Os segredos de Rosslyn (II)
(... continuação)
Plano de Rosslyn
Wilson iniciou um levantamento de toda a cidade de Jerusalém para a padronização do Levantamento de Artilharia em 1865 e, em Fevereiro de 1867, o tenente Warren chegou para empreender uma escavação dentro das galerias debaixo da área do Templo. Um dos diversos diagramas produzidos por Warren Ilustra o grau de dificuldade que eles encararam e ajuda a explicar o porquê dos Cavaleiros Templários terem levado nove anos para realizar as suas escavações.
A maior parte da edificação de Rosslyn foi projectada como uma interpretação da visão de Ezequiel da Jerusalém reconstruída ou "celeste" com suas muitas torres e pináculos. Uma das partes da edificação que é claramente diferente é a parede ocidental que foi construída em proporções maiores. A explicação oficial para esta escala maior é a de que a própria "capela" seria somente uma capela lateral de uma igreja colegiada muito maior. Os actuais guardiões de Rosslyn admitem que esta explicação é uma suposição, uma vez que não existem evidências de que esta fosse a intenção de William St Clair. Certamente, qualquer parede que permanecesse sozinha poderia ser parte de uma edificação que tenha sido praticamente demolida. Neste caso há uma terceira opção: a de que a parede seja uma réplica de uma edificação praticamente demolida, deste modo, nunca haveria uma outra parte - nem actual, nem pretendida.
Inicialmente, parecia ser assim, embora fosse impossível encerrar de modo conclusivo o debate.
Após a publicação do nosso livro anterior, estivemos em contacto com um grande número de pessoas, muitas das quais possuíam informações para nós ou estavam em posição de nos ajudar. Entre estas pessoas encontrava-se Edgar Harborne que é um conceituado Maçon, sendo um Past Grande Mestre de Cerimónias Assistente da Grande Loja Unida da Inglaterra.
Edgar é também um estatístico e integrava uma sociedade de pesquisa na Universidade de Cambridge, onde era patrocinado pelo Ministro da Defesa para analisar a rendição e os pontos cruciais dos campos de batalha. Ele foi capaz de confirmar que a nossa tese a respeito da morte de Seqenenre Tao, o rei da décima sétima dinastia do Antigo Egipto, era altamente plausível devido aos ferimentos que não eram totalmente típicos daqueles encontrados em antigas batalhas.
Edgar foi perspicaz ao visitar Rosslyn em companhia do seu bom amigo Dr. Jack Millar que é o director de estudos de uma famosa universidade. Felizmente para nós, Jack é um geólogo de considerável fama, com aproximadamente duzentas publicações académicas em seu nome.
No inicio de Agosto de 1996, Edgar e Jack voaram até Edimburgo onde nos encontrámos, numa sexta-feira à tarde, e imediatamente nos dirigimos para Rosslyn para uma avaliação do terreno como precursora de uma investigação de solo mais profunda. Lá, encontrámo-nos com Stuart Beattie, o director de projecto de Rosslyn, que gentilmente nos abriu o edifício. Edgar e Jack passaram algumas horas absortos pela beleza e complexidade da obra de arte, e então retirámo-nos para o hotel para discutir o nosso plano de acção para o dia seguinte. Ambos os homens estavam muito excitados e conversámos muito sobre o que tinhamos visto. Entretanto, Jack esperou até o café da manhã do dia seguinte para nos contar que ele tinha notado algo sobre a parede ocidental que ele acreditava que acharíamos interessante. Quando voltámos a Rosslyn ele explicou:
"Este debate sobre se a parede ocidental é uma réplica de uma ruína ou uma secção inacabada de uma edificação muito maior...", disse Jack, apontando para o lado do noroeste. "Bem, há somente uma única possibilidade - e eu posso assegurar-lhes que vocês estão correctos. Aquela parede ocidental é um disparate".
Nós ouvimos atentamente as razões que poderiam provar os nossos argumentos. "Há duas razões do porquê de eu poder assegurar que isto é um disparate. Inicialmente, enquanto aqueles suportes possuem uma integridade visual, os mesmos não possuem nenhuma integridade estrutural; a cantaria não está presa completamente à secção central principal. Qualquer tentativa de construir além teria resultado em um colapso estrutural... E o povo que construiu esta "capela" não era tolo. Eles simplesmente nunca pretenderam ir além". Nós olhámos para onde o Jack estava a apontar e pudemos ver que ele estava absolutamente certo.
Ele continuou: "Ainda mais, venham até aqui e dêem uma olhada nas pedras de canto". Jack andou até o canto e nós seguimo-lo, de modo que todos estivéssemos diante das desiguais paredes arruinadas que possuíam pedras projectando-se na direcção do ocidente. "Se os construtores tivessem interrompido o trabalho por causa da falta de dinheiro ou apenas para completarem posteriormente, eles teriam deixado um trabalho de cantaria perfeitamente esquadrinhado, mas estas pedras tinham sido deliberadamente trabalhadas para aparentar estarem danificadas - exactamente como uma ruína. Estas pedras não foram expostas às intempéries como aquela... Elas foram cortadas para parecerem com uma parede arruinada".
A explicação de Jack foi brilhantemente simples.
No início daquele ano, nós tinhamos trazido o Professor Philip Davies, do Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade de Sheffield e o Dr. Neil Sellors, um colega de Chris, até a Escócia onde fomos convidados do Barão St Clair Bonde, um descendente directo de William St Clair e um dos conservadores da Capela de Rosslyn.
Nós dirigimo-nos à inacreditavelmente bela moradia do Barão em Fife onde nós fomos muito bem recebidos por ele e pela sua esposa sueca, Christina, e onde nos foi servida uma esplêndida refeição sueca e nos foi apresentado um outro conservador, Andrew Russell e sua esposa Trish.
Na manhã seguinte, fomos todos visitar Rosslyn onde o Professor Davies tinha marcado um encontro com seu velho amigo o Professor Graham Auld, o Reitor da Divindade da Universidade de Edimburgo. Os dois pesquisadores bíblicos estudaram a edificação por dentro e por fora e então dirigiram-se ao longo do vale para a ver de uma certa distância. Ambos os homens conheciam muito bem Jerusalém e de facto concluíram que a construção era um notável remanescente do estilo herodiano.
Olhando a partir do exterior da parede norte, Philip repetiu as suas impressões: "Este não se parece com qualquer lugar de veneração cristã. A impressão esmagadora é a de que foi construída para abrigar algum grande segredo medieval".
Juntando os argumentos destes conceituados académicos das universidades de Cambridge, Sheffield e Edimburgo, parece que nós tinhamos provado o nosso argumento de que Rosslyn foi projectada como uma réplica do Templo de Herodes.
O Barão St Clair apontou que mais de 50% do grande número de figuras esculpidas na edificação seguram rolos de pergaminhos ou livros e um pequeno friso é arrematado com uma cena que parece mostrar algo como rolos de pergaminhos a serem colocados em caixas de madeira com uma sentinela colocada portanto uma chave encimada com um esquadro. O esquadro é uma peça fundamental do simbolismo maçónico. Esta e outras evidências a partir das esculturas convenceram-nos de que os manuscritos dos Nazoreanos que nós já sabíamos terem sido removidos debaixo do Templo de Herodes pelos Cavaleiros Templários estavam aqui em Rosslyn.
Uma Linha de Conhecimento
Sempre nos impressionou, como uma forte curiosidade, que o nome da "capela" é escrita como Rosslyn, enquanto que o da vila em torno desta é escrita como Roslin. Ao pesquisarmos sobre esta diferença, foi-nos dito que se passou a escrever o nome com um duplo "s" e com "y" somente a partir da década de 1950 como uma forma de tornar o lugar um pouco mais celta.
Nós sabemos que os lugares com nomes celtas possuem sempre um significado, mesmo sendo estes muito cumpridos, como a vila gaulesa de Llanfairpwllgwyngethgogerwyllyndrobwllllantisiliogogogoch, e que contém uma completa descrição do lugar. (esta última significa: A Igreja de Santa Maria próxima ao rápido moinho d'água ao lado da côncava aveleira branca oposta à caverna vermelha de São Sílio). Assim, ficámos curiosos sobre o significado gaélico de "Roslin" que frequentemente tem sido explicada como uma queda dágua ou promontório, apesar desta não descrever o local nem agora e nem em qualquer época passada. As palavras comuns em gaélicos para promontório são roinn, rubha, maoil ou ceanntire e para queda d'água são eas ou leum-uisge. Um significado adicional para Ross, ocorrendo apenas em nomes de origem irlandesa, é promontório de madeira, que somente se poderia formar usando esta definição, se o nome possuísse conexões irlandesas (ou se os pesquisadores anteriores tivessem usado um dicionário gaélico-irlandês por engano).
Com fluência em gaélico, Robert sabia que o som fonético "Roslin" poderia ser escrito como "Rhos Llyn" que significa "lago acima do pântano". Sem ser surpreendente, entretanto, estas palavras oriundas de Gales não descrevem o lugar de forma melhor que as irlandesas e, deste modo, procuramos as duas sílabas num dicionário gaélico-escocês que nos forneceu a seguinte definição:
- Ros: um substantivo que significa conhecimento.
- Linn: um substantivo que significa geração.
Parece que em gaélico, Roslinn poderia ser traduzido por conhecimento das gerações.
Estamos certos de que confiar em dicionários resulta sempre em traduções curiosas e sendo assim, decidimos recorrer a alguém que realmente conhecesse a língua gaélica (correctamente conhecida por gaélica e nunca como gaulesa).
Durante uma visita à Grande Loja da Escócia em 1996, fomos apresentados à Tessa Ransford, a directora da Biblioteca de Poesia Escocesa em Edimburgo. Nós ficámos extremamente lisonjeados ao descobrir que ela, uma notável poetisa escocesa, tinha escrito um poema para louvar o nosso livro anterior. Um dos propósitos principais da Biblioteca é tornar acessível ao público a poesia da Escócia em qualquer língua que tenha sido escrita; isto significa que Tessa, que é casada com uma pessoa fluente em gaélico, se reunia regularmente com um grande número de pessoas que possuíam um conhecimento detalhado da língua.
Nós contactamos a Tessa e pedimos para ela verificar se a nossa interpretação do nome Roslin estava correcta e ela gentilmente concordou em discuti-la com especialistas desta língua. Alguns dias mais tarde, ela procurou-nos dizendo que a nossa tradução não tinha considerado uma significante pista contida na palavra "Ros" que mais correctamente carrega um significado que a faz ser mais especificamente ser "antigo conhecimento"; deste modo, a tradução que ela confirmava era mais precisamente: antigo conhecimento passado ao longo das gerações.
Tessa e os seus colegas estavam realmente excitados e nós estarrecidos com esta ainda mais poderosa interpretação que aparentava encaixar-se perfeitamente com o propósito de Rosslyn ser considerada como um santuário de antigos manuscritos.
A próxima questão era: quando é que a palavra "Roslin" ou "Roslinn" (uma vez que não havia uma padronização da escrita naqueles dias) foi usada inicialmente? Nós sabíamos que ela era anterior à construção da "capela" de William St Clair, o que poderia indicar que os manuscritos removidos debaixo do Templo de Herodes tinham sido mantidos no castelo antes da "capela" ter sido construída.
Através de uma breve investigação, rapidamente descobrimos que a história dos St Clair, na Escócia, iniciara-se com um cavaleiro chamado William St Clair que popularmente era conhecido como William, o Gracioso. William era natural da Normandia e a sua família era conhecida oponente do Rei Guilherme I, o normando que conquistou a Inglaterra em 1066. William St Clair considerava que ele possuía um bom motivo para reivindicar o trono da Inglaterra através de sua mãe Helena, que era filha do quinto Duque da Normandia, uma vez que Guilherme, o Conquistador, era o filho ilegítimo de Roberto, Duque da Normandia, com a filha de um curtidor que se chamava Arletta. A família St Clair ainda se refere ao Rei Guilherme I simplesmente como Guilherme, o Bastardo.
William, o Gracioso, foi o primeiro St Clair a mudar-se da Normandia e naturalmente falava apenas o francês, mas o seu filho Henri foi educado sob a forte regra celta de Donald Bran e, deste modo, falava o gaélico tão bem como o francês normando (assim como todos os St Clair posteriores até o tempo de Sir William, o construtor da "capela"). Nós descobrimos que foi este Henri St Clair quem primeiro portou o título de Barão de Roslin, logo após ter voltado da Primeira Cruzada.
Esta data foi um grande desapontamento para nós uma vez que ela desestruturou a nossa bela teoria. Henri teria voltado da Cruzada por volta do ano 1100, oito anos antes dos Templários iniciarem suas escavações, e deste modo o nome Roslin (antigo conhecimento passado ao longo das gerações) não poderia ser uma referência aos manuscritos que nem ainda tinham sido descobertos. Contudo, nós reflectimos e pensámos que tinhamos descoberto algo novo e muito importante para a nossa pesquisa. Nós recusávamo-nos a acreditar que seria uma mera coincidência o facto de Henri ter usado um nome de tal significado para o seu novo título e, sendo assim, começámos a pesquisar em busca de novas pistas.
Logo após, descobrimos que Henri St Clair tinha lutado nas Cruzadas e marchado para Jerusalém ao lado de Hugues de Payen, o fundador dos Cavaleiros Templários. Além disso, após Henri ter escolhido "Roslin" como seu título, Hugues de Payen casou-se com a sobrinha de Henri e foram-lhe dadas terras na Escócia como um dote. As conexões estavam além da controvérsia, mas o que é que elas significavam? Henri estava, através da escolha de seu título, sinalizando que possuía um conhecimento especial da antiga tradição, ou era, talvez, apenas uma partida pregada por Henri para seu próprio divertimento? Parece que a nossa intuição de que o os nove Cavaleiros que formavam os Templários sabiam o que estavam procurando estava correcta, mas nós não poderíamos imaginar como eles poderiam saber o que estava enterrado sob o Templo de Herodes. Talvez, um melhor estudo da edificação revelaria alguma pista.
Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da Babilónia
A nossa descoberta de que Rosslyn possuía conexões incontestáveis com os graus da Maçonaria moderna causou muito interesse após a publicação d'A Chave de Hiram e muito pesquisadores nos procuraram. Um deles era um historiador maçónico da Bélgica chamado Jacques Huyghebaert. Jacques enviou-nos um e-mail perguntando-nos sobre a origem da inscrição em latim gravada no arco da Capela de Rosslyn que tinhamos mencionado no nosso livro. Traduzida ela significa:
O VINHO É FORTE,
UM REI É MAIS FORTE,
AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES.
MAS A VERDADE CONQUISTARÁ A TODOS.
Este estranho lema é a única inscrição original em toda construção e era claramente de muita importância para William St Clair na década de 1440.
A mensagem electrónica de Jacques dizia:
Vocês poderiam me fornecer a versão original em latim desta inscrição que está esculpida no Santuário de Rosslyn? Vocês seriam capazes de a datar?
... Vocês conhecem um grau [maçónico] complementar que se ocupa da relação entre Vinho, Reis, Mulheres e a Verdade?
Este grau é chamado de "Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha da Babilónia" ou da "Ordem do Caminho da Babilónia" e na Inglaterra está intimamente relacionado ao Real Arco.
... O seu ritual é baseado no Livro de Esdras e os eventos que ocorreram durante o Cativeiro da Babilónia... De acordo com a lenda maçónica deste grau, Zorobabel, o Príncipe de Judá, solicitou uma audiência no Palácio na Babilónia, de modo a obter permissão para reconstruir o Templo do Altíssimo em Jerusalém.
O Rei da Pérsia, demonstrando a sua boa vontade sobre esta permissão, disse "que tem sido um costume desde tempos imemoriais, entre os Reis e os Soberanos desta região, em ocasiões como esta propor certas questões". A questão que Zorobabel deveria responder era: "Qual delas é a mais forte, a Força do Vinho, a Força dos Reis ou a Força das Mulheres?"
Nós estávamos muito empolgados com as boas novas e respondemos a Jacques, dizendo que a existência desta inscrição em Rosslyn e o seu uso num alto grau da Maçonaria deveria estar além da coincidência. Ele respondeu-nos:
Como vocês disseram, isto deve estar além da coincidência. Entretanto, eu recomendaria sermos cautelosos... Vocês poderiam verificar se esta inscrição não foi esculpida por um "espertinho" no século XIX ou XX, que tinha conhecimento deste grau, e a adicionou discretamente durante um recente trabalho de restauração?
Se, entretanto, por acaso a inscrição em latim em Rosslyn provar ser mais ANTIGA do que 1700, então não haverá dúvida de que vocês fizeram uma GRANDE DESCOBERTA, pois esta seria a primeira prova irrefutável de que os rituais dos altos graus eram trabalhados na Escócia tempos antes do seu lugar geralmente aceito e do seu período de criação: em França, após o ‘Discurso" do Chevalier Ramsay, isto é, a partir da década de 1740.
Imediatamente contactámos Judy Fisken, que era a curadora de Rosslyn àquela época, para estabelecer a origem da inscrição. Judy informou-nos que a pedra na qual a inscrição se encontrava gravada era uma parte intrínseca da estrutura da edificação e que ela estava certa de que as palavras gravadas datavam da construção da "capela", em meados de 1400. Assim, escrevemos a Jacques:
"As hipóteses da inscrição em latim ser uma adição posterior são iguais a zero. Nenhuma área do interior foi deixada sem ser esculpida e estas palavras não foram certamente sobrescritas a qualquer outra existente. O tipo de fonte certamente corresponde a do século XV. Também até 1835, a conexão maçónica com o edifício não era ainda amplamente conhecida para que alguém tivesse embocado sobre o pilar Jachin, fazendo parecer exactamente como os demais pilares, de modo que o significado maçónico dos pilares gémeos fosse escondido".
Uma noite, nós discutimos esta abordagem com Philip Davies e na manhã seguinte dirigimo-nos ao escritório de Chris com uma fotocópia dos dois Livros de Esdras que fazem parte apócrifa da Bíblia. Nós mantivemos Jacques a par das nossas pesquisas.
O Professor Philip Davies veio junto de nós com uma tradução completa do Livro de Esdras. A parte que nos interessou não é muito extensa, mas muito curiosa! Acredita-se que no texto original não havia o termo a "verdade" que fora adicionado posteriormente por um autor judeu.
O Rei tinha pedido à sua guarda pessoal para dizer o que era a coisa mais forte e contou-lhes que aquele que fornecesse a resposta mais sábia tornar-se-ia um igual ao Rei e desfrutaria de grandes riquezas. O homem que disse "a verdade é a mais forte" é feito nobre e então diz ao Rei:
"Lembrai de vosso juramento que fizestes um dia quando vós vos tornastes Rei, construir Jerusalém, e que enviaria de volta todos os vasos sagrados que foram tomados de Jerusalém que Ciro havia protegido quanto destruiu Babilónia e que prometera enviar para lá. Vós também jurastes construir o Templo que os Edomitas queimaram quando a Judeia caiu diante dos Caldeus".
Isto era importante para William St Clair, pois Rosslyn era a sua reconstrução do Templo, baseada no modelo do Templo de Herodes e na visão de Ezequiel da Nova Jerusalém.
Como você disse, tudo isso não pode ser coincidência.
Neste meio tempo, nós tinhamos inquirido os nossos companheiros Maçons por qualquer informação sobre o ritual dos Cavaleiros da Passagem da Babilónia e descobrimos a nossa primeira referência numa publicação maçónica.
Cruz Vermelha da Babilónia: O mais profundo e místico dos Graus Maçónicos
Associados, este grau é similar aos graus 15º (Cavaleiro da Espada ou do Oriente), 16º (Príncipe de Jerusalém) e 17º (Cavaleiro do Oriente e do Ocidente) do Rito Escocês Antigo e Aceito. Os três pontos ou partes da cerimónia descendem de três dos graus praticados nos meados do século XVIII. Parte da cerimónia é semelhante à Passagem dos Véus dos ritos escoceses e do Campo de Balduíno... Para ser um membro dos Graus Maçónicos Associados você deve ter sido tanto um Maçon do Real Arco, como um Mestre Maçon da Marca.
Agora que sabíamos que o grau existia sob os auspícios do Grande Capítulo, rapidamente localizámos o ritual e este era uma fascinante leitura. O "Campo de Balduíno", pensámos inicialmente, parecia ser uma referência ao acampamento dos Cavaleiros Templários no terreno arruinado do Templo de Herodes sob os auspícios do Rei Balduíno de Jerusalém, mas logo aprendemos que estava associado com um antigo grupo de Maçons de Bristol.
O título completo do grau é Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilónia ou da Passagem da Babilónia. Ele consiste em três dramas ritualísticos, ou pontos, que narram três incidentes retirados dos capítulos 1-6 do Livro de Ezra, dos capítulos 2-7 do Livro de Esdras e dos capítulos 1-4 do Livro 11 d'As Antiguidades dos Judeus, de Josephus.
Este grau narra detalhadamente os motivos e os propósitos da reconstrução do Templo de Jerusalém. O líder do grau, conhecido como Mui Excelente Chefe, marca o exacto ponto na abertura do grau quando ele propõe a seguinte questão:
- Excelente Primeiro Vigilante, que horas são?
Ele recebe a seguinte resposta:
- A hora da reconstrução do Templo.
O ritual prossegue dizendo que Dario concordou em apoiar Zorobabel, o Príncipe de Judá, e emite um edito que permite a reconstrução do Templo e "ainda mais, os vasos de ouro e prata que Nabucodonosor tinha tomado serão restaurados e colocados em nos seus devidos lugares". Neste ponto da cerimónia, Dario nomeia o candidato, que faz o papel de Zorobabel, um cavaleiro do Oriente, e dá-lhe uma fita verde ornada com ouro o que significa a iniciação nos mistérios secretos.
Antes de ser permitido a Zorobabel deixar a corte de Dario e retomar a sua tarefa de reconstrução do Templo, é-lhe colocado (e a mais dois companheiros) um enigma por parte de Dario, cuja resposta correcta os cobrirá de grande prestígio e honra:
O grande Rei faz através de mim conhecido o seu contentamento e deste modo cada um de vós três dará a sua opinião em resposta à questão. O que é mais forte, o Vinho, o Rei ou as Mulheres?
O ritual então conta-nos as três respostas que foram dadas ao enigma de Dario. O primeiro jovem disse que o vinho era o mais forte porque ele podia alterar a mente e o humor de qualquer um que o bebesse; o segundo jovem disse que o Rei era o mais forte, pois, mesmo os soldados eram obrigados a lhe obedecer. Na vez do candidato Zorobabel falar, o ritual coloca as seguintes palavras na sua boca:
Ó, Senhores, é verdade que o vinho é forte, bem como os homens e o Rei; mas quem controla a todos? Certamente, as Mulheres. O Rei é o presente de uma mulher. As mulheres são as mães daqueles que trabalham nos vinhedos que produzem os vinhos. Sem as mulheres, os homens não podem existir. Um homem faz de facto coisas tolas pelo amor de uma mulher; dá a ela valiosos presentes e, algumas vezes, mesmo vende-se a si mesmo à escravidão por sua saúde. Um homem deixará o lar, o país e os títulos de nobreza pelo seu bem.
Ó, Senhores, não são as mulheres fortes, haja visto o que elas podem fazer?
Mas nem as Mulheres, o Rei ou o Vinho são comparáveis à poderosa força da Verdade. Como todas as outras coisas, eles são mortais e transitórios; mas somente a Verdade é imutável e eterna. Os benefícios que dela recebemos não variam com o tempo e com a fortuna. No seu julgamento não há injustiça; e ela é a sabedoria, a força, o poder e a majestade de todas as épocas.
Abençoado seja o Deus da Verdade.
Grande é a Verdade e poderosa é sobre todas as coisas!
Em face de tal evidência, ninguém pode negar que William St Clair era conhecedor deste grau maçónico que, até o presente momento, se acreditava inicialmente ter sido praticado após 1740. Ele é pelo menos trezentos anos mais antigo - e nós em breve descobriríamos evidências que o dataria para mais longe ainda.