16 julho 2012

O "Grande Arquiteto Do Universo" é uma divindade maçónica?


É conhecido o facto de os maçons se referirem ao Criador como o "Grande Arquiteto Do Universo". Todavia, muitos equiparam essa expressão a outras, próprias de cada culto ou religião, no sentido de considerar o "Grande Arquiteto Do Universo" uma "divindade maçónica", assim como se pode dizer que Krishna é o nome de uma divindade Hindu, Allah o nome da divindade muçulmana, ou YHVH o nome da divindade judaica.

A expressão "falsos deuses" é paradigmática de uma postura de intolerância perante uma fé distinta da de cada um, segundo a qual "se o meu Deus é o verdadeiro, os dos outros só podem ser falsos". A postura da maçonaria a este respeito é a de que a Divindade é única, não obstante cada um Lhe chamar nomes diferentes. Assim, para um maçon não há "falsos deuses", mas antes distintas interpretações do divino; se são falsas ou não, é matéria não de discussão, mas de respeito e tolerância pela diferença e diversidade.

É natural, porém, que quando pensamos em "Allah" evoquemos as características que Lhe são atribuídas pelos seguidores do Islão, e um fiel de uma religião estranhe que se chame ao "seu" Deus uma coisa diferente daquela a que está habituado. No entanto, como fazer se cada um se refere ao Criador de um modo diferente?

Ao adotar a expressão "Grande Arquiteto Do Universo", a maçonaria não pretendeu "criar uma nova divindade", ou substituir o Deus de cada um. Pelo contrário, cada maçon é instado a cumprir com os preceitos da sua fé.

Procurei um paralelismo para explicar o conceito, e creio que o encontrei: o "Grande Arquiteto Do Universo" é um pouco como o "Dia da Mãe". No Dia da Mãe não se comemora alguém que todos reconheçam como "mãe universal"; pelo contrário, cada um comemora, sob a égide do termo universal "Mãe", ninguém menos do que a sua própria mãe - cada um a sua!

O mesmo se passa com o Grande Arquiteto do Universo. Não é um novo Deus; é o mesmo Deus que cada um já conhece, sob um nome que a todos sirva.


Paulo M.

18 comentários:

Streetwarrior disse...

Boas Paulo.
Boa explicação...

Deus para mim, só há um, é o meu e mais nenhum.
eh eh eh
Abraço.
Nuno

P.S
Venha lá daí um Post daqueles mesmo...mesmo técnicos, de esquadro e régua.

Marcos Amaro disse...

@Streetwarrior

Acha mesmo que um tema como “O "Grande Arquiteto Do Universo" é uma divindade maçónica?” , não é ele mesmo um Post “daqueles mesmo...mesmo técnicos, de esquadro e régua.”’?

Olhe que não existe tema que deva ser realmente tão trabalhado a “Esquadro” a “Régua” e já agora a “Compasso” , como este, pois se assim não o for/fosse imagine só os desalinhamentos e as derrocadas que este tema, tão delicado e pessoal, criaria dentro de um grupo/irmandade tão heterogéneo na sua constituição (idades, crenças e ideologias diferentes).

Só um tratamento seguindo todos os princípios e regras aplicados na utilização das ferramentas que permitem a edificação, à esquadria, do edifício interior de cada Maçon, permite que esse grupo heterogéneo se afirme pela sua homogeneidade no que diz respeito aos princípios de honra, palavra, dignidade, liberdade e permanente processo de aprendizagem.

@Paulo M.

Mais um trabalho que traz “Luz” a um dos temas mais polémicos para a sociedade “Profana” e que permite, a quem assim o entender, limpar e aclarar muitas das sombras lançadas sobre a “Arte Real”, principalmente por aqueles que não conhecendo e que não sendo capazes de querer aprender se dedicam a lançar “areia quente” para os olhos daqueles que por vezes apenas dão um ténue sinal de querer saber apenas um pouco mais, a fim de os manter na ignorância, através do medo e da criação de “fantasmas” sobre o “Bicho Mau”.

Bem-haja quem está disposto a partilhar o bem apenas como principio e sem qualquer outra intenção que não a do próprio bem.

Marcos Amaro.

JPA disse...

Há que comemorar o dia da Viúva.(LOL)

A3raços
JPA

Streetwarrior disse...

Olá Marcos.
Não foi esse o meu entender...se reparar, logo a seguir a ter saudado o Paulo, adiantei " boa explicação " por isso, o Marcos interpretou mal.
Não tem problema, eu sei que através da escrita, é difícil por vezes percebermos a intenção por trás das palavras.

Penso ser do conhecimento de todos que o G.A.D.U não é uma divindade Maçónica e sinceramente, penso que se há confusão, nem é por ai.
O Deus que muitos profanos (principalmente os Cristãos mais fanáticos )atribuem á Maçonaria, não é o G.A.D.U mas sim, Lúcifer ou Baphomet.
Não poderiam estar mais longe da verdade mas...
No entanto, penso ser inegável que a denominação por G.A.D.U, é exclusiva á Maçonaria.
Que eu saiba ou conheça, mais nenhuma Ordem ou fraternidade, designa o Criador por G.A.D.U mas se houver, gostaria que mo indicassem.

Quando me referi a artigos mais técnicos, foi por exemplo algo relacionado com Geometria como o Rui no passado fez com os ensinamentos de Pitágoras.
Esse artigo é dos melhores, esse e " A Viagem "...very goodi
Ficou esclarecido que G.A.D.U é uma designação abstrata que engloba todos os nomes relacionados com o Divino Criador...escreva um pouco sobre outra forma de designação, por exemplo, Metratron.
Será Ele Deus ? Júpiter? Saturno? ou um simples Cubo?

Abraço
Nuno

Diogo disse...

Olá Paulo M.

Compreendo e acho inteligente a sua comparação.

Mas, e os que não acreditam no divino? Mais, os que consideram um arquitecto divino (tenha ele o nome que tiver), uma impossibilidade absoluta?

Eu pergunto-lho: fará sentido um arquitecto do universo? Um ente que, depois de uma eternidade de nada, decidiu criar um mundo?

Abraço

Diogo disse...

Ter-se-á Ele aborrecido de estar sozinho no Universo e arranjou um brinquedo?

Marcos Amaro disse...

@ Diogo, encontrei um pequeno(grande, para mim) texto, que decidi partilhar consigo e com os leitores deste blogue.

Assim aqui fica esse texto, de autor desconhecido(pelo menos de mim).

"A vida depois da vida!

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebés.
O primeiro pergunta ao outro:
- Tu acreditas na vida após o nascimento?
- Certamente que sim. Algo tem de haver depois de nascermos! Talvez estejamos aqui, principalmente, porque precisamos de nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Tolice, não hávida após o nascimento. E se houvesse como seria ela?
- Eu cá não sei, mas certamente haverá mais luz lá do que aqui...Talvez caminhemos com os nossos próprios pés e comamos com aboca.
- Isso é absurdo! Caminhar é impossível. E comer com abocaé totalmente ridículo! O cordão umbilical alimenta-nos. Estou convencido de que a vida após o nascimento não existe, pois o cordão umbilical é muito curto!
- Olha, eu penso de outro modo. Penso que há algo depois do nascimento, talvez um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui...
- Mas nunca ninguém voltou de lá, para nos falar sobre isso!? O parto é o fim da vida. Ea vida, afinal, nada mais é do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamã e ela cuidará de nós.
- Mamã? Tu acreditas namamã? Eonde está ela?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela é que nós vivemos. Sem elanada disto existiria!
- Eu não acredito. Nunca vi nenhuma mamã, pelo que não existe mamã nenhuma! - Eu acredito. E sabes porquê? Porque às vezes, quando estamos em silêncio, ouço-a cantar e sinto como ela afaga o nosso mundo. E também penso que a nossa vida só será "real"depois de termos nascido. Nesse momento tomará nova dimensão. Aqui, onde estamos agora, apenas estamos a preparar-nos para essa outra vida..."

Retirar aquilo que cada um achar que deve retirar, eu cá dou-me como muito contente em acreditar.

Marcos Amaro.

Marcos Amaro disse...

@Streetwarrior

Creio que fez uma pequena confusão. A mensagem, em tom de sarcasmo, que é a si destinada é só aquela que se enquadra no texto antes da mensagem destinada ao Paulo M.

A mensagem destinada ao Paulo M. não cabe ao mesmo, mas sim a todos aqueles que tentam criar em torno deste tema imagens e ou conceitos individuais, para classificar aquilo de que não sabem e apenas julgam ter conhecimento devido à enorme quantidade de coisas que vão lendo sem sequer ter qualquer contato e vivência sobre.

Mas como alguém um dia disse é da discussão que surge a luz.

Nuno nem sempre aquilo que ouvimos/lemos se destina verdadeiramente a nós próprios, temos que conseguir separar a parte do todo e ficarmo-nos apenas com "a parte" que nos diz respeito e o "resto" da operação para aquem esse "resto" se destina.

Nem toda a luz tem origem na fonte, algumas vezes a luz que vemos é o reflexo da fonte num objeto que de forma enganosa se faz passar por fonte geradora.

Bem-haja,
Marcos Amaro.

Streetwarrior disse...

OK Marcos capiche!
Em relação ao texto que deixou ao Diogo, é simplesmente lindo.
Mas que grande analogia, muito bem pensado por quem se lembrou de escrever aquilo.

Nuno

Diogo disse...

Marcos Amaro,

Curiosa e bem imaginada a analogia que aqui trouxe, mas…

Não existe qualquer comparação entre uma mãe que se reproduz e um «Criador de todas as coisas». A mãe também foi criada e não tem qualquer controle consciente em todos os processos que se geram dentro dela, desde o acto de amor até ao parto. Em suma, é «apenas» um ser vivo que se reproduz.

Quanto ao Grande Arquitecto, que tudo pode e que tudo sabe, que necessidade teve de criar o Universo? Sentiu-se sozinho? Quis arranjar um brinquedo que o distraísse de uma eternidade vazia? Faz algum sentido?

Abraço

PeaceWeapon disse...

@diogo
Boas a todos.
Caro Diogo, agradeço o seu "input" mas é do meu ver que quem crê, crê, quem não crê, não crê, mas a Fé ou espiritualidade não deve interferir no desejo do aperfeiçoamento pessoal, apenas se manifesta como uma "alavanca", ou uma base para prosseguir esse caminho. Quem não crê terá outras. Por essa razão existe a Maçonaria não regular, cujos maçons pretendem o mesmo fim, usando as mesmas ferramentas mas uma inspiração diferente. Como tal, com todo o respeito pelos teus comentários, e falo por mim, discutiu-se aqui o símbolo do GADU para a Maçonaria regular, como uma fonte de união das ideias para um fim que é sempre individual, e não se discutem as diferenças entre as divindades. Da mesma forma não discutimos com os não regulares a crença ou não, mas sim, se tal oportunidade se apresentar, outras temáticas. Todos os teus argumentos fazem sentido para ti mas sinto-os ridículos e ridicularizantes, pois para nós os nossos fazem sentido e fazem-nos felizes e melhores homens (acreditamos), e para ti provavelmente serão ridículos. Será válido perder tempo com as diferenças quando podemos usá-los de forma útil? Por isso também aceitamos todas as Fés, mas não ateus ou agnósticos. Esses também não querem perder tempo a discutir crenças.
Pelo menos eu acho.
Espero não ter de forma alguma ofendido não era min ha intenção. É apenas a MINHA opinião.

Streetwarrior disse...

Olá Peaceweppon.

Agora levantou uma lebre muito interessante para mim com o seu comentário.

Porque razão, a seu ver não é permitido Agnósticos na M.Regular?
Eu faço-lhe esta pergunta porque uma vez, numa troca de luz entre mim e o Rui B, eu considero/ava ser contraditório a qualquer Maçon afirmar-se Ateu e dar Glórias ao G.A.D.U.

É que ao contrário do Ateu que não acredita numa "entidade criadora" de tudo o que existe perante os nossos sentidos, no meu caso, como Agnóstico, eu acredito.
Portanto a meu ver, eu reúno mais requisitos(hipoteticamente) para uma filiação quer seja na M.Regular quer na não Regular do que qualquer Ateu possa reunir para sequer poder ser maçon.

O ser humano que não acredite no "Criador " não reúne a meu ver,condições para se afirmar Maçon.
Não será?

Abraço
Nuno

Paulo M. disse...

Fico sempre satisfeito com os comentários aos textos que escrevo - com o seu conteúdo mas, acima de tudo, com o facto de existirem. Este blogue não serve senão para isso mesmo - como incentivo ao pensamento e, quiçá, à sua expressão.

@Streetwarrior: de facto, não conheço mais ninguém que use a expressão "GADU" (Grande Arquiteto do Universo) para além da maçonaria, e a ideia é precisamente essa: constituir um termo neutro e equidistante com que todos se possam identificar sem o "colar" a nenhuma crença em especial.

Quanto aos textos "mais técnicos", não caia no erro de interpretar literalmente o que se diz... Não esqueçamos que a geometria, em maçonaria, é acima de tudo simbólica, não valendo pelo que é mas pelo que evoca. Uma vez mais, é como a história do capuchinho, que não é especificamente acerca de nenhum animal da espécie Canis Lupus, mas acerca dos predadores - sexuais e outros.

@Diogo: Ora essa, Diogo, então acha que eu serei capaz de responder ao que inúmeras gerações antes de mim não foram capazes de responder? Obrigado por me ter em tão alta conta, mas não vou ser eu quem vai encontrar uma resposta categórica ao que pergunta: se "faz sentido" um arquiteto do universo, e quais as suas motivações para criar o dito universo...

São falsas questões. O Diogo não acredita que exista um Grande Arquiteto - como eu não acredito em bruxas nem em horóscopos. Imagino que o Diogo encare com alguma perplexidade como algumas pessoas - até inteligentes no resto! - teimam em agarrar-se a velhas superstições. Pois é, também eu sinto o mesmo em algumas circunstâncias. Que quer que lhe diga?

No meu caso concreto estou, a este respeito, alinhado com a posição do Vaticano sobre a Ciência: "Science, when it is real cognition, is never in contrast with the truth of the Christian faith."

"A Igreja defende a harmonia entre a fé e a razão. A razão deve conduzir à fé ; e a fé esclarecida não é inimiga da razão." Esteja descansado, Diogo: "acreditar" e "ser fundamentalista" são coisas diferentes... Um fundamentalista religioso está, frequentemente, disposto a negar a evidência da realidade. Não é o meu caso. E, se falo do "meu" caso, é por uma razão muito prosaica: é que só posso falar por mim...

Paulo M. disse...

@Streetwarrior: "no meu caso, como Agnóstico, eu acredito." O Nuno é, portanto, o que se chama um Teísta agnóstico. Crê, mas está convencido da impossibilidade de demonstrar a existência daquilo/daquele em que crê. Não sei porquê, mas parece-me uma atitude muito saudável... com a qual me identifico bastante.

Quanto aos ateus e à possibilidade de serem maçons, a questão é muito simples, e a preto e branco: serem ateus não é obstáculo para que sejam maçons liberais ("irregulares"), mas não podem em caso algum ser maçons regulares.

Streetwarrior disse...

Paulo disse;
...[a questão é muito simples, e a preto e branco: serem ateus não é obstáculo para que sejam maçons liberais ("irregulares"), mas não podem em caso algum ser maçons regulares.]

Ok Paulo, até ai, também eu percebo mas eu quero saber, é a quem dá Glórias um Ateu Maçon?
Na mnha concepcção, é uma situação Anacrónica.
Só pode ser pra rir!

PeaceWeapon disse...

Na minha compreensão, e posso estar errado, os maçons liberais em alguns casos chegaram inclusive a abandonar o símbolo do GADU, por ser facultativo e desnecessários ao objectivo da sua maçonaria. Noutros casos talvez tenham atribuído outro significado a esse símbolo. No entanto continuam a ser maçons no sentido que usam as mesmas ferramentas e têm o mesmo objectivo: o aperfeiçoamento moral e ético individual. É o mesmo método, simplesmente mudam alguns pressupostos, para que esteja acessível também a ateus. Passam a focar-se nos valores humanistas unicamente e talvez dêem glória ao ser humano enquanto capaz de tal aperfeiçoamento.
Concebo perfeitamente que funcionem bem e não sejam menos eficazes que nós, apenas têm outra inspiração e seguem outro caminho, e, no fim de contas todos seguimos caminhos diferentes, mesmo quando acreditamos no mesmo.
Remeto já agora para os textos do Paulo em Fev e Mar 2011 sobre o GADU.

Nuno Raimundo disse...

@Streetwarrior...
Caro Nuno, nas Lojas ditas Liberais (Irregulares), geralmente onde existem ateus é praticado o Rito Moderno ( ou Francês). E simplesmente não se "trabalha" à Glória do GADU, pq de facto tal não faria sentido .
Nessas Lojas, o compromisso tomado é o compromisso de Honra aquando do juramento, pq não faria sentido alguém jurar a algo que nem sequer acredita. E quanto a mim, que sou crente, após a Divindade (Deus) o que há de maior e mais importante que a Honra para o Homem, nada ( na minha opinião).

@Diogo,

Apesar de contemporaneamente ainda não se ter atingido qualquer resposta para o porquê da dita criação, não quer dizer que não exista tal motivo. Apenas ainda não foi demonstrado.
Se um Neandertal, ou um grego clássico, ou inclusivé um homem da Idade Média, nos visitasse agora, veria e tomaria conhecimento de coisas que nem sequer sonhava serem possiveis de existir.
Por isso o facto de algo não ter sido provado, simplesmente não quer dizer que não exista... inclusivé Deus para quem não acredita ( o que respeito e admiro).

abraço

abraço

Streetwarrior disse...

Obrigado pela resposta Nuno.
Assim está explicado.
Obviamente que não faria sentido, porque senão, seria anacrónico tal como eu tinha referido.

Nuno