13 novembro 2007

O silêncio do Aprendiz

Em Loja, o Aprendiz Maçon não tem direito ao uso da palavra.

Esta frase, sendo substancialmente verdadeira, não espelha, porém, correctamente a realidade. A mesma ideia, correctamente formulada, expressa-se pela seguinte frase: em Loja, o Aprendiz Maçon beneficia do direito ao silêncio e cumpre o dever do silêncio.

O Aprendiz Maçon não usa da palavra em Loja, não porque se lhe não reconheça capacidade para tal (pelo contrário: o Aprendiz foi cooptado para integrar a Loja, pelo que se lhe reconhece valor), não porque se lhe atribua um estatuto inferior aos restantes (mais uma vez, pelo contrário: o Aprendiz tem um estatuto de plena igualdade com os restantes obreiros e é um importante pólo de atenção da Loja, que tem como uma das suas mais importantes tarefas a sua formação), mas porque o cumprimento de um período de silêncio é considerado imprescindível para o seu processo de aperfeiçoamento.

O silêncio do Aprendiz em Loja é importante por, pelo menos, três razões: a defesa do próprio Aprendiz, a focalização da sua atenção para a simbologia de que se vê rodeado e a demarcação de prioridades no seu processo de aperfeiçoamento.

Em primeiro lugar, estando o Aprendiz Maçon confinado ao silêncio, nada tem de dizer, sobre nada tem que opinar, nenhuma posição lhe é exigida. O silêncio a que é confinado funciona, desde logo, como um meio de defesa, de protecção, do mesmo.

O Aprendiz Maçon está a efectuar um processo de integração num grupo novo, com regras específicas, com uma ligação inter-pessoal forte. Desejaria, porventura, ter uma atitude proactiva de se dar a conhecer, de intervir, de mostrar o seu valor. Mas não precisa: que tem valor, já todo o grupo o sabe - por isso o aceitou no seu seio -, o conhecimento advirá, nos dois sentidos, com o tempo e a naturalidade dos contactos entre todos. O Aprendiz Maçon está num processo de mudança de paradigma quanto à forma de estar social. Os valores apreciados nos meios profanos não serão os mesmos que são preferidos entre os maçons. Na Maçonaria não se busca eficiência, produtividade, riqueza, estatuto, etc.. Na Maçonaria valoriza-se a força de carácter, o reconhecimento das próprias imperfeições, o desejo de melhorar, a ponderação, o respeito pelo outro, a tolerância, a paciência, etc.. Seria injusto para o Aprendiz maçon que, vindo das realidades do mundo profano, está ainda em processo de adaptação aos objectivos do método maçónico de aperfeiçoamento, deixá-lo expressar opiniões que, a breve trecho, mudará, exprimir conceitos que, desejavelmente, abandonará, em suma, actuar como está habituado a actuar no mundo profano, para logo verificar que errou e que o seu erro foi publicamente exposto.

Todo o processo de aprendizagem é um processo de tentativa-erro-correcção. O aperfeiçoamento pessoal é um processo também com estas características. Errar é normal. Será, porventura, até necessário. Os maçons experientes sabem-no. Mas quem está a soletrar as primeiras letras do novo alfabeto de valores só com o tempo o verificará. Não necessita de errar publicamente e, porventura, sentir-se diminuído com isso. Tempos virão em que será muito útil, para si e para os demais, que expresse a sua opinião, que colabore, que intervenha. Enquanto está na fase de aprendizagem, o que se espera dele é que aprenda, que se situe, que se concentre em si próprio, não na imagem que gostaria de transmitir para os demais.

Por outro lado, o facto de o Aprendiz maçon estar confinado ao silêncio, permite-lhe focalizar a sua atenção para tudo o que o rodeia, para tudo o que se passa, para tudo o que é dito - sem necessidade de responder! A experiência mostra-nos que, muitas vezes, não damos a atenção que deveríamos dar a situações, a acções, a declarações, porque estamos em simultâneo a pensar na resposta que vamos dar à situação, à acção, à declaração. O Aprendiz Maçon, com o seu direito ao silêncio, está eximido de responder, de opinar. Não tem assim de desviar a sua atenção para preparar a sua resposta. Pode e deve concentrar toda a sua atenção no que se passa, meditar sobre o seu significado, errar ou acertar, emendar o erro ou confirmar o acerto, em suma, ver (ver mesmo, não apenas olhar...) os símbolos, procurar compreendê-los e atribuir-lhes significados, utilizar esse conhecimento para sua própria melhoria.

O silêncio do Aprendiz permite-lhe, finalmente, pensar, depois reflectir e seguidamente meditar. E pensar, reflectir e meditar é o principal trabalho que tem a fazer. Porque só assim verá para além do óbvio, só assim despertará para o desconhecido, só assim se virará do exterior para o interior de si mesmo. E só assim poderá descobrir que tudo o que verdadeiramente importa já o tem, dentro de si. Basta que o encontre, que o utilize, que o aceite, que o desfrute!

A prioridade do maçon é ele próprio. O trabalho do maçon é melhorar, aperfeiçoar-se. Tudo o que de bom o maçon faça tem como objectivo esse aperfeiçoamento. A solidariedade é um meio de aperfeiçoamento. A fraternidade é um meio de aperfeiçoamento. O comportamento tolerante é um meio de aperfeiçoamento.

O importante está dentro de si. Tudo o que é exterior, incluindo a riqueza, posição social, reconhecimento dos demais, só tem valor na medida em que se repercuta positivamente no interior de cada um.

O Aprendiz Maçon vai, em silêncio, conhecer e aprender o significado de muitos símbolos. Vai, em silêncio, assistir a rituais e procedimentos. Vai, em silêncio, assistir a debates e verificar como se podem debater opiniões contrárias de modo civilizado, profícuo e satisfatório. Mas vai, sempre com o auxílio do silêncio, que há-de vir a compreender que não foi uma imposição, antes um benefício, sobretudo surpreender, apreender e compreender que o primeiro grande objectivo do maçon, o primeiro grande passo para se aperfeiçoar, a primeira ferramenta para descortinar o significado da Vida e da sua existência, é CONHECER-SE A SI MESMO.

E esse conhecimento de si mesmo não se obtém falando para os outros, conversando, discursando, palrando, opinando.

Esse conhecimento de si mesmo adquire-se lentamente, às vezes dolorosamente, sempre buscando persistentemente, apenas em diálogo consigo mesmo.

O silêncio do Aprendiz Maçon - quanto mais cedo este o perceba, melhor! - só existe perante os demais. Na realidade, o silêncio do Aprendiz mais não é do que um ensurdecedor diálogo consigo próprio, uma discussão que o que tem de bom trava com o que tem de mau, uma conversa com a criança que nos esquecemos de ser, com o adulto ponderado que, às vezes, deixamos para trás de nós próprios, com o experiente e sabedor ser que, de qualquer forma, o decurso do tempo mostrará que existe em nós, nós é que, muitas vezes, não damos por ele e não nos damos ao trabalho de inquirir se ele existe.

É no silêncio que o Aprendiz Maçon vai amaciando as asperezas da pedra bruta que é ele próprio. O silêncio do Aprendiz Maçon é o primeira prenda que a Loja lhe dá. Deve o Aprendiz Maçon utilizá-la como uma ferramenta. Se a utilizará bem ou mal, ele próprio - e só ele - o avaliará!

Rui Bandeira

12 novembro 2007

O décimo sexto Venerável Mestre

O décimo sexto Venerável Mestre foi Luís R. D.. Foi eleito em Julho de 2005. Como é normal na Loja Mestre Affonso Domingues, exercia o ofício de 1.º Vigilante quando foi eleito.

Luís R. D. era já, aquando da sua eleição, um Mestre Maçon com alguma antiguidade. Normalmente, teria sido chamado a dirigir a Loja mais cedo, mas as circunstâncias da vida impediram que assim tivesse ocorrido. Com efeito, na altura em que Luís R. D. normalmente iria começar a assegurar funções de Oficial do Quadro da Loja, não lhe foi possível assegurar quaisquer tarefas. Grave e prolongada doença de sua esposa obrigou-o a dar prioridade ao que era prioritário: assistir a sua companheira na vida, acompanhá-la na sua provação, proporcionar-lhe o conforto que lhe era possível proporcionar-lhe. Todo o maçon sabe, porque a todos é dito logo no dia da sua Iniciação, que os seus deveres perante a sua família preferem às suas tarefas maçónicas. Assim, durante algum tempo, prolongado, Luís R. D. mantinha com a Loja e os seus obreiros apenas contactos esporádicos. Manifestamente que não podia assumir quaisquer responsabilidades em Loja. Depois, Luís R. D. sofreu o golpe da perda de sua companheira. Apesar de saber que esse era o fim inevitável da doença que lha arrebatou, teve de suportar o desgosto dessa perda e superá-la com o luto que tão necessário é para que os vivos deixem seus entes queridos falecidos repousar em paz e possam seguir com suas vidas. Todo este processo a Loja foi acompanhando e ajudando no pouco em que podia ajudar. Até que, a pouco e pouco, as nuvens negras foram-se dissipando, o luto foi fazendo o seu papel e o Luís R. D. voltou a poder estar mais assiduamente junto de seus Irmãos. Aliás, gostamos de pensar que o convívio connosco ajudou o Luís R. D. na superação da perda sofrida.

Alguns anos se passaram, portanto, até que o Mestre Maçon Luís R. D. pudesse assumir ofícios no Quadro da Loja. Quando lhe foi possível dar o seu contributo assíduo, fez todo o percurso que, na Loja Mestre Affonso Domingues, um Mestre Maçon faz até que seus pares formalmente lhe depositam, por eleição, a sua confiança para que, da Cadeira de Salomão, dirija os destinos da Loja.

Tudo isto fez com que Luís R. D. tenha sido, já septuagenário, o elemento da Loja mais idoso a ser eleito Venerável Mestre, até hoje. Este era, aliás, o único motivo de preocupação que pairava nos espíritos dos obreiros da Loja quando, unanimemente, como sempre, elegeram Luís R. D. para exercer o ofício de Venerável Mestre. Embora fosse um "velho rijo" e - sempre! - (muito) bem disposto, todos reconheciam que a passagem do tempo começava a exigir o seu tributo, que a sua saúde e energia, embora ainda invejáveis, já não eram as mesmas de alguns anos atrás. Mas esse era um problema que, se surgisse, teria de ser resolvido pela Loja, como no passado esta tivera que resolver outros.

Surgiu!

A sessão normal de instalação do Venerável Mestre é a sessão que tem lugar no segundo sábado de Setembro. Alguns dias antes, soubemos que Luís R. D. estava doente, incapacitado de ser instalado. E, depois, que necessitaria de uma intervenção cirúrgica. E, seguidamente, que a recuperação, que se esperava breve, tinha tido uma pequena complicação. Com inquietação, fomos acompanhando este episódio de fragilidade do nosso Venerável Mestre eleito.

Entretanto, a ausência forçada do Luís R. D. foi superada com toda a naturalidade: Miguel R. continuou a exercer o ofício, assegurando a condução dos destinos da Loja até que pôde passar o seu encargo ao Venerável Mestre eleito. Sem dramas, sem problemas, com a calma que o caracteriza.

Só em Novembro de 2005 Luís R. D. pôde, finalmente, ser instalado. Embora ainda naturalmente um pouco debilitado, assumiu com determinação a sua função. Estava à porta a confraternização anual de Dezembro da Loja, momento sempre alto no ano, não só pela confraternização em si, mas porque é a altura em que a Loja agradece ao Venerável Mestre que cessou funções e organiza um leilão de objectos doados pelos obreiros para angariação de fundos destinados a serem entregues a uma associação de solidariedade social ou, de preferência, a financiarem a aquisição de algo que seja útil a uma associação de solidariedade social. Embora a Loja tivesse precavido a incapacidade de Luís R. D. e tivesse começado a preparar o evento, foi com alívio e agrado que pudemos deixar as decisões essenciais da organização do evento ao prudente arbítrio do nosso Venerável Mestre finalmente no pleno exercício de funções.

E, se Luís R. D. teve problemas de saúde para iniciar o seu mandato, logo que instalado tal não se notou. Trabalhou rijamente e assegurou modelarmente todas as organizações da Loja no decurso do seu mandato. Acabou, sem dúvida, por ser um dos mais profícuos anos de trabalho da Loja. A recolha de fundos para a associação de solidariedade social seleccionada para a receber (não interessa qual; mas é uma meritória obra de ajuda ao próximo, particularmente dos mais carentes de apoio) foi um êxito. A ajuda prestada à entidade seleccionada foi superior à que os fundos recolhidos normalmente poderiam proporcionar, graças à experiência, sageza e contactos do Luís R. D., que obteve, sobretudo, medicamentos e material de assistência na saúde em condições mais favoráveis. Fizeram-se duas acções de recolha de sangue, algumas acções culturais muito interessantes, um passeio memorável a Figueira de Castelo Rodrigo (conferir aqui e aqui), integrámos novos elementos, com êxito, completámos a formação de novos Mestres, hoje dando o seu contributo activo à Loja, enfim, o nosso mais idoso, até hoje, Venerável Mestre tudo dirigiu, tudo organizou, tudo proporcionou, com energia, com capacidade, com sabedoria.

E sempre com a sua boa disposição, com o seu sorriso alegre. Foi dos Veneráveis Mestres com mandato mais auspicioso. Foi sempre com muito gosto que todos trabalhámos sob a sua direcção.

Ah! É verdade! E foi também no decurso do seu mandato que se iniciou o A Partir Pedra! Este é um bom exemplo da forma de trabalhar do Luís R. D., que deu toda a liberdade aos obreiros para pensarem e lançarem iniciativas e as acarinhou. O A Partir Pedra foi iniciativa individual de alguns Mestres Maçons da Loja Mestre Affonso Domingues. Mas estes nunca refeririam o nome da Loja se não tivessem tido o aval desta, através do seu Venerável Mestre. Luís R. D., com a sua experiência e largura de vistas, logo percebeu que o que se projectava podia ser uma boa resposta, ao nível de uma Loja Maçónica, à necessidade de dissipação da fama de secretismo da Maçonaria, um instrumento de comunicação do nosso século, valioso e com potencialidades. Portanto, apoiou e deu força. Se o não tivesse feito, talvez o A Partir Pedra não tivesse aparecido, ou só tivesse aparecido mais tarde, ou, talvez ainda, fosse diferente. O que de bom o A Partir Pedra porventura tenha, também é obra do Luís R. D.; aquilo que tem de mau é só culpa nossa...

Rui Bandeira

10 novembro 2007

A Terra, 4600 milhões de anos depois... (HOJE)

Meus Caros, se puderem não deixem de acompanhar esta iniciativa.
Aviso mesmo em cima da hora mas também só tive a notícia agora, e como "vem mesmo a calhar" relativamente a várias intervenções feitas aqui nestes últimos dias, entendi que pode e deve ser do interesse geral.

A Terra, 4600 milhões de anos depois...

Caro (a) amigo (a),
como utilizar os recursos da Terra? Haverá diferenças entre a qualidade do ar que respiramos em casa e na rua? Sabia que o óleo que usa para fritar batatas pode ser reutilizado para fabricar sabão?
No próximo Sábado, dia 10 de Novembro, os especialistas que o vão esclarecer sobre estes temas no Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva não têm mais de dezoito anos.
Vêm de diferentes pontos do país para apresentar os seus projectos Ciência Viva perante um painel de cientistas e animar o debate com o público.
Às 16 horas, decorre a sessão oficial de lançamento do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT) em Portugal, com a participação do Director Executivo do AIPT junto da UNESCO-IUGS, Eduardo de Mulder, e do Presidente da Comissão Nacional da UNESCO, Fernando Andresen Guimarães.
Para além de colóquios com investigadores em que poderá ficar a saber se há petróleo em Portugal e conhecer quem nos protege dos riscos sísmicos, o programa inclui ainda exposições, stands de projectos realizados por escolas dos ensinos básico e secundário, módulos interactivos e ateliês.
Os momentos musicais do evento estarão a cargo de Pedro Abrunhosa e de Luísa Amaro, a partir das 18 horas.
O lançamento do AIPT em Portugal será um evento CarbonoZero, pelo que irão ser contabilizadas as emissões de gases com efeitos de estufa para posterior compensação em reflorestação.
Se quiser começar desde já a contribuir para um planeta verde, deixe o carro em casa e no Sábado vá a pé ou de bicicleta até ao Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva.
E se quiser pôr a sua condição física ainda mais à prova, experimente escalar a parede com dez metros de altura que nesse dia estará no exterior deste centro de ciência.
A entrada é livre e todo o evento será transmitido em directo pela Internet em http://www.cienciaviva.pt/.
A Assembleia-geral das Nações Unidas proclamou o ano de 2008 como o Ano Internacional do Planeta Terra.
Durante doze meses, o conhecimento sobre o potencial das Ciências da Terra e o seu contributo na vida dos cidadãos e na salvaguarda do nosso planeta estará por isso na ordem do dia em todo o mundo.Tudo para que possamos continuar a contar com o Planeta Terra por mais uns milhões de anos.
Programa completo em http://www.cienciaviva.pt
JPSetúbal

09 novembro 2007

O Maçon e a familia.

Ha muito muito tempo Simple perguntou-me sobre maçons e familia. Eu cá andava ocupado com essas questões - a familia - pois a pergunta é de 23/10 e o meu casamento foi a 31.


O Rui respondeu e muito bem com o exemplo da familia dele.

Aqui há uns meses o assunto ja tinha sido aflorado por mim aqui.

Não creio que se possa ser maçon, em plenitude, se a familia nao souber. Se a familia entende, aceita, rejeita, usa como arma de arremesso quando as coisas correm menos bem, se nao respeita a condição, ou se respeita, isso são outros 500.

Algumas das perguntas que faço a todos os profanos que inquiro são :

A sua familia - mulher/namorada/companheira essencialmente - está ao corrente desta sua pretensão ?

Qual foi a a respectiva reacção quando lhe contou ? ou Qunado pensa dizer-lhe e qual pensa que será a reacçao. ?

AS respostas a estas perguntas permitem-me perceber se aquele candidato está ali de corpo inteiro ou nao.

O mais frequente é que quando nao estão de corpo inteiro a Loja perder aquele maçon para a familia biologica. Não conheço , ou melhor serão poucos os que vao olhar a mulher nos Olhos e lhe vao dizer " Quero lá saber o que tu pensas, mas eu vou à sessão da Loja" ou " Sabes perfeitamente que o 2º Sabado é dia de reuniao da Loja, para que raio foste marcar bilhetes para a sessão de teatro das 18h30, nao podias ter escolhido a das 21h30 ?"


É certo que se podem ( devem mesmo) negociar compromissos.

Por exemplo :

Ele:
" eu vou a todas as sessões de Loja, mais as de grande Loja, as das Lojas sob minha jurisdição e ainda aquelas para onde for convidado, para alem das reunioes administrativas e as de revisao do regulamento, da preparaçao do Orçamento num total de cerca de uma centena e meia de sessões por ano"

Ela:
" Querido com certeza, apenas que nesta casa ha cama todos os dias as 23h. Quem está, está, quem não está ...".


Imaginem que um maçon nao conta nada à mulher e começa a sair regularmente a dias perfeitamente determinados e horas precisas para ir à sua reuniao de Loja.

A Mulher vai começar a pensar que ele anda com outra e um dia decide segui-lo.
Vê-o entrar num edificio, espera um pouco e depois toma a decisao de entrar por ali a dentro, descobrindo:

O Marido junto com uma data de homens e todos de Avental.

O Mais natural é invectivar como segue:

" Malandro a enganares-me e ainda por cima com um quantidade de Maricas todos de avental !!"

Mas o pior é no dia seguinte quando comentar com a vizinha ou com amiga ,

" veja lá o que me aconteceu Descobri o meu Manel ( malandro) nuns preparos esquisitissimos, e ainda por cima tava lá também o Silva do 5º Esq. , o Lopes sabe aquele que vive com a Alzira, mais uma data de gente, até la tava aquele que foi ministro , o dos oculos grossos ta ver .....".

Ou mais racionalmente, tentar envolver a familia num máximo de actividades, e ceder de vez
em quando , nao indo a uma ou outra sessão.


Por tudo isto acho que uma conversa previa à aceitaçao do convite, e uma manutenção da consorte devidamente informada dos compromissos, bem como uma negociação justa sao fundamentais


Por outro lado quando se assumem compromissos com a Loja, como sejam o de aceitar um cargo de oficial para o ano, este assunto deve ser posto à familia para que nesse periodo de tempo, 1 ano, se possa estar presente em todas as sessões.


Enfim, este é um dos temas mais complexos, porque cada Maçon é um caso e cada familia um caso é, pelo que se tivermos um Maçon na familia temos pelo menos dois casos.

Nada que um bom relacionamento familiar nao resolva. E se nao resolver há dois caminhos. Continuar na familia ou COntinuar na Maçonaria. ( neste ultimo caso e passe a publicidade acho que devem arregimentar logo o Rui Bandeira como vosso Advogado porque se for a vossa mulher a fazê-lo é melhor nem pensar na factura que terão que pagar .... )

José Ruah

O verdadeiro Post numero 500


É este !!!!!!.


O Rui como sabemos é advogado. Para os advogados 2+2 nao é necessariamente igual a 4 é mais quanto o cliente quiser que seja.


E o Rui queria muito o o post 500. Vai daí quando entrou ( fez login ) viu um indicador de 499 mensagens, escreveu uma e disse esta é a 500.


Pois nao. Erro dele, que se esqueceu de apagar uma mensagem de 18/10 - uma primeira versao do Décimo Terceiro Veneravel Mestre - e o rascunho ficou lá a contar.


Cá Eu que sou mais da gestão - olhei para a pagina inicial do Blog e vi 2006 - 222 mensagens

2007 - 277 mensagens ora isto somado dá 499.


Como nisto dos numeros o algodao nao engana fui perceber a razao da discrepancia. e Encontrei a que acima expliquei.


Posto isto aproveito o tema ligeiro para retomar a escrita.


O Casamento já passou, a familia da minha mulher já voltou para França, ela propria foi para Barcelona com a mãe para ver familiares doentes, e finalmente o Nico já voltou.


O Nico é o cãozito cá de casa que teve que ir passar 10 dias no Hotel de Caes, e que quando volta passa 2 ou 3 dias amuado comigo. Desta vez nao foi excepção e aí está ele no seu canto nao cumprimentando ninguem.


Bem quando lhe dá a hora de querer sair, lá para isso já sabe que existo !!!!.


Espero agora poder voltar às lides.


E Rui desculpa lá, mas o rascunho era mesmo teu.


Para amenizar aqui fica a foto do Nico
José Ruah

08 novembro 2007

A Loja Invisível


Já aqui no blogue escrevi um texto, A quarta coluna, sobre uma coluna invisível.

Hoje, vou esmerar-me e vou dar conta de uma Loja Invisível.

Não é que a tenha visto... Nem poderia...

Mas consegui ver o seu sítio na Rede.

Trata-se de uma Loja reservada a Mestres Maçons que... sejam mágicos! Bom... Mágicos é exagero. Será talvez melhor escrever ilusionistas. Mas não só... Também podem integrar-se nesta Loja - americana, obviamente! - palhaços! Isso mesmo: quem quiser ser membro desta Loja tem de preencher dois requisitos. Um é ser Mestre Maçon. O outro é ser membro de uma organização reconhecida de mágicos ou palhaços. Isto não é palhaçada nenhuma! Mas atenção que este último requisito pode ser preenchido "cum granum salis": Mestre maçon que pretenda integrar a Loja Invisível, mesmo que não seja membro de uma organização reconhecida de mágicos ou palhaços, pode ser admitido desde que prove a sua qualidade de mágico ou palhaço ou ainda desde que seja confirmado o seu interesse nas artes performativas por um um outro membro da Loja. Ou seja, afinal, sempre há um saudável resquício de alguma palhaçada nos requisitos de admissão. Suspeito que há aqui mãozinha do jeitinho português... palhaçadas à parte!

Agora a sério. Ou tão a sério quanto possível... É objectivo da Loja "promover a Associação Honorária dos Maçons Mágicos no Trabalho sob a Jurisdição do Mundo do Conhecido e do Desconhecido" - o que quer que isto queira dizer!

Mais terra a terra, destina-se esta Loja Invisível a propiciar contacto durável entre elementos com interesses semelhantes, propiciando um espaço de encontro na Fraternidade da Maçonaria e no espírito das artes performativas.

A Loja tem um encontro anual - e eu bem gostaria de ser mosca... ou mágico... ou palhaço... para poder assistir a um...

O sítio tem um espaço reservado para os membros da Loja, um espaço destinado à comercialização de artigos maçónicos e de ilusionismo, um espaço relativo a realizações já efectuadas, um outro de atalhos maçónicos e ainda um outro de informações, este ainda em construção.

Não deixa de ser curioso...

(Nota: Este é o 500.º texto publicado no A Partir Pedra. Achei que se justificava um texto ligeirinho, em jeito de comemoração...)

(ÚLTIMA HORA - Como o José Ruah explica no texto seguinte, afinal este apenas seria o 500.º texto se contássemos com um rascunho que ficou esquecido, por apagar. Como o rascunho, por natureza, não foi publicado, este afinal é o 499.º texto publicado. O seu a seu dono - que o Nico pode estar amuado com o dele, mas continua a conhecer o dono e é um pastor alemão classe armário, com uma dentadura estilo tubarão... Mas fica na mesma a nota anterior; sempre ilustra como se faz um bom truque de ilusionismo: esconde-se qualquer coisa que ilude a assistência e esta acredita - ou finge acreditar... - no que não é. Pelo menos até aparecer um qualquer José Ruah a mostrar como foi feito o truque... E ainda dizem que os maçons são discretos e sabem guardar segredos...!)

Rui Bandeira

07 novembro 2007

MAÇONARIA E AMBIENTE - Demografia: Infecção ou nem por isso?


Existe um sítio na Rede, em inglês, que mostra, de maneira particularmente impressiva, o ritmo de crescimento da população humana no Mundo e todo um conjunto de dados, quer inerentes à população (número de infectados por HIV, número de doentes com cancro, quantidade de pessoas que passam fome), quer inerentes ao estado do planeta, poluição e exploração dos seus recursos (temperatura média global, emissão de CO2, espécies extintas, área de floresta perdida e área de floresta replantada, área desertificada, petróleo extraído, petróleo derramado nos oceanos, reservas de petróleo, sua duração, resíduos nucleares). É o Relógio da Terra.


A consulta dos dados deste sítio é elucidativa. No que a este texto respeita, fiquemo-nos pelos dados demográficos: existem presentemente mais de seis mil, seiscentos e trinta milhões de seres humanos à face da Terra, dos quais mais de quarenta e cinco milhões infectados com o vírus HIV e mais de sete milhões sofrendo de cancro. Só desde o princípio do corrente ano de 2007, a população mundial foi aumentada em mais de sessenta e cinco milhões de indivíduos.

A questão demográfica pode ser vista por dois modos, o catastrofista e o optimista.

Quem segue a via de análise catastrofista, antevê para depois de amanhã o caos, o apocalipse. Para esses, a espécie humana está para o planeta como a bactéria para o corpo humano: prolifera tão desregradamente que acabará por o destruir e, com ele, destruir-se-á a si própria.

Para os optimistas não há crise: naturalmente tudo se comporá, o planeta tem capacidade para albergar mais gente do que se julga e a Natureza é mais perfeita do que a julgamos e saberá desencadear o mecanismo de contenção do crescimento da espécie quando a capacidade do planeta estiver a ser atingida.

Para os catastrofistas, a Humanidade é uma infecção que só não destruirá o planeta se este não a destruir primeiro, com um qualquer equivalente cósmico do antibiótico.

Para os optimistas, a Natureza é mãe que acomodará seus filhos até ao limite do possível e, entretanto, providenciará a estes os meios de se auto-regularem e não ultrapassarem o limite da capacidade do planeta.

Para os catastrofistas, a infecção está já actuando e o aquecimento global é o planeta em febre, primeiro sintoma de doença que, se não for rapidamente debelada, levará à morte da doença (a Humanidade) ou do doente (o planeta), com a consequente destruição também daquela.

Para os optimistas, a responsabilidade humana no aquecimento global é uma treta (conferir a posição, aliás com fundamentação que impressiona, que Rui G. Moura apresenta no seu interessante blogue Mitos Climáticos).

Que o crescimento demográfico é um problema, parece que ninguém põe isso em causa. Que não pode ou não deve ser atalhado com medidas de força ou restritivas dos direitos e da dignidade humanas é um princípio que a Maçonaria não pode deixar de proclamar. Como não deve ceder à tentação de se deixar instrumentalizar por uma das teses.

É evidente que o acelerado crescimento da Humanidade coloca problemas cada vez mais urgentes e ingentes. Mas não se deve cair nas tentações dos presságios de catástrofe mais ou menos iminente, caucionando pretensas medidas correctivas que não respeitem a dignidade da pessoa humana.

Por outro lado, não devem também os maçons enfiar a cabeça na areia e pensar e agir como se nenhum problema houvesse, infantilmente confiantes que a Mamã-Natureza resolverá por nós o problema. Porque assim proceder pode levar a que a Mãe-Natureza efectivamente resolva o problema, quiçá por modo menos agradável...

A sobrepopulação deve ser por nós entendida como um problema sério, com que se deve lidar com seriedade, mas também ponderação.

Duas pistas penso que, para já, podemos apontar.

Verifica-se que, nos países economicamente mais desenvolvidos, a taxa de natalidade decresce. Dir-se-ia que o desenvolvimento económico é um bom meio de controlo populacional. Onde não há já grande taxa de mortalidade infantil, as pessoas não sentem a necessidade de ter mais filhos, para garantir que não fiquem sem nenhum. Onde as necessidades básicas são consideradas como asseguradas, as pessoas não sentem a necessidade de ter filhos para auxiliar na obtenção do sustento da família. Devemos, creio, defender o desenvolvimento económico EQUILIBRADO E AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL também como meio de controlo do excesso de população.

Por outro lado, não devemos deixar passar em claro os receios contrários: a quebra da natalidade, dizem alguns, deve ser atalhada, porque causa envelhecimento da população, sobrecarrega os sistemas de protecção social, faz definhar as sociedades. Devemos ajudar a manter os nossos concidadãos e os nossos decisores com a cabeça fria. Primeiro, apontando que o envelhecimento da população nos países mais desenvolvidos não resulta só da quebra de natalidade, resulta também do facto de os frutos da explosão de nascimentos que ocorreu após o fim da II Guerra Mundial estarem agora no declinar da vida, conjugado com o sucesso das técnicas da medicina moderna no prolongar do tempo médio de vida. Mais vivem mais tempo e portanto daí resulta a alteração da relação entre o número de idosos e o de jovens. Aqui, estamos a ser aparentemente vítimas do nosso sucesso... Mas este é, creio, um problema que naturalmente se resolverá com o tempo: o tempo de vida, mesmo aumentado, dos frutos da explosão de nascimentos chegará ao fim e, tão naturalmente como a relação idosos-jovens se alterou, paulatinamente retomará o sentido da normalidade.

Acresce que o problema conjuntural da alteração do envelhecimento da população nos países economicamente mais desenvolvidos se resolve facilmente com uma medida que, simultaneamente, ajudará a debelar alguns dos problemas resultantes do excesso de natalidade dos países mais pobres: regular os fluxos migratórios, não "fechando portas", mas permitindo um adequado fluxo migratório, que permita manter a quantidade de força de trabalho adequada para o normal funcionamento de cada sociedade, melhorar a relação idosos-jovens e aliviar a pressão sobre os sistemas de segurança social.

É também devido ao facto de ser, ao longo do tempo, um país de imigração que os Estados Unidos são uma potência económica...

Simplesmente, tolerar o Outro, o Diferente, o Imigrante, é, por vezes, difícil. Conviver com culturas diferentes, costumes diversos, não é fácil.

É aqui que a Maçonaria deve intervir: Tolerância é algo de que sabemos muito bem o significado!

Rui Bandeira