02 dezembro 2014

A Maçonaria na Ilha da Madeira

No âmbito das publicações de autores convidados, aqui fica um texto sobre a Maçonaria na Ilha da Madeira.






A   Maçonaria   na   Madeira

Em 1727, foi constituida a primeira Loja Maçónica em Lisboa composta por comerciantes ingleses e que seria apelidada pelo Santo Ofício de “Hereges Mercadores”, em 1733 uma segunda Loja denominada “Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia” com uma  predominância de obreiros católicos portugueses e irlandeses e uma terceira fundada pelo suíço John Coustos em 1741. Todas elas sofrerão uma grande perseguição por parte da Inquisição no ano de 1743, onde alguns destes Irmãos foram torturados e sentenciados a duras penas.
Uma segunda fase acontece a partir dos anos sessenta desse mesmo século, como consequência de uma tolerância ideológica por parte do Marquês de Pombal, que fora um homem iniciado no estrangeiro (Inglaterra ou Áustria), onde residiu algum tempo como diplomata da coroa Portuguesa.

É precisamente durante esta segunda fase acima referida que se erguem as colunas da primeira Loja Maçónica na Ilha da Madeira em 1768.
Esta Loja que foi fundada por elementos da nobreza Madeirense tais como:
Aires de Ornelas Frazão, Leal de Herédia, Joaquim António Pedroso e Francisco Alincourt.

Alguns destes Irmãos teriam sido mesmo iniciados em Londres, destacando-se o caso de Aires de Ornelas Frazão, 1º Venerável Mestre da Loja e que casou com Mary Phelps, uma sra de famílias inglesas  que também residiu na Ilha.

No ano de 1770, consta de um ofício dirigido ao Marquês de Pombal a 3 de Dezembro desse ano pelo governador José António de Sá Pereira de que os Irmãos acima referidos teriam sido presos por este nas Cáceres do Santo Ofício e enviados para Lisboa, onde foram libertados pelo Marquês de Pombal.

No ano de 1780, haviam poucos Obreiros devido à continuada perseguição movida pelo governador Sá Pereira, mas com a chegada à Ilha da Madeira de Barthelemy Andrieu du Boulaiy, a nossa Ordem retoma o vigor inicial devido ao seu empenho e ao recrutamento de novos elementos.

Em 1790, acontece uma cisão na Loja onde Ornelas Frazão envereda pelo reconhecimento britânico e uma Loja denominada de “S.Luís” que segue o reconhecimento francófono.

Nessa altura na Ilha da Madeira estavam a trabalhar cerca de três Lojas e o numero de Maçons ultrapassava os 100, destacando-se os nomes do Padre Alexandre José Correia que tinha um diploma maçónico inglês, Miguel Carvalho que mais tarde iria para os Barbados (Antilhas Inglesas) e de Tomás de Ornelas Frazão, filho de Aires e que ergueu colunas no ano de 90 na cidade da Horta, Ilha do Faial, Açores.
Recuando cerca de um ano, mais precisamente 1789, chega á Ilha da Madeira, por nomeação do governo de D.Maria I e com a missão de estudar a flora Madeirense e seus efeitos terapêuticos, Jean Jacques de Orquiny, que era grande comendador do Grande Oriente de França e que não só levantou colunas de uma Loja como também formou uma Academia de Ciências e Artes.

Em 1792 foi movida uma segunda grande perseguição contra os pedreiros livres, liderada pelo Bispo D. José da Costa Torres e pelo governador à época de nome Diogo Forjaz Coutinho, que à imagem do seu antecessor Sá Pereira, prendeu todos os Maçons nas Cáceres do Santo Ofício, e através de um edital incentivou toda a população a denunciar perante a própria Inquisição (cito):
TODO AQUELE QUE SOUBESSEM PERTENCER À MALDITA SEITA, QUE TINHA PACTO COM SATANÁS E ERA EXCOMUNGADA.

Como é óbvio, esta manobra ditatorial e absolutista contra homens livres, de bons costumes e anti-dogmáticos, iria instalar o pânico nas suas famílias, levando a que uma grande parte dos Irmãos “fugissem” da Ilha da Madeira para sítios onde a sua condição não fosse um constrangimento.

Os destinos principais foram o Brasil e os Estados Unidos da América onde foram muito bem recebidos.

A Maçonaria voltou a reorganizar-se enquanto a Madeira esteve ocupada por tropas britânicas entre 1801 a 1802 e 1807 a 1814, tendo à época levantado colunas uma Loja de nome Unidos, da qual nasceram outras duas.

É precisamente nesta terceira fase que a nossa Ordem na Madeira começa a deixar uma postura filosófica e cultural para ter uma mais valia política e social.

Com o liberalismo implementado no país, o cenário com certeza era favorável para que estes princípios começassem a implodir.

No entanto, a alçada do governo absolutista de D. Miguel começou com as suas intervenções inquisitórias no ano de 1823, dispersando novamente os Maçons.

Com a devida persistência já denotada, no ano de 1825 formou-se uma sociedade que se denominava de “Os Jardineiros”, organizada por estudantes universitários e bacharéis.

A pressão exercida por parte daqueles que o seu modus operandis é o controlo social pela força, pelo dogmatismo e pelo não desenvolvimento intelectual da maioria, os Maçons à época eram obrigados a um sigilo absoluto.

Sendo assim, reuniam-se nas quintas e propriedades dos seus membros para que a descrição fosse cumprida.

Entre outras, é de referir a quinta do Til, a quinta da Carne Azeda, a quinta de St. Filipa, uma das quintas no Monte e a de um inglês de nome Gran que também era pedreiro-livre.

A Maçonaria volta a ressurgir robusta em 1826, tendo como personagem principal João do Carvalhal.

No entanto e novamente, a alçada do governo de D. Miguel volta em 1828 onde pronuncia duzentas e dezasseis pessoas, entre os quais cerca de cem Maçons.

Esta perseguição provocou um novo surto de emigração, e os que não partiram, sofreram durante cinco anos sanguinária pressão, tendo muitos morrido pelas suas crenças e convicções.

A 5 de Junho de 1834, as instituições liberais foram restabelecidas, onde os poucos Maçons ali existentes puderam recomeçar os seus trabalhos.

Entre 1847 e 1872 a atividade Maçónica na Ilha da Madeira teve mais uma quebra acentuada, mas a 11 de Março do ano de setenta e dois e pela mão do Tenente-Coronel José Paulo Vieira, ergue colunas a Loja Liberdade, com uma postura apolítica e muito mais filosófica.

Nos anos posteriores, constituíram-se outras três Lojas, que se fundiram pouco depois de 1880.

A implementação da República Portuguesa no princípio do sec. XX proporcionou o constituir de outras Lojas formadas por membros Portugueses e a Britanic Lodge por membros ingleses.

Esta fase da Maçonaria na Madeira terminou, bem como em todo o Portugal, com a implementação do Estado Novo, onde a “Inquisição” volta a ter um papel castrador, com a devida conivência do estadista António Oliveira Salazar a partir de 1932.

Depois do maior interregno desde a formação da primeira Loja em 1768, a Maçonaria na Madeira volta a acordar cerca de 75 anos depois, mais precisamente no dia 2 de Maio do ano simples de 2009.

O objetivo atual da Maçonaria Regular na Madeira é claro:

1-    Continuar o legado dos Irmãos que já partiram para o Oriente Eterno.
2-    Fundar e desenvolver instituições que apoiem o desenvolvimento social e filosófico através da ciência e da cultura
3-    Praticar a filantropia.
4-    Colaborar no estreitamento dos laços de amizade na Maçonaria Lusófona.

Conclusões:

Este trabalho é baseado em vários relatos históricos e que descrevem as nossas raízes na Ilha da Madeira, as perseguições e as dificuldades impostas por quem sempre quis privar-nos de um princípio anti-dogmático e fundamental para a evolução sociológica que é o livre pensamento.

A quem nos provocou e a quem nos continua a provocar, a eles dedico-lhes e a vós recito meus Irmãos uma frase do ilustre poeta Fernando Pessoa, e que relata o seguinte:
EXISTE NO SILÊNCIO TÃO PROFUNDA SABEDORIA QUE ÀS VEZES ELE SE TRANSFORMA NA MAIS PERFEITA RESPOSTA.

Em bom rigor, esta é uma postura de homens livres e de bons costumes que, por e simplesmente sonham como outros tantos sonharam, como Aires de Ornelas Frazão e com grande coragem, partilhamos este brilhante legado que nos deixaram e que nos constitui honrosamente Irmãos da Lusofonia.

Que estes factos sejam exemplo para que a Maçonaria de expressão Lusófona esteja cada vez mais unida e mais forte, e para que estas palavras se completem, todos juntos, devemos nos empenhar profundamente na construção de uma sociedade mais justa, mais iluminada, em suma, a caminho de uma 4ª dimensão ortogonal.



Octávio Pimenta Sousa

(M.·.M.·. da R.·.L.·.João Gonçalves Zarco nº 71, a Oriente do Funchal)


01 dezembro 2014

Sugestão musical para a Coluna da Harmonia: "You’ve got a friend in me" de Randy Newman ...



Hoje venho fazer uma sugestão musical para ser utilizada pela Coluna da Harmonia num momento de descontração em sessão de Loja. E uma vez que estes momentos também existem, penso que esta canção é apropriada para ser ouvida durante a sua ocorrência. E como de vez em quando encontramos a presença da Arte Real onde menos esperamos, decidi partilhar convosco uma canção que apesar de ser bastante simples não o é na realidade, pois exprime alguns dos melhores sentimentos que se pode sentir e partilhar com outrém. E falo-vos da Amizade e do sentimento fraterno que sentimos por quem decidimos que faça parte da nossa “vida ativa”…
Assim, a sugestão musical que tenho o prazer de partilhar com os leitores deste blogue é uma canção que encontrei num filme de animação para crianças.
O que poderá causar alguma estranheza a quem lê este texto.
Uma sugestão musical “maçónica” e logo encontrada numa animação infantil?!
 Pois, não é habitual se encontrar a presença de princípios morais maçónicos em animações feitas para crianças (preferencialmente)  apesar de existirem vários contos infantis e bandas desenhadas onde os mesmos se podem encontrar. Dou como exemplos as “fábulas de La Fontaine”, as estórias protagonizadas por “Corto Maltese” ou o conto infantil “O Pequeno Príncipe” de Saint Exupery, entre outros… Mas numa produção Disney, o que é o caso nesta publicação, e uma vez que o fundador desta empresa, Walter Disney (05/12/1901-15/12/1966) foi maçom, a possibilidade de se encontrarem princípios morais maçónicos nos seus filmes e contos infantis nunca pode ser descartada.
A canção que hoje faço referência, integra a banda sonora original do filme de animação infantil "Toy Story" co-produzido pela Disney e pela Pixar. 
Aqui pode encontrar mais informação sobre este filme infantil. E também durante o visionamento do referido videoclip é  possível encontrar a sua letra original. Mas se preferir uma tradução ligeira desta letra, pode-a encontrar aqui também, apesar de eu traduzir a respetiva letra na análise que irei efetuar a esta música.
O título desta canção é “You’ve got a friend in me - Tú encontras um amigo em mim -“ e foi produzida pelo compositor musical Randy Newman e a sua letra é:
"You've got a friend in me
You've got a friend in me
When the road looks rough ahead
And you're miles and miles from your nice and warm bed.
You just remember what your old pal said
Boy, you've got a friend in me
Yeah, you've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You got troubles, then I got 'em too
There isn't anything I wouldn't do for you
If we stick together we can see it through
'Cause you've got a friend in me
You've got a friend in me
Now some other folks might
Be a little bit smarter than I am
Bigger and stronger too. Maybe
But none of them will ever love you
The way I do
Just me and you, boy
And as the years go by
Our friendship will never die
You're gonna see, it's our destiny
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me"
Assim numa primeira impressão criada pela leitura do título da canção, pudemos reter no imediato é que esta canção trata de Amizade, e por inerência, de Fraternidade; dois dos princípios morais de excelência da Maçonaria. Mas tal como na sugestão musical anterior onde pudémos encontrar também valores morais tais como o “Amor Fraternal” e o “Dever de Auxílio”, também na canção  You’ve got a friend in me” os vamos encontrar apesar de num contexto um pouco diferente.
Enquanto na sugestão musical anterior dava-se ênfase ao auxílio que deve existir entre irmãos, nesta canção a amizade é enfatizada em relação aos restantes valores morais que encontramos. E apesar de não se falar em fraternalismos e nem mesmo em fraternidade de forma explícita, subliminarmente os mesmos estão bem implícitos na letra desta canção. E a frase “you’ve got a friend in meencontras um amigo em mim” é a prova disso.
Quantas vezes existem e conhecemos casos de famílias desavindas onde os seus familiares nem se falam sequer? E nas quais, os seus membros se relacionam apenas com os seus amigos?
Quantas vezes nós preferimos o apoio, o abraço ou o carinho de um amigo em detrimento dos mesmos, efetuados por familiares nossos?
Uma das grandes conquistas que provém da liberdade que nos oferecida pela vida é a liberdade de escolha. A liberdade de escolher com quem queremos conviver e de nos intimamente relacionarmos. A liberdade de decidir com quem queremos partilhar a nossa vida e desejamos fazer o bem. Por certo a nossa  família de sangue não a podemos escolher, é algo que é natural. Mas quanto às nossas amizades e famílias fraternais, a escolha só dependerá da nossa vontade e do desejo dos outros em nos acolherem nas suas vidas.
E voltando à análise desta canção nas frases seguintes, When the road looks rough ahead And you're miles and miles from your nice and warm bed. You just remember what your old pal said Boy, you've got a friend in me”E quando o caminho em frente te parecer difícil e estiveres milhas e milhas longe da tua cama quente. Só tens de te lembrar do que o teu velho amigo disse, Rapaz tú tens um amigo em mim-. Isto bem o percebem, os maçons. Que mesmo longe do seu lar, seja no ar, na terra ou no mar, terão sempre um amigo ao seu dispor, um irmão que os poderão apoiar e auxiliar no que necessitem. Aliás um bom maçom e membro da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5 afirma e bem que “na Maçonaria, a amizade é prêt-à-porter”, isto é, a amizade encontra-se e faz-se em qualquer parte do mundo.
No entanto, também o auxílio mútuo que é devido entre irmãos e amigos se encontra bem patente em “You got troubles, then I got 'em too There isn't anything I wouldn't do for you If we stick together we can see it through 'Cause you've got a friend in me”Tú tens problemas, então eu também os tenho, não haverá nada que eu não farei por ti e se nos mantivermos juntos nós conseguiremos ultrapassar isso porque tens um amigo em mim -. Isto é na verdade, o tal "ombro amigo" de que por vezes tanto se fala no mundo profano. É alguém sentir que deve "estar lá" para todas as ocasiões e não  estar presente apenas nos bons momentos  que a vida proporciona aos seus amigos e irmãos. Geralmente é nos momentos adversos da nossa vida que encontramos ou descobrimos quem realmente são os nossos amigos. O apoio que nos poderão dar nesses momentos menos positivos da nossa vida é crucial para que estes possam ser ultrapassados ou esquecidos.

 E, uma vez mais, a amizade é salientada nesta música novamente em “Now some other folks might Be a little bit smarter than I am Bigger and stronger too. Maybe But none of them will ever love you The way I do”- Agora outros rapazes poderão ser um pouco mais espertos que eu para além de serem maiores e mais fortes. Talvez, mas nenhum deles gostará de ti da maneira como eu o sinto -. Aqui encontra-se representada a pureza e a intemporalidade de uma grande amizade. A qual deverá permanecer inabalada seja pelo tempo ou pela distância que por vezes e por vários motivos pode separar os amigos e irmãos.

Nomeadamente encontramos o eco destas palavras e deste sentimento  na frase “And as the years go by Our friendship will never die You're gonna see, it's our destiny”- E à medida que o tempo passa, a nossa amizade não perecerá, e tú o assim irás observar, é o nosso destino -. E é mesmo esse o nosso destino; pois tal como encontramos no  mote maçónico latino “Virtus junxit mors non separabitAquilo que a Virtude juntou, a morte não o separará…” também assim tal ficou demonstrado nesta última estrofe da canção. Seja neste oriente ou no Grande Oriente Eterno, juntos uma vez, juntos para sempre
Mais uma vez, de algo que inicialmente nada de maçónico poderia conter, mostrou-se que afinal existe muito para refletir e principalmente, para sentir

24 novembro 2014

A importância que um Padrinho tem na formação de um maçom…

(imagem proveniente de Google Images)

O  texto que hoje publico, vai abordar algo que no meu entendimento será bastante relevante para a Maçonaria e que é o papel que um padrinho deverá ter na formação do seu afilhado maçom.
Um padrinho deve ter a sensibilidade para poder analisar quem deve ou não fazer parte da Augusta Ordem Maçónica. E padrinho pode ser qualquer maçom exaltado à condição de Mestre. O Mestre é o maçom de pleno direito. Logo tem a responsabilidade de fazer respeitar os princípios da Ordem, auxiliar na formação dos seus Irmãos, detenham eles o grau que tiverem, e de apesar de não fazer proselitismo, deve procurar no mundo profano quem tenha qualidades para ingressar na Maçonaria e que com essa admissão possa desenvolver um trabalho correto tanto pela Ordem Maçónica bem como pela sociedade civil na sua generalidade.
O padrinho não tem de ser um guru nem ser um visionário (pois ele será também um eterno aprendiz), o papel que ele deverá representar  para o seu afilhado é o de um guia, de uma pessoa que o auxílie na sua integração na Loja bem como o de sendo alguém que o ajude na sua formação maçónica, principalmente nos primeiros tempos, em complemento com a formação que é efetuada na loja, auxiliando também o Segundo Vigilante (cargo oficial desempenhado pelo terceiro elemento da  hierárquia de uma loja maçónica) no cumprimento das suas funções, nomeadamente como formador dos Aprendizes Maçons.
Compete ao padrinho após identificar no mundo profano alguém com as capacidades intelectuais e morais que são necessárias para alguém ser reconhecido maçom, abordar o mesmo da forma como achar que será melhor recebida pelo seu interlocutor. Na maioria das situações, a abordagem é feita pelo reverso, alguém que é profano e que se identifica com a Maçonaria intercede junto de um maçom para que lhe seja concedida a entrada na Ordem. Independente da maneira de como é feita a proposição, cabe ao maçom que irá ser o padrinho efetuar algumas diligências, ou seja, conhecer os gostos e preferências do seu futuro afilhado bem como dos hábitos e rotinas que ele possa ter  (se não os conhecer anteriormente), isto é, tudo aquilo que é habitual num ser humano. Conhece-lo!
E  numa fase posterior, se concluir que o profano detém  as qualidades necessárias para entrar na Maçonaria, deve abordar alguns temas de âmbito maçónico, retirando algumas das dúvidas que possam persisitir na mente do seu futuro apadrinhado sobre o que a Ordem Maçónica é e qual o seu papel no mundo. Mas mais que isso, na minha opinião, o futuro padrinho deve fazer-se acompanhar pelo profano em eventos maçónicos de cariz aberto (eventos brancos) onde este poderá ter um contato mais alargado com o que é a Ordem, ou seja, frequentar tertúlias e palestras onde a Maçonaria seja o tema principal a ser abordado.
Neste caso, admito que começará aqui, para mim, a formação maçónica do futuro iniciado. Pois se o mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e escuta, então o processo de candidatura não terá início e o profano aproveitará apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria concerne e ter uma opinião mais concreta sobre esta Augusta Ordem. No entanto, e caso o profano se identifique claramente com o que lhe é mostrado, deverá então ser iniciado o processo de candidatura à admissão numa loja maçónica. E de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é de extrema importância. E porquê?!
Porque durante o desenrolar do processo de candidatura, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a cumprir ao apadrinhar a candidatura em avaliação porque o conhecem, e  também estes por sua vez, respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja.
E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que este não se sinta desapoiado e nem desintegrado num grupo de gente que à partida não o conhece bem nem o qual deverá conhecer devidamente.
Acontece também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçónica já é popular no mundo profano ou puderá ter relações profanas com alguns membros da loja e assim a sua integração é mais facilmente consumada.
Mas e apesar de todo o fraternalismo que existe na Maçonaria em geral, os “primeiros tempos de vida” de um maçom podem-lhe parecer estranhos porque terá de ser relacionar inclusivé com gente que talvez, no mundo profano, preferiria evitar. É verdade, tal pode acontecer e ainda bem que tal assim acontece. Desta forma, é possível um entendimento que de outra maneira não seria possível acontecer. Porque os irmãos são “obrigados” a confraternizar, logo, encontrar "pontos de comunhão” e de “convergência”. Também, pelo facto de se terem de relacionar, isso obrigará a que as pessoas se conheçam melhor, e com isso, desfazer alguns preconceitos que poderiam ter anteriormente e que se assumirão posteriormente, como errados e descabidos. Outros quiçá, manterão a mesma opinião que anteriormente. Tal poderá acontecer, somos humanos e em relação a isso pouco se pode fazer… A não ser, tolerar e respeitar o próximo tal como outra pessoa qualquer o deve merecer.
 - Os maçons são pessoas como as outras, não são perfeitos; a  forma de como combatem as suas paixões e evitam os seus vícios é que os difere dos restantes membros da sociedade -.

E ter um padrinho que os guie corretamente nessas situações,  que lhes dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que acima de tudo os critique quando o deve fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a diferença. Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e que não seja funesto para a Ordem no futuro.
Os casos que normalmente vêm a público no mundo profano devem-se a erros de casting ou a gente que foi mal formada ou que não se identificou depois com os princípios morais que encontrou no interior da Maçonaria. Por isto, é que não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo, por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria e saber um pouco ao que vai, porque caso contrário, criará uma perca de tempo ao próprio e à loja maçónica que o acolher com as consequências que sabemos que poderão suceder e que algumas vezes ocorrem mesmo!
E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se desviam do seu caminho na virtude, os padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de forma errada e que levou a que a imagem desta Augusta Ordem fosse questionada profanamente. Obviamente que não digo que fossem sancionados, mas que exista uma conversa para os alertar do perigo que é de apadrinhar gente com este tipo de conduta para que no futuro sejam mais zelosos nos seus apadrinhamentos e que também tivessem acompanhado a conduta do seu apadrinhado. Naturalmente que um padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre, seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal. Por isso até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não ponha a imagem dos outros irmãos em questão.
Porém, e ainda no âmbito da instrução maçónica do seu afilhado, o padrinho deverá  complementar a formação que será concedida pela loja ao seu apadrinhado; porque ao lhe demonstrar também que a Maçonaria vive de símbolos, metáforas e alegorias, mas fundamentalmente, da prática de rituais próprios, também ele (padrinho) ao instruir o seu afilhado, poderá refletir e por em prática os conhecimentos que já adquiriu até então - o que é sempre uma mais valia pessoal - e que lhe permitirá vivenciar o que também ele aprendeu durante a sua formação até atingir o mestrado.
- Conhecer e ensinar outrém é do melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto que acredito que o Conhecimento somente é  Sabedoria quando compartilhado-.
Mais tarde, quando o seu afilhado já se encontrar na condição de mestre, já não será tão essencial ter aquela “especial” atenção que considero como importante na caminhada de um maçom, porque este já atingiu uma parte importante da sua formação maçónica e concluiu o seu percurso até à mestria. Mas no entanto,  nunca o deverá abandonar, pois apesar de este ser um irmão seu, será sempre o seu afilhado, logo alguém que um dia reconheceu como tendo capacidades e qualidades maçónicas. E essa responsabilidade nunca desaparecerá.
E isto é algo que por vezes acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e depois deixá-lo à  mercê dos tempos e vontades… Virar as costas a um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia. E se isto poderá parecer como demasiado simplista e inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade.
Assim, alguém que queira apadrinhar a candidatura de um profano, terá de assumir que adquire uma responsabilidade tal, que nunca será irrelevante e que nos seus “ombros” suportará o “peso” de uma Ordem iniciática e de cariz fraternal  como o é a Maçonaria. E que terá como seus deveres  principais: reconhecer, informar, transmitir/formar e acompanhar  quem ele considerar como sendo um válido (futuro) membro da  Maçonaria.
Não será uma tarefa fácil, esta de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem...

17 novembro 2014

Refletindo na frase: “Existe algo maior que o céu: a alma humana” de Victor Hugo…

(imagem proveniente de Google Images)
 
Falarmos de Alma Humana é abordarmos algo quase que inefável e insensorial, o que pode parecer à primeira vista como algo de paradoxal.
Digo inefável, porque como pouco a conhecemos, quase não a conseguimos “pronunciar” na sua especificidade ou a definir em profundidade. E também afirmo que a alma pode ser considerada como algo insensorial, porque é algo que não é mensurável e assumo que não conheço alguém que tenha afirmado que a tenha sentido, num sentido sensorial e não num sentido metafísico.
Creio que a alma humana é a nossa essência, logo à partida algo que será imutável. Mas na realidade a mudança pode existir. Tanto devido a fatores externos como a fatores internos.
A nossa educação, a nossa formação académica e profissional, e principalmente, a nossa formação de cariz “social” (a forma como nos relacionamos com os outros), será quiçá o mais importante agente de mudança.
É através da nossa experiência de vida, das nossas vivências, que somos o que “somos”. E ao sermos “algo”, isso é o reflexo do nosso estado de alma. E como esse estado está em permanente mudança (fruto também das nossas alterações de humor), também Nós mudamos. É essa alteração/evolução que importa à reflexão. 
Victor Hugo (26/02/1802-22/05/1885), maçom, escritor e pensador francês, ao afirmar que “existe algo maior que o céu: a alma humana” disse a verdade. Não existe mesmo nada maior que ela.
Nós próprios somos maiores que tudo! E somos mesmo! Somos “maiores” que as nossas criações, as nossas suposições e que as nossas opiniões.
As nossas crenças, as nossas atitudes dependem somente de nós. Independentemente do meio que nos rodeia, que também nos poderá ajudar a modelar o nosso carácter; apenas a nossa vontade, os nossos pensamentos e ideias é que serão os nossos decisores comportamentais – aquilo que pensamos é realmente o que nos define!-  e numa análise mais estrita, as nossas crenças e correspondentes atitudes serão os nossos juízes morais. E mesmo que consideremos que dominemos a razão, se ela não se enquadrar no que é definido pelo bom-senso e pelo que é o senso comum do local onde nos encontremos – pois é possível a variação do que é assumido como a lei comum mediante o lugar onde nos encontremos…- nada disso nos valhará. Mas mesmo assim, se considerarmos que deteremos a razão sobre algo, se nos quisermos manter íntegros nessa tomada de posição (e se realmente a mesma seja a verdadeira e correta), teremos sempre de ser responsáveis e humildes por agirmos dessa forma independentemente das consequências que de aí poderão advir, sejam elas positivas ou em alguns casos mesmo, infelizmente, nefastas para quem age desta maneira.
Porém, também a mudança de opinião pode acontecer, seja para não por em perigo a nossa integridade física ou de outrém (nos casos em que tal pode suceder…), e nesses casos a mudança é apenas externa, mantendo-se a nossa opinião internamente, o que será refletido no nosso estado de alma (nessa altura poderemos ter alguns comportamentos que poderão ser considerados como hipócritas e/ou cínicos, resultantes das atitudes que tomemos); ou a alteração da nossa opinião também poder suceder por de facto constatármos que realmente nos encontramos errados nas nossas assumpções e/ou de que não era de todo a mais correta a nossa opinião. E assumir a mudança nestes casos, é assumir uma verticalidade de carácter que nos permitirá nivelar pelos demais.
E neste caso, considero que a nossa alma quase se poderia mutar, uma vez que a nossa opinião e forma de ver algo evoluiu. O que poderá parecer irreal, mas se o pensamento mudou e em consonância com ele passarmos a agir de outra forma, porque não considerar que existiu também uma mudança na nossa alma, uma vez que houve uma alteração no nosso íntimo, do nosso ser?
Aliás, acredito que quem não for capaz de mudar também não me parece que tenha uma grande capacidade para aprender. Só os ignorantes não são capazes de mudar…
 Será que a alma permanecerá inabalável na sua “estrutura” e não ser passível de mudança, e o restante ser possível de ser alterado? 
Pois, creio que tal assim pode acontecer. A nossa alma é a nossa essência.
Logo, mesmo que aconteçam várias transformações, e mesmo sabendo que a própria matéria de que somos feitos se pode transformar (o nosso corpo sofre mutações, evoluções ao longo da nossa vida) sem que a alma sofra alterações com essas mudanças, acredito que a mesma registará algumas “marcas” que serão originadas pela  alteração da nossa consciência, fruto da sucessão de  determinados acontecimentos que podem alterar a nossa forma de pensar e de estar, ao longo do nosso crescimento e tempo de vida. Por isso tão facilmente se fala em “estados de alma”.  Acredito que esses estados apesar de passageiros em alguns casos, fiquem registados no nosso ADN e que assim dessa forma, fiquem “registados” na nossa alma e que esses mesmos estados, determinem o nosso comportamento. Até o conceito de Alma, é o de algo que nos anima, de algo que nos define, de algo que nos gere… Conceito que subscrevo na íntegra.
Ou seja, acredito que por muito que tudo mude - porque para mim tudo é possível de mudar, de ser alterado, de evoluir, de ser passível de alcançar novos horizontes ou adquirir novos objetivos - a alma permanecerá com a sua “integridade” inalterada. Pois é a nossa alma que nos caracteriza como somos e que nos difere dos restantes seres humanos. É a alma que nos cria a nossa identidade pessoal e confere aquilo que se pode designar por humanismo. Sem ela seríamos apenas mais uns, na grande cadeia animal…
Todavia e abordando também um pouco sobre a forma de como a nossa Alma interage no mundo através do nossa matéria/corpo e ideário/pensamento/mente, deparamos que quase tudo o que existe, depende ou se centra exclusivamente no Homem e/ou na sua dependência. A tecnologia foi criada pelo Homem para o servir, as estradas existem para que a humanidade possa estar ligada entre si, as habitações existem para que nos possamos abrigar, as comunicações existem para que seja possível estarmos todos conetados, etc etc… Ou seja, tudo advém do Homem, para o HomemDa sua matéria, da sua mente para o seu espírito, para a sua Alma 
E após esta abordagem que fiz acima, poderá existir ou se confirmar algum interesse da Maçonaria pela “alma” dos seus obreiros?
Naturalmente que sim! Não num sentido religioso, mas antes, num sentido metafísico.
A Maçonaria requer a mudança aos seus membros. A sua mudança pessoal, a sua evolução de consciência (do pensamento), a sua progressão enquanto pessoa. De aí advir a vontade de aprimoramento/aperfeiçoamento moral e espiritual dos maçons.
Tanto que é usual se afirmar “que à Maçonaria não interessa gente perfeita. Antes sim, gente que se quer aperfeiçoar”.  Logo, gente que deseja evoluir e mudar de estado de alma. Mudar algo que à partida se poderia levar a supor como sendo imutável.
 Interessa à Maçonaria ter nos seus quadros, gente que assumiu os seus defeitos e que os deseja “anular”, e que acima de tudo, queira potenciar as suas qualidades, para si e em prol dos outros que o rodeiam. Por isso, a Maçonaria lhes pede, ou mais claramente exige, que sejam honestos, íntegros e de carácter pobro. E nesse caso, será através da sua alma, que lhes poderá ser proporcionado tal comportamento; gerindo esta assim, os  seus pensamentos, as suas atitudes e a sua conduta no mundo profano. Desta forma, a alma humana tem um interesse particular para a Maçonaria, não por aquilo que ela será para os seus membros, mas por aquilo que ela poderá representar para esta Augusta Ordem, como sendo modeladora de carácteres.
Poderemos então constatar que existe algo maior que a alma humana?!
Quanto a mim, não! Já o mano Victor Hugo tinha a mesma opinião…

10 novembro 2014

Sugestão para a "Coluna da Harmonia": “Hey Brother”de Avicci.



O responsável pela Coluna da Harmonia numa loja maçónica deve procurar utilizar nas sessões da loja a que pertence, músicas que sejam de autores maçónicos e/ou que se inspirem em princípios e valores maçónicos.
Assim, hoje trago uma sugestão de um videoclip de uma música que apesar de numa primeira audição parecer não conter nada de maçónico, mas que adentrando na mesma, muito se poderá descortinar… Pois tudo na vida é símbolo e é através da análise dos simbolos que também poderá ser alcançado o conhecimento…
Honestamente, não sei se o autor da letra e da música será maçom ou não, o que me importa realmente neste caso foram os sentimentos que se encontram explanados na letra desta canção, o Amor Fraternal e o Dever de Auxílio entre irmãos. Sentimentos estes tão caros aos maçons, nomeadamente até já foram abordados estes ditos sentimentos em dois textos dedicados em exclusivo a eles, escritos pelo Rui Bandeira, e que podem ser recordados aqui e aqui.
A canção que acima pode ser visionada e/ou ouvida, pertence ao músico sueco e também Disc Jockey Tim Bergling (08/09/1989-….) mais conhecido mundialmente por Avicci, e que tem como título “Hey Brother”( isto é,“Oh Irmão”) e que pertence ao album “True” comercializado apartir de 2013.
E uma música com um título destes, qualquer coisa de simbólico à partida se poderá encontrar nela. Ora vejamos a sua letra:
"Hey Brother"
Hey, brother
There’s an endless road to re-discover
Hey, sister
Know the water's sweet but blood is thicker
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do



Hey, brother
Do you still believe in one another?
Hey, sister
Do you still believe in love? I wonder
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Oh, oh, oh

What if I'm far from home?
Oh, brother, I will hear you call
What if I lose it all?
Oh, sister, I will help you out
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Hey, brother
There’s an endless road to re-discover
Hey, sister
Do you still believe in love? I wonder
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Oh, oh, oh

What if I'm far from home?
Oh, brother, I will hear you call
What if I lose it all?
Oh, sister, I will help you out
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Ao analisar a letra desta música (quem não perceber a língua inglesa encontra uma tradução ligeira aqui), encontro algo que para mim é do mais importante que os maçons poderão fazer pelos seus irmãos, o dever de auxílio, pois na frase if the sky comes falling down, for you There’s nothing in this world I wouldn’t do”Se o ceú cair, por ti não existirá nada que eu não o possa fazer – é demonstrada a vontade que existe em se auxíliar os irmãos que de tal necessitem; pois estes sabem que quando tudo na vida poderá correr mal, existirá sempre alguém para os apoiar, para os reconfortar. E este conforto não tem de ser necessáriamente financeiro, porque a maioria das vezes uma palavra, um incentivo, um conselho ou um abraço, valem muito mais que alguns  milhões
Também nesta canção, encontro o sentimento fraternal que os maçons sentem pelos seus semelhantes, que em qualquer parte do globo terrestre terão quem comungue com eles dos mesmos princípios de vida e forma de estar. Pois até mesmo aqueles que se encontrem longe do seu lar, poderão receber e/ou dar o seu auxílio aos Irmãos que dele precisem, uma vez que a distância física não será  impedimento para nada. O que pode ser confirmado  na frase:” What if I'm far from home? Oh, brother, I will hear you call”E se eu estiver longe, eu escutarei o teu apelo -.
Seja no ar, na terra ou no mar…, os maçons estarão para sempre juntos, uma vez que aquilo que foi unido pela Virtude, nada o poderá separar...
Já na frase: What if I lose it all? Oh, sister, I will help you out” E mesmo se eu perder tudo? Oh Irmã, eu na mesma, te irei ajudar no que for preciso – é possível se verificar que independentemente da situação financeira ou emocional de um maçom, ele deverá sempre na medida que lhe for possível, ajudar o seu Irmão. Nesta frase posso encontrar o verdadeiro cimento que liga a Irmandade Maçónica, o “amor fraternal”, aquele amor em que algo se faz, mesmo sem se esperar qualquer tipo de “reembolso”.
Age-se assim porque sabemos que o nosso Irmão o necessita e porque achamos que é assim que o devemos fazer.  
E nada de imoral se poderá retirar desta minha afirmação, pois qualquer pessoa na sua intimidade,  auxiliará os que forem mais próximos de si, sejam eles seus familiares ou amigos. E nenhum tipo de auxílio poderá derivar em algo criminoso ou ilegal como erradamente e em demasia se supõe. Bastando para isso, cada um fazer a introspeção e a reflexão moral necessária sobre qual é a sua forma de estar e de agir na sociedade em que se insere. Uma coisa é certa, quem necessita de auxílio, deve ser ajudado.
E mesmo na simples frase que encontramos logo no ínicio da canção e novamente a meio desta, “There’s an endless road to re-discover”Existe uma estrada sem fim para redescobrir – , podemos vislumbrar o caminho que um maçom  encontrará após a sua Iniciação, pois ele redescobrirá novas coisas nas mesmas coisas que anteriormente já seriam do seu conhecimento, possibilitando assim outras visões e/ou opiniões de assuntos que anteriormente poderia dar como adquiridos e imutáveis. Para além de que, aprenderá e terá acesso a outros conhecimentos que o ajudarão no seu futuro e no caminho a que se decidir a prosseguir. Ou seja, este caminho que os maçons se propõem a trilhar, só conseguirá ser executado se for feito com paciência, determinação e perserverância, porque ele é longo e sem fim...
Este caminho é a estrada para o auto-aperfeiçoamento… Um caminho solitário mas que não se é feito sozinho…
Aliás essa frase da canção, bem que poderia ser um mote a mostrar a um neófito daquilo que poderá esperar da sua recente Iniciação e em relação ao seu futuro, uma vez que nada lhe parecerá o mesmo... Nada será como dantes...
Afinal, uma canção que numa audição mais ligeira poderia passar íncolume a qualquer um, ao ouvido de um maçom terá muito que lhe diga e lhe toque emocionalmente. E a mim tocou-me e muito…

03 novembro 2014

Refletindo sobre a frase "Sei que só há uma liberdade: a do pensamento" dita por Antoine de Saint-Exupery...

(imagem proveniente de Google Images)

Na minha opinião (tendo ela a relevância que lhe quiserem atribuir), Antoine de Saint-Exupery (29/06/1900 – 31/07/1944) disse uma verdade suprema. Não a classificando como paragdigmática ou um dogma até, a sua frase Sei que só uma liberdade: a do pensamento envolve tudo aquilo que  é para mim a faculdade mais importante que o Ser Humano poderá ter,  a capacidade de pensar e refletir; bem como aborda também para mim, a forma de como nos devemos sentir na sociedade, sentirmo-nos livres, libertos de preconceitos e ideias que são repisadas por outros sem que nos preocupemos em aferir a sua veracidade e a sua causalidade, e assim manter a "mente aberta", limpa e disponível à aprendizagem que é inerente ao nosso processo de crescimento pessoal e às vivências próprias deste trilho em que caminhamos, a nossa Vida.
Há que discutir, há que debater, há que pensar... E só estando livres e nos sentindo livres, tal será exequível.
Tanto que a possibilidade de pensarmos por nós próprios e sermos nós mesmos é o que nos separa dos restantes seres vivos, pois temos a hípotese de refletir antes de agir e nada tem de acontecer apenas por instinto ou por impulsividade própria e isso torna-nos diretamente responsáveis pelas nossas ações.  E esta liberdade que nos é concedida pela Natureza ou pelo Grande Arquiteto do Universo - cada um assumirá o que melhor lhe convier - pode-nos levar a lugares que de outra forma não os alcançaríamos.
Antoine de Saint-Exupery foi o autor do conto infantil “O Pequeno Príncipe”, estória essa que aborda a vida de um rapazinho noutro local fora do planeta Terra (o nosso mundo) e que contém algumas lições de vida  encapotadas no seu enredo.
Se não fosse a sua liberdade em pensar e em escrever, para além de não nos ser possível conhecer esta obra literária, o autor nunca nos levaria a “viajar” para fora do nosso mundo como o fez e da forma que o fez.
O acto de pensar, liberta! Torna-nos livres, pois também nos possibilita criar “novos mundos” ou alcançar mundos que não visitaríamos ou conheceríamos. E esta viagem através dos nossos pensamentos, a criatividade que pode surgir por o fazermos pode originar também ela outras obras, sejam elas mundanas ou do “pensamento” que nos impelem para mais longe, que nos fazem progredir como seres humanos..
Esta liberdade de pensar possibilitou a criação de um género literário e cinematográfico designado de “Ficção Científica”, género este baseado em algo que por norma não é nosso contemporâneo e que se acredita que se concretize num futuro próximo, bem como de realidades, mundos e “dimensões” que não existem fatualmente, mas que mesmo assim podem existir e persistir na nossa mente. E este género/categoria tem imensos seguidores por este mundo fora; logo existe gente que também imagina e que gosta de viver algo fora daquilo que é existente, libertando a sua mente para outras coisas que não vislumbra no seu quotidiano e práticas habituais, mesmo que tal não seja necessáriamente normal e aceite pela generalidade das pessoas, dou como exemplos as séries que abordam o vampirismo, zombies, seres alienígenas, possessões demoníacas e outros afins....
De facto,  a frase Sei que só uma liberdade: a do pensamentosupera-se a ela mesmo, pois também ela me possibilitou a reflexão que fiz quando tive o meu primeiro contato com a mesma. E ela obrigou-me a pensar… E pensar pode-se tornar perigoso para quem o faz ou para alguém que não pense no mesmo que o status quo determine que se pense… Mas essa reflexão fica para um texto futuro, por agora prefiro pensar na liberdade que tenho apenas por pensar, e com isso viajar através do mundo e do tempo.
Quem nunca viajou nos seus pensamentos ou através deles?
Quem nunca andou por vales ou cidades onde nunca passeou e com a simples observação de algumas imagens de paisagens, os conseguiu “visitar”?!
Quem nunca alcançou algo nos seus sonhos e/ou devaneios?
Para bem da Humanidade, foi graças a alguns pensadores que através dos seus sonhos e da sua imaginação que provenieram as ideias que nos tornaram naquilo que hoje somos e vivemos. Por isso estou grato a esta liberdade que me foi imposta pelo Criador, a de pensar.
Houvessem outras “liberdades” que fossem assim tão fáceis de alcançar e este mundo seria tão menos complicado…
As questões que deixo para vossa reflexão são:

·         O que fazer com esta liberdade que nos é garantida?

·         Teremos a coragem necessária para pensar e não querermos ser “carneiros” como alguns o preferem ser, apenas por facilitismo?!

·         Desejaremos assumir as responsabilidades e as consequências que provêm do acto de pensar?
      ·   Será que temos a consciência plena das nossas ações e das suas repercurssões à nossa volta e mesmo assim preferir  agir impulsivamente ?
 


E outras tantas questões se me impunham fazer e que as poderia ter feito apenas pelo simples facto de me ser possível pensar e com isso ter a liberdade de as poder propor e debater...

Por isso acredito que pensar não é tão fácil como o aparenta ser e pode até mesmo ser um processo “doloroso” para quem o faz, mas se temos esta capacidade, este enorme poder, convinha para o bem de todos não o desperdiçarmos. Temos é de ter a sabedoria e a inteligência suficiente para a usar, porque de que outra forma haveria de ser concedida pelo Criador /Natureza esta potencialidade a uma espécie se ela não fosse merecedora de tal?!