15 dezembro 2014
(imagem proveniente de Google Images)
Nos tempos que correm, quando o Homem se encontra
mais preocupado com seu “umbigo”, existir alguém com a capacidade e a vontade
em auxiliar quem necessita é uma das melhores atitudes que poderemos ter para
com o nosso semelhante. E quando se
auxilia alguém sem se esperar qualquer tipo de retorno por esse facto, atrevo-me
até a dizer que é um ato de elevada nobreza por quem assim age. Ajudar-se
apenas porque se quer ajudar não está ao nível de qualquer um.
Muitas vezes as
nossas ocupações diárias, sejam profissionais ou familiares não nos permitem
ter a disponibilidade temporal para o fazermos, outras vezes talvez, serão razões
de ordem financeira que impossibilitam quem quer ajudar o fazer. Mas ter a
vontade para tal, será sempre o “gatilho” que poderá despoletar o ato em si. Pode não ser hoje,
pode não ser já amanhã, mas um dia o será…
E se para alguns terem a vontade de ajudar passa por
terem passado por situações na sua vida que se assemelham à vida de quem querem
auxiliar e assim mais facilmente poderem
identificar quem podem ajudar e a forma de como o poderão fazer, outros será
porque sentem que para preencherem a sua vida de forma plena, necessitam de
praticar a caridade e ser beneficente com quem precisa. Cada um com a sua
razão, cada um com toda a razão.
Para ajudar, não é necessário sequer existir
um motivo, basta se ter vontade e capacidade para tal, que nem sequer será
necessário se raciocinar muito para que se passe à ação.
E a Maçonaria, pela sua história e pela sua
implementação no mundo, sempre teve a sua quota-parte
no que toca a ser solidária com o seu próximo. Seja através da fundação de
escolas, da doação de bolsas de estudo ou até mesmo da criação de hospitais
para usufruto da população e principalmente das crianças em si (nos EUA é
bastante comum tal); o facto é que a Maçonaria auxilia a população dos países
onde se encontra implementada. E se algumas vezes tal auxílio não é mais
visível na sociedade, é devido aos estigmas que existem ainda nos tempos em que
vivemos, mas fundamentalmente, porque quem quer ajudar não necessita de o
publicitar. É usual até se dizer maçónicamente que a “mão esquerda não saiba o que deu a mão direita”.
E isso encontra-se
patente em sessão de Loja, no momento da circulação do “Tronco da
Viúva”, em que a mão que depõe o óbolo se encontra fechada e sem mostrar o que
se encontra no seu interior. Ninguém tem nada a haver com o que se oferece nem
quem o faz. Nada ou ninguém questionarão porque se o fez ou se o fez sequer.Se o fez, foi porque o poderia fazer e ficará apenas na consciência dessa pessoa o montante depositado na bolsa referente ao respetivo “Tronco da Viúva”. Se não pode participar nesse contributo, no problem, algum motivo preponderante teve para que assim o fizesse. Não
cabe a um maçom fazer juízos de valor sobre a atitude do seu Irmão.
Algumas das aplicações do referido “tronco” são o apoio a instituições de
caridade e beneficência que são patrocinadas pela Maçonaria e até mesmo algumas associações
de cariz religioso que agem na sociedade em prol de quem necessita ou casos
singulares que surjam e que se considerem válidos os motivos pelos quais devem
ser auxiliados. -Quando se quer ajudar, os “metais”
não têm “cor, cheiro, nome ou dono”,
o que é preciso é que sejam bem aplicados e recebidos por quem deles necessitam-.
Numa Loja maçónica a quem compete gerir este “fundo
monetário” é ao Irmão Mestre Hospitaleiro. Mas existe a possibilidade, e é comum ser habitual, se criar uma
Comissão própria para ser melhor gerido ou até mais transparente este tipo de
gestão (consoante a opinião dos respetivos membros da Loja). E geralmente os membros dessa “comissão de
serviço” são o respetivo Venerável da Loja,
o Irmão Tesoureiro e o Irmão Hospitaleiro. Dessa forma, estarão representados
nessa comissão, quem preside a Loja, quem administra as
finanças da Loja e quem tem a função
de se ocupar com a aplicação da solidariedade
da Loja.
E por falar em solidariedade, hoje
termina uma campanha apoiada pela Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5, a Campanha "Ver Mais" que foi publicitada AQUI e AQUI .
A quem pode dar o seu contributo nesta operação, fica o nosso MUITO OBRIGADO!
A quem não pode ou não teve a possibilidade de
participar nesta campanha, certamente no futuro surgirão novas oportunidades
para o fazer. Haja vontade e disponibilidade para o fazer…
09 dezembro 2014
Juramento e compromisso maçónicos...
(imagem proveniente de Google Images)
Quando se segue uma Via Espiritual ou se é admitido numa Ordem de tipo esotérico-iniciática tal como a
Maçonaria se define, é habitual o novo membro efetuar um juramento no momento da
sua admissão ou durante a execução de uma cerimónia de cariz iniciático, no qual se assume um determinado compromisso. E somente após a realização desse juramento é que o
neófito é recebido e integrado no seio da respetiva Ordem.
No caso que irei abordar e que será sobre a
Maçonaria, é natural quando se fala em compromisso
maçónico também se abordar simbióticamente o juramento maçónico. Tanto um como o outro são indissociáveis,
porque um obriga ao outro e o mesmo, reciprocamente.
Durante o desenrolar de uma Iniciação Maçónica, no
seu “ponto alto”, o neófito concorda em submeter-se a um juramento onde assume
como compromisso de honra, aceitar e respeitar as Regras, Usos e Costumes da Maçonaria bem como as regras e leis do
país onde se encontra sediada a Obediência Maçónica e a respetiva Loja da qual irá
fazer parte. Nomeadamente e de entre os vários princípios maçónicos que se
aceitam cumprir, os mais conhecidos pelo mundo
profano são a Fraternidade entre todos os Irmãos, a prossecução do
espírito da Liberdade na Sociedade Civil
e o sentimento de Igualdade entre todos.
Assim, assumir-se um compromisso com a Ordem
Maçónica é assumir-se um compromisso pela
Ordem e a bem da Ordem. Isto é que
é o tão propalado estar à Ordem.
E estar-se
é mais do que o ser-se! E digo isto
porque qualquer um pode “o ser”, mas
“estar” apenas se encontra ao
alcance de poucos…
Estar implica
sacrifício, comprometimento, trabalho, prática e estudo, e isto de forma
incansável e perene.
Por isto é que assumir um compromisso deste género e
com a relevância que este tem, nunca deverá ser feito de forma leviana; o mesmo
se passa com os outros compromissos que se assumem durante a nossa vida profana
e que também não devem ser assumidos se não estivermos capacitados para os
cumprir.
-Há que se ter a noção daquilo a que nos propomos a fazer-.
Por isso é que o compromisso maçónico é feito
com a nossa Palavra e sobre a nossa Honra. Desvirtuar estas duas qualidades,
é desvirtuar a própria Maçonaria.
Da mesma forma que, se não respeitarmos a
nossa palavra e não mantivermos a nossa dignidade na sociedade civil, também não somos
dignos de nela estarmos integrados e sofreremos as consequências ou punições
que forem legitimadas pelas leis do país.
De certa maneira, a Maçonaria atua e se
assemelha com a sociedade profana, com as suas leis e os seus costumes, competindo aos maçons respeitar a sua aplicação e observar o seu cumprimento. É
mais que um dever ou obrigação tal. É a assumpção que assim o
deve ser e nada mais!
Porque assim tem funcionado há quase três séculos e o
deverá continuar a ser noutros tantos…
Aliás, ainda na Maçonaria contemporânea se encontra
algo que dificilmente se encontra na profanidade atualmente, ou seja, o valor
da palavra sobre a escrita. O que não deixa de ser curioso dados os tempos que
correm.
Nesta Augusta Ordem, ainda hoje aquilo que um maçom afirma tem um valor
tal, que se poderá assumir que não necessitará de ser escrito para que o seja
considerado; basta se dizer, que assim o será.
O tal “contrato verbal” na
Maçonaria ainda hoje tem lugar. E somente pessoas de bons costumes o usam
fazer, pois a sua honra e a sua conduta serão sempre os seus melhores avalistas.
Não obstante, o compromisso maçónico ao ser albergado
por um juramento, obriga a que quem se submete a ele, o faça de forma permanente.
Não se jura somente aquilo que gostamos ou somente aquilo que nos dá jeito
cumprir.
Quando entramos para a Maçonaria sabemos que, tal como noutra
associação ou organização qualquer, existem regras
e deveres para cumprir; pelo que o
cooptado compromete-se em respeitar integralmente todas as regras e deveres que
existem na sua Obediência. E quem age assim,
fá-lo porque decidiu livremente que o quer fazer e não porque alguém a tal o
obriga.
E uma vez que a adesão à Maçonaria se faz por vontade
própria, aborrece-me bastante (para não ser mais acutilante ainda…) assistir
ou ter conhecimento de casos em que este juramento foi atraiçoado e em que os compromissos assumidos perante todos, foram deliberadamente e conscientemente
esquecidos.
Será que quem age desta forma, poderá ser reconhecido como um verdadeiro maçom?
Ou será
apenas gente que simplesmente enverga um avental e um par de luvas brancas nas
sessões da sua Loja?
Em alguns casos destes, creio que foram pessoas que entraram
na Maçonaria, mas que por sua vez, a Maçonaria certamente não entrou neles…
Algumas vezes, infelizmente, isto pode acontecer porque
quem vem para a Maçonaria vem “desavisado”, isto é, pouco conhece ou percebe o
que é a Maçonaria e o que ela representa, “vem ao escuro” por assim dizer, e
caberá a quem apadrinha uma candidatura maçónica, informar ou retirar algumas
dúvidas que se ponham ao seu futuro afilhado e consequente irmão. Em última
instância, devem os responsáveis pelas inquirições que decorrem no âmbito de um
processo de candidatura maçónica, no momento das entrevistas aos candidatos,
terem a sensibilidade para se aperceberem do desconhecimento do entrevistado sobre
os princípios e causas que movem os maçons e sobre a Ordem da qual este
manifesta a vontade de vir a fazer parte, e nesse caso, serem os próprios
inquiridores nessas alturas em concreto, a efetuar o trabalho que deveria ter
sido feito anteriormente pelo proponente da referida candidatura, no que toca a
esclarecer o profano e a fornecer-lhe as informações que lhe sejam necessárias
para que esta (possível) adesão possa decorrer sem sobressaltos, nem que esta
admissão venha a causar problemas (previsíveis!) no futuro, seja para a respetiva Loja ou até mesmo para a Obediência que porventura o vier a acolher.
Todavia, normalmente no momento do juramento
maçónico, o neófito fá-lo sem saber/compreender o que estará a jurar e para o
que estará a jurar, pois o véu que o cobre
na sua Iniciação é de tal densidade que
muitas vezes somente passado algum tempo
é possível se perceber o juramento que se fez e o compromisso que se tomou, e
que por vezes pode ser diferente daquilo que são as crenças pessoais e
respetiva forma de estar de cada um ou até mesmo porque se acreditava que se “vinha para
uma coisa e afinal se encontrou outra”…
E o trabalho que um padrinho deve desenvolver com o
seu afilhado durante a formação deste tanto como a responsabilidade que assumiu
perante o afilhado e a Ordem ao subscrever a candidatura dele, serão fulcrais
neste tipo de situação concreta. O padrinho (pelo dever moral) e a Loja em si (porque
é um dever da loja acompanhar e tentar integrar corretamente os Irmãos nos
valores maçónicos) devem tentar perceber o motivo pelo qual alguém se “distancia”
da Maçonaria. E apenas ulteriormente, se for caso disso, devem aconselhar a um
possível adormecimento desse irmão por
não ser do seu intento continuar a pertencer a algo com o qual não se
identifique mais.
Pelo que desta forma se prevenirão certos casos e eventuais “lavagens de roupa suja” ou fugas de informação que poderão surgir, as quais na sua maioria nem
sequer são informações plausíveis nem verídicas sequer, pelo que apenas posso especular que estas ocorrências se devem a paixões e vícios mal combatidos e nem sequer
evitados… E como se costuma dizer, “o mal
corta-se pela raiz”, pelo que “as desculpas devem evitar-se”…
E quem entra na Maçonaria deve ter a noção
que as suas atitudes já não lhe dirão respeito apenas a si, mas a todos os
integrantes desta Augusta Ordem, a conduta de um maçom estará sempre sob um fino
crivo pela sociedade e sempre debaixo do escrutínio de todos, seja de fora ou internamente. - Porque um,
pode sempre e a qualquer momento, “por em xeque” os demais -. E ter esta noção e assumir
esta responsabilidade é algo que deve ser intrínseco desde os primeiros momentos de vida maçónicos.
Já
não é o Nuno, o X ou o Y que fazem isto
ou aquilo, serão os maçons Nuno, X ou Y que o fazem… Logo é a Maçonaria na sua
generalidade que será atentada com a má conduta que os seus membros possam ter,
para além da Ordem poder vir a ser acusada de cumplicidade pelos atos efetuados
pelos seus membros.
Assumir que a
nossa forma de estar e agir condiciona e se reflete na
Maçonaria é um dos maiores compromissos que os maçons poderão tomar. Tanto que
o dever de honrar a nossa Obediência, a nossa Loja e a Maçonaria em geral, deve
permanentemente se encontrar na mente de
todos os maçons.
Um juramento implica obrigações, e jurar ser-se maçom, mas
fundamentalmente ser-se reconhecido maçom pelos nossos iguais, implica que sejamos
maçons a “tempo inteiro” e não apenas às segundas-feiras ou quintas-feiras de
manhã ou à noite, ou quando nos dará mais jeito, é sempre!
Sermos maçons, não é
quando visitamos a loja e usamos os respetivos paramentos. Não basta envergarmos
um avental, calçar umas luvas brancas e fazer uns “gestos estranhos”, é muito
mais que isso! É cumprir preceitos, rituais e trabalhar em prol da Ordem.
E se
não estivermos prontos para tal, de nada valerão os juramentos que fizermos,
porque nunca nos iremos comprometer com nada na realidade e em último caso, nem
sequer reconhecidos como tal seremos.
E a
palavra persisitirá perdida…
Publicado por Nuno Raimundo às 12:03 2 comments
Marcadores: compromisso, juramento, reflexão, ser maçon
02 dezembro 2014
A Maçonaria na Ilha da Madeira
No âmbito das publicações de autores convidados, aqui fica um texto sobre a Maçonaria na Ilha da Madeira.
A
Maçonaria na Madeira
Em 1727, foi constituida a primeira
Loja Maçónica em Lisboa composta por comerciantes ingleses e que seria
apelidada pelo Santo Ofício de “Hereges Mercadores”, em 1733 uma segunda Loja
denominada “Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia” com uma predominância de obreiros católicos
portugueses e irlandeses e uma terceira fundada pelo suíço John Coustos em
1741. Todas elas sofrerão uma grande perseguição por parte da Inquisição no ano
de 1743, onde alguns destes Irmãos foram torturados e sentenciados a duras
penas.
Uma segunda fase acontece a partir
dos anos sessenta desse mesmo século, como consequência de uma tolerância
ideológica por parte do Marquês de Pombal, que fora um homem iniciado no
estrangeiro (Inglaterra ou Áustria), onde residiu algum tempo como diplomata da
coroa Portuguesa.
É precisamente durante esta segunda fase
acima referida que se erguem as colunas da primeira Loja Maçónica na Ilha da
Madeira em 1768.
Esta Loja que foi fundada por
elementos da nobreza Madeirense tais como:
Aires de Ornelas Frazão, Leal de
Herédia, Joaquim António Pedroso e Francisco Alincourt.
Alguns destes Irmãos teriam sido
mesmo iniciados em Londres, destacando-se o caso de Aires de Ornelas Frazão, 1º
Venerável Mestre da Loja e que casou com Mary Phelps, uma sra de famílias
inglesas que também residiu na Ilha.
No ano de 1770, consta de um ofício
dirigido ao Marquês de Pombal a 3 de Dezembro desse ano pelo governador José
António de Sá Pereira de que os Irmãos acima referidos teriam sido presos por
este nas Cáceres do Santo Ofício e enviados para Lisboa, onde foram libertados
pelo Marquês de Pombal.
No ano de 1780, haviam poucos
Obreiros devido à continuada perseguição movida pelo governador Sá Pereira, mas
com a chegada à Ilha da Madeira de Barthelemy Andrieu du Boulaiy, a nossa Ordem
retoma o vigor inicial devido ao seu empenho e ao recrutamento de novos elementos.
Em 1790, acontece uma cisão na Loja
onde Ornelas Frazão envereda pelo reconhecimento britânico e uma Loja
denominada de “S.Luís” que segue o reconhecimento francófono.
Nessa altura na Ilha da Madeira
estavam a trabalhar cerca de três Lojas e o numero de Maçons ultrapassava os
100, destacando-se os nomes do Padre Alexandre José Correia que tinha um
diploma maçónico inglês, Miguel Carvalho que mais tarde iria para os Barbados
(Antilhas Inglesas) e de Tomás de Ornelas Frazão, filho de Aires e que ergueu
colunas no ano de 90 na cidade da Horta, Ilha do Faial, Açores.
Recuando cerca de um ano, mais
precisamente 1789, chega á Ilha da Madeira, por nomeação do governo de D.Maria
I e com a missão de estudar a flora Madeirense e seus efeitos terapêuticos, Jean
Jacques de Orquiny, que era grande comendador do Grande Oriente de França e que
não só levantou colunas de uma Loja como também formou uma Academia de Ciências
e Artes.
Em 1792 foi movida uma segunda grande
perseguição contra os pedreiros livres, liderada pelo Bispo D. José da Costa
Torres e pelo governador à época de nome Diogo Forjaz Coutinho, que à imagem do
seu antecessor Sá Pereira, prendeu todos os Maçons nas Cáceres do Santo Ofício,
e através de um edital incentivou toda a população a denunciar perante a própria Inquisição (cito):
TODO AQUELE
QUE SOUBESSEM PERTENCER À MALDITA SEITA, QUE TINHA PACTO COM SATANÁS E ERA
EXCOMUNGADA.
Como é óbvio, esta manobra ditatorial
e absolutista contra homens livres, de bons costumes e anti-dogmáticos, iria
instalar o pânico nas suas famílias, levando a que uma grande parte dos Irmãos
“fugissem” da Ilha da Madeira para sítios onde a sua condição não fosse um
constrangimento.
Os destinos principais foram o Brasil
e os Estados Unidos da América onde foram muito bem recebidos.
A Maçonaria voltou a reorganizar-se
enquanto a Madeira esteve ocupada por tropas britânicas entre 1801 a 1802 e
1807 a 1814, tendo à época levantado colunas uma Loja de nome Unidos, da qual
nasceram outras duas.
É precisamente nesta terceira fase
que a nossa Ordem na Madeira começa a deixar uma postura filosófica e cultural
para ter uma mais valia política e social.
Com o liberalismo implementado no
país, o cenário com certeza era favorável para que estes princípios começassem
a implodir.
No entanto, a alçada do governo
absolutista de D. Miguel começou com as suas intervenções inquisitórias no ano
de 1823, dispersando novamente os Maçons.
Com a devida persistência já
denotada, no ano de 1825 formou-se uma sociedade que se denominava de “Os
Jardineiros”, organizada por estudantes universitários e bacharéis.
A pressão exercida por parte daqueles
que o seu modus operandis é o controlo social pela força, pelo dogmatismo e
pelo não desenvolvimento intelectual da maioria, os Maçons à época eram
obrigados a um sigilo absoluto.
Sendo assim, reuniam-se nas quintas e
propriedades dos seus membros para que a descrição fosse cumprida.
Entre outras, é de referir a quinta
do Til, a quinta da Carne Azeda, a quinta de St. Filipa, uma das quintas no
Monte e a de um inglês de nome Gran que também era pedreiro-livre.
A Maçonaria volta a ressurgir robusta
em 1826, tendo como personagem principal João do Carvalhal.
No entanto e novamente, a alçada do
governo de D. Miguel volta em 1828 onde pronuncia duzentas e dezasseis pessoas,
entre os quais cerca de cem Maçons.
Esta perseguição provocou um novo
surto de emigração, e os que não partiram, sofreram durante cinco anos
sanguinária pressão, tendo muitos morrido pelas suas crenças e convicções.
A 5 de Junho de 1834, as instituições
liberais foram restabelecidas, onde os poucos Maçons ali existentes puderam
recomeçar os seus trabalhos.
Entre 1847 e 1872 a atividade
Maçónica na Ilha da Madeira teve mais uma quebra acentuada, mas a 11 de Março
do ano de setenta e dois e pela mão do Tenente-Coronel José Paulo Vieira, ergue
colunas a Loja Liberdade, com uma postura apolítica e muito mais filosófica.
Nos anos posteriores, constituíram-se
outras três Lojas, que se fundiram pouco depois de 1880.
A implementação da República
Portuguesa no princípio do sec. XX proporcionou o constituir de outras Lojas
formadas por membros Portugueses e a Britanic Lodge por membros ingleses.
Esta fase da Maçonaria na Madeira
terminou, bem como em todo o Portugal, com a implementação do Estado Novo, onde
a “Inquisição” volta a ter um papel castrador, com a devida conivência do estadista
António Oliveira Salazar a partir de 1932.
Depois do maior interregno desde a
formação da primeira Loja em 1768, a Maçonaria na Madeira volta a acordar cerca
de 75 anos depois, mais precisamente no dia 2 de Maio do ano simples de 2009.
O objetivo atual da Maçonaria Regular
na Madeira é claro:
1- Continuar o legado dos
Irmãos que já partiram para o Oriente Eterno.
2- Fundar e desenvolver
instituições que apoiem o desenvolvimento social e filosófico através da
ciência e da cultura
3- Praticar a filantropia.
4- Colaborar no estreitamento
dos laços de amizade na Maçonaria Lusófona.
Conclusões:
Este trabalho é baseado em vários
relatos históricos e que descrevem as nossas raízes na Ilha da Madeira, as perseguições
e as dificuldades impostas por quem sempre quis privar-nos de um princípio
anti-dogmático e fundamental para a evolução sociológica que é o livre
pensamento.
A quem nos provocou e a quem nos
continua a provocar, a eles dedico-lhes e a vós recito meus Irmãos uma frase do
ilustre poeta Fernando Pessoa, e que relata o seguinte:
EXISTE NO
SILÊNCIO TÃO PROFUNDA SABEDORIA QUE ÀS VEZES ELE SE TRANSFORMA NA MAIS PERFEITA
RESPOSTA.
Em bom rigor, esta é uma postura de
homens livres e de bons costumes que, por e simplesmente sonham como outros
tantos sonharam, como Aires de Ornelas Frazão e com grande coragem, partilhamos
este brilhante legado que nos deixaram e que nos constitui honrosamente Irmãos
da Lusofonia.
Que estes factos sejam exemplo para
que a Maçonaria de expressão Lusófona esteja cada vez mais unida e mais forte,
e para que estas palavras se completem, todos juntos, devemos nos empenhar
profundamente na construção de uma sociedade mais justa, mais iluminada, em
suma, a caminho de uma 4ª dimensão ortogonal.
Octávio
Pimenta Sousa
(M.·.M.·. da R.·.L.·.João
Gonçalves Zarco nº 71, a Oriente do Funchal)
Publicado por Jose Ruah às 12:00 3 comments
Marcadores: Autores Convidados, Funchal, História da Maçonaria, João Gonçalves Zarco, maçonaria, Madeira
01 dezembro 2014
Sugestão musical para a Coluna da Harmonia: "You’ve got a friend in me" de Randy Newman ...
Hoje venho fazer uma sugestão musical para ser utilizada
pela Coluna da Harmonia num momento de descontração em sessão de Loja. E uma
vez que estes momentos também existem, penso que esta canção é apropriada para
ser ouvida durante a sua ocorrência. E como de vez em quando encontramos a
presença da Arte Real onde menos esperamos, decidi partilhar convosco uma
canção que apesar de ser bastante simples não o é na realidade, pois exprime
alguns dos melhores sentimentos que se pode sentir e partilhar com outrém. E
falo-vos da Amizade e do sentimento fraterno que sentimos por quem decidimos
que faça parte da nossa “vida ativa”…
Assim, a sugestão musical que tenho o prazer de
partilhar com os leitores deste blogue é uma canção que encontrei num filme de
animação para crianças.
O que poderá causar alguma estranheza a quem lê este texto.
O que poderá causar alguma estranheza a quem lê este texto.
Uma sugestão musical “maçónica” e logo encontrada numa
animação infantil?!
Pois, não é
habitual se encontrar a presença de princípios morais maçónicos em animações feitas
para crianças (preferencialmente) apesar
de existirem vários contos infantis e bandas desenhadas onde os mesmos se podem
encontrar. Dou como exemplos as “fábulas de La Fontaine”, as estórias
protagonizadas por “Corto Maltese” ou o conto infantil “O Pequeno Príncipe” de
Saint Exupery, entre outros… Mas numa produção Disney, o que é o caso nesta
publicação, e uma vez que o fundador desta empresa, Walter Disney
(05/12/1901-15/12/1966) foi maçom, a possibilidade de se encontrarem
princípios morais maçónicos nos seus filmes e contos infantis nunca pode ser
descartada.
"You've got a
friend in me
You've got a friend in me
When the road looks rough ahead
And you're miles and miles from your nice and warm bed.
You just remember what your old pal said
Boy, you've got a friend in me
Yeah, you've got a friend in me
You've got a friend in me
When the road looks rough ahead
And you're miles and miles from your nice and warm bed.
You just remember what your old pal said
Boy, you've got a friend in me
Yeah, you've got a friend in me
You've got a
friend in me
You've got a friend in me
You got troubles, then I got 'em too
There isn't anything I wouldn't do for you
If we stick together we can see it through
'Cause you've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You got troubles, then I got 'em too
There isn't anything I wouldn't do for you
If we stick together we can see it through
'Cause you've got a friend in me
You've got a friend in me
Now some
other folks might
Be a little bit smarter than I am
Bigger and stronger too. Maybe
But none of them will ever love you
The way I do
Just me and you, boy
Be a little bit smarter than I am
Bigger and stronger too. Maybe
But none of them will ever love you
The way I do
Just me and you, boy
And as the years go by
Our friendship will never die
You're gonna see, it's our destiny
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me"
Our friendship will never die
You're gonna see, it's our destiny
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me"
Assim numa primeira impressão criada pela leitura
do título da canção, pudemos reter no imediato é que esta canção trata de
Amizade, e por inerência, de Fraternidade; dois dos princípios morais de
excelência da Maçonaria. Mas tal como na sugestão musical anterior onde pudémos encontrar também valores morais tais
como o “Amor Fraternal” e o “Dever de Auxílio”, também na canção “You’ve got a friend in me” os vamos
encontrar apesar de num contexto um pouco diferente.
Enquanto na sugestão musical anterior dava-se ênfase
ao auxílio que deve existir entre irmãos, nesta canção a amizade é enfatizada
em relação aos restantes valores morais que encontramos. E apesar de não se
falar em fraternalismos e nem mesmo em fraternidade de forma explícita, subliminarmente os mesmos
estão bem implícitos na letra desta canção. E a frase “you’ve got a friend in me
– encontras um amigo em mim” é a prova disso.
Quantas vezes existem e conhecemos casos de famílias
desavindas onde os seus familiares nem se falam sequer? E nas quais, os seus membros
se relacionam apenas com os seus amigos?
Quantas vezes nós preferimos o apoio, o abraço ou o
carinho de um amigo em detrimento dos mesmos, efetuados por familiares nossos?
Uma das grandes conquistas que provém da liberdade
que nos oferecida pela vida é a liberdade de escolha. A liberdade de
escolher com quem queremos conviver e de nos intimamente relacionarmos. A liberdade de decidir com quem queremos partilhar a nossa vida
e desejamos fazer o bem. Por certo a nossa família de sangue não a podemos escolher, é algo que é natural. Mas quanto às nossas amizades e famílias fraternais, a escolha só dependerá da nossa vontade e do desejo dos outros em nos acolherem nas suas vidas.
E voltando à análise desta canção
nas frases seguintes, “When the road looks rough ahead And
you're miles and miles from your nice and warm bed. You just remember what your old pal
said Boy, you've got a friend in me” – E quando o caminho em frente te parecer difícil e
estiveres milhas e milhas longe da tua cama quente. Só tens de te lembrar do
que o teu velho amigo disse, Rapaz tú tens um amigo em mim-. Isto bem o
percebem, os maçons. Que mesmo longe do seu lar, seja no ar, na terra ou no mar, terão sempre um amigo ao seu
dispor, um irmão que os poderão apoiar e auxiliar no que necessitem. Aliás um
bom maçom e membro da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5 afirma e bem que
“na Maçonaria, a amizade é prêt-à-porter”,
isto é, a amizade encontra-se e faz-se em qualquer parte
do mundo.
No entanto, também o auxílio mútuo que é devido entre irmãos e amigos se encontra bem
patente em “You got troubles, then I got 'em too There isn't anything I wouldn't
do for you If we stick together we can see it through 'Cause you've got a
friend in me” – Tú tens problemas, então eu também os tenho, não haverá
nada que eu não farei por ti e se nos mantivermos juntos nós conseguiremos
ultrapassar isso porque tens um amigo em mim -. Isto é na verdade, o tal "ombro amigo" de que por vezes tanto se fala no mundo profano. É alguém sentir que deve "estar lá" para todas as ocasiões e não estar presente apenas nos bons momentos que a vida proporciona aos seus amigos e irmãos. Geralmente é nos momentos adversos da nossa vida que encontramos ou descobrimos quem realmente são os nossos amigos. O apoio que nos poderão dar nesses momentos menos positivos da nossa vida é crucial para que estes possam ser ultrapassados ou esquecidos.
E, uma vez mais, a amizade é salientada
nesta música novamente em “Now some other folks might Be a little bit smarter than I am Bigger
and stronger too. Maybe But none of them will ever love you The way I do”-
Agora outros rapazes poderão ser um pouco mais espertos que eu para além de
serem maiores e mais fortes. Talvez, mas nenhum deles gostará de ti da maneira
como eu o sinto -. Aqui encontra-se representada a pureza e a intemporalidade de uma grande amizade. A
qual deverá permanecer inabalada seja pelo tempo ou pela distância que por
vezes e por vários motivos pode separar os amigos e irmãos.
Nomeadamente
encontramos o eco destas palavras e deste sentimento na frase “And as the years go by Our friendship will
never die You're gonna see, it's our destiny”- E à medida que o tempo
passa, a nossa amizade não perecerá, e tú o assim irás observar, é o nosso
destino -. E é mesmo esse o nosso destino; pois tal como encontramos no mote maçónico latino “Virtus junxit mors non separabit
– Aquilo que a Virtude juntou, a morte não o separará…” também assim tal ficou
demonstrado nesta última estrofe da canção. Seja neste oriente ou no Grande Oriente
Eterno, juntos uma vez, juntos para sempre…
Mais uma
vez, de algo que inicialmente nada de
maçónico poderia conter, mostrou-se que afinal existe muito para refletir e
principalmente, para sentir…
Publicado por Nuno Raimundo às 12:09 0 comments
Marcadores: amizade, amor fraternal, auxílio, Coluna da Harmonia, fraternidade, música, Randy Newman
24 novembro 2014
A importância que um Padrinho tem na formação de um maçom…
(imagem proveniente de Google Images)
O texto que
hoje publico, vai abordar algo que no meu entendimento será bastante relevante para
a Maçonaria e que é o papel que um padrinho deverá ter na formação do seu afilhado maçom.
Um padrinho deve ter a sensibilidade para poder
analisar quem deve ou não fazer parte da Augusta Ordem Maçónica. E padrinho
pode ser qualquer maçom exaltado à condição de Mestre. O Mestre é o maçom de pleno direito. Logo tem a
responsabilidade de fazer respeitar os princípios da Ordem, auxiliar na
formação dos seus Irmãos, detenham eles o grau que tiverem, e de apesar de não
fazer proselitismo, deve procurar no mundo profano quem tenha qualidades para
ingressar na Maçonaria e que com essa admissão possa desenvolver um trabalho
correto tanto pela Ordem Maçónica bem como pela sociedade civil na sua
generalidade.
O padrinho não tem de ser um guru nem ser um visionário (pois ele será também um eterno
aprendiz), o papel que ele deverá representar
para o seu afilhado é o de um guia, de uma pessoa que o auxílie na sua
integração na Loja bem como o de sendo alguém que o ajude na sua formação
maçónica, principalmente nos primeiros tempos, em complemento com a formação que
é efetuada na loja, auxiliando também o Segundo Vigilante (cargo oficial
desempenhado pelo terceiro elemento da hierárquia de uma loja maçónica) no
cumprimento das suas funções, nomeadamente como formador dos Aprendizes Maçons.
Compete ao padrinho após identificar no mundo
profano alguém com as capacidades intelectuais e morais que são necessárias
para alguém ser reconhecido maçom, abordar o mesmo da forma como achar que será
melhor recebida pelo seu interlocutor. Na maioria das situações, a abordagem é
feita pelo reverso, alguém que é profano e que se identifica com a Maçonaria
intercede junto de um maçom para que lhe seja concedida a entrada na Ordem.
Independente da maneira de como é feita a proposição, cabe ao maçom que irá ser
o padrinho efetuar algumas diligências, ou seja, conhecer os gostos e
preferências do seu futuro afilhado bem como dos hábitos e rotinas que ele
possa ter (se não os conhecer
anteriormente), isto é, tudo aquilo que é habitual num ser humano. Conhece-lo!
E numa fase
posterior, se concluir que o profano detém as qualidades necessárias para entrar na
Maçonaria, deve abordar alguns temas de âmbito maçónico, retirando algumas das
dúvidas que possam persisitir na mente do seu futuro apadrinhado sobre o que a
Ordem Maçónica é e qual o seu papel no mundo. Mas mais que isso, na minha
opinião, o futuro padrinho deve fazer-se acompanhar pelo profano em eventos
maçónicos de cariz aberto (eventos brancos) onde este poderá ter um contato
mais alargado com o que é a Ordem, ou seja, frequentar tertúlias e palestras
onde a Maçonaria seja o tema principal a ser abordado.
Neste caso, admito que começará aqui, para mim, a formação maçónica do futuro iniciado. Pois se o mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e escuta, então o processo de candidatura não terá início e o profano aproveitará apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria concerne e ter uma opinião mais concreta sobre esta Augusta Ordem. No entanto, e caso o profano se identifique claramente com o que lhe é mostrado, deverá então ser iniciado o processo de candidatura à admissão numa loja maçónica. E de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é de extrema importância. E porquê?!
Porque durante o desenrolar do processo de candidatura, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a cumprir ao apadrinhar a candidatura em avaliação porque o conhecem, e também estes por sua vez, respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja.
E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que este não se sinta desapoiado e nem desintegrado num grupo de gente que à partida não o conhece bem nem o qual deverá conhecer devidamente.
Acontece também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçónica já é popular no mundo profano ou puderá ter relações profanas com alguns membros da loja e assim a sua integração é mais facilmente consumada.
Neste caso, admito que começará aqui, para mim, a formação maçónica do futuro iniciado. Pois se o mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e escuta, então o processo de candidatura não terá início e o profano aproveitará apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria concerne e ter uma opinião mais concreta sobre esta Augusta Ordem. No entanto, e caso o profano se identifique claramente com o que lhe é mostrado, deverá então ser iniciado o processo de candidatura à admissão numa loja maçónica. E de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é de extrema importância. E porquê?!
Porque durante o desenrolar do processo de candidatura, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a cumprir ao apadrinhar a candidatura em avaliação porque o conhecem, e também estes por sua vez, respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja.
E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que este não se sinta desapoiado e nem desintegrado num grupo de gente que à partida não o conhece bem nem o qual deverá conhecer devidamente.
Acontece também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçónica já é popular no mundo profano ou puderá ter relações profanas com alguns membros da loja e assim a sua integração é mais facilmente consumada.
Mas e apesar de todo o
fraternalismo que existe na Maçonaria em geral, os “primeiros tempos de vida”
de um maçom podem-lhe parecer estranhos porque terá de ser relacionar inclusivé
com gente que talvez, no mundo profano, preferiria evitar. É verdade, tal pode
acontecer e ainda bem que tal assim acontece. Desta forma, é possível um
entendimento que de outra maneira não seria possível acontecer. Porque os irmãos são “obrigados” a confraternizar,
logo, encontrar "pontos de comunhão” e de “convergência”. Também, pelo
facto de se terem de relacionar, isso obrigará a que as pessoas se conheçam
melhor, e com isso, desfazer alguns preconceitos que poderiam ter anteriormente
e que se assumirão posteriormente, como errados e descabidos. Outros quiçá,
manterão a mesma opinião que anteriormente. Tal poderá acontecer, somos humanos
e em relação a isso pouco se pode fazer… A não ser, tolerar e respeitar o
próximo tal como outra pessoa qualquer o deve merecer.
- Os maçons são pessoas como as outras, não são perfeitos; a forma de como combatem as suas paixões e evitam os seus vícios é que os difere dos restantes membros da sociedade -.
E ter um padrinho que os guie corretamente nessas situações, que lhes dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que acima de tudo os critique quando o deve fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a diferença. Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e que não seja funesto para a Ordem no futuro.
Os casos que normalmente vêm a público no mundo profano devem-se a erros de casting ou a gente que foi mal formada ou que não se identificou depois com os princípios morais que encontrou no interior da Maçonaria. Por isto, é que não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo, por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria e saber um pouco ao que vai, porque caso contrário, criará uma perca de tempo ao próprio e à loja maçónica que o acolher com as consequências que sabemos que poderão suceder e que algumas vezes ocorrem mesmo!
E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se desviam do seu caminho na virtude, os padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de forma errada e que levou a que a imagem desta Augusta Ordem fosse questionada profanamente. Obviamente que não digo que fossem sancionados, mas que exista uma conversa para os alertar do perigo que é de apadrinhar gente com este tipo de conduta para que no futuro sejam mais zelosos nos seus apadrinhamentos e que também tivessem acompanhado a conduta do seu apadrinhado. Naturalmente que um padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre, seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal. Por isso até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não ponha a imagem dos outros irmãos em questão.
- Os maçons são pessoas como as outras, não são perfeitos; a forma de como combatem as suas paixões e evitam os seus vícios é que os difere dos restantes membros da sociedade -.
E ter um padrinho que os guie corretamente nessas situações, que lhes dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que acima de tudo os critique quando o deve fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a diferença. Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e que não seja funesto para a Ordem no futuro.
Os casos que normalmente vêm a público no mundo profano devem-se a erros de casting ou a gente que foi mal formada ou que não se identificou depois com os princípios morais que encontrou no interior da Maçonaria. Por isto, é que não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo, por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria e saber um pouco ao que vai, porque caso contrário, criará uma perca de tempo ao próprio e à loja maçónica que o acolher com as consequências que sabemos que poderão suceder e que algumas vezes ocorrem mesmo!
E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se desviam do seu caminho na virtude, os padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de forma errada e que levou a que a imagem desta Augusta Ordem fosse questionada profanamente. Obviamente que não digo que fossem sancionados, mas que exista uma conversa para os alertar do perigo que é de apadrinhar gente com este tipo de conduta para que no futuro sejam mais zelosos nos seus apadrinhamentos e que também tivessem acompanhado a conduta do seu apadrinhado. Naturalmente que um padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre, seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal. Por isso até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não ponha a imagem dos outros irmãos em questão.
Porém, e ainda no âmbito da instrução maçónica do seu
afilhado, o padrinho deverá complementar a formação que será concedida pela
loja ao seu apadrinhado; porque ao lhe demonstrar também que a Maçonaria vive de
símbolos, metáforas e alegorias, mas fundamentalmente, da prática de rituais próprios,
também ele (padrinho) ao instruir o seu afilhado, poderá refletir e por em
prática os conhecimentos que já adquiriu até então - o que é sempre uma mais valia pessoal - e que lhe permitirá vivenciar o que também ele aprendeu durante a sua formação até atingir o mestrado.
- Conhecer e ensinar outrém é do melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto que acredito que o Conhecimento somente é Sabedoria quando compartilhado-.
- Conhecer e ensinar outrém é do melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto que acredito que o Conhecimento somente é Sabedoria quando compartilhado-.
Mais tarde, quando o seu afilhado já se encontrar na
condição de mestre, já não será tão essencial ter aquela “especial” atenção que
considero como importante na caminhada de um maçom, porque este já atingiu uma
parte importante da sua formação maçónica e concluiu o seu percurso até à mestria. Mas no entanto, nunca o deverá abandonar, pois apesar de este
ser um irmão seu, será sempre o seu afilhado,
logo alguém que um dia reconheceu como tendo capacidades e qualidades maçónicas.
E essa responsabilidade nunca desaparecerá.
E isto é algo que por vezes acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e depois deixá-lo à mercê dos tempos e vontades… Virar as costas a um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia. E se isto poderá parecer como demasiado simplista e inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade.
E isto é algo que por vezes acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e depois deixá-lo à mercê dos tempos e vontades… Virar as costas a um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia. E se isto poderá parecer como demasiado simplista e inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade.
Assim, alguém que queira apadrinhar a candidatura de
um profano, terá de assumir que adquire uma responsabilidade tal, que nunca será
irrelevante e que nos seus “ombros” suportará
o “peso” de uma Ordem iniciática e de cariz fraternal como o é a Maçonaria. E que terá como seus deveres
principais: reconhecer, informar, transmitir/formar e acompanhar
quem ele considerar como sendo um
válido (futuro) membro da Maçonaria.
Não será uma tarefa fácil, esta de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem...
Não será uma tarefa fácil, esta de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem...
Publicado por Nuno Raimundo às 12:07 4 comments
Marcadores: Dever, formação, Maçonaria explicada, Padrinho, Processo de candidatura, Profano
17 novembro 2014
Refletindo na frase: “Existe algo maior que o céu: a alma humana” de Victor Hugo…
(imagem proveniente de Google Images)
Falarmos
de Alma Humana é abordarmos algo
quase que inefável e insensorial, o que pode parecer à primeira vista como algo
de paradoxal.
Digo
inefável, porque como pouco a conhecemos, quase não a conseguimos “pronunciar”
na sua especificidade ou a definir em profundidade. E também afirmo que a alma
pode ser considerada como algo insensorial, porque é algo que não é mensurável
e assumo que não conheço alguém que tenha afirmado que a tenha sentido, num
sentido sensorial e não num sentido metafísico.
Creio
que a alma humana é a nossa essência,
logo à partida algo que será imutável. Mas na realidade a mudança pode existir.
Tanto devido a fatores externos como
a fatores internos.
A
nossa educação, a nossa formação académica e profissional, e principalmente, a
nossa formação de cariz “social” (a forma como nos relacionamos com os outros),
será quiçá o mais importante agente de
mudança.
É
através da nossa experiência de vida, das nossas vivências, que somos o que “somos”. E ao sermos “algo”, isso é o reflexo do nosso estado de alma. E como esse estado está
em permanente mudança (fruto também das nossas alterações de humor), também Nós mudamos. É essa alteração/evolução que importa à reflexão.
Victor
Hugo (26/02/1802-22/05/1885), maçom, escritor e pensador francês, ao afirmar
que “existe algo maior que o céu: a alma humana” disse a verdade. Não existe
mesmo nada maior que ela.
Nós
próprios somos maiores que tudo! E somos mesmo! Somos “maiores”
que as nossas criações, as nossas suposições e que as nossas opiniões.
As
nossas crenças, as nossas atitudes dependem somente de nós. Independentemente do meio que nos rodeia, que também nos
poderá ajudar a modelar o nosso carácter; apenas a nossa vontade, os nossos
pensamentos e ideias é que serão os nossos decisores comportamentais – aquilo
que pensamos é realmente o que nos define!- e numa análise mais estrita, as nossas crenças
e correspondentes atitudes serão os nossos juízes morais. E mesmo que
consideremos que dominemos a razão, se ela não se enquadrar no que é definido pelo
bom-senso e pelo que é o senso comum do local onde nos
encontremos – pois é possível a variação do que é assumido como a lei comum mediante o lugar onde nos
encontremos…- nada disso nos valhará. Mas mesmo assim, se considerarmos que
deteremos a razão sobre algo, se nos quisermos manter íntegros nessa tomada de
posição (e se realmente a mesma seja a verdadeira e correta), teremos sempre de
ser responsáveis e humildes por agirmos dessa forma independentemente das consequências
que de aí poderão advir, sejam elas positivas ou em alguns casos mesmo,
infelizmente, nefastas para quem age desta maneira.
Porém,
também a mudança de opinião pode acontecer, seja para não por em perigo a nossa
integridade física ou de outrém (nos casos em que tal pode suceder…), e nesses
casos a mudança é apenas externa,
mantendo-se a nossa opinião internamente,
o que será refletido no nosso estado de alma
(nessa altura poderemos ter alguns comportamentos que poderão ser considerados
como hipócritas e/ou cínicos, resultantes das atitudes que tomemos); ou a
alteração da nossa opinião também poder suceder por de facto constatármos que realmente
nos encontramos errados nas nossas assumpções e/ou de que não era de todo a
mais correta a nossa opinião. E assumir a mudança nestes casos, é assumir uma
verticalidade de carácter que nos permitirá nivelar pelos demais.
E neste
caso, considero que a nossa alma quase se poderia mutar, uma vez que a nossa opinião e forma de ver algo evoluiu. O
que poderá parecer irreal, mas se o pensamento mudou e em consonância com ele passarmos
a agir de outra forma, porque não considerar que existiu também uma mudança na
nossa alma, uma vez que houve uma
alteração no nosso íntimo, do nosso ser?
Aliás, acredito que quem não for capaz de mudar também não me parece que tenha uma grande capacidade para aprender. Só os ignorantes não são capazes de mudar…
Será que a alma permanecerá inabalável na sua “estrutura”
e não ser passível de mudança, e o restante ser possível de ser alterado?
Pois,
creio que tal assim pode acontecer. A
nossa alma é a nossa essência.
Logo,
mesmo que aconteçam várias transformações, e mesmo sabendo que a própria
matéria de que somos feitos se pode transformar
(o nosso corpo sofre mutações, evoluções ao longo da nossa vida) sem que a alma
sofra alterações com essas mudanças, acredito que a mesma registará algumas “marcas”
que serão originadas pela alteração da
nossa consciência, fruto da sucessão de determinados acontecimentos que podem alterar
a nossa forma de pensar e de estar, ao longo do nosso crescimento e tempo de
vida. Por isso tão facilmente se fala em “estados de alma”. Acredito que esses estados apesar de passageiros em alguns casos, fiquem registados no
nosso ADN e que assim dessa forma, fiquem “registados” na nossa alma e que
esses mesmos estados, determinem o
nosso comportamento. Até o conceito de Alma, é o de algo que nos anima, de algo que nos define, de algo que
nos gere… Conceito que subscrevo na
íntegra.
Ou
seja, acredito que por muito que tudo mude - porque para mim tudo é possível de
mudar, de ser alterado, de evoluir, de ser passível de alcançar novos
horizontes ou adquirir novos objetivos - a alma permanecerá com a sua “integridade”
inalterada. Pois é a nossa alma que nos caracteriza como somos e que nos difere
dos restantes seres humanos. É a alma que nos cria a nossa identidade pessoal e
confere aquilo que se pode designar por humanismo. Sem ela seríamos apenas mais
uns, na grande cadeia animal…
Todavia
e abordando também um pouco sobre a forma de como a nossa Alma interage no mundo através do
nossa matéria/corpo e ideário/pensamento/mente, deparamos que quase
tudo o que existe, depende ou se centra exclusivamente no Homem e/ou na sua
dependência. A tecnologia foi criada pelo Homem para o servir, as estradas
existem para que a humanidade possa estar ligada entre si, as habitações
existem para que nos possamos abrigar, as comunicações existem para que seja
possível estarmos todos conetados, etc etc… Ou seja, tudo advém do Homem,
para o Homem…Da sua matéria, da sua mente para o seu espírito, para a sua Alma…
E
após esta abordagem que fiz acima, poderá existir ou se confirmar algum interesse da Maçonaria pela
“alma” dos seus obreiros?
Naturalmente
que sim! Não num sentido religioso, mas antes, num sentido metafísico.
A
Maçonaria requer a mudança aos seus
membros. A sua mudança pessoal, a sua
evolução de consciência (do
pensamento), a sua progressão
enquanto pessoa. De aí advir a vontade de aprimoramento/aperfeiçoamento moral e
espiritual dos maçons.
Tanto
que é usual se afirmar “que à Maçonaria
não interessa gente perfeita. Antes sim, gente que se quer aperfeiçoar”. Logo, gente que deseja evoluir e mudar de estado de alma. Mudar algo que à partida
se poderia levar a supor como sendo imutável.
Interessa à Maçonaria ter nos seus quadros, gente
que assumiu os seus defeitos e que os deseja “anular”, e que acima de tudo, queira
potenciar as suas qualidades, para si e em prol dos outros que o rodeiam. Por
isso, a Maçonaria lhes pede, ou mais claramente exige, que sejam honestos, íntegros
e de carácter pobro. E nesse caso, será através da sua alma, que lhes poderá ser proporcionado
tal comportamento; gerindo esta assim, os seus pensamentos, as suas atitudes e a sua conduta
no mundo profano. Desta forma, a alma humana tem um interesse particular para a Maçonaria, não por aquilo que ela será para os seus membros, mas por aquilo que ela poderá representar para esta Augusta Ordem, como sendo modeladora de carácteres.
Poderemos
então constatar que existe algo maior que a alma
humana?!
Quanto
a mim, não! Já o mano Victor Hugo tinha a mesma opinião…
Publicado por Nuno Raimundo às 12:05 0 comments
Marcadores: Alma Humana, reflexão, Victor Hugo
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