21 agosto 2008

O Triplo Nelson - Uma vez mais!!

Parece que há eventos que se repetem em Agosto, e se dois deles são já tradicionais, o Aniversário do Rui e o Dia do Maçon ( do qual falarei em post posterior), há um terceiro que parece querer enraizar-se em Agosto.

A Medalha de Ouro do Nelson Evora no triplo salto.

Pois é o Nelson em Pequim conseguiu uma brilhante vitória no Triplo Salto e a Bandeira Portuguesa e a Portuguesa serão vistas e ouvida no Estadio Olimpico de Pequim.

O " A PARTIR PEDRA" congratula-o e deseja-lhe as maiores felicidades e

Caro Nelson, cá te espero em Agosto de 2009 !!!!!


José Ruah

Hoje é dia de .....

FESTA !


Grande Abraço de Parabéns







aqui do pessoal do Blog

JPSetubal e José Ruah

20 agosto 2008

Continuamos em Agosto mas não parece !

Tradicionalmente a maçonaria para em Agosto. Nalguns países pára mesmo em Julho e Agosto. Ou seja aos obreiros é reconhecido o direito a férias tal qual como numa qualquer Oficina, ou Loja.

Os Maçons são como os outros têm direito a Férias, a estar com as respectivas famílias e a não se preocuparem com os trabalhos rituais nem com o funcionamento da Loja.

Pois é ! Isto é Verdade mas não para todos.

Aqui este escriba está atarefadissimo com uma incumbencia do MR Grão Mestre. Quer ele que no início de Setembro esteja pronto para distribuição o novo Ritual do Grau de Companheiro para o Rito Escocês Antigo e Aceite.

E para tal chamou ao trabalho dois obreiros da sua confiança, que têm dado ao dedo. O FPC criou as versões iniciais, baseadas no Ritual existente.

Mandou-as por e-mail cá para mim, e eu estou a trabalhar na que será a versão para apresentação ao GM, já formatada, com a apresentação e aspectos finais, etc.

Preferencialmente sem erros mas sobretudo sem fontes de equivocos.

Enfim, coisas de Grande Inspector.

José Ruah

15 agosto 2008

Veneravel Mestre - "Nosso" vs "Eu"

Há uns tempos atrás abordámos no blog a questão da Sucessão nos seguintes post
Percurso a Venerável de minha autoria e Da Linha e do Percurso da autoria do Rui Bandeira

Um atento leitor Brasileiro que abaixo se identifica e que é Irmão trabalhando numa Loja do estado do Paraná ao não conseguir colocar um comentário enviou-o por correio electrónico, dando autorização que fosse reproduzido.

Diz-nos então como segue:

“Visão cabalística para o caminho a Venerável Mestre.
Na "Arvore da Vida",ou KABBALAH como queiram, o Ven:. Me:. ocupa a posição de KETHER. É a posição referente a letra hebraica YOD (10), reservada à pessoas investidas do "NOSSO" fortemente.É uma condição indispensável para que a energia da EGREGA seja profícua. Pessoas com o "EU" muito fortes aterram no próprio trono de Salomão a energia da égregora, e a Loja ficará prejudicada na maioria das ocasiões. Então, não basta simplesmente querer ser Ven:.M:., ou já ter passado por outros cargos, é sobretudo e importante ser um Ir:. evoluído no desbastar da PEDRA BRUTA. É mister ser uma pessoa do "NOSSO", ser bom ouvinte e complacente por natureza.
Triplice aos irs:. portugueses.
Avides R. F.
Lj Tiradentes - Curitiba – Brasil”

Este Irmão pega numa vertente muito mais esotérica para analisar a questão e mesmo com toda a subjectividade da Cabala ele transmite uma mensagem absolutamente objectiva.

O Venerável tem que possuir uma noção de Nosso muito mais forte que uma noção de Eu.

Gostei do que li e por isso permiti-me escrever algo acerca do assunto.

Ao longo dos anos conheci muitos Veneráveis de muitas Lojas, e intuitivamente ia dizendo para mim, que um era muito “mandão”, outro “brando de mais”, outro muito falador, enfim fui catalogando, e com isso permitia-me tentar perceber o que ia acontecer naquela Loja nesse ano.

Ao longo dos últimos anos, tenho tido sempre uma conversa com o novo Venerável da Mestre Affonso Domingues. Essa conversa tem sempre lugar para meados de Novembro.

Porquê meados de Novembro e não inicio de Setembro que é a altura da tomada de posse?

Há evidentemente uma razão para isso. Em meados de Novembro o novo Venerável já dirigiu 3 ou 4 sessões. Já se libertou do nervosismo inicial e já começou a mostrar como faz e qual o seu estilo.

E nessa altura, é altura de transmitir a minha opinião sobre o desempenho. Em conversa privada e longe de quaisquer outros ouvidos que não os do Venerável.
A minha opinião pode ser qualquer, desde dizer-lhe que está tudo certo e que se continuar assim vai ser um sucesso, até dizer-lhe que o modo como está a gerir a Loja pode gerar que perca o controlo.

Mas sempre lhes digo a mesma coisa, antes de grandes decisões e antes de submeter assuntos mais complexos à Loja, envolvam outros Irmãos Mestres no assunto, auscultando-os e trazendo-os para o projecto se for esse o caso, sejam os Árbitros e não os jogadores.

O nosso Irmão Avides, diz-nos que o sentido colectivo do Venerável é a característica essencial e uma das chaves para o sucesso do mandato. E eu concordo.

Há várias maneiras para se chegar ao “ Nosso”. A mais recomendável é através de trabalho individual de aperfeiçoamento, de entendimento do que é uma Loja, de respeito pelos demais, do uso da firmeza quando necessário. É evidente que isto não invalida que se deva percorrer um caminho para chegar a Venerável, deve-se é juntar nesse caminho as peças necessárias para que a preparação seja o mais completa possível, quer ritual, quer administrativa, quer psicológica.

É também evidente que “ não pode ser tudo nosso” ou seja o Venerável tem que de vez em quando ser “Eu” e dar uma batida de malhete mais forte, mas isso faz parte dos ossos do oficio.

O Venerável é o fulcro no qual está equilibrado o balancé. E essa sua missão de manter equilibrada a Loja é primordial.

E manter esse equilíbrio significa sucesso e progresso. Significa Lojas mais fortes no final de cada mandato. Significa maior consciência de grupo.

Enfim, fica aqui mais uma achega sobre o papel do Venerável Mestre de uma Loja.

Resta fazer uma ressalva final, já com este texto em produção o Irmão Avides conseguiu colocar o seu comentário, todavia achei que continuava a fazer sentido este post.
José Ruah

12 agosto 2008

É Agosto mas o trabalho não para

Caros Leitores / Dear Readers / Chers Lecteurs

Mesmo sendo Agosto o trabalho dos Maçons não para !
Although it's August, Masons do not stop working!
Même en Aout les Maçons travaillent!

Um dos nossos Irmãos está a ultimar o novo site da Loja Mestre Affonso Domingues.
One of our Brethren is finishing the Lodge's new site.
Un de nos freres est en train de terminer le nouveau Site de la Loge.

Agradecemos todos os comentários e quantos mais melhor para esta versão Beta
Please leave your opinion about this Beta version.
Nous remmercions tous les commentaires pour cette version Beta.

www.rlmad.net


Obrigado / Thank you / Merci


José Ruah

11 agosto 2008

Sobre o Grande Arquitecto do Universo

A G D G A D U

Ao meu ultimo post, Desfazendo uma confusão responderam com perguntas dois leitores assíduos deste blog. Um deles mais “perguntador” e algumas vezes mais “provocador”, outro mais leitor e que de vez em quando arrisca a escrever.

O Mês de Agosto é mesmo para isso, os leitores perguntam e eu respondo. Por isso aqui vai.

Pergunta-nos Simple:

“Aproveito a dúvida do "Anónimo" quanto à crença no Grande Arquitecto para colocar uma questão - para variar, daquelas "simples"...
Existem várias concepções possíveis de "Grande Arquitecto", que podem variar em diversas dimensões. Podem ir de um pessoalíssimo e proverbial "velho de barbas" a uma essência cósmica pouco definida, impessoal e pouco preocupada connosco. Há quem o considere Uno, Trino, ou mesmo que há Múltiplos Grandes Arquitectos - ou, ainda, um mesmo com várias "faces". Há quem O considere uma fonte de moralidade e de regras de comportamento para nós, e quem entenda que "Criador" e "Pastor" são coisas distintas, pelo que, uma vez criados (ou evoluídos...) estaríamos entregues a nós mesmos sem reportar a ninguém. Há quem acredite no Bem, na Ética, na Moral, mas que não considere, forçosamente, que os mesmos emanem de uma qualquer "divindade". Há quem espere um Paraíso com anjinhos barrocos a tocar lira, e quem entenda que o único "céu" que nos espera são as tripas de uma minhoca.
Já vi caracterizar o Grande Arquitecto como o Deus das religiões monoteístas - mais especificamente, das religiões ditas "do Livro" (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), eventualmente e com algum esforço englobando outras religiões, eventualmente politeístas, ou mesmo o Budismo, cuja crença não passa forçosamente (tanto quanto alcança a minha vasta ignorância a este respeito) pela fé na existência de um Ente superior.
Já sei que ser "humanista" não vale, pois muitos daqueles que assim se definem são considerados "ateus" ou "agnósticos" - e o GOL estará cheio deles, e na GLLP não haverá nenhum. Onde está, afinal, a linha divisória? Ou é tudo um certo "gradiente de cinzentos"?
Deve haver uma definição algures, ou haver um Landmark - ainda mais tão fracturante - sobre algo que não se define parece-me esquisito... a não ser que esteja subentendido.
Quererá o José Ruah deitar alguma luz sobre este assunto?
Um abraço,
Simple


Respondo eu:

Quando uma regra tem muitas excepções, então não é regra. Ensinou-me um Eng. Informático de grande gabarito que nestes casos em vez de tratar as excepções é necessário alterar a regra. E isso faz-se subindo um ou mais níveis de abstracção de maneira a englobar todas as excepções na regra. E se ainda persistirem casos não tratados, subimos mais um nível.

Aqui e para responder à questão posta por Simple no seu comentário, aplica-se este ensinamento. Nele, comentário, são referidas inúmeras possibilidades, às quais contraponho – Grande Arquitecto do Universo.

Esta abstracção a que a Maçonaria chegou, engloba essas noções todas. Esta abstracção é o máximo do simbolismo. Nela cabem todos os exemplos.

E o curioso é o raciocínio parte da Abstracção máxima, logo do modelo simples, para as excepções e para a complicação. O caminho é o inverso!

Não existem várias concepções possíveis de Grande Arquitecto, a concepção em si é única e logo englobante.

Existem sim, várias representações do Grande Arquitecto, e essas são tantas quantos os crentes. Ou seja cada um de nós ao ser crente tem a sua representação do Grande Arquitecto, evidentemente marcada e definida pela nossa, a de cada um, origem, religião, cultura e passado.

A cada candidato é feita apenas uma pergunta simples;

“ Acredita na existência de um Grande Arquitecto do Universo?”

e solicitada uma resposta simples;

“ Sim” ou “Não”

Não são solicitadas elucubrações sobre o tipo de crença do candidato.

Como se pode perceber a Maçonaria, com sua secular existência alicerçada na milenar experiência dos homens, atingiu graus de abstracção tão elevados que se permite ter uma regra simples que engloba todas as complicações dos homens.


Um segundo comentarista, David, tem a mesma dúvida na essência, formulada de maneira distinta.

Pergunta ele:

“O seguinte é tirado das 12 regras da GLLP:
"1. A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande Arquitecto do Universo."
O Grande Arquitecto é D.eus. Mas quem é esse D.eus designado pela GLLP ?”

Respondo eu:

Mais uma vez é necessário a abstracção. Neste caso das palavras. Os homens têm que usar palavras para expressarem as suas ideias. E as limitações do vocabulário levaram a que fosse usada a palavra DEUS.

Há que entender o contexto e não enquadrar Deus como este ou aquele conceito subjacente a uma determinada religião, mas sim como a representação figurativa de uma entidade / ente Supremo.

Aqui no 1º Landmark aparece como reforço ao conceito de Grande Arquitecto do Universo.

Temos que ter presente que a Maçonaria é essencialmente simbólica e que tudo deve ser lido com cuidado e às vezes várias vezes. Devemos sempre parar para pensar, e tentar decifrar porque razão está escrito desta maneira e não de outra. A resposta muitas vezes é a mais simples.



Como podemos ver estes dois comentadores, seguramente com origens diferentes, com passados distintos, aparecem com a mesma dúvida de base. Exactamente porque são diferentes apresentam-na de forma diversa e recebem no fundo a mesma resposta, que cada um vai interpretar de maneira distinta.

Esta diversidade de maneiras de ver é o que existem dentro de uma obediência. O conceito Uno de Grande Arquitecto do Universo é a “ferramenta” que permite que todas as “diversidades” sejam respeitadas por igual.

José Ruah

10 agosto 2008

Desfazendo uma Confusão

Um Leitor que com imaginação conseguiu um perfil de blogger chamado Anónimo, deixou-nos alguns comentários no post aqui sobre a questão da fé e da regularidade.

Começou por nos perguntar se a condição para ingressar na GLLP/GLRP era acreditar em Cristo.

Foi-lhe respondido que a questão era mais vasta, e que a única condição era acreditar na existência de um Grande Arquitecto do Universo, não tendo a questão a ver com religião mas sim com fé.


Volta o nosso leitor à carga, com as seguintes questões:

“Estou confuso, afinal o que vos diferencia da GLNP?”

E num comentário logo imediato:

“Acabei de ver uma reportagem da TVI sobre maçonaria.Se há pouco estava confuso, agora estou completamente perdido.Qual a diferencia entre GLLP, GLRP e GLNP?De todas as obediências em Portugal só consigo distinguir a particularidade do GOL que aceita mulheres e ateus sem qualquer reconhecimento por parte da regularidade inglesa, mas quanto as outras acima referidas, como distingui-las ??”


Está confuso sim senhor!

Vamos tentar resolver a confusão.

1 – Nem tudo o que se vê na televisão é de boa qualidade ou verdadeiro. Há sempre uma parte sensacionalista, uma parte invenção, uma parte show off e uma parte verdadeira e real.
Se a reportagem que viu é uma que passou originalmente há cerca de 1 ano e que refere a existência do GOL, GLLP, GLNP e GLTP então é a mesma que conheço. E será sobre esta que assento a minha opinião.

2 – Decifrando as Siglas e as datas de constituição e origens:

GOL – Grande Oriente Lusitano – fundado em 1802
Primeira Obediência em Portugal, tendo sido reconhecida pela Grande Loja Unida de Inglaterra, num primeiro tempo e perdido essa regularidade quando adoptou os princípios que regiam o Grande Oriente de França, nomeadamente a não necessidade de acreditar num Grande Arquitecto do Universo, abrindo assim a ateus e agnósticos.
É uma obediência Masculina, só admitindo homens, tendo no entanto convénios de reconhecimento com Obediências Femininas, e consequentemente direitos de visitação.

GLLP – também denominada GLLP/GLRP – Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal – fundada em 1991
Originalmente constituída apenas como GLRP, aparece pela vontade de maçons que militavam no GOL e que com a ajuda da GLNF – Grande Loja Nacional Francesa – constituem uma Grande Loja aceite e reconhecida pela Regularidade.
Em 1996 por força do que ficou conhecido pelo Golpe do Sino, dá-se uma cisão na GLRP e por uma questão legal e administrativa, a Denominação passa para GLLP.
Esta é a única Obediência Maçónica em Portugal a ser reconhecida pela Maçonaria Regular Internacional.

Mais informações em:
Regularidade Maçónica
O Nome da Grande Loja

GLNP – Grande Loja Nacional Portuguesa – fundada cerca de 1997 em Bragança
Aparece fruto da instabilidade gerada pelo Golpe do Sino, e é essencialmente radicada no Nordeste Transmontano, onde aliás tem a sua sede.
Sendo um fruto da linha regular original, adoptou os mesmos princípios, mas não obteve reconhecimento internacional por parte da Regularidade


GLTP – Grande Loja Tradicional de Portugal – Fundada em 2005 e constituída enquanto jurisdição. Os seus fundadores são oriundos da GLLP, da qual saíram após sérias divergências.
Aceita a feminilidade, e é portanto Mista.


3 – A sua primeira confusão:

A obrigatoriedade de uma religião especifica para pertencer à GLLP. Como expliquei na minha resposta, isso não existe. Existindo sim a obrigatoriedade de acreditar num Grande Arquitecto do Universo.

4 – A sua segunda confusão:

O GOL é uma obediência masculina e não aceita mulheres nos seus quadros nem nas suas Lojas. Os Maçons do GOL são considerados Maçons pelos movimentos regulares, embora não sejam reconhecidos enquanto regulares.

5 – A sua maior confusão:

É natural que as duas organizações – GLNP e GLTP – anunciem princípios parecidos aos da GLLP, pois dela derivam e saíram os seus membros constituintes. Todavia e do ponto de vista da GLLP estas associações não são consideradas sequer maçónicas, ou seja nem sequer gozam do mesmo estatuto do GOL. Mas como se pode depreender pelo acima escrito há diferenças substanciais entre os vários caminhos.

É evidente que cada pessoa tem o direito de seguir a via que melhor lhe convém e que não posso, não devo, nem quero estar a fazer juízos de valor.


É certo que este tema é passível de grandes discussões filosóficas, mas usando o principio KISS – Keep it Short & Simple – tudo assenta nos Landmarks e no cumprimento dos mesmos, e no reconhecimento por parte do Movimento Regular internacional que inclui a United Grand Lodge of England, as Grandes Lojas Americanas, a Grande Loja Nacional Francesa e mais uma infindável lista de Grandes Lojas e Grandes Orientes.

Quanto aos Landmarks poderá ler mais em :Landmarks


E com isto espero ter contribuído para a sua confusão !


José Ruah
Com a prestimosa colaboração dos autores dos posts referenciados.
Nota: todas as opiniões expressas são do autor.

07 agosto 2008

2 estórias de AMOR

O Rui de férias, o Zé Ruah às aranhas com a “net” e o Verão em pleno. É altura de “postar” 2 estorinhas, uma enviada via e-mail, outra passada comigo. Aqui vão elas.



A minha

Em 11 de Julho p.p. o Rui colocou um “post” no qual conta a história de um copo de leite oferecido em momento oportuno e consequências respectivas.
Pela mesma altura participava eu próprio, inconscientemente, numa “distribuição de copos de leite” forçada por razões de saúde da V. Cunhada, M.A.

Uma doença grave totalmente inesperada surgiu à V. Cunhada, estavamos a 500 Km. de casa.
Dessa doença resultou um internamento no hospital da zona, uma cirurgia mal conseguida que obrigou a uma 2ª cirurgia de correcção e um pós-operatório relativamente pouco cuidado que terminou com uma “alta” totalmente descuidada.

O estado de fraqueza a que chegou impossibilitava-a de se pôr em pé (tem 67 anos, 1,63 m de altura e pesava menos de 40 Kg.). O movimento necessário para tomar qualquer alimento significava um esforço imenso.
A situação do enorme défice alimentar aumentou a dificuldade da recuperação, já que o próprio metabolismo se habituara à falta dos alimentos reagindo como tal.

Uma vez emitido o documento de alta (contra vontade da doente, contra os conselhos de 3 ou 4 médicos que se pronunciaram particularmente e com o espanto da equipa de enfermagem do hospital) foi literalmente posta na rua pelo cirurgião que a operou (da 2ª vez).

O regresso a casa estava fora de causa pela inexistência das condições mínimas que resistissem a uma deslocação de 500 km fosse em carro particular ou em ambulância (a deslocação por via aérea estava igualmente posta de parte pelas condições dos voos existentes e pela inadequação dos próprios aparelhos).

Só que na zona há uma Loja Maçónica e o “clique”aconteceu ! A cadeia de união foi espontânea e logo apareceram 1, depois 2, depois 3, depois várias vozes :
- Meu Irmão, a nossa Cunhada tem um quarto à espera dela, lá em casa. Antes de estar em condições não arrancas daqui para fora !

E assim foi durante 3 semanas.
Uma sala foi transformada em quarto, uma casa toda alterada, a lógica diária da vida dos donos da casa levou uma volta e o acolhimento fez-se, durante todo o tempo indispensável à recuperação mínima para o regresso a Lisboa.

Não me é possível passar para o papel tudo o que nos foi dado de carinho, de companhia, de atenção, de verdadeira solidariedade, de total fraternidade.

Assim foi e durante 3 semanas os maçons “mostraram a sua raça”, sem uma hesitação.

A quantos “copos de leite” tivemos nós direito durante todo este período complicado ?

Como diz o Rui, todos os gestos solidários são grandes, imensos e indispensáveis. Para o Mundo ser melhor, só é preciso que cada um faça a sua parte!
Aqui deixo o testemunho de um grupo de Irmãos que fizeram a sua parte.

Via e-mail
A AMIZADE ABSOLUTA

Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeamento.
Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas, entre elas uma menina de 8 anos, considerada em pior estado. Foi necessário chamar a ajuda por um rádio, e ao fim de algum tempo um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local.
Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria devido ao traumatismo e a perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas como? Após vários testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o tipo de sangue necessário.
Reuniram as crianças e entre gesticulações, arranhadas no idioma tentaram explicar o que estava acontecendo e que precisariam de um voluntário para doar sangue.
Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado à pressa e, deitado ao lado da menina agonizante, espetaram-lhe uma agulha na veia.
Ele se mantinha quieto e com o olhar no teto. Passado um momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre.
O médico perguntou-lhe se estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas.
O médico ficou preocupado e voltou a perguntar-lhe, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso e ininterrupto. Era evidente que alguma coisa estava errada.
Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra ala. O médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com o Heng.
Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas, e o rostinho do menino foi se aliviando... Minutos depois ele estava novamente tranquilo.
A enfermeira então explicou aos americanos:
- Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido bem o que vocês disseram e achou que ia ter que dar TODO o seu sangue para a menina não morrer.
O médico se aproximou dele, e com a ajuda da enfermeira, perguntou-lhe:
- Mas, se era assim, por que então você se ofereceu a doar seu sangue para ela?
E o menino respondeu simplesmente:
- Ela é minha AMIGA!!!!
JPSetúbal

06 agosto 2008

Quando a Internet falha ...

Hoje foi um dia daqueles !

O modem internet avariou. Fiquei cortado do mundo.
Finalmente ao fim de varias horas (7) de espera e inumeras chamadas telefonicas, para os varios serviços, chegou o técnico.

Trocado o modem e a Internet voltou. O técnico foi embora, e eu fui verificar todos os serviços.

Tudo a funcionar, pois não !!! O mail não funcionava.

Liguei novamente para o fornecedor e imagine-se, quando os técnicos mudam o modem, os clientes ficam sem mail, porque o MAC Address do Modem esta associado à conta principal e logo, há um problema de reconhecimento.

Normalmente, o sistema informatico do Fornecedor de Internet deveria associar automáticamente o codigo do novo Modem à conta de mail, mas não.

Torna-se então necessário que o cliente ( eu) vá à pagina do Fornecedor de Internet e proceda à recuperação das contas de mail.

Fiquei abismado !!!

Lá tive que fazer essa recuperação.

E com isto nem paciencia para escrever um post a serio pelo que fica este que é de recurso.

Espero que amanhã a coisa seja melhor

José Ruah

04 agosto 2008

Portuguese Freemasons Blog

We have received several comments and messages of Brethren from across the North Atlantic. Usually they manage to understand a bit of Portuguese and they inquire us about translation possibilities. Unfortunately to our knowledge there are no reliable translators available in the Internet, at least for free.

I decided to post in English, to honour these visitors, and to explain them a little of our project.

We are three Master Masons, from Lodge Mestre Affonso Domingues, nº 5, belonging to Grand Lodge Legal Portugal, the Portuguese regular Grand Lodge recognized in all World.

Two of us, Rui and me are from the first generation of the Lodge, as we were admitted the same day in 1991, Rui as a Fellow Craft coming from a German Lodge, and me as Entered Apprentice. Our third member JPSetubal is from the 2nd generation, as he was admitted in the beginning of the XXI century and he is finishing his term as Worshipful Master.

Two years ago, the decision of creating this Blog appeared. The conditions to post are simple:
Only Master Masons of our Lodge can Post.
Freedom of speech is absolute, no restrictions or censorship.
The Blog does not belong to Lodge, but it’s written by Master Masons of the Lodge.

It was named “ A Partir Pedra” that mean’s literally translated - To Break a Stone – in a clear reference to the traditional Masonic work.

It started as “let’s see what happens! “

Today it’s a 90 000+ visitors Blog, almost 85 e-mail subscribers, and at the best of our knowledge read basically by Brazilian and Portuguese Masons and non Masons.

We have visitors from more than 50 countries, and received comments from all over the World.

We try to publish 5 posts per week, and to involve our readers in Q&A threads, they Ask we Answer.

Two years later we are still here and we have ideas for the future.

We have covered a few issues, but our mainstream is Masonic themes. We practice in Lodge the Ancient and Accept Scottish Rite for the first three degrees – Apprentice; Fellow craft; Master Mason – as it’s the main rite in our Grand Lodge.

This way most of our texts when approaching Masonic Themes are influenced by the AASR.

We, Rui Bandeira mostly, covered also the History of our Lodge, basically with and article about each W. Master and every important event.

Issues like environment, energy shortage, medical advances, and solidarity among others are also treated in the Blog.

Hope that this small post, that I ask you to comment and ask any questions you wish, is the opening of our Blog to the English speaking Brethren thus making another step to Universal Freemasonry Brotherhood.
José Ruah

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - 2


O nosso Rui, como de costume, resolveu meter a mão na massa, salvo seja (como sabem há uma massa de letras...), e tratou de trazer a este espaço o Acordo Ortográfico que foi ratificado há pouco pelos governantes portugueses.
Agora que ele foi para férias (BOAS FÉRIAS MANO !!!) sobem as responsabilidades dos outros 2 "calões" que só aparecem ao serviço... obrigados.
Vou propor umas senhas de presença como incentivo...
De qualquer forma esta intervenção sobre o tema estava prevista há algumas semanas, aguardando apenas a oportunidade para a lançar. Desde que descobri o texto, que transcrevo abaixo, que tenho a intenção de o compartilhar com todos Vós.
Terá sido um acaso, mas foi numa boa oportunidade.
Deixo-Vos então a minha achega a esta questão, que sendo importante não é fundamental.

Como é óbvio não pretende ser qualquer lição sobre a matéria, mas tão sómente a visão de alguém que sempre se interessou pela questão da língua e que detesta vê-la maltratada.
Detesta tanto vê-la maltrada como presa entre limites forçados de fronteiras que não existem.

1ª Intervenção
Mia Couto

Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.
A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o voo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem é idimensões?Assim, embarco nesse gozo de ver como escrita e o mundo mutuamente se desobedecem. Meu anjo-da-guarda, felizmente, nunca me guardou.
Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia. Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica. Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé?
Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulbúrbio.
No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas?
Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua.
• Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
• No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?
• A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
• O mato desconhecido é que é o anonimato?
• O pequeno viaduto é um abreviaduto?
• Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente.
• Quem vive numa encruzilhada é um encruzilhéu?
• Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?
• Tristeza do boi vem de ele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?
• O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?
• Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?
• Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?
• Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?
• Mulher desdentada pode usar fio dental?
• A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?
• As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?
• Um tufão pequeno: um tufinho?
• O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?
• Em águas doces alguém se pode salpicar?
• Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?
• Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?
• Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?
• Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?
Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocámos essoutro português - o nosso português - na travessia dos matos, fizemos com que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.
Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas - o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos antigos.Devolver a estrela ao planeta dormente.

2ª Intervenção
Cá da casa.

É esta a nossa fortuna, uma língua com 1000 anos de construção, com alicerces em tudo quanto é mundo.
Há uma explicação para isso ?
Há uma. É Portugal.
Está na moda a discussão do “acordo ortográfico” (alguém acordou tarde, como de costume !).
Uns defendendo uma rigidez podre de nacionalista, outros defendendo uma indefensável modernidade, bacoca, sem sentido nem correspondência com qualquer realidade, por mais que se queira torcer a realidade, por mais que se argumente com argumentos de massa.
A língua portuguesa existe, é una e é responsável pela ligação de milhões de seres por todo o mundo, mesmo no mundo que os portugueses já deixaram há muitas gerações.
Os portugueses foram obrigados a deixar Goa há 50 anos.
Pois para quem percorra com cuidado os bairros mais típicos da cidade capital do estado, com ouvidos atentos será, com grande probabilidade, brindado com expressões portuguesas a saltarem de algum terraço.
E no Sri-Lanka, antigo Ceilão ? E no Japão, quantas expressões existem restantes da língua que os portugueses fizeram passar por lá ?
O belo texto apresentado acima, de Mia Couto, poder-se-á juntar a outros do Pepetela, do Luandino Vieira, do José Tolentino, do Carlos Espírito Santo, do Jorge Amado, do José de Alencar e mais dúzias de outros, originários como estes, de África, América, Ásia ou Oceânia.
Nas notícias dos últimos dias tem-se dito que a China está receptiva ao português, havendo muitos chineses inscritos em cursos da língua portuguesa.
Obviamente são interesses económicos a justificar esta curiosidade por uma língua que tiveram em casa durante 500 anos e que sempre recusaram.
E agora querem aprender português ?
Tem o seu quê de originalidade oriental.

Quanto ao acordo ortográfico... deixemos a língua arejar.
Limpemo-la das consoantes mudas, contradições da lógica do que se fala.
Aliviemo-la dos “cç”, dos “pt” e outros empecilhos semelhantes, mas deixemo-la com a sua lógica viva, correspondendo o que é escrito ao que é falado e ao seu significado, região a região.
Deixemos que cada povo, cada cultura, fabrique a sua própria comunicação a partir desta raiz comum, maravilhosa (e complicada) que é a língua portuguesa.

Essa é a língua “que perde função e se torna carícia”. Pelo menos para mim. E para Mia Couto também.
JPSetúbal





01 agosto 2008

É Agosto - é Tempo de Perguntas e Respostas

Carissimos Leitores

O Rui foi de férias, merecidas.

Neste Blog com maior ou menor assiduidade escrevem mais pessoas, e estando o "escrevinhador-mor" ausente, devem os demais assegurar a produção.

À semelhança do ano passado aqui vos deixo o desafio de fazerem as perguntas que quiserem que eu responderei conforme souber.

Tenho também que acabar o post sobre " Como entrar na Maçonaria" e poderão eventualmente aparecer algumas noticias interessantes.

Cá vos espero


José Ruah

31 julho 2008

Reposição de textos do primeiro ano do blogue


Dois problemas há muito pairavam no meu espírito relativamente ao blogue.

Um, o facto de a estrutura organizativa de um blogue enterrar nas profundezas do seu arquivo textos que merecem ser lidos por quem só veio a conhecer o blogue depois de eles terem sido publicados. Ou de serem relidos por quem já os leu, mas os deixou ir deslizando pela inevitável corrente do esquecimento.

O outro, a inevitável necessidade de férias e a possível quebra do desde o início vigente e quase sempre garantido ritmo de publicação de, pelo menos, um texto por dia útil. Há dois anos, no entusiasmo de um blogue recém-lançado, entre os três mais assíduos autores de textos lá conseguimos falhar pouco esse ritmo. O ano passado, as despesas do blogue em Agosto foram quase por inteiro assumidas pelo José Ruah, com uma pequena ajuda do JPSetúbal - que eu declarei descanso absoluto e ausência total de publicação em Agosto. Não sei se este ano o Ruah terá a mesma disponibilidade que o ano passado - uma das coisas que fazem este blogue ser como é, com as suas virtudes e defeitos, com o interesse que possa ter e a variedade possível, é que quem nele escreve nunca combina nada sobre a escrita no blogue com os outros. Ganha-se em liberdade, em frescura, o que se perde em programação, em organização. Por sua vez, o JPSetúbal, como se pôde ultimamente verificar, tem estado de pousio - por razões que os demais autores de textos sabem absolutamente justificadas e, até, tornando inevitável esse pousio - e não sei se recomeçará a sua escrita ainda durante Agosto. Resumindo, em matéria de textos aqui no A Partir Pedra, as perspectivas de Agosto apontam para alguma secura - que eu também me arrasto até férias e anseio por um mês inteirinho a não fazer nada do que fiz nos últimos onze meses, escrita no blogue incluída.

Esta possível secura em Agosto de alguma forma preocupou-me, por daí resultar uma quebra na regularidade de publicação e, assim, do hábito de nos ler que muitos dos nossos leitores, com muito agrado nosso, já criaram. E não me consolava o facto de Agosto ser o tradicional mês forte de férias em Portugal, em que meio mundo está a banhos, na terra ou em viagem e o outro meio arrepela-se por assim não estar... É que não me esqueço que cerca de dois terços das visitas a este blogue vêm do Brasil e aí Agosto não é mês de férias generalizadas como em Portugal...

Repararam, talvez, que, no parágrafo anterior, o verbo "preocupar" foi utilizado no pretérito perfeito. É que penso ter encontrado uma solução que, em simultâneo, permite minimizar os dois problemas indicados: Agosto, aqui no blogue, vai ser mês de REPOSIÇÃO DE TEXTOS DO PRIMEIRO ANO DO BLOGUE. É isso mesmo: no texto de hoje, indico atalhos para 31 textos meus publicados no primeiro ano do blogue. Um por cada dia, incluindo fins de semana e feriados!

Duas notas: a primeira é que optei por escolher só textos meus, por me ter sentido incapaz de seleccionar (e seleccionar implica escolher, pôr uns e excluir outros) textos que não são de minha autoria. Os meus textos, ainda consegui seriá-los por ordem de relevância, da relevância que eu atribuo ao que eu escrevi. Confesso-me incapaz de seguir, com o indispensável rigor, um critério coerente da relevância que os outros autores de textos no blogue atribuem ao que eles escreveram. E não quis correr o risco de seleccionar textos deles que eles próprios excluiriam em comparação com outros que publicaram. De qualquer forma, ainda bem: fica a ideia e, se tiverem tempo e vontade, talvez os outros autores de textos oportunamente efectuem uma selecção dos seus textos.... A segunda é que não estou a insinuar ou a desmotivar os outros autores de textos no blogue de publicar em Agosto. Se puderem e quiserem, quaisquer textos que eles publiquem são bem-vindos e, certamente, apreciados pelos nossos leitores. Quem não vai publicar nada em Agosto sei eu quem é: a minha pessoa!

Portanto, caros leitores, sem prejuízo de serem publicados textos em Agosto por outros autores no blogue, mas em substituição da minha certa ausência durante este mês, aqui vos deixo 31 atalhos para outros tantos textos que publiquei no primeiro ano do blogue. Cada um fará como entender: ler um texto por dia, lê-los todos de uma vez, ler uns quantos primeiro, outros depois e outros ainda mais tarde... ou ignorar estes atalhos. Neste espaço, a Liberdade está dos dois lados: de quem escreve e de quem lê (ou não...). Como não podia deixar de ser!

Os atalhos são apresentados por ordem de publicação dos respectivos textos no blogue. Começa-se por um texto muito bem disposto, que me deu muito gozo escrever. Não se esqueçam de ler os comentários: uma cunhada colocou ali uma resposta à altura... Segue-se um texto sobre o processo iniciático, uma série de textos sobre as Colunas, que também muito gostei de escrever, uma outra sobre os Landmarks e uma terceira sobre os Antigos Deveres. Seguem-se dois textos que considero essenciais para se compreender a Maçonaria Regular, sobre as razões para se não ser e para se ser maçon. Os quatro últimos textos procuram registar aspectos da História da GLLP/GLRP e da Loja Mestre Affonso Domingues, sendo os últimos três um início de uma série que se prolongou por todo o ano seguinte e - espero - terá actualizações anuais.

Espero que apreciem estes textos do primeiro ano do blogue. Por mim, até Setembro, se o Grande Arquitecto a isso não objectar. Eis então os atalhos, indicando-se um por cada dia do mês:

Rui Bandeira

30 julho 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990


Foram publicados ontem no Diário da República a Resolução da Assembleia da República n.º 35/2008, que aprova o Acordo do Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, e o Decreto do Presidente da República n.º 52/2008, que formalmente ratifica, em representação da República Portuguesa, tal Acordo. Com estes actos, Portugal reconhece que se encontra em vigor o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, por ter já sido ratificado por três dos países dele signatários. Quer na Resolução da Assembleia da República, quer no Decreto do Presidente da República, declara-se que Portugal fixa um período de transição de seis anos, a partir da data do depósito do instrumento de ratificação na chancelaria determinada para o efeito (que ocorrerá brevemente), durante o qual podem coexistir as regras ortográficas anteriores ao acordo de 1990 e as resultantes do mesmo. Ou seja, a partir de agora, e durante os próximos seis anos, pode escrever-se "à antiga" ou pelas novas regras. Decorrido este período, só será correcto escrever segundo as regras resultantes do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.

Este Acordo Ortográfico foi bastante discutido. Houve quem concordasse plenamente. Houve quem discordasse veementemente. Pessoalmente, e até porque não sou especialista, abstive-me de tomar posição. Mas sempre tive para mim que alguns dos desacordos radicavam na resistência à mudança, no receio do novo, no desagrado pela necessidade de readaptação a algo tão básico e aprendido tão cedo como é o código da escrita. Outros porventura gostariam que se tivesse ido mais longe nas mudanças (por exemplo, parece-me que o José Ruah e as minhas duas filhas, entre outros, teriam apreciado que se tivesse ousado extinguir por completo o uso dos acentos...). A polémica, porém, terminou: o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 está em vigor, e ponto final.

Sempre entendi que, quando é necessário efectuar uma mudança, deve-se fazê-la o mais rapidamente possível e não estar à espera do último segundo do último minuto da última hora do último dia disponível para o efeito. Assim se aproveita o período de transição para efectuar uma habituação às mudanças. É para isso que servem os períodos de transição.

Por outro lado, não esqueço que cerca de dois terços dos leitores deste blogue residem no Brasil. Tendo legalmente sido reconhecido pelo meu País que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 está em vigor, seria uma falta de respeito para todos estes nossos leitores não actualizar, tão depressa quanto possível, a ortografia utilizada neste blogue em cumprimento das regras resultantes do dito Acordo Ortográfico, tanto mais que um dos objectivos do mesmo foi aproximar e unificar, tanto quanto possível, os códigos de escrita utilizados em Portugal e no Brasil.

Decidi, consequentemente, que, a partir de 1 de Setembro de 2008, passarei a escrever neste blogue segundo as regras ortográficas resultantes do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, já em vigor.

Mas afinal que regras são essas? Que Acordo Ortográfico é esse? Uma das razões que subjazem às resistências declaradas é, penso eu, o desconhecimento das mudanças que resultam desse acordo. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, em relação às regras até agora vigentes em Portugal, as mudança são poucas, facilmente apreensíveis e implicando apenas cerca de 1 ou 2 % das palavras que utilizamos. Mas o desconhecimento é grande, ainda...

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 não consiste apenas na indicação das mudanças. É verdadeiramente o registo das regras de como se deve escrever o português - das novas e das que subsistem. O documento está estruturado em 21 bases, que tratam de outros tantos aspectos das regras ortográficas. Infelizmente, escrito por especialistas, é de difícil leitura e entendimento para o comum dos cidadãos. Com efeito, quando deparamos, por exemplo, com as regras aplicáveis à acentuação das palavras "oxítonas", "paroxítonas" e "proparoxítonas", a primeira reacção é perguntarmo-nos de que planeta serão os indivíduos que usam estes termos. É que o comum dos mortais chama às palavras oxítonas palavras agudas, isto é, com acento tónico na última sílaba, às paroxítonas, palavras graves (acento tónico na penúltima sílaba) e às proparoxítonas palavras esdrúxulas (acento tónico na antepenúltima sílaba)...

Em Maçonaria, existe um grau em que ao maçon é pedido que se dedique ao estudo das sete artes liberais. A primeira destas é precisamente a Gramática. O maçon deve, pois, estudar, conhecer e aplicar as regras da Gramática da língua em que se expressa.

Decidi, portanto, que, também a partir de Setembro, publicarei uma série de textos sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, sobre que tanta gente opina, mas que poucos efectivamente conhecem. Como habitualmente, esta série alternará com textos de outra natureza. Procurarei dar a conhecer as 21 bases do Acordo Ortográfico, tentando, tanto quanto me for possível e for capaz, descodificar os termos usados pelos especialistas, de forma a procurar pô-los em língua de gente.

Com este trabalho, espero aperfeiçoar o meu conhecimento das regras ortográficas da língua portuguesa e contribuir para a melhoria desse conhecimento por parte de quem se quiser dar ao trabalho de me ler. Em suma, vou apenas continuar a ser maçon e a fazer o trabalho de um maçon...

Rui Bandeira

29 julho 2008

Cerimónia da colocação da primeira pedra


É comum, sobretudo no início da construção de grandes edifícios públicos, efectuar-se uma cerimónia de colocação da primeira pedra. Normalmente, um dos políticos de serviço assenta uma pedra, posa para a fotografia, bota faladura e assim mantém a visibilidade mediática que para os políticos é tão essencial como o pão para a boca.

Nos Estados Unidos também existe a cerimónia de colocação da primeira pedra. Só que lá é uma cerimónia maçónica, executada por maçons. São conhecidas várias representações da cerimónia de colocação da primeira pedra do Capitólio, em 1793, por George Washington, então já Presidente dos Estados Unidos, de malhete e avental - uma delas ilustra este texto. Em inglês, esta cerimónia designa-se por Cornerstone ceremony - cerimónia da pedra do canto.

Não é por acaso que a colocação cerimonial da primeira pedra, em termos maçónicos seja a da pedra do canto. Um dos segredos da arte da maçonaria operativa era a da precisa colocação em esquadria das paredes de um edifício. Daí que as pedras de canto fossem também as pedras de toque de um edifício perfeitamente construído, segundo as boas regras da arte da construção.

A cerimónia da colocação da primeira pedra, ou da pedra do canto não é executada apenas em relação a edifícios maçónicos, mas é comum relativamente a edifícios de interesse público ou comunitário. O exemplo, acima citado, do Capitólio demonstra-o.

Uma das provas da inserção da Maçonaria Americana na comunidade é a existência de frequentes cerimónias deste tipo, publicamente efectuadas ou dirigidas por maçons. Só na imprensa de 28 de Julho último, dá-se conta de, nada mais, nada menos, três cerimónias deste tipo.

A edição electrónica do Frederick News Post, de Frederick, Maryland, dá a notícia da Cornerstone ceremony da futura nova Biblioteca da cidade de Thurmont, a Thurmont Regional Library, dirigida por John R. Biggs, Muito Respeitável Grão-Mestre da Grande Loja de Maryland, e executada pelos obreiros da Loja local, a Loja Acácia, n.º 155.

Por sua vez, a edição electrónica do Record Herald, de Washington Court House, Ohio, refere duas cornerstone ceremonies, uma na escola primária de Miami Trace, outra no complexo escolar de segundo e terceiro ciclos de Washington Court House. Neste último caso, a pedra cerimonial foi colocada num dos cantos do Pavilhão da Liberdade, um pequeno auditório entre as zonas dos segundo e terceiro ciclos.

As cerimónias foram executadas por Grandes Oficiais da Grande Loja de Ohio e obreiros das Lojas daquele Estado Fayette Lodge, n.º 107, New Holland Lodge, n.º 392, Bloomingburg Lodge, n.º 449 e Jeffersonville Lodge, n.º 468.

O periódico refere que as cornerstone ceremony é uma antiga tradição popular americana, que remonta à época colonial e que os maçons prosseguem esta tradição, no espírito da prestação de serviço à comunidade.

A notícia prossegue mencionando que em parte da cerimónia foi espalhado milho e vertido vinho e óleo, simbolizando o Alimento, o Convívio e a Abundância e que a cerimónia se efectuou também em intenção da segurança dos trabalhadores e na manutenção dos edifícios ao serviço de muitas gerações e termina mencionando que a Grande Loja do Ohio, fundada em Janeiro de 1808, agrupa presentemente 532 Lojas, com cerca de 114.000 obreiros.

Rui Bandeira

28 julho 2008

Em busca dos assinantes perdidos

Durante parte do fim de semana e do dia de hoje, o ícone que, na banda direita do blogue, indica o número de assinantes do blogue indicou, não os 76 assinantes que efectivamente estão activos, mas apenas 5.

Estive este fim de semana e quase todo o dia de hoje sem acesso a um computador e não pude verificar o que se passava - apenas tinha comigo o meu PDA, onde recebi uma mensagem avisando-me da ocorrência e através do qual acedi ao blogue e verifiquei a veracidade do aviso, mas que, por limitações tecnológicas de comunicação de dados, não me possibilita introduzir palavras passe, quer no Blogger, quer no Feedburner. Tive que me limitar a especular sobre o que acontecera. Seria que houvera um súbito e em larga escala desinteresse pelo blogue? Existira alguma virose que atacara o registo de assinantes? Alguém acedera, apesar das habituais seguranças, à administração do registo de assinantes e apagara a quase totalidade dos existentes? Ou apagara mesmo todos e já houvera cinco reinscrições? Teria sido acidente ou deliberado? Que fazer para corrigir a situação o melhor possível? E para evitar que o que sucedera não voltasse a acontecer?

Afinal, chegado à noite a sítio com acesso a um computador com Internet, acedido o blogue, a normalidade estava reposta: 76 assinantes - os que o blogue presentemente tem.

Afinal o que existiu foi apenas uma falha ou uma interrupção de serviço, porventura para manutenção, do Feedburner! E o facto de o ícone indicar 5 assinantes e não os 76 existentes também tem uma explicação simples. Conforme podem ver na banda direita do blogue, há duas maneiras de receber avisos ou os textos do A Partir Pedra: via RSS ou mediante recepção de correio electrónico. No caso do A Partir Pedra, presentemente temos activos 5 assinantes via RSS e 71 via correio electrónico. A anomalia ou suspensão do serviço do Feedburner só abrangeu estes últimos. O serviço de RSS manteve-se sempre operacional. Daí manter-se o registo desses 5 assinantes visível.

Enfim, uma ocorrência felizmente rara, mas sem gravidade ou consequências aborrecidas. E ainda bem que ocorreu ao fim de semana, numa altura em que se não publicaram textos no A Partir Pedra.

Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes! Amanhã regressa-se ao normal, nos três últimos dias que antecedem as minhas férias!

Rui Bandeira

25 julho 2008

O copo está meio cheio!

Hoje é dia habitualmente dedicado a uma alegoria e assim vou classificar este texto. Mas, ao contrário do que habitualmente faço, não vou aqui deixar uma qualquer história que sirva de pretexto para tirar uma lição. Hoje, vou-me servir de uma mensagem de correio electrónico que recebi há uns meses do JPSetúbal e que acho que contém directamente algumas chamadas de atenção particularmente oportunas para os tempos que vamos vivendo.

Anda tudo macambúzio, todos com perspectivas negras, é a crise dos combustíveis, a dos alimentos, tudo aumenta menos os nossos rendimentos, onde é que vamos parar, enfim, um desatino de preocupações, pessimismos, estados depressivos, típicos de quando os tempos vão difíceis. A crise também a mim me bate forte e feio. Mas aprendi que nada se ganha em nos deixarmos abater. Há que cerrar os dentes e seguir em frente. Melhores dias virão.

O problema quando o clima de pessimismo se instala é que parece que se instala uma espécie de epidemia que leva todos a só repararem no que vai mal, no que está difícil, e impele a olvidar os aspectos positivos de muitas coisas, até de algumas que consideramos más ou desagradáveis. É velha a imagem de o copo que o pessimista vê meio vazio ser aquele que o optimista vê meio cheio. Mas continua a ser acurada e, mesmo que porventura o optimista não saia mais depressa da crise, pelo menos vive-a melhor do que o pessimista...

Aprendamos, pois, a não ver só o lado mau das coisas, a descortinar também os seus aspectos favoráveis ou agradáveis, que muitas vezes nos passam despercebidos. Atentem então nestas frases, certeiras, que recolhi da tal mensagem de correio electrónico, e cujo autor desconheço:


O filho que muitas vezes não limpa o quarto e que está sempre a ver televisão SIGNIFICA QUE

ESTÁ EM CASA!


A desordem que temos de limpar depois de uma festa SIGNIFICA QUE

ESTIVEMOS RODEADOS DE FAMILIARES E AMIGOS!


As roupas que estão apertadas SIGNIFICAM QUE

TENHO MAIS DO QUE O SUFICIENTE PARA COMER!


O trabalho que tenho em limpar a casa SIGNIFICA QUE

TENHO UMA CASA!


As queixas que ouvimos acerca do Governo SIGNIFICAM QUE

TEMOS LIBERDADE DE EXPRESSÃO!


Não encontrar lugar para estacionar SIGNIFICA QUE

TENHO CARRO!



Os gritos das crianças SIGNIFICAM QUE

POSSO OUVIR!


O cansaço no fim do dia SIGNIFICA QUE

POSSO TRABALHAR!


O irritante despertador que me acorda todas as manhãs SIGNIFICA QUE

ESTOU VIVO!


Pensem nisto. E lembrem-se que o pessimismo não cria nada, não inventa nada, não avança nada. Reconheçamos que os tempos vão maus, mas tenhamos a certeza que vamos conseguir viver tempos melhores. E, sobretudo, não desanimemos e trabalhemos para isso!

Rui Bandeira

24 julho 2008

Rituais e Ritos


Existem diferentes rituais, praticados por diferentes ritos maçónicos. Logo desde início, desde a transição da Maçonaria Operativa para a Especulativa, isso se verificou. As Lojas que se agruparam na primeira Grande Loja de Londres, que vieram a ser designados por Modernos e influenciadas pelos intelectuais que tinham sido aceites nas Lojas operativas (os Maçons Aceites) e os que se lhes seguiram, praticavam um ritual deísta, em que a referência ao Grande Arquitecto do Universo é formulada de tal forma que qualquer crente, independentemente da religião que professe, se pode rever no conceito. A breve trecho se verificou existir em Inglaterra uma outra corrente, baseada nos maçons operativos e na zona de York, os Antigos, que praticavam um ritual teísta, mais influenciado pela tradição religiosa cristã. Essas duas correntes vieram mais tarde a fundir-se na actual Grande Loja Unida de Inglaterra, na sequência de negociações mediadas e dirigidas pelo Duque de Sussex, dessa fusão resultando um novo ritual, em que prevaleceu a tendência deísta.

Partindo dos primitivos rituais ingleses, ao longo do tempo e do espaço, novos rituais foram criados. A base é sempre a mesma: os princípios fundamentais maçónicos e a inclusão de alegorias e referências simbólicas, como base para o trabalho individual de cada maçon. A tensão inicial também, curiosamente, persiste: uns rituais são claramente deístas e inclusivos de elementos de todas as religiões e até sem religião definida, desde que crentes num Criador; outros sofrem manifestamente de visíveis influências crísticas, sendo claramente mais confortáveis para os praticantes da tradição religiosa cristã.

Referir os ritos e rituais existentes levará seguramente a pecar por defeito, por esquecimento ou ignorância de rituais extintos, localizados ou raros. Mas, mesmo com carácter exemplificativo e recorrendo apenas à memória, é possível indicar vários: o Rito de York, o Rito de Webb (variante americana do Rito de York), o Rito Escocês Antigo e Aceite, o Rito Escocês Rectificado (rito muito praticado na Suíça, na Grande Loja Suíça Alpina, e com características crísticas marcadas), o Rito Francês ou Moderno, o Rito Sueco e as suas variantes nos países nórdicos, etc..

Em cada Grande Loja pode praticar-se um ou mais ritos. Por exemplo, nas Grandes Lojas dos Estados Unidos, pratica-se, nos três graus da Maçonaria Azul - Aprendiz, Companheiro e Mestre, exclusivamente um rito, a variante americana do Rito de York, também conhecida por Rito de Webb. Existe apenas uma excepção: na Grande Loja da Luisiana persistem, desde os tempos das Lojas existentes quando a Louisiana era francesa, algumas poucas Lojas, menos de uma dúzia, que praticam nos três primeiros graus o Rito Escocês Antigo e Aceite. Nos Estados Unidos designam essas Lojas por Maçonaria Vermelha, em alusão à cor dos aventais própria do rito. Só nos Altos Graus se verifica existirem dois sistemas principais, os Altos Graus do Rito de York, referidos por York Rite, e os Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceite, referidos por Scottish Rite.

Em Portugal, na GLLP/GLRP, praticam-se os Ritos Escocês Antigo e Aceite, o Rito Escocês Rectificado e o Rito de York.

Não obstante a forte presença do Rito de York e suas variantes no mundo anglo-saxónico, pode dizer-se, sem receio de erro, que o rito maçónico mais popular e mais espalhado pelo Globo, particularmente nos países latinos e latino-americanos, é o Rito Escocês Antigo e Aceite. Trata-se de um rito elaborado mais tarde que os ritos originais ingleses, já na fase de expansão geográfica da Maçonaria e com algumas influências do Romantismo. É um rito com um ritual particularmente impressivo e desenvolvido, algo extenso, que dá prazer executar bem e que, quando bem executado, impressiona quem a ele assiste e participa, quer pelo seu texto, quer pela sua forma de execução.

A Loja Mestre Affonso Domingues pratica e sempre praticou o Rito Escocês Antigo e Aceite.

Rui Bandeira

23 julho 2008

Ritual



A maçonaria é um método de aperfeiçoamento moral, espiritual e ético dos seus membros. com o recurso a símbolos e alegorias. Estes apresentam-se sob variadas formas. Mas cada Loja maçónica organiza o seu trabalho segundo um específico ritual, uma particular forma de disposição dos elementos simbólicos em Loja, de sequência dos trabalhos, de evolução e apresentação das alegorias, das falas e respostas praticadas.

O primeiro objectivo do ritual é CONGREGAR. Congregar as vontades, a atenção, do grupo. O segundo objectivo é DEMARCAR. Demarcar a diferença entre o mundo profano e o espaço maçónico. O terceiro objectivo é HARMONIZAR. Harmonizar a resposta psicológica e comportamental do grupo e de cada um dos elementos que o integram ao que se passa. O quarto objectivo é IMPRIMIR. Imprimir, no espírito de cada um, pela repetição, as lições que traz em si. Finalmente, o quinto objectivo é ENSINAR. Ensinar as lições morais, comportamentais e éticas que o ritual contém.

Por isso, o ritual é repetido, incessantemente, reunião a reunião, implantando nos elementos da Loja os objectivos a que se propõe. Os obreiros mais antigos, sem sequer terem a necessidade de efectuar qualquer esforço para tal, acabam por memorizar o ritual, notando quaisquer variações que, por qualquer lapso, porventura ocorram.

Em cada grau, determinadas partes do ritual são imutáveis e a sua execução repetida incessantemente, invariavelmente, reunião a reunião. É o caso, designadamente, dos rituais de abertura e de encerramento, afinal a demarcação entre o a profanidade e a o trabalho maçónico. Outras partes só são executadas em função dos trabalhos previstos para esse dia. Dentro do ritual propriamente dito, e ressalvando os vários graus em que o mesmo é trabalhado, há rituais de iniciação, passagem, elevação, instalação, consagração de Loja, regularização, etc..

No seu conjunto, e atentas todas as suas variantes, o ritual praticado por cada Loja é longo e pejado de significados simbólicos.

O simbolismo que cada obreiro retira, surpreende, obtém, do ritual praticado pela sua Loja não é instantaneamente apercebido. Algumas partes, alguns símbolos, algumas lições, são perceptíveis logo na primeira vez que se assiste á execução do ritual, entendíveis nas vezes subsequentes, interiorizadas seguidamente. Mas outros significados, outras lições, adicionais conclusões, só mais tarde, quiçá após dezenas ou mesmo centenas de execuções do ritual são apercebidas por um obreiro. Por vezes, porque é preciso obter determinada conclusão, para se aperceber do corolário que se lhe segue, expresso no ritual, mas insuspeitado até que se atingisse a conclusão que lhe era prévia. Outras vezes, simplesmente porque só então, após evolução do obreiro, este dá atenção ao que anteriormente lhe escapara.

Há quase vinte anos que executo e assisto à execução do mesmo ritual, e quase sempre na mesma Loja. No entanto, não é raro, é mesmo frequente, surpreender em determinada passagem um significado de que ainda não me tinha apercebido, uma lição que ainda não aprendera, uma relação que ainda se me não abrira. E, como eu, todos os maçons, particularmente os mais antigos, verificam o mesmo.

Curiosamente, os mais novos, passada a fase da sua aprendizagem, têm um primeiro estádio em que pensam já tudo saber. E uns julgam nada mais ter a aprender, e insensivelmente desinteressam-se. São, afinal, os que muito pouco aprenderam. Outros passam além, coleccionam Altos Graus, novas cerimónias, outras alegorias, "diferentes" conhecimentos. Regra geral, anos mais tarde, regressam à Loja Azul e, rememorando, reapreciando, reanalisando o seu ritual, descobrem que afinal muito mais havia a saber do que anteriormente pensavam. Estes precisam de ir mais além para, voltando atrás, bem entenderem o caminho. Outros ainda cirandam e volteiam, permanecem semi-desorientados, não entendendo que há mais a entender, mas intuindo que muito lhes falta entender, até que, um dia, estão preparados e começam a ver significados onde antes havia amontoados de palavras. E então entendem. Foi o que a mim e muitos outros sucedeu.

Não se enganem nem duvidem: estou a falar de Mestres, relato experiências e evoluções de quem passou meses e anos a aprender os rudimentos da Arte Real e foi considerado capaz de buscar por si só o seu caminho. Vã presunção! Cada um de nós, impante de ser Mestre, mais não é do que cego à procura de Luz, surdo buscando sons que reconheça ou entenda o significado, tacteando na busca de se orientar! No entanto, se fez bem o seu trabalho, se tiveram razão os seus pares quando o consideraram capaz de o exaltar ao sublime grau de Mestre maçon, há motivo para ter esperança! Aprendeu a aprender. A orientar-se no meio do caos. A errar sem medo e a emendar sem rebuço. E paulatinamente fará o seu caminho!

O guia é sempre o mesmo: o ritual. Que vezes e vezes se ouve, se executa, sem um lampejo de novidade e que, subitamente, quando dentro de nós próprios estamos preparados para ver, nos mostra um novo significado, nos dá uma nova lição. nos aproxima um pouco mais da Luz.

O ritual é o pano de fundo do conhecimento maçónico. Nada ensina. Nada de jeito se aprende sem ele.

Rui Bandeira

22 julho 2008

Deixar os metais à porta do Templo (2)


Pegando no texto do RB apetece-me fazer um pequeno exercício.
Troquemos metais por... títulos, honrarias, posições sociais (ou pseudo-sociais), supostas dignidades.
E aí temos os metais que devem ficar à porta do Templo. Há que avaliar a capacidade que cada um tem para o fazer, cada um de per si terá que tomar a decisão de ser ou não capaz de o fazer.
Na Maçonaria o título é Irmão, a honraria é ser reconhecido como tal, a dignidade é merecê-lo.
Tudo o resto é para ficar à porta do Templo.
Só que para além do Templo Loja, há um outro não menos importante. É o Templo individual, aquele que cada um de nós transporta em permanência e que se deve manter em permanente construção.
E é sobre este templo individual, profano, que se eleva e ergue o Templo Maçónico.
É com o templo individual que construímos o Templo comum, pedra sobre pedra, pedra ao lado de pedra, pedra sob pedra !
E se em cada um dos templos individuais os metais não ficarem à porta, então é porque o polimento da pedra falhou.
Então é porque também no Templo comum os metais da vaidade, da exuberância, da ganância não ficarão à porta.
E se as pedras, uma por uma, não forem suficientemente polidas, não será possível que a obra que resultar do seu conjunto o seja.
Quando anunciamos que o objectivo é “Igualdade, Solidariedade, Fraternidade” convém perceber que como lema é bonito, como slogan tem impacto, mas para exercer dá trabalho.
Muito trabalho.
E não vale a pena tentar truques, bolsos escondidos, forros falsos.
Mais cedo que mais tarde saber-se-á que aquela pedra não encaixa na construção.
Deixar os metais à porta é também ser capaz de perceber que se na construção há pedra sobre pedra, então é porque também há pedra sob pedra.
E ambas são indispensáveis. Ou a obra cai !
Quem não entender isto, nunca entenderá a Maçonaria.
JPSetúbal