider permitting a limited number of black men, thought to be prestigious and financially solvent, to join their local lodges. Texas Prince Hall Masons are proud of their legacy and history that our ancestors such as , Norris Wright Cuney, I.H Clayborne, Thomas H. Routt and many others worked so hard for. We are not actively seeking anyone to recognize us.
Before 1815, exclusive territorial jurisdiction was not an active and recognized doctrine of English Masonic Custom. The African Lodge of Boston exercised its right to establish other lodges, making itself a Mother Lodge, its Master Prince Hall having the authority to issue warrants on the same basis as Masters of Lodges in Europe!
African Lodges were constituted in Pennsylvania, Rhode Island, and New York. On June 24, 1791, the African Grand Lodge of North America was organized in Boston with Prince Hall as Grand Master. This was one year before the organization of the United Grand Lodge of Massachusetts (Caucasian). In 1827, 45 years after the (Caucasian) Grand Lodge of Massachusetts had done so, African Lodge of Boston declared itself independent of the Grand Lodge of England.
Prince Hall died December 4, 1807. His successors were Nero Prince who sailed to Russia in the year 1808, George Middleton, Peter Lew, Samuel H. Moody and the well-known John T. Hilton.
The original charter of African Lodge of Boston is in the possession of the Most Worshipful Prince Hall Grand Lodge of Massachusetts and is the only know original 18th Century Charter in existence issued to any American Lodge by the Grand Lodge of England. It proudly represents the indisputable legitimacy and regularity of 45 Prince Hall Grand Lodges and their subordinate lodges and affiliated bodies.
In 1869 a fire destroyed Massachusetts Grand Lodge headquarters and a number of its priceless records. The Charter, in its metal tube, was in a Grand Lodge chest. The tube saved the Charter from the flames but the intense heat charred it. The Charter was saved when Grand Master S.T Kendall crawled into the burning building and saved the Charter from complete destruction. Thus a Grand Master’s devotion and heroism further consecrated this parchment to us, and added a further detail to its history.

The descendent Grand Lodges of African Grand Lodge changed their names to "Prince Hall Grand Lodge" with two exceptions. Today, throughout the world, there are 44 "Most Worshipful Prince Hall Grand Lodges", some 5000 subordinate Lodges and more than 300,000 Prince Hall Masons.

The Church and Prince Hall Masonry for many years were the two strongest organizations in the black communities for many years. In fact, they were the only organizations that black men and women could participate in or join. Masonic Lodge Halls were used as locations for church services and teaching blacks how to read and write. Prince Hall Masons utilized their resources to provide young black men and women scholarships to college, to provide various forms of charity in their local communities, and to assist in many other programs in the black communities. Ninety percent of the founders of black Greek Fraternities and Sororities were either Prince Hall Masons, Heroines of Jericho or Order of Eastern Stars.




De entre todos os documentos que recebi sobre o assunto, tentarei fazer resumos para aqui publicar mais sobre esta faceta da maçonaria.

José Ruah

15 junho 2009

Medula Ossea

Volto ao tema que me é querido. Não que tenha precisado, felizmente e graças a Deus nem eu nem a minha familia tivemos necessidade, mas porque creio que é uma das causas mais nobres que se podem abraçar.

Requer quase nada como trabalho e tempo. Se para doar sangue é necessária uma certa regularidade, isto é, torna-se necessário ir a uma unidade de recolha uma ou duas vezes por ano, já para ser dador de medula apenas é requirida uma visita a centro de recolha de sangue para ser tipado.

Ou seja uma unica deslocação na vida do dador, e depois ficar à espera que seja compativel. Isso pode nem sequer acontecer, pois as probalidades de compatibilidade são pequenas.

O organismo português de registo de dadores de medula o CEDACE que funciona no Centro de Histocompatibilidade do Sul é o centro desta vasta operaçao de recolher amostras de sangue para tipologia, e depois a inserção desses dados numa vastissima base de dados Mundial.

Por Curiosidade o nosso país tem o 4º melhor rácio de dadores por habitante do Mundo e o 3º da Europa.

Actualmente "exportamos" mais medula para páises terceiros que a que "importamos", mas tudo isto poderão ler, e aconselho que o façam no Relatorio de Actividades de 2008 publicado pelo CEDACE.

Importa aqui clarificar que o transplante de medula não é a garantia absoluta de cura do transplantado. Aliás muitos dos transplantados podem não resistir e falecer.

No entanto o transplante é conceder a HIPOTESE de cura, ou melhor aumentar a Hipotese de cura.

Se tem entre 18 e 45 anos pense que eventualmente carrega consigo a hipotese de cura de um qualquer enfermo por esse mundo fora. Livre-se desse peso, inscreva-se como dador.

Não sabe como ? " No Problem" veja aqui COMO SER DADOR DE MEDULA no tempo de um clique de rato


José Ruah

12 junho 2009

E TU, QUE FAZES ?

Estamos no final de uma "não semana"... Pelo menos no que se refere a trabalho !

Para finalizar esta semana de "Stos. Antónios" escolhi para deixar como prenda a todos os nossos queridos "bloguistas" 2 vídeos, sendo que por caminhos muito diferentes, que não divergentes, temos exemplos extraordinários das vitórias que a "vontade de ser" pode conseguir e até que ponto é possível refinar a beleza.

James Cook – Eu tinha de chegar não só mais longe do que qualquer homem alguma vez chegara, mas tão longe quanto era possível a um homem chegar.

Este lema de vida deve constituir um ensinamento para todos nós. É importante chegar ao record, mas mais importante é bater o record. Chegar mais longe, sempre mais longe, na fraternidade, no desenvolvimento da humanidade, na pesquiza de soluções para o que está errado... Se esse pudesse ser o objetivo de todos os homens teriamos dado o passo definitivo para a correção da injustiça e para o fim da guerra.

Claro que é utópico, mas é perseguindo utopias que se caminha para o progresso. É perseguindo utopias que se chega mais longe, "tão longe quanto é possivel a um homem chegar".

E agora que já se encontraram com a força e a beleza aproveitem e procurem a alegria.

Vá, está na hora de irem regar o manjerico !

Bom fim de semana.

JPSetúbal

09 junho 2009

Solidariedade Pura


O texto que se segue não é da minha autoria, como aliás pelo estilo de escrita poderão facilmente perceber.
Encontrei-o no Blogue Hormonas Adolescentes e uma Tablete de Chocolate que é escrito por uma jovem de 16 ou 17 anos e do qual sou leitor assiduo desde o primeiro post. É um blog simples de uma pessoa que se procura a ela própria como é natural para quem tem a idade que "To Be or not To Be" tem, aliás o pseudónimo que escolheu é em si revelador.
Na verdade procuramos-nos todos a nós próprios todos os dias.
A mensagem que retirei deste texto, para além da "descoberta da solidariedade" por parte da autora, é que basta um quase nada para fazer uma pessoa feliz, ou se quisermos um pouco menos infeliz. Parafraseando uma amiga minha que por sua vez cita autor cujo nome me falha "Temos pelo menos a obrigação de tentar ser felizes".
A sua procura começa a dar resultados e o seu exemplo na simplicidade dos gestos relatados deverão ser de inspiração para os leitores, mesmo para os menos atentos.

Por tudo isto imediatamente solicitei autorização para publicar aqui este texto, autorização essa que me foi concedida

"
TEODORO




Banco Alimentar



No passado fim de semana fui como voluntária para o Banco Alimentar. Foi a primeira vez (o que é um bocado vergonhoso tendo em conta a minha já avançada idade) e até tive sorte pois fui parar ao supermercado Pingo Doce mesmo por detrás de minha casa (o que, diga-se de passagem, poupou uma grande parte do tempo que teria perdido em deslocações). Inscrevi-me para as tardes de sábado e domingo ficando a trabalhar em ambos os dias das 17h às 21h. Com um grande espírito positivo comecei o meu sábado. Conheci pessoas porreiras e estive em situações ligeiramente constrangedoras mas correu tudo às mil maravilhas.



Logo ao início, no meio de risos e muito divertimento, foi-me apresentada uma pessoa cuja cara não me era nada estranha. De dentes pretos, olhar seguro, alto, cabelo grisalho e comprido, uma grande barba e um ar muito sujo, foi-me apresentado o Teodoro (aparentemente um sem abrigo da minha zona). Olhou-me com um ar altivo e superior, deu-me completo desprezo e acho que nem sequer ouviu as minhas primeiras frases. Isto irritou-me logo profundamente e pensei cá com os meus botões: "Idiota do homem que é sem abrigo mas ainda se dá ao luxo de me olhar de lado!". Armei-me então em "amiga dos pobrezinhos", decidi fazer o sacrifício e dar ao Teodoro o privilégio de ser meu amigo.Ao longo do dia fui conhecendo pouco a pouco a vida desta personagem estranha que só bebia "leite de vacas ruivas" (vinho portanto). Descobri que é romeno, que há 16 anos que vive em Portugal cujos últimos 8 têm sido passados na rua e que espera ansiosamente pelo dia 31 de Fevereiro. Acabou por simpatizar comigo e acho que até me começava a achar alguma piada. O dia foi-se desenrolando...



Já para o final da tarde, depois de muitos sacos entregues mas também algumas caras que nem se deram ao trabalho de me responder, vejo um belo dum Tuareg entrar a 100km/h na zona e estacionar mesmo em cima da passadeira. De dentro do Tuareg, claro está, sai a boazona da tia com uns grandas saltos, unhas arranjadas, cabelo como se acabado de sair do cabeleireiro e mais "bling-blings" que o 50 cent. Pensei que agora sim iriamos ter uma boa contribuição... burra! Ao entrar chinelando nos seus sapatos Gucci, estendo-lhe o meu braço para lhe entregar um saco e com um sorriso pergunto-lhe: "Boa tarde, deseja contribuir para o Banco Alimentar?", ao que obtenho um sorriso de gozo e um "EU?! A menina deve estar "masé" a brincar!". Extremamente frustrada, desiludida e com vontade de lhe arrancar os "bling-blings" todos continuei a minha missão de entregar sacos...



O dia seguiu-se, sempre acompanhado pelo desconfiado do Teodoro para quem já começava a não ter pachorra nenhuma. Às tantas este levanta-se e olha para mim, estende-me a mão e diz:" Dá-me um saco", ao que eu respondi: "Sabe que não se podem usar sacos fora do supermercado não sabe?", ao que ele me respondeu: "Ora, eu vou entrar. Tenho ou não tenho direito a um saco?". Lá me vi obrigada a dar-lhe o maldito do saco de plástico. Para meu espanto, com os poucos trocos que recebeu, o Teodoro foi comprar um pacote de leite que pôs dentro de um saco e entregou ao Banco Alimentar. Nem podia crer... Ele era o único que teria alguma vez a justificação para ser egoísta e não partilhar! Crise?? Mais crise do que isto não há e mesmo assim há espaço para dar aos outros.



Antes de me ir embora (de lágrima no canto do olho) o Teodoro chama-me para o lado, entrega-me uma flor e diz-me: "Porque tu és a menina mais bonita que já alguma vez conheci.". A minha alma estava parva! Privilégio tinha eu de alguma vez na vida ter tido a sorte de me cruzar com uma pessoa como o Teodoro.


To Be Or Not To Be "


Tenham dois belissimos feriados, e pensem que um sorriso, uma palavra, um gesto, um qualquer coisa com sentimento em direcção a outrem pode ser a coisa mais importante de cada dia para quem dá e para quem recebe.


José Ruah


08 junho 2009

Hoje não Há...

... POST - o de hoje apareceu no Sábado.

06 junho 2009

Rui Bandeira

É extremamente grato sentir o carinho e interesse com que os visitantes do Blog reagiram aos posts que o Rui Bandeira colocou nos últimos dias. Creio que podem ser interpretados como um reconhecimento pelo excelente trabalho que ele desenvolveu enquanto participante regular neste espaço.

Dadas as suas novas funções, a sua participação fica desde logo condicionada, já que a opinião que possa emitir, pode ser confundida com a opinião institucional inerente ao cargo que desempenha, o que implica redobrados cuidados.

Creio contudo que a sua participação continua a ser uma mais valia para este Blog, dado o seu profundo conhecimento das temáticas maçónicas e a abordagem didáctica com que as costuma expor. Compete-nos portanto a todos (a nós restantes participantes e aos visitantes) incentivar a sua participação, mais que não seja, como “visitante”.

O Rui envolveu-se intensamente no projecto de reestruturação do Website da GLLP/GLRP e já são visíveis os efeitos do seu trabalho – o Website começa a ter uma dinâmica totalmente diferente o que se reflecte por exemplo no número de visitantes diários. Claramente, começa a valer a pena visitar regularmente este espaço, já que passou a ter uma sucessão de conteúdos muito interessante.

Apoiemos o Rui nesta nova iniciativa. Como?

  • Divulgando o website da GLLP/GLRP,
  • Enviando-lhe sugestões e/ou propostas (nem todas podem ser adoptadas, dado o carácter institucional do Website),
  • Visitando o Website,
  • Deixando-lhe mensagens reconhecendo o excelente trabalho que está a fazer.
Resta-me desejar que um dia, quando as novas funções terminarem, o Rui volte a este espaço, já que é claramente uma peça fundamental do “puzzle”.

05 junho 2009

As novas tecnologias !

O que é que o nosso pombo correio eletrónico me trouxe esta semana para eu postar na 6ªfeira ?
Bom, trouxe-me e eu transporto para divertimento geral, uma bela lição sobre as dificuldades com as "novas tecnologias"... em época de tecnologias velhas.
Como dizia há algum tempo (realmente há muito tempo já) um amigo meu:
- Que sucesso teriam tido os fósforos se tivessem sido inventados depois dos isqueiros...

Neste pequeno vídeo temos também as dificuldades com a introdução das "novas tecnologias" (?) com um pequeníssimo "pormaior". É que a atitude aqui caricaturada não é uma raridade. Pior, é o dia a dia do desenvolvimento e da inovação.
Nada, mas nada mesmo, que seja diferente, tem aceitação pacífica. A imagem dos "Velhos do Restelo" de Camões é tão real e permanente que poderia servir de logotipo a qualquer universidade ou campo de investigação.
Em tempos de dificuldade generalizada (globalizada, é como se diz, não é ?), em que milhões de novos desempregados se juntam aos muitos milhares de famintos que já existiam pelo mundo, nos "Darfur's" que se espalham por África, Ásia, América... e Europa (claro !), temos sempre, teremos sempre, os espíritos que trabalham para a inovação da mesquinhez e para o agravamento do que está, por falta de iniciativa, por teimosia estúpida, por egoísmo patético e sem sentido.

Talvez eu esteja hoje um tanto azedo, mas acontece.
Começo a não ter paciência para aturar a estupidez. Até a minha !

Como numa expressão popular (creio que inventada e divulgada pelo Artur Agostinho) aqui vai o meu desejo para todos:
- Bom fim de semana. "Sorte, saúde e dinheiro para gastos..." Divirtam-se, se puderem.


JPSetúbal

04 junho 2009

Ano 3 - balanço


Afastado do blogue desde que assumi a responsabilidade do sítio na Internet da GLLP/GLRP, fui “intimado” pelo José Ruah a escrever o texto que assinala o terceiro aniversário deste espaço. Faço-o com gosto, aproveitando a oportunidade de escrever o primeiro texto do quarto ano deste blogue.

Procedo, como fiz nos textos com que assinalei os dois primeiros anos do blogue, a um pequeno balanço deste terceiro ano, desde o dia 4 de Junho de 2008 a 3 de Junho de 2009.

365 dias passados, publicámos 283 textos, mais 4,8 % do que no ano anterior. Desses, 154 (54 %; o ano anterior tinham sido 63 %) foram publicados por Rui Bandeira, 53 (19 %; o ano anterior tinham sido 17 %) por José Ruah, 49 (17 %, contra 20 % do ano anterior) por JPSetúbal, 17 (6 %, no seu primeiro ano – e em acumulação com a responsabilidade pelo sítio da Loja Mestre Affonso Domingues, além de ter montado o sítio da GLLP/GLRP, estar a montar o sítio do Arco Real e ter ainda outros projetos na área da Internet em carteira, em preparação ou execução...), por A. Jorge, 5 (2 %, também no seu primeiro ano e vindos da Polónia...) por Jean-Pierre Grassi e os restantes 5 (2 %), distribuídos por três autores convidados (Frederick L. Milliken, 2 textos, Nick Johnson e Michael A. Halleran, 1 texto cada) e por um outro obreiro da Loja Mestre Affonso Domingues, J. F., que publicou um texto.

O mês em que Rui Bandeira publicou mais textos foi o de outubro de 2008 (22) e aqueles em que menos publicou foram agosto de 2008 e abril e maio de 2009 (0). Quanto a José Ruah, teve o seu pico de produção em Agosto de 2007 (14 textos) e esteve falho de inspiração em outubro de 2008 e janeiro de 2009 (nenhum texto em cada um desses meses). JPSetúbal teve a pena mais ocupada em abril de 2009 (9 textos) e deu-lhe mais descanso em junho de 2008 (nenhum texto). A. Jorge contribuiu mais em setembro de 2008 (5 textos) e não escreveu no blogue, desde que o começou a fazer, em agosto, nos meses de novembro, dezembro, janeiro e março. Finalmente, Jean-Pierre Grassi iniciou colaboração regular de forma fulgurante, com quatro textos em abril, e em maio publicou um texto.

O mês em que foram publicados mais textos foi o de setembro de 2008 (31); aquele em que menos textos foram publicados foi agosto (19).

164 dos textos publicados receberam comentários (58 % do total - mais do que os 55 % do ano anterior). O texto que mais comentários mereceu foi o de 25 de março intitulado "Liberdade – um ponto de vista de um profano" (24 comentários).

Até ao final do dia de ontem, recebemos 157.335 visitas, pelo que, descontando as 79.519 visitas recebidas nos dois primeiros anos, registámos neste terceiro ano de publicação do blogue, o interessante número de 77.816 visitas - um aumento de 47,5 % em relação ao ano anterior! -, com o pico no mês de março (8.298). Acresce que temos presentemente 159 inscritos para receberem mensagens de correio eletrónico com os textos publicados no blogue.

No terceiro ano do blogue, 75 % das visitas chegaram do Brasil. De Portugal registámos 20 % do total. 3 % das visitas foram oriundas dos Estados Unidos. Os restantes 2 % distribuíram-se pelos restantes países de onde recebemos visitas. O top -25 completa-se, por ordem descendente do número destas, com Itália, França, Suíça, Polónia, Japão, México, Grã-Bretanha, Bélgica, Grécia, Alemanha, Canadá, Moçambique, Argentina, Holanda, Uruguai, Colômbia, Austrália, Chile, Luxemburgo, Dinamarca, Espanha e Noruega.

Os três textos directamente mais vezes acedidos neste ano foram O sítio das tatuagens maçónicas , Cinco motivos para NÃO SER maçon e O mundo de Cláudia .

Os três marcadores mais consultados foram maçonaria, Acácia e aprendiz.

As três palavras-chave que mais visitantes trouxeram ao blogue foram "partir pedra", "como entrar na maçonaria" e "gomes freire de andrade".

Estes dados continuam a ser muito agradáveis. A todos os que nos lêem o nosso Bem Hajam. A equipa responsável pelo A Partir Pedra procurará, no quarto ano do blogue, continuar a merecer o vosso interesse.

Rui Bandeira

03 junho 2009

Da Loja - Capitulo II


Aproveitando uma questão posta por um dos leitores habituais deste espaço, relativa à numeração das Lojas, aproveito para mais um post sobre as Lojas.

Confesso aos leitores que não pesquisei sobre o que acontece na generalidade das Grandes Lojas, e por isso aqui vos deixo com o que penso ser o critério mais lógico.

Por deformação profissional, acredito que numa base de dados uma vez criado um número de ordem, este ficará indefinidamente associado à informação original, e se por acaso foi criado por erro (repetição de nome - vulgar por exemplo na saúde mas não vulgar em Maçonaria) então deverá ser queimado.

A cada Loja é atribuído um número, que conjuntamente com o nome distintivo escolhido e com o Oriente de reunião completam a identificação da mesma.

Os números são sequenciais e crescentes e acompanham a Loja do início ao fim.

Quero com isto dizer que não faz, para mim, qualquer sentido o aproveitamento do número de uma Loja que tenha abatido colunas no sentido de o atribuir a outra.

Uma Loja é um projecto de actuação. Que sentido faria a reatribuição do mesmo numero a uma Loja diferente com um projecto diferente.

Uma Grande Loja constrói a sua história, e esta é feita também de insucessos. Insucessos como sejam o desaparecimento de Lojas.

Do ponto de vista histórico há que manter uma certa coerência e logo a necessidade de manter inalterável o registo da existência em determinado momento de uma determinada Loja.

Do ponto de vista prático, quando vemos o número da Loja podemos perceber se ela é recente ou não pelo “tamanho” do mesmo. Ora se fizermos reaproveitamentos isto deixa de ser possível.

Indo um pouco mais fundo, creio que uma vez que a uma Loja abata colunas, elas não devem mais ser reerguidas pois o projecto não é seguramente o mesmo, os actores são outros, etc.

Por tudo isto é minha convicção que os números de ordem das Lojas não deverão nunca ser reutilizados.
José Ruah

02 junho 2009

Da Regularidade

No sitio( como o Rui Bandeira gosta de Dizer) da GLLP publicou o Grande Correio Mor a sua nota do mês de Junho.
Dado o tema que aborda e tendo em conta também os textos trazidos aqui a semana passada penso que faz todo o sentido publicar aqui, também, esta nota.


"
Não é maçon quem quer. Não é por alguém se proclamar maçon regular que efetivamente o é. Não é por uma organização se arrogar de integrar a Maçonaria que na realidade nela se integra. Não é por uma organização se pretender ou anunciar ser regular que realmente o é.

Um maçon deve ser reconhecido como tal por seus Irmãos - os demais maçons. Um maçon é maçon regular se assim for reconhecido pelos maçons regulares. Uma Obediência, uma Grande Loja ou um Grande Oriente, é regular se como tal for reconhecida pelas Potências regulares da Maçonaria.

O ato que identifica, aceita, proclama, uma Grande Loja ou um Grande Oriente como regular é o Reconhecimento.

Alguns - geralmente aqueles que não são reconhecidos como regulares ou que se integram em organizações que não são reconhecidas como Obediências Maçónicas Regulares - por vezes clamam que o reconhecimento é um mal, uma inutilidade, uma burocracia, uma forma de algumas Potências se arrogarem poder que não têm ou não deviam ter, porque - bradam esses - ser maçon é ou deveria ser um estado de espírito, uma postura ética, e tal seria do foro íntimo de cada um. e como cada um é livre de se associar a quem quiser, como quiser, quando quiser, todas as organizações que se reclamam de maçónicas deveriam como tal ser aceites.

Convém este raciocínio a quem não é reconhecido maçon regular ou às organizações que não são aceites como regulares...

Mas a Regularidade não é uma palavra nem um conceito oco. A Maçonaria regular é uma organização iniciática que segue princípios estritos - e que devem ser escrupulosamente seguidos. Ninguém é obrigado a ser maçon regular. Mas quem o quiser ser tem de seguir e praticar os Princípios da Regularidade - e fazê-lo de forma inequívoca, de forma a que os demais maçons regulares... reconheçam que assim é!

A Maçonaria Regular é o modelo original, instituído desde tempos imemoriais e organizado na sua forma moderna desde o início do século XVIII. É o produto genuíno. Aquele por que as imitações aspiram a ser tomadas. As imitações por vezes arrogam-se de serem o produto genuíno ou, pelo menos, de serem como o produto genuíno. Mas não o são! Daí que as Grandes Lojas e Grandes Orientes efetivamente seguindo escrupulosamente os princípios da Maçonaria Regular tenham que garantir que só quem cumpra essas regras seja aceite no honroso grupo daqueles que são reconhecidos pelos seus pares como regulares.

Ser maçon regular é difícil. Ser reconhecido como maçon regular implica o contínuo e incansável cumprimento das regras da regularidade, sempre, em todos os momentos e circunstâncias. E sujeitar-se ao escrutínio dos seus pares quanto a esse contínuo e efetivo cumprimento.

Daí que não seja regular quem se afirma como tal, mas apenas quem é reconhecido como tal pelos maçons e pelas Obediências regulares. Daí a necessidade de regras, de princípios de reconhecimento. Daí a imprescindibilidade do Reconhecimento - por muito que isso desagrade a quem não é reconhecido como maçon regular!

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é a única Obediência maçónica portuguesa reconhecida como regular pela Maçonaria Regular Universal. Pelas sete partidas do Mundo, por quase duzentos Grandes Orientes e Grandes Lojas. E integra-se de pleno direito e de corpo inteiro nesse restrito e honroso grupo das Potências Regulares. E ela própria reconhece como regulares perto de duzentas Obediências Regulares sedeadas nas sete partidas do Mundo.

Na parte do sítio dedicada ao Reconhecimento divulgam-se os princípios universalmente seguidos para que uma Potência Maçónica seja reconhecida pelas demais como Regular e a lista das Grandes Lojas e dos Grandes Orientes que reconhecem a GLLP/GLRP e são por esta reconhecidos como Regulares.

Rui Bandeira - Grande Correio Mor - sitio da GLLP www.gllp.pt "


Editado por
José Ruah

01 junho 2009

+ Lusofonia ...

Já confessei aqui (e noutros locais...) que sou um apanhadinho por África.
Pela África continental tanto como pela insular.


Hoje dei de caras com um artigo escrito por pessoal amigo e fixe de Cabo Verde, e embora não tenha qualquer relação direta com Maçonaria não deixa de ter o maior interesse para nós (na minha modestíssima opinião) na medida em que tudo o que significa relacionamento com "portugueses de outras nacionalidades", o seu bem-estar e a convivência fraternal que é mantida tem o maior significado para nós.
Ao fim e ao cabo falamos de uma outra "Irmandade", provavelmente não tão vasta, mas certamente com laços universais também.

E Cabo Verde faz bem a transição entre a África profunda e a Europa. Nas suas cidades espalhadas pelas ilhas Cabo-Verdeanas encontramos a África mais tipicamente africana para logo depois, é só saltar de ilha, entrarmos em cidade que só não está na Europa porque o Atlântico se meteu de permeio.

Mas o nacionalismo sentido dos Cabo-Verdianos não interfere, em nada, com o amor por Portugal e pelos portugueses. Pelo menos no que se refere aqueles que eu conheço.
Transporto então para aqui um artigo publicado no "Expresso das Ilhas" de Cabo Verde referente a um encontro que aconteceu no Porto.

A «constituição da diáspora», a «cidadania democrática», o associativismo emigrante, o semipresidencialismo fraco e a participação política dos não residentes: a propósito de uma agradável estada na Invicta

1. Voltamos a um tema que, há cerca de mês e meio, mereceu a nossa atenção neste mesmo espaço: o da participação na vida do país de origem das nossas comunidades emigradas ou, de uma forma geral, dos nacionais não residentes. Fazemo-lo depois de uma experiência muito gratificante num encontro com cabo-verdianos na cidade do Porto, a convite de uma muito empreendedora Associação cabo-verdiana do Norte de Portugal, dirigida por Martinho Ramos.
Desde logo, surpreenderam-nos a capacidade organizativa e de mobilização da Associação – com o apoio de outros grupos, como o Clube dos Estudantes Africanos - , a par de impressionantes vitalidade e vontade de participar nos assuntos que dizem respeito ao país de origem. O que favorece uma forte ligação a Cabo Verde, aos seus problemas de desenvolvimento, à actividade das instituições e responsáveis políticos, às minudências do viver crioulo nas ilhas, sem esquecer – o que é deveras expressão inequívoca de uma alma cabo-verdiana imensa, de uma comum mátria quiçá congenitamente (ou quase) avessa a amarras territoriais – uma funda e, portanto, indelével marca cultural autónoma.

2. Para além de ilustres convidados da comunidade académica do Porto e de autoridades municipais e consulares (estas, em representação dos países africanos de língua portuguesa), uma plateia constituída por cerca de duas centenas de estudantes, dirigentes associativos, académicos e quadros superiores originários de Cabo Verde pôde dialogar connosco sobre a temática que nos foi sugerido abordar, qual seja a do quadro constitucional das comunidades no exterior, em particular no que toca à participação política em Cabo Verde.

3. Quadro constitucional – o nosso -, diga-se, bem mais tributário, na regulação que faz, de um país de diásporas, do que muitos outros países de emigração ( por exemplo, Portugal), atravessado por uma concepção abrangente e alargada de cidadania, que parece até normativizar o que IOLANDA ÉVORA chamou a criação de «metáforas nacionais», através da constituição de uma cultura nacional sem fronteiras e de uma identidade cultural como sinónimo de identidade nacional [«… Na formação de um Estado-nação para além das fronteiras territoriais, procura-se o reforço do prolongamento dos elos entre o «eu» do emigrante e a nação num espaço mais alargado do que aquele fornecido pelos limites insulares; torna-se necessário garantir o duplo reconhecimento entre emigrantes/imigrantes e o Estado cabo-verdiano…»].
Assim se explica que, por exemplo, se tenha constitucionalizado a participação dos não residentes nas eleições legislativas e presidenciais; que os cidadãos cabo-verdianos havidos também como cidadãos de outros Estados não percam, por esse facto, a capacidade eleitoral activa [ como diz um reputado jurista luso, OLIVEIRA ASCENSÃO, o Estado de origem não é prejudicado pelo facto de os seus nacionais exercerem direitos políticos no Estado de destino. Pelo contrário, a duplicação de direitos é a projecção natural da dupla integração em que os emigrantes se encontram»].
Poderia, assim, dizer-se, seguramente com alguma propriedade, que uma tal evolução (da cidadania, do seu teor ou exigência) corresponde de alguma forma à evolução da visão do Direito, do Estado e da Constituição que vai, no nosso caso, do nacionalismo revolucionário à irrupção da democracia e no que se lhe segue. De uma cidadania, ao fim e ao cabo, acantonada numa dimensão jurídico-formal e consubstanciada numa ideia de pertença a um estado soberano e pela via do substrato político-ideológico daquele, a uma determinada perspectiva de identidade, melhor, leitura de «identidade» nacional (uma nação soberana com um destino ligado à África) a uma dimensão cidadã que acentua a componente individualista-liberal de matriz setecentista e, sobremaneira, a de participação. Diríamos, uma noção de cidadania que afina pelo diapasão do cosmopolitismo, que, designadamente, permite a compatibilização do ser cabo-verdiano com a titularidade de múltiplas nacionalidades.

4. Falou-se (e discutiu-se) sobre a dimensão da participação dos não residentes nas eleições nacionais em Cabo Verde, das dificuldades e dos condicionalismos a uma mais forte participação, verificando-se – se compararmos as eleições e 2001 e as de 2006, seja nas legislativas, seja nas presidenciais – um crescimento de recenseados e de votantes, em números absolutos, mas igualmente um aumento da abstenção
[1]. Falou-se (e discutiu-se) sobre a revisão constitucional em curso, particularmente no que se refere à diáspora, salientando-se a possibilidade de remoção (o que mereceu o nosso acordo, aliás, vindo já de alguns anos e manifestado em escritos diversos) ou não da regra constitucional vigente que limita apenas[2] – numa fórmula discutível do ponto de vista do princípio da igualdade do voto – o impacto do voto dos emigrantes, desde que ultrapassem um quinto dos votos apurados no território nacional (art.º112.º, n.º 2).

5. Abordou-se, de forma particular, a participação nas eleições presidenciais, salientando-se o facto de nenhuma outra eleição justificar tanto a participação de todos os cidadãos, tendo sobremaneira em consideração o sistema de governo vigente (o famigerado semipresidencialismo fraco, que, por sinal, vimos advogando, de forma notória e convicta, inclusivamente em escritos de cariz académico, para quem esteja atento e não tenha a memória enfraquecida ou dominada por fantasmas, desde os primeiros momentos da Constituinte, em 1992), os poderes presidenciais e as funções essenciais de representação, de unidade e de influência política e moral que cabem ao Chefe de Estado, pois fica irremediavelmente mitigado o argumento segundo o qual se corria o «risco» de os não residentes decidirem a sorte do país e não sofrerem as consequências das opções de política adoptadas («não parece justo que sejam pessoas nessas condições – que directamente não sofrerão as consequências da escolha – a determiná-la, impondo-a aos cidadãos residentes no país, esses, sim, directamente afectados por ela» - diz-se).

5. Falou-se (e discutiu-se), enfim, sobre uma hipotética (futura) participação em eleições municipais, na integração social e cultural nos países de residência, a dimensão, a natureza e a suficiência (ou não) das instituições existentes – ao nível do Estado e da administração pública cabo-verdiana, incluindo das que estão sediadas nos estados de acolhimento – e até das vantagens da participação política nos países de acolhimento. Falou-se e discutiu-se com interesse vivo, com paixão muitas vezes, amiúde na base de pressupostos indemonstrados ou falsos, mas, diga-se também, com elevação e respeito pela diferença (não é assim, Silas Leite e Iolando?).

6. Concluiu-se que, se somos realmente diáspora, temos de ser uma diáspora de cidadãos.
Rematámos que (nosso entendimento) o quadro de participação política deve apenas estar condicionado pela regra da incompatibilidade com a ausência do território nacional. Mas a exigência de realização de uma diáspora de cidadãos, a imposição (constitucionalizada) de uma noção de cidadania que não tem como critério as fronteiras físicas do Estado mas que ainda se mantém e alarga aos que mantêm até outra nacionalidade (a do estado de residência) – o «re-significar o ser cabo–verdiano» (IOLANDA ÉVORA) - implica que seja excepção o limite à participação e, não, a regra. Tudo deve ser, pois, feito, para que se reduzam as dificuldades de realização dos princípios fundamentais de um processo eleitoral genuíno, transparente e justo, de forma a garantir, nomeadamente, a seriedade do voto.

7. Bem, houve depois o porto de honra, o convívio generalizado, as perguntas menos discretas, as respostas diplomáticas por vezes, as confidências e as queixas, as mantenhas e a sessão das batucadeiras-estudantes a criar um ambiente de comunhão e de festa, a desaguar no jantar e sarau musical em Gondomar, na demonstração da capacidade de intervenção e de diplomacia dos nosso anfitriões, o Martin, o Keita, o Marco, o Garcia, a Betânia, a Edna, o Mariano, o Caló, a Filomena Paiva e tantos outros que agora recordo com amizade e a quem dedico esta crónica singela e prazenteira.

PS: Meu caro Ludgero, essa cuidada e singelíssima arrumação que fez da direita e da esquerda, francamente… achei piada. Mas fica para depois, que a redacção já não espera mais.jcafa@yahoo.com/jcfonseca@cvtelecom.cv

[1] Nas legislativas de 22 de Janeiro de 2006, num horizonte de 51.602 eleitores (muito longe da realidade demográfica da nossa emigração - 15,97% do total de eleitores), só exerceram o seu direito de voto 11.270 eleitores, o que equivale a uma taxa de abstenção de 78,16%, superior à de 14 de Janeiro de 2001 que era de 73,01% (No total de 28.004 eleitores só votaram 7558). Nas Presidenciais de 12 de Fevereiro de 2006, num total de 51.534 eleitores, votaram 11.344, correspondendo a 77,99% de abstenção, quando em 2001 ela tinha sido de 67,3% (No total de 28.004 eleitores votaram 9157).
[2] Ela não condiciona a participação dos emigrantes nas eleições presidenciais, como o faz, por exemplo, a Constituição portuguesa segundo a qual: «a lei regula… devendo ter em conta a existência de laços de efectiva ligação à comunidade nacional». A ideia de «comunidade nacional», como é formulada na CRP, não é a histórica e culturalmente ligada à existência da diáspora cabo-verdiana; a CRCV parece sufragar não uma noção territorial mas cultural de comunidade nacional.

Agradeço ao "Djibla", Amigão, cidadão cabo-verdiano, ex-campião nacional (português) de ténis de mesa, que me recebeu como um príncipe quando o visitei, as notícias que me vai mandando de S.Vicente.

Aquela "Baía das Gatas"... aquela "Baía das Gatas" é um pedaço único de mundo !!!

Mas não está só, não... Parece contradição mas não é, há por lá mais... pedaços únicos de mundo. Eu vi !

JPSetúbal

29 maio 2009

A Corrida

Ora bem, cá estamos em véspera de fim de semana.
Aqui Vos deixo um vídeo para meditar.
É bom que haja quem fixe estas imagens e as apresente a público para as vermos. Só não sei se são vistas por quem mais precisaria de as ver... mas isso é outra "guerra".
No dia em que os homens percebam que não existem para passar rasteiras uns aos outros mas antes, para se apoiarem e salvarem, teremos todos ultrapassado a crise.

A verdadeira, claro !



Gabriel Garcia Marquez - Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo, quando vai ajudá-lo a levantar-se.

Bom fim de semana

JPSetúbal

28 maio 2009

Maçonaria Entreaberta - III

Maçonaria Entreaberta - 3ª e ultima parte


Caso não se atinja essa dimensão, estarão sempre os maçons dominados pelas suas paixões visando objectivos materiais sem projecção espiritual... serão perfeccionistas do ritual, serão grandes doadores para obras de caridade, serão impecáveis nos seus atavios, medalhas, cordões e condecorações, mas pouco terão contribuído para o verdadeiro despertar das suas consciências, ou das dos outros. Pouco poderão contribuir, se a tão pouco se limitarem, a favorecer que a sociedade venha a ser de facto melhor.
Para se chegar a um tal nível, é necessário que tenhamos a visão das três idades que todos atravessamos: a do Pai ou da dependência, a do Eu, ou egocêntrica, e a do Nós ou da solidariedade.
Isto é, o ser humano quando nasce, e quantas vezes até morrer, nunca passa da fase inicial de dependência ou subordinação, primeiro dos pais ou do pai, depois dos professores ou tutores, depois dos amigos, dos patrões, dos leaders, enfim de quem não o permite ser livre por si próprio.
Outros há, que ultrapassam esta fase, entram na do Eu, egocêntrica e competitiva, normalmente com aspectos estimulantes de realização pessoal e profissional em função de metas materiais, atingindo quantas vezes os chamados padrões de sucesso e de convergência europeus, de felicidade e qualidade de vida, mas quantas vezes espezinhando os que encontram no seu caminho.
Não são todos, aqueles que conseguem ascender à terceira fase, a do Nós. A da solidariedade, que pressupõe responsabilidade social, sublimação de interesses materiais, conciliação entre objectivos individuais legítimos, e objectivos de interesse colectivo. Na fase do Nós, a espiritualidade é consequente, é actuante, e não apenas um rictus exterior para salvar aparências, ou apaziguar temores do desconhecido.
O momento da iniciação deveria ser, para aqueles que ainda não atingiram o terceiro degrau das suas vidas, o primeiro degrau de subida a esse nível de consciência, o verdadeiro primeiro dia do resto da suas vidas... A iniciação deveria ser sempre uma porta, um porta mais larga, com mais luz para o Nós, para consciência dos valores universais e espirituais milenários, que a Maçonaria regular representa.
A partir daqui, abre-se ao maçon regular, um caminho... ele aprenderá a comunicar pela palavra, e desde logo pelo juramento; ele aprofundará a capacidade de comunicar pelo gesto, e desde logo pelo colocar-se à ordem de aprendiz; enfim ele conseguirá com a ajuda dos seus irmãos aprender a comunicar pela mente, desde logo, pela primeira vez que se encontre numa cadeia de união.
Assim, ascenderá triplamente, oralmente, gestualmente e mentalmente, a uma nova forma de conhecimento, de si próprio, e dos outros, que como ele iniciados, passará a reconhecer e a tratar por Irmãos.
Se aqueles, que estiveram com a Grande Loja Regular até aos infaustos acontecimentos de 7 de Dezembro e depois a decidiram abandonar, tivessem mais cultura maçónica, se estivessem todos na fase do Nós, se tivessem ultrapassado as fases do Pai, e do egocentrismo do Eu, se já soubessem comunicar não só pela palavra, pelo gesto, mas também pela mente, não teriam afrontado a Maçonaria como o fizeram.
Não teriam eles sido, sim como foram, as vítimas da sua insaciável sanha anti espiritual, porque deixaram prevalecer as suas mesquinhas motivações profanas de interesses de poder material, sobre a responsabilidade do dever maçónico, que não compreenderam, que renegaram e que abandonaram.
Durante a crise aliás, verificou-se a simpatia senão mesmo a adesão aos valores da maçonaria universal pela reacção positiva de vários sectores da sociedade civil, e por uma opinião pública mais conhecedora dos fenómenos iniciáticos. Cedo se compreendeu, pela exposição à comunicação social, que o conflito tinha por génese a purificação da Maçonaria regular, de desvios que a viciavam, contrariando a sua abertura legítima ao mundo profano.
Os ex-maçons, que pelo uso da força e da mentira, violaram a lei civil e a tradição maçónica cometeram em auto-autópsia, um autêntico suicídio maçónico.
Ficou pois, finalmente claro depois da crise da maçonaria regular, quem ficou do lado da legalidade, da moralidade, da regularidade. Enfim, quem é Maçon...
Hoje, sem qualquer dúvida, a nível nacional ou internacional, a Maçonaria regular e universal está representada em Portugal pela Grande Loja Regular de Portugal, designação da assembleia geral da associação cultural sem fins lucrativos, constituída notarialmente segundo a lei portuguesa, sob a denominação de Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.
A Grande Loja, que prosseguiu sem soluções de descontinuidade a sua actividade, congrega múltiplas lojas em todo o País, e mantém relações fraternas com a larga maioria das obediências maçónicas estrangeiras que integram a maçonaria universal, e continua a sua actividade ritual e espiritual, como é dos landmarks, no respeito das leis democráticas portuguesas, das suas autoridades legítimas, da moral social, e da Tradição ancestral maçónica universal.
A Maçonaria regular tem em Portugal, como tem em todo o mundo, um amplo horizonte de serviços a prestar à sociedade em que se insere, e à Humanidade em geral, pois os maçons, na vida profana, e pelo seu exemplo, devem constituir valores seguros de referência.
Devem os maçons envolver-se individualmente, que não em nome da Maçonaria, em projectos sociais, culturais, científicos, económicos e de solidariedade que sob o ângulo da responsabilidade e exigências de profissionalismo e justiça social contribuam para o avanço espiritual da sociedade.
A Sociedade, a Humanidade, só progride se conseguirem condições generalizadas de Paz, de Harmonia, de Fraternidade, de Solidariedade e de Tolerância entre aqueles que partilhem destes valores. As sociedades e a Humanidade serão tanto mais justas quanto menos excluídos sociais houver... só que a exclusão e a marginalidade social não afecta só os pobres de bens materiais, afecta, e de que maneira, os pobres de espírito.
Cabe em geral aos homens de boa vontade, e em especial aos maçons regulares, entre outros iniciados, tudo fazerem para que o advento do III milénio represente um efectivo progresso para a condição humana, para que cada vez haja menos excluídos de um processo de espiritualidade ascendente à compreensão do nosso destino críptico.
Apela-se pois a todos os que lerem estas linhas, Homens de Boa Vontade, e Meus Irmãos:
Confiemos no Grande Arquitecto do Universo, prossigamos a obra infindável do despertar das consciências, sejamos todos melhores num mundo que só assim melhorará, pela generalização da prática dos valores espirituais universais. A porta da Maçonaria fica pois, mais uma vez, entreaberta.....a todos Nós....em particular, aos que têm os pés na terra, a cabeça no céu, e o coração com o dos outros...
Luis Nandim de Carvalho - 1997
Editado por
José Ruah