14 dezembro 2006

Oitavo Landmark

Os Maçons juntam-se, fora do mundo profano, nas Lojas onde estão sempre expostas as três grandes luzes da Ordem: um volume da Lei Sagrada, um esquadro, e um compasso, para aí trabalhar segundo o rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e os Regulamentos Gerais de Obediência.

A unidade fundamental da Maçonaria é a Loja, um conjunto autónomo de maçons utilizando o mesmo rito, isto é, o mesmo conjunto de textos e actos pelo qual se busca a concentração dos presentes e que é utilizado como fonte de significados simbólicos a serem apreendidos e desenvolvidos pelos maçons, como forma e método do seu aperfeiçoamento moral.

A Loja é um espaço de união e de liberdade. Cada um sabe o que nela tem de fazer como contribuição para o grupo, como se comportar, como colaborar com os demais. Cada um, respeitando esses princípios, é livre de pensar como entender, de se expressar em conformidade com o seu pensamento, de agir como entender, em consonância ou dissonância com os demais. A essência da Maçonaria, neste aspecto, pode ser resumida numa frase: "O maçon é um homem livre numa Loja livre". A Loja, enquanto estrutura que integra e enquadra cada maçon individualmente, assume assim a indicada característica de fundamentalidade, de centro da vida maçónica dos maçons que a integram, de espaço de fraternidade, solidariedade e união entre todos os seus membros e de meio essencial para o aperfeiçoamento de cada um e, por essa via, da melhoria colectiva da própria Loja. Cada Loja maçónica é diferente das outras, ainda que praticando o mesmo rito, ainda que seguindo os mesmos princípios, porque cada Loja tem um percurso, resultante dos laços entre os seus membros, da interacção entre eles, do respectivo desenvolvimento, das vitórias e dos fracassos de cada um e de todos, que a diferencia de todas as demais. É por isso que a Ordem Maçónica encoraja os seus membros a, além de participarem nos trabalhos de sua Loja, visitarem outras Lojas, como forma de se aperceberem das semelhanças e das diferenças que, naturalmente, se vão estabelecendo entre as diferentes estruturas, através dos respectivos processos evolutivos. Naturalmente que só uma sólida aceitação e prática dos princípios fundamentais da Maçonaria e um total cumprimento das regras e regulamentos maçónicos possibilita que essas diferentes evoluções não sejam de tal forma divergentes que passem a ser realidades completamente diversas. Dentro da Maçonaria impõe-se o estrito cumprimento dos princípios fundamentais e das regras e regulamentos, mas , assegurado este, há um vasto campo de evolução, de diferenciação, de estudo, mesmo de experimentação, que permite que cada Loja evolua segundo as suas próprias características e os percursos dos seus membros.

Essencial é que as reuniões de Loja decorram sempre na presença do que os maçons denominam as três grandes luzes da Ordem: o volume da Lei sagrada, o esquadro e o compasso. O volume da Lei Sagrada (ou os volumes, se as opções religiosas dos membros da Loja o impuserem), como testemunho de que todo o trabalho realizado decorre tendo como pano de fundo a crença de todos os maçons num Criador e símbolo da equidade e da sabedoria; o esquadro, símbolo, além do mais, da matéria e da rectidão; o compasso, que simboliza, designadamente, o espírito e a justiça.

Rui Bandeira

13 dezembro 2006

Justos de entre as Nações.

O exterminio do povo Judeu pelo regime Nazi foi uma realidade. Se foram exatamente 6 milhões de Judeus ou 5.999.999 ou 6.000.001 é pouco relevante. Foi esta a ordem de grandeza.

O Campo de Treblinka "processou" isto é gaseou e cremou cerca de 1 milhao de Judeus num ano, antes de ser integralmente destruido.

Birkenau ( Aushwitz) não tem conta.

Mas no meio da Barbarie surgiram os Justos de Entre as Nações, pessoas, que a perigo da sua vida e da vida das suas familias, ajudaram Judeus ( nem que fosse um) a sobreviver.

O Estado de Israel, através da Instituição Yad Vashem - Museu do Holocausto, decidiu na Decada de 60 distinguir estas pessoas e por cada caso comprovado foi plantada uma arvore in Memoriam, aparecendo assim um Jardim chamado Alameda do Justos.

Estes Justos, hoje mais de 20 000 têm as mais diversas origens e historias que poderão ser lidas aqui .

De entre estes Justos há um Português. Este homem a sacrificio da sua carreira e da sua familia e fortuna salvou algumas dezenas de milhares de pessoas, muitas delas judeus.

De seu nome Aristides Sousa Mendes ( de boa memória) , e o resumo da historia é como segue:
( as minhas desculpas por ser em Ingles)


(fonte site do Yad Vashem http://www.yadvashem.org/)

Aristides de Sousa Mendes

June 2000 marked the 60th anniversary of a massive rescue operation which took place in Bordeaux, France, and was orchestrated by Aristides de Sousa Mendes. He was born in 1895 into an aristocratic Portuguese family.
His father was a Supreme Court judge. Aristides chose for himself a diplomatic career. After filling posts in various capitals (the United States and Europe), he became the Portuguese consul-general in Bordeaux, France. In May 1940, with the onset of the German invasion of France and the Low countries, thousands of refugees headed for Bordeaux, hoping to cross into Spain, in advance of the conquering German army.
Included among the many who feared the wrath of the Nazis because of previous anti-Nazi political stances, were to be counted thousands of Jews who hoped to transit via Spain and Portugal, in the hope of reaching a safe haven across the seas, far from the Germans and their pronounced antisemitic policies. At this critical juncture, the Portuguese government, headed by dictator Antonio Salazar (who also filled in as Foreign Minister), forbade the issuance of Portuguese transit visas to all refugees, and particularly to Jews. This virtually also closed the Spanish border to the refugees.
Against the grim background of France on the verge of collapse, and with the Germans within striking distance of Bordeaux, in mid-June 1940, Consul-General Mendes came face-to-face with the fleeing Jews, who pressured him to urgently issue them Portuguese transit visas.
Rabbi Haim Kruger, one of the refugees, told Mendes: “If we should be trapped here, I don’t know what will happen to us.” The rabbi rejected Mendes’ initial offer to issue visas only to the rabbi and his family, insisting that visas also be issued to the thousands of Jews stranded on the streets of the city. After further reflection, Mendes reversed himself and decided to grant visas to all persons requesting it. “I sat with him a full day without food and sleep and helped him stamp thousands of passports with Portuguese visas,” Rabbi Kruger relates.
To his staff, Mendes explained: “My government has denied all applications for visas to any refugees. But I cannot allow these people to die. Many are Jews and our constitution says that the religion, or politics, of a foreigner shall not be used to deny him refuge in Portugal. I have decided to follow this principle. I am going to issue a visa to anyone who asks for it – regardless of whether or not he can pay...
Even if I am dismissed, I can only act as a Christian, as my conscience tells me.” It was an unseemly sight as people of all ages, including pregnant women and sick persons, waited in line to have their passports stamped with the Portuguese visa. The reaction of the Portuguese government was not long in waiting. Two emissaries were dispatched to accompany home the insubordinate diplomat. On their way to the Spanish border, the entourage stopped at the Portuguese consulate in Bayonne. Here too, Mendes, still the official representative of his country for this region, issued visas to fleeing Jewish refugees, again in violation of instructions from Lisbon. It is estimated that the number of visas issued by Mendes runs into the thousands. To his aides, he stated: “My desire is to be with God against man, rather than with man against God.”

Upon his return to Portugal, Mendes was summarily dismissed from the diplomatic services and a disciplinary board also ordered the suspension of all retirement and severance benefits. He countered with appeals to the government, the Supreme Court and the National Assembly for a new hearing of his case – but to no avail. Bereft of any income, and with a family of 13 children to feed, Mendes was forced to sell his estate in Cabanas de Viriato. When he died in 1954, he had been reduced to poverty. Two of his children were helped by the Jewish welfare organization Hias to relocate to the United States. In 1966, he was posthumously awarded the title of “Righteous Among the Nations,” by Yad Vashem, and a tree planted in his name in the Avenue of the Righteous. In 1987, President Mario Soares of Portugal awarded Mendes the Order of Liberty, and publicly apologized to his family for the injustice against the man perpetrated by the previous government. Finally, in March 1988, Aristides de Sousa Mendes was official restored to the diplomatic corps by unanimous vote in the Portuguese National Assembly. Recently, the Portuguese government decided to create a memorial and learning center in the name of Mendes, and ordered damages to be paid to his family. In 1988, Mendes was awarded the Israeli commemorative citizenship, and in 1998, his name and picture appeared, together with other diplomats recognized by Yad Vashem as Righteous, on a special stamp issued by the Israel Philatelic service.
After his dismissal, Mendes reportedly told Rabbi Kruger (whom he met again in Lisbon): “If thousands of Jews can suffer because of one Catholic (i.e., Hitler), then surely it is permitted for one Catholic to suffer for so many Jews.” He added: “I could not have acted otherwise, and I therefore accept all that has befallen me with love.”

JoseSR

TEERÃO Dezembro/2006

A fina flôr do entulho juntou-se em Teerão, em reunião dita "Conferência sobre o holocausto".

Segundo as notícias que nos chegaram tratou-se de uma "Conferência (?)", de facto, sobre o "não holocausto" que juntou vários dos cérebros mais negros da história da humanidade (Pinochet já não conseguiu passagem a tempo !) e entre eles, brilhando, o "campião" da KuKluxKlan, David Duke.

Tudo gente fina portanto.

Esta piratagem (a rapaziada do "nacional renovadorismo" teria estado representada, ou nem para isso servem ?) quer provar à viva força que o holocausto não aconteceu, que Auschwitz é um cenário para filmes e que Hitler foi "um gajo porreiro".

Estive em Auschwitz há cerca de 1 ano, e o espectáculo aterrador que lá se encontra é de molde a convidar, seja quem fôr, pensar no Ser, a pensar no Humano, a pensar no Pensar.

Não é descritível, sem um novo arrepio, a lembrança do sítio, dos edifícios, dos passeios externos rodeados de cercas de arame farpado, dos candeeiros pendurados agredindo, não iluminando, dos interiores de celas de 1m2 e menos, sem qualquer entrada de ar ou luz, as câmaras onde milhares de seres foram "testados" com o famoso ZyklonB, os fornos, os carris para os comboios e para os carros que carregavam os corpos...

Creio que ao fim de 70 anos ainda se conseguem ouvir os gritos e sentir o cheiro... absolutamente terrível (se existe "absoluto" ele está aqui!) de corpos, de suor, de gases, de fumo... de morte.

E estes gajos querem-me convencer que não existiu, que não foi verdade, que tudo isso é invenção.

Vi pessoas, em visita turística, que não resitiram à comoção do sentimento que salta vivo, naquele templo de morte, tal como vi pessoas que simplesmente não foram capazes de passar do meio da visita.

E estes gajos querem-me convencer que não existiu, que não foi verdade...

JPSetúbal

12 dezembro 2006

Sétimo Landmark

Os Maçons tomam as suas obrigações sobre um volume da Lei Sagrada, a fim de dar ao juramento prestado por eles o carácter solene e sagrado indispensável à sua perenidade.

Este Landmark reforça o carácter deísta da Maçonaria.

Só quem é crente atribui significado ao "carácter solene e sagrado" de um juramento! É também através deste preceito que apreendemos que o ateu ou o agnóstico não pode integrar a Maçonaria Regular. Este é, pois, um dos Landmarks que distingue a Maçonaria Regular da dita maçonaria irregular ou liberal.

Para o maçon regular, o assumir dos seus compromissos é um acto solene, daí que tal assunção se faça pela forma do mais sagrado dos juramentos, o que é proferido sobre um volume da Lei Sagrada.

Porque o cumprimento dos seus compromissos tem uma alta importância para um maçon, tal inevitavelmente que se reflecte na sua vida profana, no seu dia a dia. Deve, consequentemente, o maçon, entre outras coisas, distinguir-se pelo cumprimento da sua palavra, constituindo exemplo de lealdade e seriedade para todos aqueles com quem lida.

O juramento é prestado sobre "um volume da Lei sagrada". Não diz o preceito qual seja e compreende-se porquê: o maçon deve ser crente, mas é indiferente qual a religião que pratica. O juramento deve, pois, ser prestado sobre o Livro da Lei Sagrada da religião praticada pelo autor de tal compromisso.

Seguindo à risca esse entendimento, e atendendo às orientações religiosas dos membros que actualmente a integram, na Loja Mestre Affonso Domingues estão disponíveis a Bíblia, Livro Sagrado para os católicos e protestantes, e a Torah, Lei Sagrada para os Judeus. Estando assumido e interiorizado que a escolha religiosa individual só ao próprio diz respeito e que todas as opções religiosas são respeitáveis, a prática que naturalmente se estabeleceu nesta Loja é a de que TODOS os seus membros prestam os seus juramentos sobre AMBOS os volumes da Lei Sagrada.

Rui Bandeira

11 dezembro 2006

Há Máfias e Máfias

É verdade !

Quem julgava que a a verdadeira Máfia era um produto Italiano pois que se desengane. Não é. É um produto Portuense ( não confundir com português) com duas variantes - em Italia há a Camorra e a Siciliana - que são a Portista e a Gondomarense.

Em Italia durante o ano de 2006 foi julgado o caso Calcio Caos que envolvia clubes de Futebol e dirigentes. Os pobres coitados não fizeram nada de muito grave, compraram uns arbitros viciaram uns resultados, ganharam uns dinheiritos numas apostas, enfim o trivial para uma situação análoga e veja-se lá o desplante das autoridades foram condenados.

É indamissivel que o tivessem sido, coitados foram despromovidos, começaram os campeonatos com pontos negativos, tiveram que vender uns jogadores a preço de saldo, etc....

Cá no nosso canto - mais propriamente na região da Naçon Portista ( que fique aqui claro que eu sou da Nação Portuguesa) - andam as investigaçoes a correr ha mais de 2 anos com Nomes muito mais poeticos - Apito Dourado ( Calcio CAOS é muito mais objectivo) - e até agora nada.

Ficamos inclusivamente a saber de fonte aparentemente segura e publica , resultado de um livro publicado por Uma Senhora de publicos vicios e eventuais virtudes privadas que privou intimamamente com o Chefe da Familia Portista ( e talvez com mais um ou outro membro da mesma familia) como eram as coisas feitas.

Na verdade eu entendo que não haja punição, pois se em Italia foi uma injustiça o que fizeram à Juventus e ao Milan, aqui por se comprarem uns arbitros, viciarem uns jogos, ganhar uns dinheiritos nas apostas, dar ensaios de porrada ( se fosse mesmo um enxerto de porrada, mas foi só um ensaio) nos vereadores, vigiar Magistrados não pode haver castigo.

Aliás não vai haver castigo, o que sustenta a minha tese que a verdadeira Mafia é Portuense e não Italiana.

Ou então estou enganado e aos agentes da justiça cá do burgo, falta-lhes as bolas para jogarem e por isso é que ainda estão nos balnearios a mudar de equipamento e a pensar na melhor estrategia ALTERNativa.

Mas enfim, as vezes nos meus momentos de Delirio, sonho que a equipa da justiça entra em campo com as bolas e que arrasa a Naçon Portista e a Gondomarense por inequivoco resultado.

Mas pronto todos nós temos o direito de sonhar com um Mundo melhor.


JoseSR

Sexto Landmark


A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.

Este preceito resume as regras de convivência entre maçons.

Desde logo, avulta o respeito absoluto pela individualidade dos demais. As opiniões de cada um devem ser, e são, absolutamente respeitadas por todos os outros. Pode-se discordar de uma opinião emitida por outro maçon, mas a manifestação dessa discordância deve ser feita fundamentadamente e sem hostilizar, escarnecer ou por qualquer forma apoucar o seu autor. Pelo contrário, a crítica ponderada e fundamentada possibilitará um diálogo sereno, susceptível de permitir verificar os pontos de discordância, mas também aqueles em que se concorda, as razões do desacordo e a validade delas. Assim procedendo, não se criticam pessoas, analisam-se opiniões e, no limite, será possível que uma ou ambas as posições evoluam e, quiçá, o que começou por uma clara divergência poderá terminar numa convergência de pontos de vista. Mas, se assim não suceder, não é nenhuma tragédia: cada um tem o direito de manter o seu ponto de vista e, mesmo discordando do outro, ficará a saber o conteúdo e as razões do diferente pensamento discordante; poderão ambos não concordar, mas, pelo menos - e não é pouco! - compreender-se-ão.
Quanto às crenças de cada um, estas nem sequer se discutem: reconhecem-se e respeitam-se. Buscam-se os pontos de entendimento, a base ética comum que subjaz a toda a crença religiosa. E tanto basta!
Por isso, em Loja não se discute Política nem Religião. Esta, porque sendo do foro íntimo da cada um, não faz sentido discuti-la. Aquela, porque sendo susceptível de grandes paixões poderia cavar insanáveis conflitos entre Irmãos. Ademais, reconhecendo cada maçon no seu Irmão um homem livre e de bons costumes, grave atentado a essa liberdade seria não lhe reconhecer o direito à sua crença religiosa e ao seu entendimento político. Não quer isto dizer que um maçon não possa ou não deva afirmar a sua convicção religiosa ou a sua posição política. Pode este, pode aquele, pode aqueloutro, podem todos. Mas, isto feito, mais além não se vai. Cada um crê no que crê, pensa como pensa, ponto final! Não há lugar para discussões sobre se esta crença é melhor do que aquela ou se aquele entendimento político é mais ou menos adequado do que aqueloutro.
É por isso que os maçons - e particularmente os maçons de cada Loja entre si - constroem laços especialmente fortes de amizade e consideração mútua. Porque, tal como os irmãos de sangue não têm de pensar da mesma forma para fraternalmente se amarem, também os maçons consideram e respeitam e criam laços fraternos com os demais maçons, independentemente das crenças ou opiniões políticas de cada um. Com esta postura, a Loja é um lugar em que cada um pode estar sem desconfianças, um oásis de harmonia, que permite descansar das, por vezes, duras e amargas lutas do dia a dia, e cada maçon vê no seu Irmão um homem sério e honrado, que poderá dele discordar, mas que nunca o trairá.
Rui Bandeira

07 dezembro 2006

Exposição Colectiva Beneficente de Pintura e Escultura

Hoje, a partir das 18 horas, um "Porto de Honra" assinalará, na Escudero - Galeria de Artes e Letras (Avenida Maria Helena Vieira da Silva, nº 37 - B, na Alta de Lisboa - Metro: Quinta das Conchas), a inauguração de uma exposição colectiva de pintura e escultura, cuja receita reverterá para as Obras Sociais da Real Ordem de Santa Isabel.
A Real Ordem de Santa Isabel é uma Ordem Honorífica fundada em 4 de Novembro de 1801 por D. João VI e é administrada pela Casa de Bragança. D. Duarte Pio de Bragança e sua esposa, D. Isabel Herédia, estarão presentes na inauguração.
Com o costumado bom gosto de Manuela Neto e Vítor Escudero, a exposição será certamente um êxito. Vale a pena passar - hoje ou mais tarde - por lá, admirar as obras expostas e, se se puder, adquirir uma delas. Além de levar Beleza para nossa casa, tem-se ainda a certeza de que o dinheiro que nos custa a obra adquirida tem um destino meritório.
Rui Bandeira

06 dezembro 2006

Eleiçoes na Maçonaria

Podemos dizer com quase total propriedade que todas as Grandes Lojas elegem o seu Grão Mestre. Eventualmente elegem também outros Irmãos para outros cargos, mas a unica eleição que é transversal a todas é de facto a do Grão Mestre. Os métodos e os regulamentos são os mais diversos e por isso podemos dizer que não há uma tese unica quanto à forma de eleição de um Grão Mestre.

As que conheço são :

Eleição directa e universal ou quase - porque só os membros com o grau de Mestre podem votar e nalguns casos mesmo de entre estes apenas os que o sejam há pelo menos um certo tempo. Estas restriçoes à Universalidade vêm de questões rituais e iniciaticas em que apenas os Mestres têm direito a falar e consequentemente emitir opinião e votar. Quanto ao facto de nem todos os mestres votarem a questão prende-se essencialmente com o momento de referencia dos cadernos eleitorais.

Eleição por Colegio - Existem varios tipos de colégios possiveis constituidos por Grandes Oficiais, representantes das Lojas ou outras Inerencias Rituais. Estes Colégios podem assumir varias formas e constituiçoes, sendo mais ou menos "democraticos" consoante tenham mais ou menos representantes das Lojas. Da minha experiencia pessoal conheci já Colegios inteiramente nomeados pelo Grao Mestre e colégios constituidos por Inerencias nomeadas e representantes das Lojas. Esta ultima versão pode ainda ter alternativas pois pode ou não haver limitaçoes ao numero de Inerencias.

Eleição por Inerencia - pode parecer um paradoxo, mas na verdade o caso mais paradigmatico deste tipo de eleição é a Grande Loja Unida de Inglaterra - que como sabemos é a Grande Loja mais antiga - em que o Grão Mestre é o REI ( quando este é Maçon - o que não falhou até agora). Ora actualmente o Rei não é Rei é Rainha e como foi já explicado em Post anterior a Ordem é Masculina. Por isso o GM de GLUI é o Duque de Kent ( primo da Rainha) que é eleito e re-eleito para o mandato. Um outro caso de Inerencia é a Suécia em que o GM é sempre o Rei.

A Eleição de um Grao Mestre é sempre um assunto de relevo na vida das Organizações Maçónicas, pois representa a escolha de um lider para um periodo mais ou menos longo ( dependendo dos regulamentos) e com poderes bastante vastos. Os poderes de um Grao Mestre podem ir para além dos regulamentos pois estão-lhe também acometidos poderes rituais especiais.

Pela Natureza simbolica associada à escolha de um lider de uma organização como a Maçonaria o acto em si reveste-se de uma caracteristica quase esoterica. Mas é também um acto interno e interior. É o assegurar a continuidade das tradições e o progresso da ordem, assuntos que em primeiro lugar dizem respeito apenas aos membros da Obediencia.

Como tal devem em minha opinião ser tratados internamente e com a reserva necessária à manutenção da discreção, mesmo que possam haver divergencias internas. Não sendo um assunto comum, e sobretudo não estando a base eleitoral noutro sitio que a propria instituição maçónica ( independentemente do tipo de eleição) tenho alguma dificuldade em entender o uso de Mass Média para derimir questões eleitorais, ou mesmo outras questões internas quaisquer que elas sejam.

Creio que a Instituição, e as pessoas que a compõem, têm que ser respeitadas. A Maçonaria tem internamente formas de resolver todas as questões e tem resposta para todas as questões, mesmo que em ultima analise a unica resposta possivel seja " se a Instituição já não corresponde as suas aspirações pode sempre optar por sair", pelo que e nos anos que levo ( 15 ) sempre me ative às normas que escolhi ( de livre vontade) respeitar.

Estamos em periodo eleitoral. Tanto quanto sei decorre com toda a normalidade, não fosse a vontade de alguns de quererem parecer mais que o que são e com isso terem manchado por 2 vezes este processo, que se adivinhava pacifico, com investidas nos Media.

Mas a Maçonaria e em particular a GLRP / GLLP prevalecerão uma vez eleito o novo Grão Mestre, pois a estabilidade de uma vasta maioria não será seguramente posta em causa por uma minoria que apesar de andar por cá há muito tempo, ainda não conseguiu combater os seus vicios nem aplacar as suas paixões.

Resta-nos ajudá-los a encontrarem o seu caminho, qualquer que ele seja, que se aparte quer se junte.

JoseSR

O Regressado ...

Queridíssimos visitantes, tenho andado muito por outras bandas, em termos de ocupação do tempo e das preocupações, certinho como estou que o nosso Rui Bandeira com uma inesgotável capacidade de partilhar, muito bem, o saber, muito, que tem, mantém diàriamente, ou quase, a chama viva do "A PARTIR PEDRA".
Acontece que estou a aterrar de novo e é bom que tomem isto como uma ameaça !
Para já resolvi que não posso deixar de "blogar" aqui, para Vocês partilharem, dois textos que me chegaram por mãos mais do que Amigas.
Infelizmente não posso, agora, pôr aqui os nomes dos mandantes, mas certamente algum dia eles próprios o farão.
De qualquer forma só mesmo gente muito boa tem preocupações destas.
Então aí ficam para a "posteridade" ( e isto é verdade, não é só publicidade...) :

1 - "Redacção"

A professora do ensino básico Ana Maria pediu aos alunos que fizessem umaredacção sobre o que gostariam que Deus fizesse por eles.
Ao fim da tarde, quando corrigia as redacções, leu uma que a deixou muitoemocionada.
O marido, que nesse momento acabava de entrar, viu-a a chorar e perguntou:
- "O que é que aconteceu ?"
Ela respondeu:
-"Lê isto."
Era a redacção de um aluno.

"Senhor, esta noite peço-te algo especial: transforma-me num televisor.
Quero ocupar o lugar dele. Viver como vive a TV da minha casa.Ter um lugar especial para mim e reunir a minha família à volta....Ser levado a sério quando falo... Quero ser o centro das atenções e serescutado sem interrupções nem perguntas.
Quero receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona.
E ter a companhia do meu pai quando ele chega a casa, mesmo quando estácansado.
E que a minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez deme ignorar.
E ainda que os meus irmãos se peguem para estar comigo.
Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez emquando, para passar alguns momentos comigo.
E, por fim, faz com que eu possa diverti-los a todos.Senhor, não te peço muito...Só quero viver o que vive qualquer televisor !"
Naquele momento, o marido de Ana Maria disse:
- "Meu Deus, coitado desse miúdo! Que pais"!
E ela olhou-o e respondeu :
- "Essa redacção é do nosso filho".

PS- Talvez valha a pena ler outra vez...
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2 - "O Professor"

Um professor, diante da sua classe de filosofia, sem dizer uma só palavra, pegou um pote de vidro, grande e vazio, e começou a enchê-lo com bolas de golf.
Em seguida, perguntou aos seus alunos se o frasco estava cheio e imediatamente todos disseram que sim.
O professor então pegou uma caixa de bolas de gude e esvaziou-a dentro do pote. As bolas de gude encheram todos os vazios entre as bolas de golf.
O professor voltou a perguntar se o frasco estava cheio e voltou a ouvir dos seus alunos que sim.
Em seguida, pegou uma caixa de areia e esvaziou-a dentro do pote. A areia preencheu os espaços vazios que ainda restavam e ele perguntou novamente aos alunos, que responderam que o pote agora estava cheio.
O professor pegou um copo de café (líquido) e derramou-o sobre o pote humedecendo a areia. Os estudantes riam da situação, quando o professor disse:
-'Quero que entendam que o pote de vidro representa as nossas vidas.As bolas de golf são os elementos mais importantes, como Deus, a família e os amigos. São com as quais as nossas vidas estariam cheias e repletas de felicidade. As bolas de gude são as outras coisas que importam: o trabalho, a casa bonita, o carro novo, etc... A areia representa todas as pequenas coisas. Mas se tivéssemos colocado a areia em primeiro lugar no frasco, não haveria espaço para as bolas de golf e para as de gude. O mesmo ocorre com as nossas vidas. Se gastamos todo o nosso tempo e energia com as pequenas coisas nunca teremos lugar para as coisas realmente importantes. Prestem atenção nas coisas que são primordiais para a vossa felicidade. Brinquem com os vossos filhos, saiam para se divertir com a família e com os amigos, dediquem um pouco de tempo a vocês mesmos, busquem a Deus e creiam nEle, busquem o conhecimento, estudem, pratiquem o vosso desporto favorito... Sempre haverá tempo para as outras coisas, mas ocupem-se das bolas de golf em primeiro lugar. O resto é apenas areia.'
Um aluno levantou-se e perguntou o que representava o café. O professor respondeu:
-'que bom que me fizestes essa pergunta, pois o café serve apenas para demonstrar que não importa quão ocupada esteja a nossa vida, sempre haverá lugar para tomar um café com um amigo'.

"Ainda tomaremos um café juntos".

Vamos todos fazer bom uso destes textos, valeu... ?

JPSetúbal

05 dezembro 2006

Quinto Landmark


A Maçonaria impõe a todos os seus membros a prática exacta e escrupulosa dos ritos e do simbolismo, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que lhe são próprias.

A preparação do maçon, a sua evolução, a aquisição dos conhecimentos que lhe servirão de utensílios para o seu esforço de aperfeiçoamento não é realizada através de aulas, lições, conferências ou estudos.
O maçon trabalha praticando, repetindo situações e textos que, por essa repetição prática, vão abrindo horizontes.
Quantas vezes, ao revermos um filme não descortinamos detalhes, significados, que nos tinham escapado da(s) vez(es) anterior(es)? Ou ao relermos um poema, tantas vezes lido e lembrado, se nos ressalta uma réstea de beleza, que anteriormente nunca nos captara a atenção? Ou ainda, ao ouvirmos a nossa música favorita pela enésima vez, damos conta de umas notas tocadas em fundo por um instrumento, que melhor completam a Harmonia da peça musical?
O método maçónico baseia-se assim numa forma oral de transmissão de elementos, repetida, permitindo a cada um que, daquilo em que assiste e participa, vá retirando o que, na ocasião, lhe é útil retirar. A própria evolução do maçon lhe permitirá descortinar novos significados no que antes apenas um caminho lhe abria.
Os maçons trabalham, pois, segundo um ritual, textos de há muito estabelecidos, que exaustiva, escrupulosa e pormenorizadamente repetem. E disso beneficiam, assim aprendem, assim evoluem.
Uma das minhas frases preferidas, quanto à Maçonaria, é a de que a Maçonaria não se ensina, aprende-se. E aprende-se por esta tão particular via.
Os ritos (há mais do que um, sendo cada Loja livre de utilizar o que entender) são textos carregados de significados simbólicos que, pela via da repetição, vão sendo naturalmente entrevistos pelo maçon.
Esta é a via, o modo de trabalhar, aprender e evoluir, que é característica da Maçonaria e que, portanto, não pode ser modificada ou abandonada. Se o fosse, estar-se-ia a realizar uma actividade porventura meritória, mas que não seria já Maçonaria.
Maçonaria é, pois, um método de aperfeiçoamento através da prática de ritos dotados de significados simbólicos, que são descobertos e apreendidos através da repetição cuidada dos rituais.
Rui Bandeira

04 dezembro 2006

Seis meses!!!

Este blogue teve o seu primeiro texto publicado exactamente há seis meses. Vale a pena um breve balanço e algumas curiosidades:

  • Em seis meses publicámos 196 textos, em média mais de um por dia, superando o compromisso de publicar pelo menos um texto por cada dia útil, excluindo férias.
  • Foram publicados textos de sete autores (Rui Bandeira, JPSetúbal, JoséSR, PauloFR, Fernão de Magalhães, Erato e Templuum Petrus, por ordem de "produtividade"), além de um texto do Mui Respeitável Grão Mestre da GLLP / GLRP, dividido em nove excertos, tendo-se conseguido o objectivo de obter variedade de estilos e de temas.
  • Entre Julho e Novembro praticamente duplicámos o número total de visitas mensais.
  • Embora, como é natural, o maior número de visitas seja oriundo de Portugal, cerca de um quarto do total de visitas chega-nos do Brasil; aliás, o motor de busca que mais visitas originou ao blogue foi precisamente o Google do Brasil.
  • Recebemos visitas oriundas de 25 países: Portugal, Brasil, França, Suíça, Canadá, Alemanha, Argentina, México, Bélgica, Itália, Peru, Reino Unido, Angola, Espanha, Noruega, Austrália, Grécia, Índia, Estados Unidos, Japão, Venezuela, Chile, Vietnam, Colômbia e Lituânia (por ordem de número de visitas).
  • O número de visitantes vindos de visitas ao sítio da Loja Mestre Affonso Domingues e do Blog do Maçom praticamente equivalem-se (ligeira vantagem para a primeira).
  • Excluindo os arquivos mensais (naturalmente os mais consultados), os três textos directamente mais visitados são, por ordem: MIA COUTO e o mendigo Sexta-feira, publicado em 25 de Outubro por JPSetúbal, Maçonaria e Maçonarias, um dos excertos do texto do Mui Respeitável Grão Mestre da GLLP / GLRP, publicado em 6 de Novembro, e Vídeo de Promoção da Maçonaria, publicado em 18 de Outubro por Rui Bandeira.
Agradecemos a todos os nossos visitantes. Manifestamos o propósito de continuar a publicação do blogue, com textos de tanta qualidade quanta formos capazes. Cremos estar cumprindo os propósitos enunciados nos dois primeiros textos, que vale a pena relembrar:

CHEGÁMOS ! Com Alegria, Fraternidade, Justiça e Amor cá estamos prontos a dar início a um recanto da blogosfera destinado à discussão das ideias, à apresentação de trabalhos, ao anúncio dos progressos dos Homens que, connosco, quiserem participar na construção de um Mundo, uma Sociedade, mais justa e mais perfeita. Procuraremos que a Alegria permaneça nos corações, que a Paz se espalhe sobre a Terra.Para Bem da Humanidade.Para Felicidade dos Homens. JPSetúbal

E

APRESENTAÇÃO


Este espaço é colectivo. Todos os que nele colaborarem são maçons e integram a Loja Mestre Affonso Domingues.

No entanto, este espaço não é, não quer ser e não vai ser, um "blogue maçónico". É, quer ser e vai ser, simplesmente, um blogue feito por maçons.

Este espaço não é, não quer ser e não vai ser, um meio de proselitismo. É, quer ser e vai ser, simplesmente, um espaço onde os seus colaboradores exprimem livre, mas responsavelmente, as suas opiniões sobre qualquer tema, maçónico ou não.

Este espaço não se destina a ser lido por maçons - nem sequer assim poderia ser, pois quando se publica um blogue a ele acede quem quiser e esta é uma das grandes virtudes deste ambiente de Liberdade que é a blogosfera! Este espaço destina-se a ser lido por quem quiser fazê-lo.

Tudo o que aqui for escrito é, obviamente, susceptível de ser comentado, com a mesma liberdade e exigência de responsabilidade que os colaboradores reivindicam para si próprios.

Esperamos que quem aqui aceder goste do conteúdo e se habitue a voltar!

Rui Bandeira

A todos um bem hajam por nos visitarem. Esta é uma casa às vossas ordens!

Rui Bandeira

30 novembro 2006

Quarto Landmark

A Maçonaria visa ainda, pelo aperfeiçoamento moral dos seus membros, o da humanidade inteira.

Este Landmark postula o objectivo essencial da Maçonaria e dos Maçons Regulares.
Constitui pedra de toque na distinção entre a Maçonaria Regular e a maçonaria irregular ou liberal.
Conforme faz notar Luís Nandin de Carvalho, Past Grão-Mestre da GLLP / GLRP, in A Maçonaria Entraberta,

Para um maçon "regular" a sociedade só será mais perfeita se isso decorrer do processo de aperfeiçoamento individual, de cada um, enquanto para um maçon "irregular", o essencial é ser ele o agente da transformação da sociedade. Isto é, passa o maçon em vez de ser o destinatário das suas reflexões e consciência, para procurar o auto aperfeiçoamento, a considerar-se o agente de transformação e da perfeição da sociedade.
Bem se compreende que esta atitude possa gerar desde logo, a quebra de harmonia entre os maçons. Ultrapassada a intimidade de cada um, em que só cada qual é juiz de si próprio, e de acordo com os parâmetros da sua autodefinição, sendo portanto responsável pela sua própria consciência, os maçons irregulares confrontam-se exteriormente sobre as várias actividades que poderão contribuir para transformação e aperfeiçoamento da sociedade...e estas serão tantas quantas as percepções do que é a perfeição da sociedade.
O maçon deve procurar o seu aperfeiçoamento e, pela sua transformação, dar o exemplo e actuar no mundo profano, contribuindo, por essa via, para o aperfeiçoamento geral da sociedade.
Rui Bandeira

29 novembro 2006

Selo da Grande Loge Nationale Française

Assinalando a VIII Conferência Mundial das Grandes Lojas Regulares, foi acordado entre a Grande Loge Nationale Française (GLNF) e os Correios de França a emissão por estes de um selo dedicado àquela Grande Loja (imagem junta).

O primeiro dia de circulação será o próximo dia 1 de Dezembro, sexta-feira. Nesse dia, ocorrerá a venda de sobrescritos com o selo com o carimbo de primeiro dia, uma popular variante da filatelia, no Museu da GLNF, sito em 12, rue Christine de Pisan, 75017 Paris. Aí será instalado um posto de correios destinado especificamente a esse fim, entre as 10 e as 17 horas. O artista criador do selo, Jean-Paul Cousin, estará igualmente presente entre as 10 e as 13 horas, para autografar o selo.

A edição do selo é acompanhada de documentos de interesse para os filatelistas: Document philatélique officiel e Notice 1er jour. Exemplares destes documentos poderão ser obtidos aqui, a partir do dia do lançamento.

A Grande Loge Nationale Française (GLNF) é a Grande Loja mãe da GLLP / GLRP.

Rui Bandeira

28 novembro 2006

Terceiro Landmark



A Maçonaria é uma ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.

A primeira noção que o terceiro Landmark nos transmite é a da masculinidade da Maçonaria Regular. Esta regra possibilita a crítica de que a Maçonaria seria misógina, na medida em que exclui a possibilidade de integração de pessoas do sexo feminino. Apontam ainda os críticos que, se se percebe a adopção desta regra no século XVIII e antes, não tem ela já cabimento nos dias de hoje, com a emancipação da mulher inerente à evolução da sociedade (de tipo ocidental, digo eu, já que, infelizmente, por esse mundo fora, em muitos locais não é bem assim...).
Não está, porém, caduca nem anacrónica esta regra. Nem revela a mesma qualquer misoginia. A masculinidade da Maçonaria Regular resulta de uma constatação que se afigura evidente: a diferença na forma de pensar e sentir entre os sexos. É comum ouvir-se e ler-se a frase de que "os homens são de Marte, as mulheres de Vénus", a qual pretende, precisamente, ilustrar essa diferença entre os sexos. Essa realidade é incontornável: os homens e as mulheres são diferentes, reagem diferentemente, e isto independentemente das diferenças causadas pelas influências sociais ou de educação (que também contribuem, e muito, para acentuar as diferenças entre sexos).
Buscando a Maçonaria Regular o aperfeiçoamento individual dos seus membros, todas as normas de conduta, todos os ensinamentos, todas as formas de estímulo a esse aperfeiçoamento têm em conta a mentalidade masculina, as reacções masculinas. Não são, assim, adequados ao género feminino que não seria por eles motivado.
Vi já escrito - com uma inteligente ironia, reconheça-se - que, assim sendo, então estaria demonstrada a misoginia dos maçons, que considerariam que só os homens são susceptíveis de aperfeiçoamento. Também esta crítica não é justa. Poder-se-ia devolver a ironia, retorquindo que isso sucedia porque os maçons reconheciam serem as mulheres já perfeitas... Mas, de ironia em ironia, ganharia o debate da questão em humor o que perdia em seriedade. A razão da injustiça dessa crítica é outra. Ao defender-se que a organização e a forma de funcionamento e de interacção entre os maçons está dirigida a influenciar a mentalidade masculina no sentido do aperfeiçoamento do indivíduo, não se está a extrair a consequência da impossibilidade de aperfeiçoamento das mulheres. Afirma-se apenas que o aperfeiçoamento de pessoas do sexo feminino deve ser induzido, influenciado, por diferentes formas de estímulo. Tão só.
Daí que, reclamando os Maçons Regulares para si a masculinidade da Maçonaria, não deixam estes de respeitar e saudar estruturas semelhantes que as mulheres criaram destinadas a idêntico objectivo e que são designadas por Maçonaria Feminina. Que, naturalmente, é interdita aos homens... Sem que isso autorize considerar tais estruturas como viciadas de feminismo e antagonismo ao género masculino...
Uma corrente de pensamento criou o que chama de Maçonaria mista, o Direito Humano, isto é, uma estrutura integrando homens e mulheres e destinada ao seu aperfeiçoamento. O objectivo é respeitável, ainda que, pessoalmente, me permita duvidar da eficácia da utilização do "mínimo divisor comum" entre ambos os sexos para a obtenção de tal desiderato. Mas tal não é Maçonaria, muito menos Maçonaria Regular. Será algo de semelhante, algo de aparentado, seguramente respeitável, mas tão só.
Mas este terceiro Landmark não estipula apenas a masculinidade da Maçonaria. Expressamente menciona que a Maçonaria integra homens livres. Originalmente, esta expressão excluía os escravos. que não dispunham de liberdade em sua pessoa. Hoje, abolida a escravatura, a menção respeita à liberdade de determinação dos membros da Maçonaria. Que devem, consequentemente, abster-se de todos os actos que afectem essa liberdade de determinação, designadamente o consumo de substâncias que a prejudiquem ou alterem.
Têm ainda os maçons de serem "de bons costumes", isto é, em especial de serem honestos, mas também que terem um comportamento socialmente aceitável, até porque só poderá influenciar a sociedade o maçon aperfeiçoado que pela sociedade seja aceite... Há quem entenda que esta menção aos bons costumes visa a exclusão da Maçonaria dos homossexuais. Não irei tão longe. Digo apenas que, onde for socialmente aceitável a homossexualidade, não existe exclusão; onde for socialmente inaceitável, ela existe.
Finalmente, este Landmark afirma expressamente que a Maçonaria é reservada aos que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz. Esta afirmação não exclui o acesso à Maçonaria dos militares. Embora profissionalmente se preparem para fazer a guerra, se necessário, tal não exclui que pretendam assegurar e garantir a Paz e que, muitas vezes, sejam necessários para a assegurar.
Este Landmark implica assim um permanente trabalho dos maçons em prol da Paz e da resolução dos problemas entre homens e sociedades por via pacífica, isto é, no seio da Legalidade Democrática.
Rui Bandeira

27 novembro 2006

Segundo Landmark






A Maçonaria refere-se aos "Antigos Deveres" e aos "Landmarks" da Fraternidade, especialmente quanto ao absoluto respeito das tradições específicas da Ordem, essenciais à regularidade da Jurisdição.


Os "Antigos Deveres" (Ancient Charges of a Free Mason) foram compilados nas Constituições de Anderson de 1723
Respeitam a seis temas: I - De Deus e da Religião; II - Dos Magistrados Civis, Supremo e Subordinados; III - Das Lojas; IV - Dos Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes; V - Da Direcção da Ordem no Trabalho; VI - Do Comportamento.
Ainda hoje as suas regras devem ser seguidas e cumpridas. Os Antigos Deveres não possuem, porém, a característica de imutabilidade dos Landmarks. A sua redacção tem sido, assim, alterada, quer em função da evolução semântica da língua, quer em função da evolução da Sociedade. As alterações efectuadas são essencialmente de forma, de redacção. A sua natureza mantém-se intocada.
Na sua versão actual, os Antigos Deveres (agora Antient e não na grafia orifginal Ancient) estão publicados no sítio da United Grand Lodge of England, mais precisamente aqui, em ficheiro .pdf das "Craft Rules", e devem ser lidos pelo Secretário da Loja ao Venerável Mestre Eleito imediatamente antes da instalação deste na cadeira de Salomão (tomada de posse da função), nas Lojas sob jurisdição da Grande Loja Unida de Inglaterra.
O rigoroso cumprimento dos Landmarks e dos Antigos Deveres é condição essencial para uma estrutura maçónica, qualquer que ela seja (Grande Loja ou Grande Oriente, Loja ou Triângulo) seja considerada Regular.
Rui Bandeira

24 novembro 2006

100 anos de vida



Quantos da minha geração (1940 e próximos) não "descobriram" o "OH2" (agora é "H2O", mas vale o mesmo), o "CO2", a "densidade" e a "pressão", os estados da matéria e a sua constituição,.... através de Rómulo de Carvalho ?

E quantos da minha geração não cantaram, disseram ou simplesmente leram a poesia de António Gedeão ansiosa, como nós na época, pela liberdade espiritual dos homens numa terra e numa época de opressão física e de sentido único espiritual ?

Faria 100 anos hoje, 24 de Novembro, e é por esta via que Lhe deixo a certeza de que a Sua obra em prole dos portugueses já ficou na história do País que ele ajudou a construir pela forma mais díficil, mas mais firme e consistente que é possível desenvolver, ensinando a "pescar" em vez de distribuir o "peixe".

Ensinou gerações de jovens a serem homens e mulheres, cidadãos de cidadania activa, e que a vida vale a pena ser vivida em conjunto, em fraternidade com outros homens e mulheres nossos irmãos.

Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

In Movimento Perpétuo, 1956

Em 1969 este poema extraordinário apareceu no ZIP-ZIP e com ele a descoberta de uma esperança que teimava em esconder-se.

O agradecimento também a Manuel Freire que o cantou, e continuou a cantar, como mais ninguém.

A fraternidade porque trabalhamos é o sonho que comanda a vida e que põe o mundo a pular e a avançar como bola colorida, a caminho do Amor, da Paz e da Alegria que as crianças encarnam por inteiro, para a lição que a grande maioria dos homens teima em não aprender.

Certo é, que é o sonho que comanda a vida !

Já agora e a despropósito (será ?) arrisco em ter a certeza que Rómulo de Carvalho aceitaria de bom grado ser avaliado e com alegria estaria presente em todas as aulas de substituição que fossem necessárias.

JPSetúbal

23 novembro 2006

Primeiro Landmark



A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande Arquitecto do Universo.


Este primeiro Landmark define a essencialidade da Ordem Maçónica.

O seu texto esclarece, mostra, as quatro características fundamentais da Maçonaria: a Maçonaria é uma fraternidade; é iniciática; baseia-se na tradição; baseia-se na fé no Criador.

A Maçonaria é uma fraternidade, isto é, é uma instituição em que as relações internas entre os seus membros se processam similarmente às relações entre irmãos. Sendo uma fraternidade, tem como pressuposto essencial a Igualdade entre os seus membros, a qual não é prejudicada por eventuais e transitórios estatutos conferidos a algum membro. Numa família, os irmãos mais novos devem reconhecer o maior desenvolvimento do irmão mais velho, pela simples razão de o ser e, portanto, ter tido oportunidade de viver mais e de aprender mais, mas tal não obsta a que todos os irmãos tenham um estatuto essencial de igualdade. Até porque, a seu tempo, todos chegarão à idade adulta e todos serão autónomos. Assim na Maçonaria, embora existam graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre), em razão da diferente evolução, decorrente da diferente antiguidade, dos seus membros, tal não ofusca a igualdade fundamental entre os maçons, independentemente do seu grau, por isso que todo o Aprendiz pode, a seu tempo, chegar a Companheiro, todo o Companheiro pode, na sua altura, elevar-se a Mestre e todo o Mestre deve ter a consciência de que é e será sempre um Aprendiz na tarefa do seu aperfeiçoamento. A fraternidade pressupões ainda a plena Liberdade de relacionamento entre os seus membros. Todos podem e devem dar o seu contributo, a sua opinião, a sua razão e os contributos, as opiniões, as razões de todos e de cada um, livremente expressas, são importantes para a deliberação final, resultante dos contributos e dos argumentos de todos, por todos sopesados e analisados.

A Maçonaria é iniciática, isto é, os conhecimentos (os mistérios...) que cada um adquire são faseadamente obtidos, requerendo-se uma iniciação num determinado nível de conhecimentos para ser possível passar ao nível seguinte. Decorre tal facto de a Maçonaria não ser, em rigor, ensinada, antes ser aprendida, ou seja, cada um, pela observação, pelo raciocínio, pela informação que obtém vai tirando as suas conclusões e cada conclusão a que chega é um patamar, um ponto de partida para novas observações que é agora capaz de fazer, novas informações que pode agora processar, novos raciocínios que a sua inteligência pode então efectuar, e assim chegar a novas conclusões e... recomeçar o processo. Iniciática também porque, assim sendo, dependendo o Conhecimento obtido de um indispensável trabalho individual, não é possível transmiti-lo integralmente a quem não tenha efectuado esse trabalho (eis, assim, a essência, do "famoso" segredo maçónico...).

A Maçonaria fundamenta-se na Tradição. Os nossos antecessores efectuaram suas observações, seus raciocínios, seus estudos, com isso chegaram a suas conclusões e com elas efectuaram seus trabalhos, que legaram a seus sucessores. Estulto seria repetir indefinidamente sempre os mesmos esforços, não aproveitando o património de base constituído pelos resultados dos trabalhos legados pelos antecessores (rituais, normas de funcionamento e de comportamento, bases de interpretação simbólica, optimização de organização, etc.). Todo esse rico acervo, muito dele oralmente transmitido ou pessoalmente observado, de geração em geração constitui um precioso património para o maçon que, trilhando o caminho aberto por seus antecessores, sem necessidade de o desbravar ou desmatar, por ter esse trabalho sido já feito, pode, se for diligente, se for constante, se tiver vontade para tal, ir um pouco mais longe e desbravar mais um pedaço de caminho, que constituirá o seu legado para os vindouros. Todo esse acervo constitui a Tradição maçónica, que se respeita, que se observa, que se transmite, não por ser Tradição mas por ser o fruto do trabalho de gerações passadas que enriquece as gerações presentes e que temos obrigação de transmitir às futuras.

Finalmente - e os últimos são os primeiros, assim diz o Povo... - a Maçonaria Regular baseia-se na fé no Criador que, na nossa cultura é chamado de Deus e, para que se possa atender a todas as culturas e religiões, os maçons chamam de Grande Arquitecto do Universo. Sem essa fé, sem essa crença, o trabalho de aperfeiçoamento do maçon seria vão e sem sentido. Não é o animal homem que beneficia desse trabalho é a sua centelha divina, o Espírito recebido através do sopro de Vida conferido pelo Criador, que beneficia desse trabalho e desse aperfeiçoamento, na medida em que dele resulta o melhor auto-conhecimento de quem o efectua, a consciência integral de si, em todas as suas dimensões e a noção da integração num Valor muito mais vasto, que dá sentido à nossa existência, à nossa passagem por este mundo e ao fim dela. Sem esta fé, sem esta crença, pode-se ser bem intencionado, pode-se procurar melhorar a Sociedade, pode-se ser justo e bom, pode-se intitular de maçon, mas não se é Maçon Regular, por falta da essencial dimensão espiritual inerente a essa condição.

Rui Bandeira

22 novembro 2006

Os Landmarks

Em inglês, "Land" significa "terra" e "mark" traduz-se por "marca", "alvo". "Landmark" é, assim, a marca, o sinal, na terra, e, mais especificamente, os sinais colocados nos terrenos para assinalar a sua delimitação em relação aos terrenos vizinhos. Em suma, "landmark" é, em português, o marco, no sentido de marco delimitador de terreno.
Fazendo a transposição para a Ordem Maçónica, Landmarks são, correspondentemente, os princípios delimitadores da Maçonaria, isto é, os princípios que têm em absoluto de ser intransigentemente seguidos para que se possa considerar estar-se perante Maçonaria Regular.
Ou seja, os Landmarks são o conjunto de princípios definidores do que é Maçonaria. Só se pode verdadeiramente considerar maçon quem, tendo sido regularmente iniciado, seja reconhecido como tal pelos outros maçons e observe os princípios definidores da Maçonaria constantes dos Landmarks.
Porque definidores do que é Maçonaria Regular, os Landmarks são imutáveis.
Os Landmarks são doze. Nos próximos tempos, aqui serão apresentados e comentados, um por um.
Rui Bandeira

21 novembro 2006

A quarta coluna

Coloquei aqui anteriormente (23, 24 e 26 de Outubro) três textos sobre as três colunas que, nas reuniões do primeiro grau do Rito Escocês Antigo e Aceite de uma Loja maçónica se encontram na zona central da sala onde decorre a reunião e que simbolizam a Sabedoria, a Força e a Beleza. Essas três colunas estão dispostas nas posições de três dos quatro vértices de um rectângulo. O quarto vértice nada tem.

Nada tem? Não é bem assim...

Esse quarto vértice é o local de uma quarta coluna, invisível porque imaterial, que simboliza a ligação espiritual entre o Homem e o Criador.

É, portanto, a coluna do Espírito, que não é a Mente, embora a ilumine, que não é mero Instinto, apesar de o guiar, que, não sendo a Inteligência, só por esta pode ser, fugazmente, entrevisto.

Tal como as demais qualidades que devem estar presentes nas obras e acções humanas, também o Espírito, ou o que dele dimana e se projecta nos actos humanos, chame-se-lhe garra ou vontade ou ainda elevação, aí deve estar representado.

De que vale uma obra ou acção humana, ainda que sábia, mesmo que forte, porventura bela, se dela nada de elevado, de digno do Livre Arbítrio que à Humanidade foi concedido, se vislumbrar? O acto humano deve, com efeito, ser digno desse Livre Arbítrio, da Condição Humana, deve elevar-se para além da simples materialidade. Só assim o Homem é algo mais do que um primata com um intelecto hiper-desenvolvido...

A Condição Humana só atinge a nobreza que lhe é inerente quando temperada com a dimensão de espiritualidade que especificamente lhe é alcançável.

A obra humana, o acto do Homem, distingue-se do resultado da actividade meramente animal em face da marca do Espírito que o anima e que se alberga dentro de nós.

A quarta coluna, a que aparentemente não existe, porque imaterial e, por isso, invisível, simboliza o Espírito do Homem, a mais nobre qualidade que este recebeu do Criador.

Não se vê, não se sente, não se toca materialmente, mas é, porventura, a mais importante das quatro colunas.

E eis como o maçon é tão embrenhado nos símbolos e nos seus significados que até é capaz de extrair significado de um símbolo... que não existe materialmente!

Rui Bandeira

20 novembro 2006

Como prosseguir

A sabedoria, a força e a beleza dos princípios que nos movem impelem-nos a caminhar, com passo sereno e seguro pela senda que escolhemos. Não se antolha nenhum motivo para os substituirmos ou para os modificarmos.

São, ao mesmo tempo, a nossa segurança e a nossa liberdade; porque nos apoiamos em conceitos apurados durante séculos por homens que respeitaram a moral e a ética e porque nos ensinaram a ouvirmos e a vermos como os nossos ouvidos e com os nossos olhos.

É com alguma apreensão que ouvimos desmoronarem-se à nossa volta edifícios de grande solidez aparente, enquanto outros são construídos com a argamassa do ódio.

A tentação, que muitas vezes nos ataca de desistirmos, de enfileirarmos comodamente em bandos onde a única responsabilidade exigida é a de acatar submissamente as ordens dos transmissores de pobres certezas, é vencida por muitos, entre os quais queremos estar sempre.

Continuamos a acreditar que juntos poderemos ir mais longe; que palavras como solidariedade, fraternidade , respeito pelo próximo, tolerância, justiça social e liberdade são expressões vivas que se vão decantando como consequência do nosso aperfeiçoamento espiritual.

E, se como atrás nestas notas soltas referi, importa respeitar os princípios, a forma como estes são em Maçonaria seguidos e difundidos deve ser objecto de atenta e profunda reflexão. Porque, se a Maçonaria visa o aperfeiçoamento de cada homem, visa o aperfeiçoamento deste integrado num grupo que por sua vez integra a sociedade toda.

Porque o maçon sabe que, se tem deveres para com os seus Irmãos, não pode esquecer os deveres para com todos os seus semelhantes que fazem parte de um tecido vivo em permanente transformação.

A Maçonaria deve pois adequar o modo como age aos modelos culturais e sociais de cada episteme.

Se dentro do Templo, com os nossos Irmãos, aprofundamos saberes iniciáticos, devemos fora do Templo utilizá-los e difundi-los sem os deturpar de forma a que sejam entendidos e respeitados.

Num tempo próximo em que, como em poucos outros, as variáveis serão em muito maior número do que as constantes, em que conceitos racionais, que só racionais, transportam ideias materialistas, que só materialistas, para o mundo das tecnologias e gritam triunfos onde só são conseguidos desencantamentos e desumanizações. Como Fernando Pessoa e tantos outros teriam pena de quem se acocora dentro das máquinas com medo de olhar mais longe...

As tecnologias todavia deverão, naturalmente, ser utilizadas, como pontualmente já sucede para transmitirmos o que pensamos, para dizermos quem somos, o que já fizemos a bem da humanidade e o que estamos disposto a fazer.

Sem escancararmos as portas do Templo, sem exibirmos (como já irresponsavelmente foi feito) o âmago da nossa cultura iniciática, devemos aproveitar melhor os meios que hoje estão ao nosso alcance, e que de certa maneira nos são impostos, para apontarmos criteriosamente valores e objectivos. Se tal não suceder, a ocupação de todos os centímetros e de todos os segundos pelos que propagandeiam oportunismos e toscas formas de marcantilismo deixar-nos-iam numa remota e ignorada penumbra onde foram vazados os que foram e já não são.

Para agudizar a premência do acerto da passada pelas formas sem esquecer conceitos, uma realidade surge de forma avassaladora e numa pressa vertiginosa: a globalização. Não temos tempo para coçar a cabeça cogitando no que ela poderá ser; porque quando acabássemos o gesto ela já cá estava, imponente depois de entrar por todos os poros e interstícios. O tema, muito bem tratado por vários oradores no Congresso Internacional da Maçonaria Regular em boa hora organizado pela GLLP/GLRP, tem pois de ser encarado dentro do Templo.

Com a preocupação de o entender e de, na coerência das nossas formar de intervenção, estudarmos como o devemos olhar e como ele pode influenciar o nosso trabalho.

De uma certeza podemos partir: a cultura maçónica não é monolítica e visa, como sempre, colaborar na criação de mais justos e livres modos de vida, para todos. Está aberta, na segurança dos seus princípios, para ser aperfeiçoada, para poder aperfeiçoar cada homem, para que a humanidade, seja cada vez mais só uma, mais justa e mais livre de todas as amarras.

E sabemos que a Maçonaria prosseguirá na mesma luta, não construindo na utopia mas no mundo em que vivemos um Templo diferente de todos os outros, em permanente aperfeiçoamento, procurando dar, com o respeito pelos mesmos princípios de sempre, respostas às angústias sentidas em cada época.

Numa perspectiva adjunta, a Maçonaria só ensina os conhecimentos que os homens lhe oferecem, só é o que os homens puderem ser, só tem o que o homens lhe derem.

Sempre com a esperança de se tornarem melhores.

Assim tem sido, com a liberdade de pensar e de criar que está na origem de toda a obra da Maçonaria, repelindo um olhar único e não esquecendo que cada tempo formulou as suas perguntas, deu as suas respostas e confrontou os maçons com a sua coragem de dialogar com a transcendência.

Em proféticas palavras que continham uma definição mas também um aviso para o futuro, o pastor Anderson disse que “um maçon nunca será nem um ateu estúpido nem um libertino irreligioso”.

(Excerto do artigo "A actualidade da Maçonaria", da autoria do Mui Respeitável Grão Mestre da Grande Loja Legal de Portugal /GLRP, Alberto Trovão do Rosário, originalmente publicado em "O Aprendiz", Revista da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP - Nova Série, Ano 6, n.º 25; este é o nono e último de nove excertos que foram aqui publicados; o anterior foi publicado em 15/11/2006, sob o título "A Grande Loja Legal de Portugal / GLRP". A imagem que ilustra este excerto é a fotografia do autor, a quem os colaboradores deste blogue agradecem a autorização dada para a publicação dos textos).

Rui Bandeira

18 novembro 2006

Jornal da Madeira, Fernando Pessoa, Municipalismo e mais coisas...

Pessoa e Municipalismo na Bienal de São Vicente


Durante o dia de ontem foram discutidos em São Vicente temas tão variados como o esoterismo de Fernando Pessoa, como o municipalismo na actualidade portuguesa.
Apesar da contenção de despesas, a Câmara Municipal de São Vicente realizou ontem a primeira Bienal Literária Vicentina. Na sessão de abertura, que contou com a presença de diversas personalidades ligadas à literatura, o presidente da autarquia local, Humberto Vasconcelos, focou a importância deste tipo de evento e acrescentou o facto da cultura ser das áreas mais prejudicadas quando são feitas restrições orçamentais. «As áreas mais sujeitas à diminuição de verbas são precisamente aquelas que se contêm no domíno da cultura, da recreação e do lazer». Apesar de tudo, adiantou o autarca, «o município de São Vicente tem feito um esforço o sentido de manter as apostas culturais por entender ser um dever para o desenvolvimento das populações». Na qualidade de representante do presidente do Governo Regional, o secretário regional do Turismo e Cultura, João Carlos Abreu, realçou a importância da defesa da identidade cultural, fazendo referência à irreversibilidade da globalização. A ideia — frisou o governante — «é projectarmos no mundo e tornarmos também maiores nesse mundo».
O lado esotérico de Fernando Pessoa
Um dos convidados para esta primeira bienal foi o sobrinho de Fernando Pessoa, o médico Luís Miguel Rosa Dias. Sob o tema “O percurso esotérico de Pessoa”, o orador deu a conhecer o “outro lado” do poeta português. «O meu tio deixou imensos livros sublinhados e estudados sobre astrologia, maçonaria, espiritismo e magia. Como tenho esses livros e como me interesso por esse percurso, resolvi fazer uma espécie de palestra porque eu sei que algumas pessoas só conhecem o Fernando Pessoa como poeta e pouco mais.
Ainda durante a parte da manhã foi apresentado o livro de António Dias, “O Municipalismo em Portugal, Brasil e Cabo Verde”. Fazendo uma comparação com os municípios do continente português, o autor do livro fez referência à Região, enaltecendo o trabalho que aqui tem sido feito, referindo-se à figura de Alberto João Jardim como sendo uma pessoa que o inspirou na realização deste livro. «O Dr. Alberto João Jardim foi uma inspiração para este livro na medida em que a minha tese de licenciatura abordou exactamente as regiões administrativas do continente. Como o presidente do Governo Regional foi o meu professor e falou do tema, quando vim cá à Madeira acompanhado por colegas de curso, vim com espírito aberto para ver quais as diferenças das autarquias madeirenses com as autarquias do continente. Na realidade, aqui vê-se muito mais obra ao nível dos municípios do que se vê no continente», adiantou.

(Lucia Mendonça da Silva em Jornal da Madeira 16/11/2006)

Com uma notícia sobre temas tão brilhantes só posso mesmo não comentar.

JPSetúbal

17 novembro 2006

Tolerancia - parte 2

Eis-me de volta. Muliplos afazeres, algumas questoes de saude, muita falta de tempo, temperado com uma inspiração falha fizeram-me ficar fora do mundo virtual por algum tempo.

Tolerancia, pois eu sou da opinião contrarai à do Rui Bandeira. Tolerancia não é um valor Universal por muito que se lhe faça um dia ou uma declaraçao de Principios.

Aconselho os leitores a procurarem o livro seguinte


Autor: Patrick Thierry Título: Tolerância – Sociedade Democrática, Opiniões, Vícios e Virtudes.
Tradução: Sara Travassos
Editora: Inquérito
Nº de páginas: 132
Ano da Edição: 2003
ISBN: 972-670-418-9


e a lê-lo. Sao 132 paginas em formato bloco de notas e que se lêm muito depressa. Depois de lidas voltem a reler a declaraçao dos principios da Tolerancia e meditem.

Josesr

16 novembro 2006

Tolerância

Hoje é o Dia Internacional da Tolerância.

Mau sinal, quando se cria um dia internacional de qualquer coisa: quer dizer que é preciso chamar a atenção para ela, sobretudo para a sua falta...

A Tolerância não é a descuidada postura que deriva de um complexo de superioridade em relação ao outro.

Pelo contrário, a Tolerância deriva do reconhecimento das nossas próprias imperfeições, dos nossos próprios defeitos, das nossas próprias deficiências. É reconhecendo que não somos perfeitos, que muito temos a melhorar, que entendemos que temos de aceitar os defeitos, as imperfeições dos outros. Porque, afinal, eles também têm de lidar com os nossos defeitos, com as nossas imperfeições...

O maçon tem a estrita obrigação de praticar a tolerância, de não estigmatizar a diferença, de, pelo contrário, conviver com ela e com ela aprender e se enriquecer, ao mesmo tempo enriquecendo o outro.

O maçon não necessita, pois, de um Dia Internacional da Tolerância. Mas pode, e deve, aproveitar esse dia para chamar a atenção para a sua necessidade.

O Dia Internacional da Tolerância foi criado em 16 de Novembro de 1995, através da proclamação e assinatura, no âmbito da UNESCO (organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), da

Declaração de Princípios sobre a Tolerância

Decididos a tomar todas as medidas positivas necessárias para promover a tolerância nas nossas sociedades, pois a tolerância é não somente um princípio relevante, mas igualmente uma condição necessária para a paz e para o progresso económico e social de todos os povos,

Declaramos o seguinte:

Artigo 1º - Significado da tolerância

1.1 A tolerância é o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos. É fomentada pelo conhecimento, a abertura de espírito, a comunicação e a liberdade de pensamento, de consciência e de crença. A tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz.

1.2 A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de tudo, uma atitude activa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância poderá ser invocada para justificar lesões a esses valores fundamentais. A tolerância deve ser praticada por indivíduos, pelos grupos e pelo Estado.

1.3 A tolerância é o sustentáculo dos direitos humanos, do pluralismo (inclusive o pluralismo cultural), da democracia e do Estado de Direito. Implica a rejeição do dogmatismo e do absolutismo e fortalece as normas enunciadas nos instrumentos internacionais relativos aos direitos humanos.

1.4 Em consonância ao respeito dos direitos humanos, praticar a tolerância não significa tolerar a injustiça social, nem renunciar às próprias convicções, nem fazer concessões a respeito. A prática da tolerância significa que toda pessoa tem a livre escolha de suas convicções e aceita que o outro desfrute da mesma liberdade. Significa aceitar o facto de que os seres humanos, que se caracterizam naturalmente pela diversidade de seu aspecto físico, de sua situação, de seu modo de expressar-se, de seus comportamentos e de seus valores, têm o direito de viver em paz e de ser tais como são. Significa também que ninguém deve impor suas opiniões a outrem.

Artigo 2º - O papel do Estado

2.1 No âmbito do Estado, a tolerância exige justiça e imparcialidade na legislação, na aplicação da lei e no exercício dos poderes judiciário e administrativo. Exige também que todos possam desfrutar de oportunidades económicas e sociais sem nenhuma discriminação. A exclusão e a marginalização podem conduzir à frustração, à hostilidade a ao fanatismo.

2.2 A fim de instaurar uma sociedade mais tolerante, os Estados devem ratificar as convenções internacionais relativas aos direitos humanos e, se for necessário, elaborar uma nova legislação a fim de garantir igualdade de tratamento e de oportunidades aos diferentes grupos e indivíduos da sociedade.

2.3 Para a harmonia internacional, torna-se essencial que os indivíduos, as comunidades e as nações aceitem e respeitem o carácter multicultural da família humana. Sem tolerância não pode haver paz e sem paz não pode haver nem desenvolvimento nem democracia.

2.4 A tolerância não pode ter a forma de marginalização dos grupos vulneráveis e de sua exclusão de toda participação na vida social e política, nem a da violência e da discriminação contra os mesmos. Como afirma a Declaração sobre a Raça e os Preconceitos Raciais, "Todos os indivíduos e todos os grupos têmo direito de ser diferentes" (art.1.2).

Artigo 3º - Dimensões sociais

3.1 No mundo moderno, a tolerância é mais necessária do que nunca. Vivemos uma época marcada pela mundialização da economia e pela aceleração da mobilidade, da comunicação, da integração e da interdependência, das migrações e dos deslocamentos de populações, da urbanização e da transformação das formas de organização social. Visto que inexiste uma única parte do mundo que não seja caracterizada pela diversidade, a intensificação da intolerância e dos confrontos constitui ameaça potencial para cada região. Não se trata de ameaça limitada a esse ou aquele país, mas de ameaça universal.

3.2 A tolerância é necessária entre os indivíduos e também no âmbito da da família e da comunidade. A promoção da tolerância e a aprendizagem da abertura do espírito, da audição mútua e da solidariedade devem realizar-se nas escolas e nas universidades, por meio da educação não formal, nos lares e nos locais de trabalho. Os meios de comunicação devem desempenhar um papel construtivo favorecendo o diálogo e debate livres e abertos, propagando os valores da tolerância e ressaltando os riscos da indiferença à expansão das ideologias e dos grupos intolerantes.

3.3 Como afirma a Declaração da UNESCO sobre a Raça e os Preconceitos Raciais, medidas devem ser tomadas para assegurar a igualdade na dignidade e nos direitos dos indivíduos e dos grupos humanos em todo lugar onde isso seja necessário. Para tanto, deve ser dada atenção especial aos grupos vulneráveis social ou economicamente desfavorecidos, a fim de lhes assegurar a protecção das leis e regulamentos em vigor, sobretudo em matéria de habitação, de emprego e de saúde e respeitar a autenticidade de sua cultura e de seus valores e de facilitar, em especial pela educação, sua promoção e sua integração social e profissional.

3.4 A fim de coordenar a resposta da comunidade internacional a esse desafio universal, convém realizar estudos científicos apropriados e criar redes, incluindo a análise pelos métodos das ciências sociais das causas profundas desses fenómenos e das medidas eficazes para enfrentá-las, e também a pesquisa e a observação, a fim de apoiar as decisões dos Estados membros em matéria de formulação política geral e acção normativa.

Artigo 4º - Educação

4.1 A educação é o meio mais eficaz de prevenir a intolerância. A primeira etapa da educação para a tolerância consiste em ensinar os indivíduos quais são os seus direitos e suas liberdades a fim de assegurar seu respeito e de incentivar a vontade de proteger os direitos e liberdades dos outros.

4.2 A educação para a tolerância deve ser considerada como imperativo prioritário; por isso, é necessário promover métodos sistemáticos e racionais de ensino de tolerância centrados nas fontes culturais, sociais, económicas, políticas e religiosas da intolerância que expressam as causas profundas da violência e da exclusão. As políticas e programas de educação devem contribuir para o desenvolvimento da compreensão, da solidariedade e da tolerância entre os indivíduos, entre os grupos étnicos, sociais, culturais, religiosos, linguísticos e as nações.

4.3 A educação para a tolerância deve visar contrariar as influências que levam ao medo e à exclusão do outro e deve ajudar os jovens a desenvolver a sua capacidade de exercer um juízo autónomo, de realizar uma reflexão crítica e de raciocinar em termos éticos.

4.4 Comprometemo-nos a apoiar e a executar programas de pesquisa em ciências sociais e de educação para a tolerância, para os direitos humanos e para a não violência. Por conseguinte, torna-se necessário dar atenção especial à melhoria da formação dos docentes, dos programas de ensino, do conteúdo dos manuais e cursos e de outros tipos de material pedagógico, inclusive as novas tecnologias educacionais, a fim de formar cidadãos solidários e responsáveis, abertos a outras culturas, capazes de apreciar o valor da liberdade, respeitadores da dignidade dos seres humanos e de suas diferenças e capazes de prevenir os conflitos ou de resolvê-los por meios não violentos.

Artigo 5º - Compromisso de agir

Comprometemo-nos a fomentar a tolerância e a não violência por meio de programas e de instituições no campo da educação, da ciência, da cultura e da comunicação.

Artigo 6º - Dia Internacional da Tolerância

A fim de mobilizar a opinião pública, de ressaltar os perigos e de reafirmar nosso compromisso e nossa determinação de agir em favor do fomento da tolerância e da educação para a tolerância, proclamamos solenemente o dia 16 de Novembro de cada ano como o Dia Internacional da Tolerância.

Há uns milhares de anos, alguém proclamou: "Amai-vos uns aos outros". Comecemos por um mais modesto, mas indispensável, objectivo: toleremo-nos uns aos outros!

Rui Bandeira

15 novembro 2006

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP


A nossa GLLP/GLRP atravessa uma fase de sereno e coerente crescimento.

Qualquer análise esclarecida tem de assentar em quem somos e nas circunstâncias que nos marginam e o ponto de partida só pode ser um: todo o nosso trabalho visa a construção de um Templo que as nossas humanas limitações não permitem que possamos concluir e não, como com ignorância profana poderíamos conjecturar, utilizar um Templo, por belo que seja na construção do qual não participámos, isto é, na parede do qual não colocámos nenhuma pedra por nós polida laboriosa e conscientemente. Iniciámos, formalmente, a nossa vida colectiva há década e meia; honramo-nos todavia, e, pelos motivos que apontei com toda e legitimidade, de um passado longo e que tão fundas marcas deixou na História da Humanidade.

Muitos são os que têm prosseguido o trabalho feito pelos que nos antecederam. A todos devemos reconhecer o mérito do seu labor e se alguns nomes caíram no esquecimento tal ter-se-á ficado a dever à discrição com que actuaram, o que mais realça a sua coerência maçónica e o seu desapego a ridículas vaidades.

Entre outros temas sobre os quais adiante ensaiarei algumas considerações um há que, na sua aparente linearidade esconde uma dúvida que nalgumas potências estrangeiras vem merecendo aturada reflexão: deverá a Maçonaria do futuro, e portanto a nossa Grande Loja, preocupar-se mais com o Templo ou com a Loja?

Noutras áreas do conhecimento este duelo de cumplicidades entre a Teoria e a Praxis é resolvido com a procura de simbioses. Creio que assim não deverá acontecer no que nos diz respeito. Continuo a crer, firmemente, e nesse sentido tenho actuado, que embora cuidemos do que é feito, este deve ser sempre descendente directo do porque é feito.

Se dermos importância de protagonista à nossa acção, torna-nos-emos, e muitos são os cantos das sereias que no-lo sugerem, um grupo de homens mais ou menos bons que se dedicam a causas mais ou menos boas, como tantos e tantos outros grupos. Seremos menos agredidos pelos intolerantes, é certo, mas, é bem preferível que sejamos agredidos por termos uma cultura própria que determina e margina o que fazemos a navegarmos em mares bonançosos que não são os nossos.

Justamente por isso, têm sido várias as actividades culturais que temos promovido acompanhados do convite à participação dos Obreiros.

Tem de ser este, só pode ser este, o nosso percurso. Os frutos começam a ser bem visíveis sendo estimulante verificar que várias são as RR...LL... interessadas em dar sequência aos exemplos dados, promovendo actividades diversas, inclusivamente a publicação de cadernos como em boa hora a R...L... Astrolábio começou a fazer há alguns anos – estão publicados 32!-.

É a colina dos saberes que fomos reunindo que determinará o que viermos a fazer não sendo razoável admitir que o nosso aperfeiçoamento espiritual dependa mais dos fins do que dos meios. A título de exemplo, aponta-se a beneficência: as acções, e muitas são, que promovemos neste domínio, não são um fim em si mesmas, são a natural consequência da nossa formação maçónica.

Estamos pois a crescer, tendo sempre presente que só nos interessa crescer para sermos melhores, não para, cedendo a interesses pessoais ou de grupo, sermos maiores e mais aptos para conquistarmos lantejoulas ou cifrões. A nossa meta está, só pode estar, muito para além e muito para cima de tais pobres objectivos.

O que estamos a fazer é conseguido com discrição, com prudência e, em especial, com a coerência imposta pelos princípios que seguimos, da Maçonaria Regular. Estes são princípios padronizados pela crença em Deus, Grande Arquitecto do Universo, que todos sentimos, ainda que a possamos viver de formas diferentes. Por isso é com a maior naturalidade que respeitamos as Religiões e os seu representantes, não existindo, da nossa parte, qualquer reticência que possa empanar um relacionamento que pretendemos que seja claro e assente no respeito mútuo.

Também no tocante a outras obediências maçónicas, reconhecidas ou não, recusamos qualquer forma de agressão ou de colisão. A Maçonaria, como a entendemos nós, os maçons Regulares, é trabalho de construção própria, nunca o de destruição do trabalho alheio.

(Excerto do artigo "A actualidade da Maçonaria", da autoria do Mui Respeitável Grão Mestre da Grande Loja Legal de Portugal /GLRP, Alberto Trovão do Rosário, originalmente publicado em "O Aprendiz", Revista da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP - Nova Série, Ano 6, n.º 25; este é o oitavo de nove excertos que serão aqui publicados; o anterior foi publicado em 13/11/2006, sob o título "Os Altos Graus"; o próximo, e último, terá o título "Como prosseguir").

Rui Bandeira