16 janeiro 2010

Entrar bem o ano

Porque Vocês merecem... Magnífico este slogan.

Ainda por cima verdadeiro, neste caso !

Pois porque Vocês merecem aqui Vos deixo mais um "boneco" da Cristina Sampaio que ela quiz ter a simpatia de me mandar... com os votos de um bom Ano Novo.

A Cristina, como todos os que seguem a sua arte bem sabem (no Expresso e no Público é raro falhar um exemplar), tem uma visão muito crítica da sociedade e não esconde, bem pelo contrário, nos desenhos que faz.

Este é só mais um acerca do qual não vou tecer qualquer comentário, mais ainda porque correria o risco de adulterar o espírito que queremos que se mantenha neste espaço de formação e informação.
Assim fiquem simplesmente com este "polvinho" assaz atrapalhado para cumprir o ritual.


E tenham um bom fim de semana, sem copos excessivos e com os pés (todos os possiveis) bem assentes no chão.
JPSetúbal

13 janeiro 2010

O décimo oitavo Venerável Mestre


O décimo oitavo Venerável Mestre exerceu funções entre o segundo sábado de setembro de 2007 e idêntico dia de 2008. Dispensa aqui apresentações, pois é bem conhecido dos leitores deste blogue, de que é fundador. O décimo oitavo Venerável Mestre foi o nosso bem conhecido, e atual "animador" de fim de semana do blogue, JPSetúbal.

JPSetúbal é - e já era, na altura em que exerceu o ofício de Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues - o reformado mais ocupado que conheço. Ele são os netos, ele são as instituições de solidariedade que apoia, ele são as reparações de material informático, ele é o sítio de informação regional, ele é a televisão de informação regional (agora já são duas), ele é o tempo que dedica aos amigos, conhecidos, companheiros, colegas e ex-colegas, ele é o tempo que dedica à família (sempre pouco, no dizer da sua permanentemente insatisfeita cara-metade.... como a minha diz de mim... são feitios...), enfim, ele fica com pouco tempo até para se coçar...

Mas, como todas as pessoas atarefadas, o JPSetúbal lá arranjou ainda tempo para encaixar na sua vida mais uma responsabilidade: dirigir, durante um ano, a Loja Mestre Affonso Domingues. Recebeu a Loja organizada, como referi no texto sobre o seu antecessor, e iniciou o seu mandato com evidente entusiasmo, logo apresentando o seu Quadro de Oficiais e o seu plano das atividades previstas (hábitos de gestor, que não se perdem com a reforma...).

A Loja recebeu o seu décimo oitavo Venerável Mestre com indisfarçada expectativa e esperança de mais um ano bonançoso. O JPSetúbal era, e é, um obreiro muito querido e considerado da Loja Mestre Affonso Domingues. A sua bem disposta bonomia, a sua serena competência, o seu estilo calmo, ponderado e conciliador, enfim, o seu ar de "confortável avô", cativam todos os demais e predispõem para que todos correspondam aos seus pedidos e se enquadrem no cumprimento das tarefas por si organizadas.

E o ano foi, efetivamente, bonançoso... até certo ponto - que os imponderáveis espreitam sempre atrás da porta...

O JPSetúbal não propôs, nem preparou, nem organizou, nem executou, nenhuma grandiosa iniciativa. nem era isso que se propunha fazer - ou que tinha cabimento que fizesse. O JPSetúbal fez precisamente aquilo que dele se esperava que fizesse: a gestão calma, serena e normal de uma Loja maçónica em velocidade de cruzeiro, sem especiais problemas nem visíveis desequilíbrios relevantes, tomando o leme que o seu antecessor deixou entregue ao seu cuidado e conduzindo a Loja no seu normal caminho até chegar a altura de passar a direção da barca ao seu sucessor.

Assim, programou e executou o que, para a Loja Mestre Affonso Domingues, já é, felizmente, o trivial e sem história particular: as iniciações dos candidatos - que, na Loja Mestre Affonso Domingues, nunca faltam e, até, têm de ficar em "lista de espera", pois procuramos não exceder a nossa capacidade de acompanhamento e enquadramento de Aprendizes -, as passagens de grau dos que cumpriram com êxito a primeira parte do seu trabalho e da sua integração, as elevações dos que concluíram a sua fase de formação e estão prontos para a futura assunção de responsabilidades na Loja, as pranchas, a atividade administrativa e de representação da Loja, enfim, repito, o trivial...

Para além desse trivial, lembro-me que foi o JPSetúbal quem diligenciou a fabricação e obtenção do segundo exemplar do estandarte da Loja (já que o exemplar original foi objeto de uma apropriação privada por parte de um anónimo, externo e obviamente desconhecido colecionador - não sei se me faço entender...), quem organizou e dirigiu a participação na Loja Mestre Affonso Domingues na homenagem a Aristides de Sousa Mendes, organizada pela Loja que ostenta o seu nome, quem organizou e dirigiu mais uma sessão de dação de sangue (esta, afinal, está mal colocada: façam o favor de a considerar enfileirada no "trivial" - para nós, já o é), levou a cabo a formalização da geminação com a Respeitável Loja Rigor, ao Oriente de Bragança, teve o encargo e responsabilidade de realizar a intervenção de saudação ao Grão-Mestre e a todas as Lojas na sessão de Grande Loja do equinócio da primavera de 2008 - algo que, uma vez que só há quatro sessões de Grande Lojas por ano e porque tal compete por rotatividade entre as Lojas, não voltará a ocorrer senão daqui a muitos anos, se é que volte a suceder! - e programou, organizou e participou na visita da Loja gémea Fraternidade Atlântica à outra Loja gémea, a Rigor. Deixou preparada e pronta para execução a receção dos Irmãos da Fraternidade Atlântica em Lisboa.

Foi neste ponto do seu mandato que o imponderável exterior fez a sua aparição e condicionou fortemente a atividade do JPSetúbal. Precisamente quando se encontrava em Bragança, no encontro com a Fraternidade Atlântica e a Rigor, a sua cônjuge adoeceu, súbita e inesperadamente, com alguma gravidade. Teve de ser submetida a duas intervenções cirúrgicas em Bragança e de ali permanecer durante algum tempo. Obviamente que o JPSetúbal teve de fazer o que era simultaneamente seu dever e sua vontade: ficou em Bragança todo o tempo necessário, em ajuda e companhia da sua cônjuge.

Praticamente toda a parte útil restante do seu mandato teve de ser assegurada à distância. O que, obviamente, comprometeu os seus projetos para a parte final do seu mandato. Mas o que tem de ser tem muita força. E, pelo menos, resta a consolação de que o trabalho feito até que surgiu o impedimento foi profícuo e relevante. E que a Loja reagiu com naturalidade e sem problemas a mais esta, para si inédita, experiência, de ficar, durante um tempo não negligenciável, a ser dirigida à distância, em óbvios "serviços mínimos", sendo a ausência física do seu líder suprida pelos elementos que, nestes casos, têm de suprir essa ausência.

O previsível ano bonançoso teve, na sua parte final, esta pequena tormenta. Que serviu para a Loja testar e executar a sua capacidade de prosseguir o seu caminho normal, apesar da inesperada dificuldade, suprida pela forma como está estabelecido que seja suprida, sem problemas de maior. Enfim, mais uma experiência bem sucedida!

Fora da Loja Mestre Affonso Domingues não se deu pela ocorrência desta anormalidade. O que demonstra a preparação da Loja para lidar com estes imponderáveis que - aprendemo-lo à nossa custa! - podem surgir a qualquer tempo e sem pré-aviso.

Contas feitas, o mandato do JPSetúbal foi, afinal, um bom ano para a Loja. Apesar do imponderável surgido, JPSetúbal entregou ao seu sucessor uma Loja um pouco melhor, seguramente um pouco mais adulta, do que a que recebeu do seu antecessor. Essa maturidade acrescida veio a ser útil mais tarde...

Rui Bandeira

08 janeiro 2010

Máquina infernal...

Só pode mesmo ser uma máquina infernal, destinada a enlouquecer qualquer pobre afinador que tenha o arrojo de se meter a afinar esta... coisa.

Mais uma vez um amigão quis partilhar comigo, e eu convosco, uma curiosidade.

Desta vez trata-se de um objeto inqualificável para mim, mistura de instrumento musical, robot, realejo, número de circo, ... que alguém (não me disseram nada sobre a autoria da invenção) imaginou e realizou e que alguém (outro ou o mesmo) resolveu transmitir para a net.

Agora, mistério, mistério, então não é que toca música... mesmo ?

Para começar o ano com animação e imaginação.

A propósito desse tema ("começar o ano") tão espremido durante estes dias passados, apetece-me reafirmar que o estado do mundo em que vivemos e de que tanto todos se queixam, está dependente, exclusivamente, daquilo que os homens quiserem dele.

E até podemos pegar no exemplo do "instrumento" acima.

Porque razão havemos de ser tão complicados ?

Como diria o do anúncio, "se fosse mais simples também tocava, mas não seria a mesma coisa..."

Os homens e o seu mundo (quem se lembra do "D.Camilo e o seu pequeno mundo" ?) se fossem mais simples também existiriam... mas não seria a mesma coisa !

Pois claro. Seria bem melhor.

JPSetúbal

06 janeiro 2010

Blogue da R.·. L.·. Zarco a Oriente do Funchal


Basta consultar os textos do marcador "Blogues outros" para se verificar que aqui se está atento à "concorrência" e que, quando se encontra um blogue que entendemos que o justifica, o divulgamos através de um texto aqui no A Partir Pedra.

Hoje, é com indisfarçada satisfação que referencio aqui o Blogue da R.·. L.·. Zarco a Oriente do Funchal (endereço: http://joaogoncalveszarco.blogspot.com/), que, de alguma forma, se inspira no A Partir Pedra mas que, certamente, fará o seu próprio caminho, diferente - porventura melhor... - que o nosso.

A R.·. L.·. Mestre Affonso Domingues deu uma ajuda para o alçamento de colunas da R.·. L.·. João Gonçalves Zarco, ao Oriente do Funchal, acolhendo e preparando obreiros que iriam integrar esta Loja, aliás presentemente liderada por um antigo obreiro da R.·. L.·. Mestre Affonso Domingues.

Não admira, assim, que alguns dos projetos iniciais desta nóvel - e visivelmente dinâmica - Loja se inspirem no que a R.·. L.·. Mestre Affonso Domingues vem desenvolvendo - e, a partir dessa inspiração, desenvolvendo os seus próprios caminhos, buscando aperfeiçoar o modelo, expurgá-lo do que de menos bom tem, melhorá-lo.

Nesse sentido, enquanto o A Partir Pedra se anuncia a si próprio como o Blogue escrito por maçons da Loja Mestre Affonso Domingues, o Blogue da R.·. L.·. Zarco a Oriente do Funchal declara que Este blogue é feito pelos obreiros da R:. L:. João Gonçalves Zarco, n.º 71 da Grande Loja Legal de Portugal - GLRP, a Oriente do Funchal.

Um dos colaboradores do Blogue da R.·. L.·. Zarco a Oriente do Funchal é T.:. P.:., que, sob o pseudónimo por extenso de Templuum Petrus, já publicou alguns textos aqui.

Apontadas as semelhanças, anotem-se as diferenças. Desde logo, de imagem, tendo o Blogue da R.·. L.·. Zarco a Oriente do Funchal optado pelo tradicional fundo negro de muitos dos blogues de temática maçónica. Mas, para além da "cosmética", é já possível notar-se, apesar da juventude do blogue (teve os primeiros textos publicados em 12 de novembro último) e do ainda reduzido (mas significativo, para menos de dois meses de publicação) número de textos (19, até ao final do ano de 2009), uma assinalável diferença - para melhor, frise-se - em relação ao nosso blogue: a participação de elementos daquela Respeitável Loja. Em 19 textos, descortinamos, pelo menos, seis autores (Zarco, Nadir, T.:. P.:., tes.:o.dias, RF e H:. T:.), o que é quase o mesmo número de autores de textos dos mais de mil já publicados aqui e, comparativamente à dimensão das respetivas Lojas, denota uma muito maior proporção de participação no Funchal do que em Lisboa...

No Blogue da R.·. L.·. Zarco a Oriente do Funchal publicam-se, segundo julgo perceber, pranchas ou sinopses de pranchas dos obreiros daquela Loja, ao contrário do que, com as inevitáveis exceções, tem sucedido aqui.

Estes dois aspetos - maior proporção de obreiros da Loja a participarem no blogue e publicação nele das pranchas ou sinopses de pranchas apresentadas em Loja - afiguram-se-me exemplos de dois caminhos diversos do que este blogue vem seguindo, com vantagem para os nossos Irmãos madeirenses.

Seguir o Blogue da R.·. L.·. Zarco a Oriente do Funchal é uma maneira fácil de seguir e apreciar o trabalho dos maçons da, por enquanto única, Loja Regular na Madeira. Eu, por mim, já me inscrevi como seguidor...

E, claro!, este blogue passa a integrar a nossa lista de atalhos!

Assim a Maçonaria Regular portuguesa vai crescendo na blogosfera. Já vamos em três blogues, oriundos de localizações tão díspares como Lisboa, Madeira e Macau...

Rui Bandeira

30 dezembro 2009

E chega...


Encadeada com a festa do solstício de dezembro, o Hanukkah, o Natal, a Festa da Família, segue-se o período da comemoração do Ano Novo.

A necessidade de compartimentação do tempo, desde tempos imemoriais sentida pelos humanos, levou à criação dos calendários. A compartimentação do tempo não se fez ao acaso, antes seguiu e reproduziu o ciclo da vida na natureza, nos países temperados. Desde cedo que o bicho-homem se apercebeu que a natureza se repetia ciclicamente, que ao frio sucedia o calor, que o brotar das plantas, o seu florir, era seguido pelo crescimento dos frutos, que à colheita se seguia o tempo de pousio, em que nada crescia e a natureza parecia reservar um tempo para ganhar forças e tudo recomeçar.

Desde cedo que o bicho-homem se apercebeu do ciclo natural e da sua repetição. Um ano corresponde, assim, ao desenrolar dos processos desde o repouso da Natureza até novo repouso - ou, conforme as culturas, desde um florescer a outro, ou desde uma época de colheita a outra.

No calendário gregoriano que atualmente utilizamos, poucos dias após o solstício de dezembro, inverno no hemisfério norte, tem lugar o início do novo ciclo. O Sol reinicia o seu ciclo e, poucos dias depois, a Natureza começa a reemergir do Nada para a Vida, as plantas germinam, a seu tempo brotarão e crescerão, os animais preparam e efetuam o acasalamento, as crias nascerão e crescerão. Enfim, do Nada aparente a Vida brota e cresce, até ao seu declínio - e novo renascimento.

O Ano Novo simboliza para nós, humanos, o Recomeço. Um novo período que se inicia, que será genericamente semelhante ao que terminou, mas, como novo início que é, que cada um de nós espera "formatar" ao seu gosto, corrigindo o que de mal fez no período anterior, alterando o que mau resultado deu. Um novo começo, uma nova oportunidade! Uma nova corrida, uma nova viagem, dentro da Grande Viagem da nossa Vida.

No fundo, o que nós celebramos em cada Ano Novo é esta oportunidade de Recomeço, é a Esperança de que faremos ou conseguiremos mais e melhor neste novo período que se inicia, do que conseguimos no que termina.

Afinal, o que celebramos em cada Ano Novo é a nossa capacidade de nos reinventarmos, de sonhar, de construir e reconstruir, enfim, de fazermos o nosso próprio progresso e de corrigirmos os nossos erros e infelicidades.

Ao celebrarmos o Ano Novo, celebramos a nossa capacidade de FAZER, de CONSTRUIR, de PERSEVERAR.

No fim de contas, o que celebramos em cada Ano Novo é a Vida e a nossa capacidade de nela influirmos e de recuperarmos das nossas desilusões e fracassos, alçando os olhos para novos desafios e objetivos.

Celebremos, pois, o Novo Ano, enquanto indivíduos e enquanto espécie!

A todos desejo um próspero 2010!

Rui Bandeira

27 dezembro 2009

O BONECO

Meus Caros, o funcionário de serviço ao fim de semana chegou atrasado, culpa de um "gripalhado" (junção dos genes da gripe com o "atrapalhado") que me deixou um tanto às avessas durante dois dias.

E depois não sei como passariam o fim de semana completo sem esta intervenção sempre tão oportuna e valiosa... (digo eu... claro)
Certamente que poderiam passar o fim de semana sem mim... mas não seria a mesma coisa !
O Rui conta tudo direitinho quanto ao período que estamos a atravessar.
E neste período aquilo que mais se ouve falar é em auxílio, fraternidade, solidariedade, companhia, combate à solidão e não sei mais quantas coisas boas.

É bom que esta época festiva sirva para isso, já que passando este período tudo regressará invariavelmente ao isolamento cada vez maior em que cada ser humano se vai distanciando dos outros, num movimento que, se bem entendo o sentido de preservação da existência, é completamente contraditório.
Mas de facto aquilo que sinto é um egoísmo mesquinho, crescente, que nos isola e nos faz mandar às urtigas tudo o que significar "chatice".
Seria bom, seria desejável, que desta época ficassem sementes.
Isso significaria a esperança de que um dia pudessem germinar e trazer aos humanos um pouco de capacidade de aceitação das diferenças, porque é aí que bate o ponto.

Estou pessimista !

Entretanto a minha querida amiga Cristina Sampaio fez-me a surpresa de me enviar (e autorizar a publicar) um boneco daqueles...
A Cristina é uma renomadissíma caricaturista (cartonista como dizem os americanos) com vários prémios nacionais e internacionais ganhos com os magníficos traços que "rabisca" e nos quais consegue definir uma história completa em meia dúzia de traços.

Julgo que já trouxe ao blog um boneco dela quando ganhou o 1º prémio do World Press Cartoon em 2007.
Pois este ano a Cristina enviou-me mais um boneco "super" que passo a partilhar convosco... porque vocês merecem !
Sobre este desenho de "meia dúzia de traços" (repito) poder-se-ão escrever manuais inteiros sobre o comportamento humano e em particular dos portugueses.
A Cristina, sabe dizer isso tudo assim.
Um lápis e meio bico... não precisa de mais.

Desejo que tenham tido esta época com a alegria que é suposto ter e com a Paz que é desejável para todos.

Boas Festas e Excelente 2010.

JPSetúbal

23 dezembro 2009

A festa do solstício de dezembro


A 21 de dezembro ocorre o solstício de inverno, o dia mais curto do ano no hemisfério norte. A partir daqui, dia a dia, o dia ganha mais uns minutos. Ao fim de um mês, mais coisa menos coisa, é uma hora de Sol a mais - o que faz a sua diferença e é notado.

Desde tempos imemoriais que a Humanidade celebra este dia, este período. À angústia de ver cada dia o Sol (a primeira divindade do homem primitivo) a desaparecer mais cedo e por mais tempo, dando lugar às trevas e ao frio da noite, sucede-se, a partir do solstício, o alívio de notar que o processo se inverte, que cada dia nos traz um pouco mais de tempo de luz.

Desde os primitivos tempos que a humanidade celebra esta ocasião, ligando o receio de ver desaparecer, esvair-se, o Sol ao outro grande receio primitivo do bicho-homem, o do seu desaparecimento físico, a morte, e anunciando a esperança de que a vitória do Sol sobre as trevas que, a partir do solstício, sensivelmente se vê, dia a dia, simbolize também a vitória sobre a morte, numa esperada, ansiada, ressurreição.

O solstício de inverno marca, no ciclo da vida e das estações, a decadência como meio, como etapa, como estágio, para a recuperação, o renascer, o reflorescer, que virá a ter o seu clímax por alturas do equinócio da primavera.

Assim é, ano a ano. Assim desde os tempos do Homem Primitivo, se assinala o período. O mito de Osíris é talvez, da Antiguidade, a sua variante mais conhecida. Nos dias de hoje, permanecem as celebrações da época. As religiões reservam uma festividade para este período, em consonância com o primitivo sentir do bicho-homem.

Na religião judaica, celebra-se o Hanukkah, festividade que comemora a rededicação do Templo de Jerusalém, no tempo da Revolta dos Macabeus, no século II a. C.. Celebra-se durante oito noites, com início no vigésimo quinto dia do mês Kislev, que é o terceiro mês do ano civil e o nono mês do ano eclesiástico do calendário hebreu e que, no calendário gregoriano, aquele que usamos presentemente no nosso dia a dia, ocorre entre finais de novembro e finais de dezembro.

Nas religiões cristãs, celebra-se o Natal, o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade, o Natal era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste facto com a oficialização da comemoração do Natal.

Esta época é também assinalada, por todo o mundo cristão, pela Árvore de Natal e pelo Presépio. Acredita-se que a tradição da Árvore de Natal começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem, que Lutero reproduziu com ramos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta. Esta tradição foi trazida para o continente americano por alguns alemães, que emigraram para a América durante o período colonial, e daí difundida um pouco por todo o Mundo. O presépio mostra o cenário do nascimento de Jesus, ou seja, uma manjedoura, os animais, os reis Magos e os pais do menino. Esta tradição de montar presépios teve início com São Francisco de Assis, no século XIII.

A época é de festa, de recolhimento familiar, no fundo de relembrança dos valores que fazem a vida valer a pena ser vivida. Solstício, Hanukkah, Natal, seja como se festeje, deve ser uma época em que nos recolhemos ao interior de nós mesmos e nos reunimos com os nossos, fortalecendo a noção de que é em conjunto, em família, no nosso grupo central, que a vida deve ser vivida, em paz e harmonia.

Festejemos, pois!

A todos, Boas Festas!

Rui Bandeira

Fontes:
Wikipedia: Hanukkah
Wikipedia: Kislev
Professor Gabriel Campos de Oliveira: Origem do Natal e o significado da comemoração (mensagem privada)