02 dezembro 2014
No âmbito das publicações de autores convidados, aqui fica um texto sobre a Maçonaria na Ilha da Madeira.
A
Maçonaria na Madeira
Em 1727, foi constituida a primeira
Loja Maçónica em Lisboa composta por comerciantes ingleses e que seria
apelidada pelo Santo Ofício de “Hereges Mercadores”, em 1733 uma segunda Loja
denominada “Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia” com uma predominância de obreiros católicos
portugueses e irlandeses e uma terceira fundada pelo suíço John Coustos em
1741. Todas elas sofrerão uma grande perseguição por parte da Inquisição no ano
de 1743, onde alguns destes Irmãos foram torturados e sentenciados a duras
penas.
Uma segunda fase acontece a partir
dos anos sessenta desse mesmo século, como consequência de uma tolerância
ideológica por parte do Marquês de Pombal, que fora um homem iniciado no
estrangeiro (Inglaterra ou Áustria), onde residiu algum tempo como diplomata da
coroa Portuguesa.
É precisamente durante esta segunda fase
acima referida que se erguem as colunas da primeira Loja Maçónica na Ilha da
Madeira em 1768.
Esta Loja que foi fundada por
elementos da nobreza Madeirense tais como:
Aires de Ornelas Frazão, Leal de
Herédia, Joaquim António Pedroso e Francisco Alincourt.
Alguns destes Irmãos teriam sido
mesmo iniciados em Londres, destacando-se o caso de Aires de Ornelas Frazão, 1º
Venerável Mestre da Loja e que casou com Mary Phelps, uma sra de famílias
inglesas que também residiu na Ilha.
No ano de 1770, consta de um ofício
dirigido ao Marquês de Pombal a 3 de Dezembro desse ano pelo governador José
António de Sá Pereira de que os Irmãos acima referidos teriam sido presos por
este nas Cáceres do Santo Ofício e enviados para Lisboa, onde foram libertados
pelo Marquês de Pombal.
No ano de 1780, haviam poucos
Obreiros devido à continuada perseguição movida pelo governador Sá Pereira, mas
com a chegada à Ilha da Madeira de Barthelemy Andrieu du Boulaiy, a nossa Ordem
retoma o vigor inicial devido ao seu empenho e ao recrutamento de novos elementos.
Em 1790, acontece uma cisão na Loja
onde Ornelas Frazão envereda pelo reconhecimento britânico e uma Loja
denominada de “S.Luís” que segue o reconhecimento francófono.
Nessa altura na Ilha da Madeira
estavam a trabalhar cerca de três Lojas e o numero de Maçons ultrapassava os
100, destacando-se os nomes do Padre Alexandre José Correia que tinha um
diploma maçónico inglês, Miguel Carvalho que mais tarde iria para os Barbados
(Antilhas Inglesas) e de Tomás de Ornelas Frazão, filho de Aires e que ergueu
colunas no ano de 90 na cidade da Horta, Ilha do Faial, Açores.
Recuando cerca de um ano, mais
precisamente 1789, chega á Ilha da Madeira, por nomeação do governo de D.Maria
I e com a missão de estudar a flora Madeirense e seus efeitos terapêuticos, Jean
Jacques de Orquiny, que era grande comendador do Grande Oriente de França e que
não só levantou colunas de uma Loja como também formou uma Academia de Ciências
e Artes.
Em 1792 foi movida uma segunda grande
perseguição contra os pedreiros livres, liderada pelo Bispo D. José da Costa
Torres e pelo governador à época de nome Diogo Forjaz Coutinho, que à imagem do
seu antecessor Sá Pereira, prendeu todos os Maçons nas Cáceres do Santo Ofício,
e através de um edital incentivou toda a população a denunciar perante a própria Inquisição (cito):
TODO AQUELE
QUE SOUBESSEM PERTENCER À MALDITA SEITA, QUE TINHA PACTO COM SATANÁS E ERA
EXCOMUNGADA.
Como é óbvio, esta manobra ditatorial
e absolutista contra homens livres, de bons costumes e anti-dogmáticos, iria
instalar o pânico nas suas famílias, levando a que uma grande parte dos Irmãos
“fugissem” da Ilha da Madeira para sítios onde a sua condição não fosse um
constrangimento.
Os destinos principais foram o Brasil
e os Estados Unidos da América onde foram muito bem recebidos.
A Maçonaria voltou a reorganizar-se
enquanto a Madeira esteve ocupada por tropas britânicas entre 1801 a 1802 e
1807 a 1814, tendo à época levantado colunas uma Loja de nome Unidos, da qual
nasceram outras duas.
É precisamente nesta terceira fase
que a nossa Ordem na Madeira começa a deixar uma postura filosófica e cultural
para ter uma mais valia política e social.
Com o liberalismo implementado no
país, o cenário com certeza era favorável para que estes princípios começassem
a implodir.
No entanto, a alçada do governo
absolutista de D. Miguel começou com as suas intervenções inquisitórias no ano
de 1823, dispersando novamente os Maçons.
Com a devida persistência já
denotada, no ano de 1825 formou-se uma sociedade que se denominava de “Os
Jardineiros”, organizada por estudantes universitários e bacharéis.
A pressão exercida por parte daqueles
que o seu modus operandis é o controlo social pela força, pelo dogmatismo e
pelo não desenvolvimento intelectual da maioria, os Maçons à época eram
obrigados a um sigilo absoluto.
Sendo assim, reuniam-se nas quintas e
propriedades dos seus membros para que a descrição fosse cumprida.
Entre outras, é de referir a quinta
do Til, a quinta da Carne Azeda, a quinta de St. Filipa, uma das quintas no
Monte e a de um inglês de nome Gran que também era pedreiro-livre.
A Maçonaria volta a ressurgir robusta
em 1826, tendo como personagem principal João do Carvalhal.
No entanto e novamente, a alçada do
governo de D. Miguel volta em 1828 onde pronuncia duzentas e dezasseis pessoas,
entre os quais cerca de cem Maçons.
Esta perseguição provocou um novo
surto de emigração, e os que não partiram, sofreram durante cinco anos
sanguinária pressão, tendo muitos morrido pelas suas crenças e convicções.
A 5 de Junho de 1834, as instituições
liberais foram restabelecidas, onde os poucos Maçons ali existentes puderam
recomeçar os seus trabalhos.
Entre 1847 e 1872 a atividade
Maçónica na Ilha da Madeira teve mais uma quebra acentuada, mas a 11 de Março
do ano de setenta e dois e pela mão do Tenente-Coronel José Paulo Vieira, ergue
colunas a Loja Liberdade, com uma postura apolítica e muito mais filosófica.
Nos anos posteriores, constituíram-se
outras três Lojas, que se fundiram pouco depois de 1880.
A implementação da República
Portuguesa no princípio do sec. XX proporcionou o constituir de outras Lojas
formadas por membros Portugueses e a Britanic Lodge por membros ingleses.
Esta fase da Maçonaria na Madeira
terminou, bem como em todo o Portugal, com a implementação do Estado Novo, onde
a “Inquisição” volta a ter um papel castrador, com a devida conivência do estadista
António Oliveira Salazar a partir de 1932.
Depois do maior interregno desde a
formação da primeira Loja em 1768, a Maçonaria na Madeira volta a acordar cerca
de 75 anos depois, mais precisamente no dia 2 de Maio do ano simples de 2009.
O objetivo atual da Maçonaria Regular
na Madeira é claro:
1- Continuar o legado dos
Irmãos que já partiram para o Oriente Eterno.
2- Fundar e desenvolver
instituições que apoiem o desenvolvimento social e filosófico através da
ciência e da cultura
3- Praticar a filantropia.
4- Colaborar no estreitamento
dos laços de amizade na Maçonaria Lusófona.
Conclusões:
Este trabalho é baseado em vários
relatos históricos e que descrevem as nossas raízes na Ilha da Madeira, as perseguições
e as dificuldades impostas por quem sempre quis privar-nos de um princípio
anti-dogmático e fundamental para a evolução sociológica que é o livre
pensamento.
A quem nos provocou e a quem nos
continua a provocar, a eles dedico-lhes e a vós recito meus Irmãos uma frase do
ilustre poeta Fernando Pessoa, e que relata o seguinte:
EXISTE NO
SILÊNCIO TÃO PROFUNDA SABEDORIA QUE ÀS VEZES ELE SE TRANSFORMA NA MAIS PERFEITA
RESPOSTA.
Em bom rigor, esta é uma postura de
homens livres e de bons costumes que, por e simplesmente sonham como outros
tantos sonharam, como Aires de Ornelas Frazão e com grande coragem, partilhamos
este brilhante legado que nos deixaram e que nos constitui honrosamente Irmãos
da Lusofonia.
Que estes factos sejam exemplo para
que a Maçonaria de expressão Lusófona esteja cada vez mais unida e mais forte,
e para que estas palavras se completem, todos juntos, devemos nos empenhar
profundamente na construção de uma sociedade mais justa, mais iluminada, em
suma, a caminho de uma 4ª dimensão ortogonal.
Octávio
Pimenta Sousa
(M.·.M.·. da R.·.L.·.João
Gonçalves Zarco nº 71, a Oriente do Funchal)
01 dezembro 2014
Sugestão musical para a Coluna da Harmonia: "You’ve got a friend in me" de Randy Newman ...
Hoje venho fazer uma sugestão musical para ser utilizada
pela Coluna da Harmonia num momento de descontração em sessão de Loja. E uma
vez que estes momentos também existem, penso que esta canção é apropriada para
ser ouvida durante a sua ocorrência. E como de vez em quando encontramos a
presença da Arte Real onde menos esperamos, decidi partilhar convosco uma
canção que apesar de ser bastante simples não o é na realidade, pois exprime
alguns dos melhores sentimentos que se pode sentir e partilhar com outrém. E
falo-vos da Amizade e do sentimento fraterno que sentimos por quem decidimos
que faça parte da nossa “vida ativa”…
Assim, a sugestão musical que tenho o prazer de
partilhar com os leitores deste blogue é uma canção que encontrei num filme de
animação para crianças.
O que poderá causar alguma estranheza a quem lê este texto.
O que poderá causar alguma estranheza a quem lê este texto.
Uma sugestão musical “maçónica” e logo encontrada numa
animação infantil?!
Pois, não é
habitual se encontrar a presença de princípios morais maçónicos em animações feitas
para crianças (preferencialmente) apesar
de existirem vários contos infantis e bandas desenhadas onde os mesmos se podem
encontrar. Dou como exemplos as “fábulas de La Fontaine”, as estórias
protagonizadas por “Corto Maltese” ou o conto infantil “O Pequeno Príncipe” de
Saint Exupery, entre outros… Mas numa produção Disney, o que é o caso nesta
publicação, e uma vez que o fundador desta empresa, Walter Disney
(05/12/1901-15/12/1966) foi maçom, a possibilidade de se encontrarem
princípios morais maçónicos nos seus filmes e contos infantis nunca pode ser
descartada.
"You've got a
friend in me
You've got a friend in me
When the road looks rough ahead
And you're miles and miles from your nice and warm bed.
You just remember what your old pal said
Boy, you've got a friend in me
Yeah, you've got a friend in me
You've got a friend in me
When the road looks rough ahead
And you're miles and miles from your nice and warm bed.
You just remember what your old pal said
Boy, you've got a friend in me
Yeah, you've got a friend in me
You've got a
friend in me
You've got a friend in me
You got troubles, then I got 'em too
There isn't anything I wouldn't do for you
If we stick together we can see it through
'Cause you've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You got troubles, then I got 'em too
There isn't anything I wouldn't do for you
If we stick together we can see it through
'Cause you've got a friend in me
You've got a friend in me
Now some
other folks might
Be a little bit smarter than I am
Bigger and stronger too. Maybe
But none of them will ever love you
The way I do
Just me and you, boy
Be a little bit smarter than I am
Bigger and stronger too. Maybe
But none of them will ever love you
The way I do
Just me and you, boy
And as the years go by
Our friendship will never die
You're gonna see, it's our destiny
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me"
Our friendship will never die
You're gonna see, it's our destiny
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me"
Assim numa primeira impressão criada pela leitura
do título da canção, pudemos reter no imediato é que esta canção trata de
Amizade, e por inerência, de Fraternidade; dois dos princípios morais de
excelência da Maçonaria. Mas tal como na sugestão musical anterior onde pudémos encontrar também valores morais tais
como o “Amor Fraternal” e o “Dever de Auxílio”, também na canção “You’ve got a friend in me” os vamos
encontrar apesar de num contexto um pouco diferente.
Enquanto na sugestão musical anterior dava-se ênfase
ao auxílio que deve existir entre irmãos, nesta canção a amizade é enfatizada
em relação aos restantes valores morais que encontramos. E apesar de não se
falar em fraternalismos e nem mesmo em fraternidade de forma explícita, subliminarmente os mesmos
estão bem implícitos na letra desta canção. E a frase “you’ve got a friend in me
– encontras um amigo em mim” é a prova disso.
Quantas vezes existem e conhecemos casos de famílias
desavindas onde os seus familiares nem se falam sequer? E nas quais, os seus membros
se relacionam apenas com os seus amigos?
Quantas vezes nós preferimos o apoio, o abraço ou o
carinho de um amigo em detrimento dos mesmos, efetuados por familiares nossos?
Uma das grandes conquistas que provém da liberdade
que nos oferecida pela vida é a liberdade de escolha. A liberdade de
escolher com quem queremos conviver e de nos intimamente relacionarmos. A liberdade de decidir com quem queremos partilhar a nossa vida
e desejamos fazer o bem. Por certo a nossa família de sangue não a podemos escolher, é algo que é natural. Mas quanto às nossas amizades e famílias fraternais, a escolha só dependerá da nossa vontade e do desejo dos outros em nos acolherem nas suas vidas.
E voltando à análise desta canção
nas frases seguintes, “When the road looks rough ahead And
you're miles and miles from your nice and warm bed. You just remember what your old pal
said Boy, you've got a friend in me” – E quando o caminho em frente te parecer difícil e
estiveres milhas e milhas longe da tua cama quente. Só tens de te lembrar do
que o teu velho amigo disse, Rapaz tú tens um amigo em mim-. Isto bem o
percebem, os maçons. Que mesmo longe do seu lar, seja no ar, na terra ou no mar, terão sempre um amigo ao seu
dispor, um irmão que os poderão apoiar e auxiliar no que necessitem. Aliás um
bom maçom e membro da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5 afirma e bem que
“na Maçonaria, a amizade é prêt-à-porter”,
isto é, a amizade encontra-se e faz-se em qualquer parte
do mundo.
No entanto, também o auxílio mútuo que é devido entre irmãos e amigos se encontra bem
patente em “You got troubles, then I got 'em too There isn't anything I wouldn't
do for you If we stick together we can see it through 'Cause you've got a
friend in me” – Tú tens problemas, então eu também os tenho, não haverá
nada que eu não farei por ti e se nos mantivermos juntos nós conseguiremos
ultrapassar isso porque tens um amigo em mim -. Isto é na verdade, o tal "ombro amigo" de que por vezes tanto se fala no mundo profano. É alguém sentir que deve "estar lá" para todas as ocasiões e não estar presente apenas nos bons momentos que a vida proporciona aos seus amigos e irmãos. Geralmente é nos momentos adversos da nossa vida que encontramos ou descobrimos quem realmente são os nossos amigos. O apoio que nos poderão dar nesses momentos menos positivos da nossa vida é crucial para que estes possam ser ultrapassados ou esquecidos.
E, uma vez mais, a amizade é salientada
nesta música novamente em “Now some other folks might Be a little bit smarter than I am Bigger
and stronger too. Maybe But none of them will ever love you The way I do”-
Agora outros rapazes poderão ser um pouco mais espertos que eu para além de
serem maiores e mais fortes. Talvez, mas nenhum deles gostará de ti da maneira
como eu o sinto -. Aqui encontra-se representada a pureza e a intemporalidade de uma grande amizade. A
qual deverá permanecer inabalada seja pelo tempo ou pela distância que por
vezes e por vários motivos pode separar os amigos e irmãos.
Nomeadamente
encontramos o eco destas palavras e deste sentimento na frase “And as the years go by Our friendship will
never die You're gonna see, it's our destiny”- E à medida que o tempo
passa, a nossa amizade não perecerá, e tú o assim irás observar, é o nosso
destino -. E é mesmo esse o nosso destino; pois tal como encontramos no mote maçónico latino “Virtus junxit mors non separabit
– Aquilo que a Virtude juntou, a morte não o separará…” também assim tal ficou
demonstrado nesta última estrofe da canção. Seja neste oriente ou no Grande Oriente
Eterno, juntos uma vez, juntos para sempre…
Mais uma
vez, de algo que inicialmente nada de
maçónico poderia conter, mostrou-se que afinal existe muito para refletir e
principalmente, para sentir…
Publicado por Nuno Raimundo às 12:09 0 comments
Marcadores: amizade, amor fraternal, auxílio, Coluna da Harmonia, fraternidade, música, Randy Newman
24 novembro 2014
A importância que um Padrinho tem na formação de um maçom…
(imagem proveniente de Google Images)
O texto que
hoje publico, vai abordar algo que no meu entendimento será bastante relevante para
a Maçonaria e que é o papel que um padrinho deverá ter na formação do seu afilhado maçom.
Um padrinho deve ter a sensibilidade para poder
analisar quem deve ou não fazer parte da Augusta Ordem Maçónica. E padrinho
pode ser qualquer maçom exaltado à condição de Mestre. O Mestre é o maçom de pleno direito. Logo tem a
responsabilidade de fazer respeitar os princípios da Ordem, auxiliar na
formação dos seus Irmãos, detenham eles o grau que tiverem, e de apesar de não
fazer proselitismo, deve procurar no mundo profano quem tenha qualidades para
ingressar na Maçonaria e que com essa admissão possa desenvolver um trabalho
correto tanto pela Ordem Maçónica bem como pela sociedade civil na sua
generalidade.
O padrinho não tem de ser um guru nem ser um visionário (pois ele será também um eterno
aprendiz), o papel que ele deverá representar
para o seu afilhado é o de um guia, de uma pessoa que o auxílie na sua
integração na Loja bem como o de sendo alguém que o ajude na sua formação
maçónica, principalmente nos primeiros tempos, em complemento com a formação que
é efetuada na loja, auxiliando também o Segundo Vigilante (cargo oficial
desempenhado pelo terceiro elemento da hierárquia de uma loja maçónica) no
cumprimento das suas funções, nomeadamente como formador dos Aprendizes Maçons.
Compete ao padrinho após identificar no mundo
profano alguém com as capacidades intelectuais e morais que são necessárias
para alguém ser reconhecido maçom, abordar o mesmo da forma como achar que será
melhor recebida pelo seu interlocutor. Na maioria das situações, a abordagem é
feita pelo reverso, alguém que é profano e que se identifica com a Maçonaria
intercede junto de um maçom para que lhe seja concedida a entrada na Ordem.
Independente da maneira de como é feita a proposição, cabe ao maçom que irá ser
o padrinho efetuar algumas diligências, ou seja, conhecer os gostos e
preferências do seu futuro afilhado bem como dos hábitos e rotinas que ele
possa ter (se não os conhecer
anteriormente), isto é, tudo aquilo que é habitual num ser humano. Conhece-lo!
E numa fase
posterior, se concluir que o profano detém as qualidades necessárias para entrar na
Maçonaria, deve abordar alguns temas de âmbito maçónico, retirando algumas das
dúvidas que possam persisitir na mente do seu futuro apadrinhado sobre o que a
Ordem Maçónica é e qual o seu papel no mundo. Mas mais que isso, na minha
opinião, o futuro padrinho deve fazer-se acompanhar pelo profano em eventos
maçónicos de cariz aberto (eventos brancos) onde este poderá ter um contato
mais alargado com o que é a Ordem, ou seja, frequentar tertúlias e palestras
onde a Maçonaria seja o tema principal a ser abordado.
Neste caso, admito que começará aqui, para mim, a formação maçónica do futuro iniciado. Pois se o mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e escuta, então o processo de candidatura não terá início e o profano aproveitará apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria concerne e ter uma opinião mais concreta sobre esta Augusta Ordem. No entanto, e caso o profano se identifique claramente com o que lhe é mostrado, deverá então ser iniciado o processo de candidatura à admissão numa loja maçónica. E de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é de extrema importância. E porquê?!
Porque durante o desenrolar do processo de candidatura, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a cumprir ao apadrinhar a candidatura em avaliação porque o conhecem, e também estes por sua vez, respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja.
E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que este não se sinta desapoiado e nem desintegrado num grupo de gente que à partida não o conhece bem nem o qual deverá conhecer devidamente.
Acontece também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçónica já é popular no mundo profano ou puderá ter relações profanas com alguns membros da loja e assim a sua integração é mais facilmente consumada.
Neste caso, admito que começará aqui, para mim, a formação maçónica do futuro iniciado. Pois se o mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e escuta, então o processo de candidatura não terá início e o profano aproveitará apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria concerne e ter uma opinião mais concreta sobre esta Augusta Ordem. No entanto, e caso o profano se identifique claramente com o que lhe é mostrado, deverá então ser iniciado o processo de candidatura à admissão numa loja maçónica. E de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é de extrema importância. E porquê?!
Porque durante o desenrolar do processo de candidatura, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a cumprir ao apadrinhar a candidatura em avaliação porque o conhecem, e também estes por sua vez, respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja.
E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que este não se sinta desapoiado e nem desintegrado num grupo de gente que à partida não o conhece bem nem o qual deverá conhecer devidamente.
Acontece também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçónica já é popular no mundo profano ou puderá ter relações profanas com alguns membros da loja e assim a sua integração é mais facilmente consumada.
Mas e apesar de todo o
fraternalismo que existe na Maçonaria em geral, os “primeiros tempos de vida”
de um maçom podem-lhe parecer estranhos porque terá de ser relacionar inclusivé
com gente que talvez, no mundo profano, preferiria evitar. É verdade, tal pode
acontecer e ainda bem que tal assim acontece. Desta forma, é possível um
entendimento que de outra maneira não seria possível acontecer. Porque os irmãos são “obrigados” a confraternizar,
logo, encontrar "pontos de comunhão” e de “convergência”. Também, pelo
facto de se terem de relacionar, isso obrigará a que as pessoas se conheçam
melhor, e com isso, desfazer alguns preconceitos que poderiam ter anteriormente
e que se assumirão posteriormente, como errados e descabidos. Outros quiçá,
manterão a mesma opinião que anteriormente. Tal poderá acontecer, somos humanos
e em relação a isso pouco se pode fazer… A não ser, tolerar e respeitar o
próximo tal como outra pessoa qualquer o deve merecer.
- Os maçons são pessoas como as outras, não são perfeitos; a forma de como combatem as suas paixões e evitam os seus vícios é que os difere dos restantes membros da sociedade -.
E ter um padrinho que os guie corretamente nessas situações, que lhes dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que acima de tudo os critique quando o deve fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a diferença. Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e que não seja funesto para a Ordem no futuro.
Os casos que normalmente vêm a público no mundo profano devem-se a erros de casting ou a gente que foi mal formada ou que não se identificou depois com os princípios morais que encontrou no interior da Maçonaria. Por isto, é que não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo, por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria e saber um pouco ao que vai, porque caso contrário, criará uma perca de tempo ao próprio e à loja maçónica que o acolher com as consequências que sabemos que poderão suceder e que algumas vezes ocorrem mesmo!
E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se desviam do seu caminho na virtude, os padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de forma errada e que levou a que a imagem desta Augusta Ordem fosse questionada profanamente. Obviamente que não digo que fossem sancionados, mas que exista uma conversa para os alertar do perigo que é de apadrinhar gente com este tipo de conduta para que no futuro sejam mais zelosos nos seus apadrinhamentos e que também tivessem acompanhado a conduta do seu apadrinhado. Naturalmente que um padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre, seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal. Por isso até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não ponha a imagem dos outros irmãos em questão.
- Os maçons são pessoas como as outras, não são perfeitos; a forma de como combatem as suas paixões e evitam os seus vícios é que os difere dos restantes membros da sociedade -.
E ter um padrinho que os guie corretamente nessas situações, que lhes dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que acima de tudo os critique quando o deve fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a diferença. Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e que não seja funesto para a Ordem no futuro.
Os casos que normalmente vêm a público no mundo profano devem-se a erros de casting ou a gente que foi mal formada ou que não se identificou depois com os princípios morais que encontrou no interior da Maçonaria. Por isto, é que não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo, por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria e saber um pouco ao que vai, porque caso contrário, criará uma perca de tempo ao próprio e à loja maçónica que o acolher com as consequências que sabemos que poderão suceder e que algumas vezes ocorrem mesmo!
E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se desviam do seu caminho na virtude, os padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de forma errada e que levou a que a imagem desta Augusta Ordem fosse questionada profanamente. Obviamente que não digo que fossem sancionados, mas que exista uma conversa para os alertar do perigo que é de apadrinhar gente com este tipo de conduta para que no futuro sejam mais zelosos nos seus apadrinhamentos e que também tivessem acompanhado a conduta do seu apadrinhado. Naturalmente que um padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre, seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal. Por isso até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não ponha a imagem dos outros irmãos em questão.
Porém, e ainda no âmbito da instrução maçónica do seu
afilhado, o padrinho deverá complementar a formação que será concedida pela
loja ao seu apadrinhado; porque ao lhe demonstrar também que a Maçonaria vive de
símbolos, metáforas e alegorias, mas fundamentalmente, da prática de rituais próprios,
também ele (padrinho) ao instruir o seu afilhado, poderá refletir e por em
prática os conhecimentos que já adquiriu até então - o que é sempre uma mais valia pessoal - e que lhe permitirá vivenciar o que também ele aprendeu durante a sua formação até atingir o mestrado.
- Conhecer e ensinar outrém é do melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto que acredito que o Conhecimento somente é Sabedoria quando compartilhado-.
- Conhecer e ensinar outrém é do melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto que acredito que o Conhecimento somente é Sabedoria quando compartilhado-.
Mais tarde, quando o seu afilhado já se encontrar na
condição de mestre, já não será tão essencial ter aquela “especial” atenção que
considero como importante na caminhada de um maçom, porque este já atingiu uma
parte importante da sua formação maçónica e concluiu o seu percurso até à mestria. Mas no entanto, nunca o deverá abandonar, pois apesar de este
ser um irmão seu, será sempre o seu afilhado,
logo alguém que um dia reconheceu como tendo capacidades e qualidades maçónicas.
E essa responsabilidade nunca desaparecerá.
E isto é algo que por vezes acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e depois deixá-lo à mercê dos tempos e vontades… Virar as costas a um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia. E se isto poderá parecer como demasiado simplista e inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade.
E isto é algo que por vezes acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e depois deixá-lo à mercê dos tempos e vontades… Virar as costas a um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia. E se isto poderá parecer como demasiado simplista e inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade.
Assim, alguém que queira apadrinhar a candidatura de
um profano, terá de assumir que adquire uma responsabilidade tal, que nunca será
irrelevante e que nos seus “ombros” suportará
o “peso” de uma Ordem iniciática e de cariz fraternal como o é a Maçonaria. E que terá como seus deveres
principais: reconhecer, informar, transmitir/formar e acompanhar
quem ele considerar como sendo um
válido (futuro) membro da Maçonaria.
Não será uma tarefa fácil, esta de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem...
Não será uma tarefa fácil, esta de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem...
Publicado por Nuno Raimundo às 12:07 4 comments
Marcadores: Dever, formação, Maçonaria explicada, Padrinho, Processo de candidatura, Profano
17 novembro 2014
Refletindo na frase: “Existe algo maior que o céu: a alma humana” de Victor Hugo…
(imagem proveniente de Google Images)
Falarmos
de Alma Humana é abordarmos algo
quase que inefável e insensorial, o que pode parecer à primeira vista como algo
de paradoxal.
Digo
inefável, porque como pouco a conhecemos, quase não a conseguimos “pronunciar”
na sua especificidade ou a definir em profundidade. E também afirmo que a alma
pode ser considerada como algo insensorial, porque é algo que não é mensurável
e assumo que não conheço alguém que tenha afirmado que a tenha sentido, num
sentido sensorial e não num sentido metafísico.
Creio
que a alma humana é a nossa essência,
logo à partida algo que será imutável. Mas na realidade a mudança pode existir.
Tanto devido a fatores externos como
a fatores internos.
A
nossa educação, a nossa formação académica e profissional, e principalmente, a
nossa formação de cariz “social” (a forma como nos relacionamos com os outros),
será quiçá o mais importante agente de
mudança.
É
através da nossa experiência de vida, das nossas vivências, que somos o que “somos”. E ao sermos “algo”, isso é o reflexo do nosso estado de alma. E como esse estado está
em permanente mudança (fruto também das nossas alterações de humor), também Nós mudamos. É essa alteração/evolução que importa à reflexão.
Victor
Hugo (26/02/1802-22/05/1885), maçom, escritor e pensador francês, ao afirmar
que “existe algo maior que o céu: a alma humana” disse a verdade. Não existe
mesmo nada maior que ela.
Nós
próprios somos maiores que tudo! E somos mesmo! Somos “maiores”
que as nossas criações, as nossas suposições e que as nossas opiniões.
As
nossas crenças, as nossas atitudes dependem somente de nós. Independentemente do meio que nos rodeia, que também nos
poderá ajudar a modelar o nosso carácter; apenas a nossa vontade, os nossos
pensamentos e ideias é que serão os nossos decisores comportamentais – aquilo
que pensamos é realmente o que nos define!- e numa análise mais estrita, as nossas crenças
e correspondentes atitudes serão os nossos juízes morais. E mesmo que
consideremos que dominemos a razão, se ela não se enquadrar no que é definido pelo
bom-senso e pelo que é o senso comum do local onde nos
encontremos – pois é possível a variação do que é assumido como a lei comum mediante o lugar onde nos
encontremos…- nada disso nos valhará. Mas mesmo assim, se considerarmos que
deteremos a razão sobre algo, se nos quisermos manter íntegros nessa tomada de
posição (e se realmente a mesma seja a verdadeira e correta), teremos sempre de
ser responsáveis e humildes por agirmos dessa forma independentemente das consequências
que de aí poderão advir, sejam elas positivas ou em alguns casos mesmo,
infelizmente, nefastas para quem age desta maneira.
Porém,
também a mudança de opinião pode acontecer, seja para não por em perigo a nossa
integridade física ou de outrém (nos casos em que tal pode suceder…), e nesses
casos a mudança é apenas externa,
mantendo-se a nossa opinião internamente,
o que será refletido no nosso estado de alma
(nessa altura poderemos ter alguns comportamentos que poderão ser considerados
como hipócritas e/ou cínicos, resultantes das atitudes que tomemos); ou a
alteração da nossa opinião também poder suceder por de facto constatármos que realmente
nos encontramos errados nas nossas assumpções e/ou de que não era de todo a
mais correta a nossa opinião. E assumir a mudança nestes casos, é assumir uma
verticalidade de carácter que nos permitirá nivelar pelos demais.
E neste
caso, considero que a nossa alma quase se poderia mutar, uma vez que a nossa opinião e forma de ver algo evoluiu. O
que poderá parecer irreal, mas se o pensamento mudou e em consonância com ele passarmos
a agir de outra forma, porque não considerar que existiu também uma mudança na
nossa alma, uma vez que houve uma
alteração no nosso íntimo, do nosso ser?
Aliás, acredito que quem não for capaz de mudar também não me parece que tenha uma grande capacidade para aprender. Só os ignorantes não são capazes de mudar…
Será que a alma permanecerá inabalável na sua “estrutura”
e não ser passível de mudança, e o restante ser possível de ser alterado?
Pois,
creio que tal assim pode acontecer. A
nossa alma é a nossa essência.
Logo,
mesmo que aconteçam várias transformações, e mesmo sabendo que a própria
matéria de que somos feitos se pode transformar
(o nosso corpo sofre mutações, evoluções ao longo da nossa vida) sem que a alma
sofra alterações com essas mudanças, acredito que a mesma registará algumas “marcas”
que serão originadas pela alteração da
nossa consciência, fruto da sucessão de determinados acontecimentos que podem alterar
a nossa forma de pensar e de estar, ao longo do nosso crescimento e tempo de
vida. Por isso tão facilmente se fala em “estados de alma”. Acredito que esses estados apesar de passageiros em alguns casos, fiquem registados no
nosso ADN e que assim dessa forma, fiquem “registados” na nossa alma e que
esses mesmos estados, determinem o
nosso comportamento. Até o conceito de Alma, é o de algo que nos anima, de algo que nos define, de algo que
nos gere… Conceito que subscrevo na
íntegra.
Ou
seja, acredito que por muito que tudo mude - porque para mim tudo é possível de
mudar, de ser alterado, de evoluir, de ser passível de alcançar novos
horizontes ou adquirir novos objetivos - a alma permanecerá com a sua “integridade”
inalterada. Pois é a nossa alma que nos caracteriza como somos e que nos difere
dos restantes seres humanos. É a alma que nos cria a nossa identidade pessoal e
confere aquilo que se pode designar por humanismo. Sem ela seríamos apenas mais
uns, na grande cadeia animal…
Todavia
e abordando também um pouco sobre a forma de como a nossa Alma interage no mundo através do
nossa matéria/corpo e ideário/pensamento/mente, deparamos que quase
tudo o que existe, depende ou se centra exclusivamente no Homem e/ou na sua
dependência. A tecnologia foi criada pelo Homem para o servir, as estradas
existem para que a humanidade possa estar ligada entre si, as habitações
existem para que nos possamos abrigar, as comunicações existem para que seja
possível estarmos todos conetados, etc etc… Ou seja, tudo advém do Homem,
para o Homem…Da sua matéria, da sua mente para o seu espírito, para a sua Alma…
E
após esta abordagem que fiz acima, poderá existir ou se confirmar algum interesse da Maçonaria pela
“alma” dos seus obreiros?
Naturalmente
que sim! Não num sentido religioso, mas antes, num sentido metafísico.
A
Maçonaria requer a mudança aos seus
membros. A sua mudança pessoal, a sua
evolução de consciência (do
pensamento), a sua progressão
enquanto pessoa. De aí advir a vontade de aprimoramento/aperfeiçoamento moral e
espiritual dos maçons.
Tanto
que é usual se afirmar “que à Maçonaria
não interessa gente perfeita. Antes sim, gente que se quer aperfeiçoar”. Logo, gente que deseja evoluir e mudar de estado de alma. Mudar algo que à partida
se poderia levar a supor como sendo imutável.
Interessa à Maçonaria ter nos seus quadros, gente
que assumiu os seus defeitos e que os deseja “anular”, e que acima de tudo, queira
potenciar as suas qualidades, para si e em prol dos outros que o rodeiam. Por
isso, a Maçonaria lhes pede, ou mais claramente exige, que sejam honestos, íntegros
e de carácter pobro. E nesse caso, será através da sua alma, que lhes poderá ser proporcionado
tal comportamento; gerindo esta assim, os seus pensamentos, as suas atitudes e a sua conduta
no mundo profano. Desta forma, a alma humana tem um interesse particular para a Maçonaria, não por aquilo que ela será para os seus membros, mas por aquilo que ela poderá representar para esta Augusta Ordem, como sendo modeladora de carácteres.
Poderemos
então constatar que existe algo maior que a alma
humana?!
Quanto
a mim, não! Já o mano Victor Hugo tinha a mesma opinião…
Publicado por Nuno Raimundo às 12:05 0 comments
Marcadores: Alma Humana, reflexão, Victor Hugo
10 novembro 2014
Sugestão para a "Coluna da Harmonia": “Hey Brother”de Avicci.
O
responsável pela Coluna da Harmonia numa loja maçónica deve procurar utilizar
nas sessões da loja a que pertence, músicas que sejam de autores maçónicos e/ou que
se inspirem em princípios e valores maçónicos.
Assim, hoje
trago uma sugestão de um videoclip de uma música que apesar de numa primeira
audição parecer não conter nada de maçónico, mas que adentrando na mesma, muito
se poderá descortinar… Pois tudo na vida é símbolo
e é através da análise dos simbolos que também poderá ser alcançado o
conhecimento…
A canção que acima pode ser visionada e/ou ouvida, pertence ao
músico sueco e também Disc Jockey Tim Bergling (08/09/1989-….) mais conhecido
mundialmente por Avicci, e que tem como
título “Hey Brother”( isto é,“Oh Irmão”) e que pertence ao album
“True” comercializado apartir de 2013.
E uma música com um título destes, qualquer
coisa de simbólico à partida se poderá encontrar nela. Ora vejamos a sua letra:
"Hey Brother"
Hey, brother
There’s an endless road to re-discover
Hey, sister
Know the water's sweet but blood is thicker
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
There’s an endless road to re-discover
Hey, sister
Know the water's sweet but blood is thicker
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
Hey, brother
Do you still believe in one another?
Hey, sister
Do you still believe in love? I wonder
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
Oh, oh, oh
What if I'm far from home?
Oh, brother, I will hear you call
What if I lose it all?
Oh, sister, I will help you out
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
Do you still believe in one another?
Hey, sister
Do you still believe in love? I wonder
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
Oh, oh, oh
What if I'm far from home?
Oh, brother, I will hear you call
What if I lose it all?
Oh, sister, I will help you out
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
Hey, brother
There’s an endless road to re-discover
Hey, sister
Do you still believe in love? I wonder
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
Oh, oh, oh
What if I'm far from home?
Oh, brother, I will hear you call
What if I lose it all?
Oh, sister, I will help you out
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
There’s an endless road to re-discover
Hey, sister
Do you still believe in love? I wonder
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
Oh, oh, oh
What if I'm far from home?
Oh, brother, I will hear you call
What if I lose it all?
Oh, sister, I will help you out
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do
Ao analisar
a letra desta música (quem não perceber a língua inglesa encontra uma tradução ligeira aqui), encontro algo que para mim é do mais importante que os
maçons poderão fazer pelos seus irmãos, o dever
de auxílio, pois na frase “
if the sky comes falling down, for you There’s nothing in this world I wouldn’t
do” – Se o ceú cair, por ti não
existirá nada que eu não o possa fazer – é demonstrada a vontade que existe em
se auxíliar os irmãos que de tal necessitem; pois estes sabem que quando tudo
na vida poderá correr mal, existirá sempre alguém para os apoiar, para os
reconfortar. E este conforto não tem de ser necessáriamente financeiro, porque
a maioria das vezes uma palavra, um incentivo, um conselho ou um abraço, valem
muito mais que alguns milhões…
Também nesta
canção, encontro o sentimento fraternal que os maçons sentem pelos seus
semelhantes, que em qualquer parte do globo terrestre terão quem comungue com
eles dos mesmos princípios de vida e forma de estar. Pois até mesmo aqueles que
se encontrem longe do seu lar, poderão receber e/ou dar o seu auxílio aos
Irmãos que dele precisem, uma vez que a distância física não será impedimento para nada. O que pode ser
confirmado na frase:” What if I'm far from home? Oh, brother, I will hear you call” – E
se eu estiver longe, eu escutarei o teu apelo -.
Seja no ar, na terra ou no mar…, os maçons estarão para sempre juntos, uma vez que aquilo que foi unido pela Virtude, nada o poderá separar...
Seja no ar, na terra ou no mar…, os maçons estarão para sempre juntos, uma vez que aquilo que foi unido pela Virtude, nada o poderá separar...
Já na frase: “What
if I lose it all? Oh, sister, I will help you out” – E mesmo se eu perder tudo? Oh Irmã,
eu na mesma, te irei ajudar no que for preciso – é possível se verificar que
independentemente da situação financeira ou emocional de um maçom, ele deverá sempre
na medida que lhe for possível, ajudar o seu Irmão. Nesta frase posso encontrar o verdadeiro
cimento que liga a Irmandade
Maçónica, o “amor fraternal”, aquele
amor em que algo se faz, mesmo sem se
esperar qualquer tipo de “reembolso”.
Age-se assim porque sabemos que o
nosso Irmão o necessita e porque achamos que é assim que o devemos fazer.
E nada de
imoral se poderá retirar desta minha afirmação, pois qualquer pessoa na sua
intimidade, auxiliará os que forem mais
próximos de si, sejam eles seus familiares ou amigos. E nenhum tipo de auxílio poderá
derivar em algo criminoso ou ilegal como erradamente e em demasia se supõe.
Bastando para isso, cada um fazer a introspeção e a reflexão moral necessária
sobre qual é a sua forma de estar e de agir na sociedade em que se insere. Uma
coisa é certa, quem necessita de auxílio, deve ser ajudado.
E mesmo na
simples frase que encontramos logo no ínicio da canção e novamente a meio desta, “There’s an endless road to
re-discover” – Existe uma estrada sem fim para redescobrir – , podemos vislumbrar o caminho que um maçom encontrará após a sua Iniciação,
pois ele redescobrirá novas coisas nas mesmas coisas que anteriormente já seriam do
seu conhecimento, possibilitando assim outras visões e/ou opiniões de assuntos
que anteriormente poderia dar como adquiridos e imutáveis. Para além de que,
aprenderá e terá acesso a outros conhecimentos que o ajudarão no seu futuro e
no caminho a que se decidir a prosseguir. Ou seja, este caminho que os maçons se propõem a trilhar, só conseguirá ser executado se for feito com paciência, determinação e perserverância, porque ele é longo e sem fim...
Este caminho é a estrada para o auto-aperfeiçoamento… Um caminho solitário mas que não se é feito sozinho…
Aliás essa frase da canção, bem que poderia ser um mote a mostrar a um neófito daquilo que poderá esperar da sua recente Iniciação e em relação ao seu futuro, uma vez que nada lhe parecerá o mesmo... Nada será como dantes...
Este caminho é a estrada para o auto-aperfeiçoamento… Um caminho solitário mas que não se é feito sozinho…
Aliás essa frase da canção, bem que poderia ser um mote a mostrar a um neófito daquilo que poderá esperar da sua recente Iniciação e em relação ao seu futuro, uma vez que nada lhe parecerá o mesmo... Nada será como dantes...
Afinal, uma
canção que numa audição mais ligeira poderia passar íncolume a qualquer um, ao
ouvido de um maçom terá muito que lhe diga e lhe toque emocionalmente. E a mim tocou-me e muito…
Publicado por Nuno Raimundo às 12:03 0 comments
Marcadores: Avicci, Coluna da Harmonia, música, reflexão
03 novembro 2014
Refletindo sobre a frase "Sei que só há uma liberdade: a do pensamento" dita por Antoine de Saint-Exupery...
(imagem proveniente de Google Images)
Na minha opinião (tendo ela a relevância que lhe
quiserem atribuir), Antoine de Saint-Exupery
(29/06/1900 – 31/07/1944) disse uma verdade
suprema. Não a classificando como paragdigmática ou um dogma até, a sua frase
“Sei que só há uma liberdade: a do pensamento” envolve tudo aquilo que é para mim a faculdade mais importante que o
Ser Humano poderá ter, a capacidade de pensar e refletir; bem como aborda também para mim, a forma de como nos devemos sentir na sociedade, sentirmo-nos livres, libertos de preconceitos e ideias que são repisadas por outros sem que nos preocupemos em aferir a sua veracidade e a sua causalidade, e assim manter a "mente aberta", limpa e disponível à aprendizagem que é inerente ao nosso processo de crescimento pessoal e às vivências próprias deste trilho em que caminhamos, a nossa Vida.
Há que discutir, há que debater, há que pensar... E só estando livres e nos sentindo livres, tal será exequível.
Tanto que a possibilidade de pensarmos por nós próprios e sermos nós
mesmos é o que nos separa dos restantes seres vivos, pois temos a hípotese
de refletir antes de agir e nada tem de acontecer apenas por instinto ou por
impulsividade própria e isso torna-nos diretamente responsáveis pelas nossas ações.
E esta liberdade que nos é concedida pela Natureza ou pelo Grande
Arquiteto do Universo - cada um assumirá o que melhor lhe convier - pode-nos
levar a lugares que de outra forma
não os alcançaríamos.
Antoine
de Saint-Exupery foi o autor do conto infantil “O
Pequeno Príncipe”, estória essa que aborda a vida de um rapazinho
noutro local fora do planeta Terra (o nosso mundo) e que contém algumas lições
de vida encapotadas no seu enredo.
Se não fosse a sua liberdade em pensar e em escrever,
para além de não nos ser possível conhecer esta obra literária, o autor nunca
nos levaria a “viajar” para fora do nosso mundo como o fez e da forma que o
fez.
O acto de pensar, liberta!
Torna-nos livres, pois também nos possibilita criar “novos mundos” ou alcançar mundos que não visitaríamos ou
conheceríamos. E esta viagem através dos nossos pensamentos, a criatividade que
pode surgir por o fazermos pode originar também ela outras obras, sejam elas
mundanas ou do “pensamento” que nos impelem para mais longe, que nos fazem
progredir como seres humanos..
Esta liberdade
de pensar possibilitou a criação de um género literário e cinematográfico
designado de “Ficção Científica”, género este baseado em algo que por norma não
é nosso contemporâneo e que se acredita que se concretize num futuro próximo,
bem como de realidades, mundos e “dimensões” que não existem fatualmente, mas
que mesmo assim podem existir e persistir na nossa mente. E este género/categoria tem imensos seguidores
por este mundo fora; logo existe gente que também imagina e que gosta de viver
algo fora daquilo que é existente, libertando
a sua mente para outras coisas que não vislumbra no seu quotidiano e práticas
habituais, mesmo que tal não seja necessáriamente normal e aceite pela
generalidade das pessoas, dou como exemplos as séries que abordam o vampirismo,
zombies, seres alienígenas, possessões demoníacas e outros afins....
De facto, a
frase “Sei que só há uma liberdade: a do pensamento” supera-se a ela
mesmo, pois também ela me possibilitou a reflexão que fiz quando tive o meu
primeiro contato com a mesma. E ela obrigou-me
a pensar… E pensar pode-se tornar perigoso para quem o faz ou para alguém
que não pense no mesmo que o status quo
determine que se pense… Mas essa reflexão fica para um texto futuro, por agora
prefiro pensar na liberdade que tenho apenas por pensar, e com isso viajar
através do mundo e do tempo.
Quem nunca viajou
nos seus pensamentos ou através deles?
Quem nunca andou por vales ou cidades onde nunca passeou
e com a simples observação de algumas imagens de paisagens, os conseguiu “visitar”?!
Quem nunca alcançou algo nos seus sonhos e/ou devaneios?
Para bem da Humanidade, foi graças a alguns pensadores que através dos seus sonhos e
da sua imaginação que provenieram as ideias que nos tornaram naquilo que hoje
somos e vivemos. Por isso estou grato a esta liberdade que me foi imposta pelo Criador, a de pensar.
Houvessem outras “liberdades” que fossem assim tão
fáceis de alcançar e este mundo seria tão menos complicado…
As questões que deixo para vossa reflexão são:
·
O que fazer com esta liberdade que nos é garantida?
·
Teremos a coragem necessária para pensar e não querermos ser “carneiros”
como alguns o preferem ser, apenas por facilitismo?!
·
Desejaremos assumir as responsabilidades
e as consequências que provêm do acto de pensar?
· Será que temos a consciência plena das nossas
ações e das suas repercurssões à nossa volta e mesmo assim preferir agir impulsivamente ?
E
outras tantas questões se me impunham fazer e que as poderia ter feito apenas pelo simples facto de me ser possível pensar e com isso ter a liberdade de as poder propor e debater...
Por isso acredito que pensar não é tão fácil como o aparenta ser e
pode até mesmo ser um processo “doloroso” para quem o faz, mas se temos esta
capacidade, este enorme poder, convinha para o bem de todos não o desperdiçarmos.
Temos é de ter a sabedoria e a inteligência suficiente para a usar, porque de
que outra forma haveria de ser concedida pelo Criador /Natureza esta
potencialidade a uma espécie se ela não fosse merecedora de tal?!
Publicado por Nuno Raimundo às 12:03 0 comments
Marcadores: Antoine de Saint-Exupery, ficção científica, humanidade, liberdade, Pensamento, reflexão
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