16 dezembro 2008

Solsticio de Inverno - Almoço da Loja


Domingo passado decorreu mais uma refeição destinada a celebrar o Solsticio de Inverno, organizada pela Loja Mestre Affonso Domingues.


O local escolhido foi a Praia Grande, bem não propriamente a praia porque o tempo nao estava para almoços na areia, mas sim um dos restaurantes ali situados e que proporcionou uma sala exclusiva.


O Menu escolhido simples mas apropriado para o tipo de evento, cumpriu. Nem grandes simplicidades nem grandes luxos, porque esse não é o objectivo destes repastos.


A ideia subjacente é a presença dos familiares, das crianças embora se lhes não reservem quaisquer prendas, e é sobretudo o convivio em ambiente informal, onde cada um é só mais um Irmão que ali está, sem as suas "insignias ou galões".


Todavia a Maçonaria, e os seus ideais não poderiam estar longe deste evento pois se estivessem ele não seria mais que um vulgar almoço de amigos, e assim cumpridas as formalidades de um agape onde todos os brindes da ordem foram proferidos, foi efectuado um leilão de tudo aquilo que os Irmãos trouxeram para esse fim.


O produto em Metal profano deste leilão, eventualmente acrescido de outros fundos recolhidos durante o ano para o mesmo efeito é destinado a uma instituição de Solidariedade Social ainda a ser determinada.


Este "ritual" de ajudar quem precisa é repetido ano após ano pela Loja Mestre Affonso Domingues.


E assim, indiferentes à invernia exterior, umas 60 pessoas passaram mais uma tarde de domingo, comungando amizade e fraternidade e reforçando os laços que os unem. E posso dizer-vos que até Irmãos que fisicamente estavam bem longe por questões profissionais fizeram questão de se associarem mandando mensagens por SMS e mail.


É este o espirito que nos anima, e que faz da Mestre Affonso Domingues uma Loja coesa e forte.


Maçonaria não é só o cumprimento escrupuloso dos rituais, sem falhar virgula ou passo. É cultivar a amizade entre os Irmãos, prolongá-la às familias e repercuti-la na sociedade.


Tempos complicados se avizinham no mundo profano, possa a fraternidade cimentada pela amizade ajudar a ultrapassá-los.



José Ruah

Solsticio de Inverno

No passado sábado reuniu a GLLP em sessão de Grande Loja. Esta sessão sem grandes assuntos a serem tratados, incluia essencialmente assuntos administrativos próprios, como sejam relatórios das varias areas e o tradicional Orçamento.

O facto de sermos uma organização Maçónica, mais preocupados com o a espiritualidade não quer dizer que não tenhamos que nos preocupar com os Metais. É que o senhorio não se contenta com uma elevaçao espiritual, preferindo o pagamento da renda ( não sei porquê, mas pronto !!).

Este ano o Orçamento foi aprovado por unanimidade, e só por uma razão é que aquela voz dissonante, que sou eu, não pode estar presente por imperativos familiares. Nem mesmo o facto de este ano a apresentaçao ser feita pelo novo Grande Tesoureiro - ele proprio obreiro da Affonso Domingues e meu grande amigo e afilhado - serviria de desculpa para contrariar o meu principio de voto. O Documento não foi distribuido com a antecendencia suficiente que permita a sua analise profunda em Loja.

Fora isso tudo decorreu com em paz e harmonia estando presentes quase 200 Irmãos, preenchendo na integra o espaço disponivel.

Um pequeno detalhe o Muito Respeitavel Grão Mestre Irmao Mario Martin Guia anunciou que se iria recandidatar ao cargo para mais um mandato de 2 anos, o que foi unanimente saudado e apreciado.

Uma ultima referencia à Milu e à Sandra que com a dedicação costumeira nos ajudaram no que foi preciso.


José Ruah

15 dezembro 2008

A Língua portuguesa

Tenho para mim que entre as coisas que definem Portugal como Nação e os portugueses como povo do mundo, está a língua que todos falamos. Com maior ou menor cuidado, com vernáculo mais ou menos apurado, com aceitação do acordo ou sem ela, é no português falado que nos encontramos todos, na Europa, em África, na Ásia, na América do Sul, ...


Em boa verdade não é só a língua. É também o que ao longo dos séculos os portugueses construiram ou ajudaram a construir, nos pontos mais inesperados do globo, onde encontramos uma Igreja, uma Fortaleza, um Farol, um Arco brasonado, saltando à vista as 5 quinas do escudo português.
Mas no meio disto tudo continua a ser a língua que marca a geografia universal portuguesa.
No "fim do mundo", de repente, alguém solta uma expressão em português, ou chama um nome português.


E tão maltratado que é em Portugal... !


Neste cantinho do universo da informação temos tentado respeitar ao máximo o nosso "escrever", até chegarmos ao ponto do Rui ter postado aquilo que é verdadeiramente um curso do português corretamente escrito.
Há uma semana recebi uma mensagem na qual se dava conta de uma visão economicista da língua portuguesa.

Para mim constituiu uma surpresa a análise ali apresentada, mas interessante sem dúvida.

É essa mensagem que aqui vos deixo, na sequência do trabalho que o Rui fez, numa visão da importância económica que o português tem no mundo dos negócios.

Língua Portuguesa vale 17% do PIB
Os primeiros dados de um estudo sobre o valor económico da Língua Portuguesa apontam para um peso de 17% no PIB (Produto Interno Bruto), disse a directora dos serviços que promovem o ensino do português no estrangeiro, refere a Lusa.
Madalena Arroja disse que o Instituto Camões está a fazer um estudo, envolvendo uma equipa multidisciplinar do Instituto das Ciências do Trabalho e da Empresa, para determinar o valor económico da Língua Portuguesa.


Encomendado há um ano, o estudo vai, nos dois primeiros anos, debruçar-se sobre a realidade portuguesa, sendo objectivo encontrar apoios de grandes empresas para, no terceiro ano, ser alargado ao espaço de toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa.Num estudo similar, a Espanha concluiu, há dois anos, que o valor económico do castelhano no PIB era de 15%, enquanto o da língua portuguesa, segundo os primeiros dados, é de cerca de 17%, afirmou a responsável. Madalena Arroja frisou a importância da língua para o mundo dos negócios e para as empresas que querem entrar noutros mercados. Para a responsável do Instituto Camões, o facto de todos os funcionários do Banco Africano de Desenvolvimento em Tunes estarem a aprender português, no âmbito de um protocolo assinado com o Instituto Camões, e de no Senegal existirem 16.000 estudantes da nossa língua «são sinais», aos quais podemos atribuir um significado positivo.

Então, se esta análise estiver correta, vale a pena deixar um pedido, modestinho, que eu não sou tipo para luxos, nem para grandes ambições.
Aos políticos, aos governantes, aos jornalistas (na rádio, na televisão) façam um esforcinho, só um esforcinho se forem capazes, para dizerem só metade das asneiras que dizem sistematicamente (atenção que só me refiro à forma de expressão, porque quanto ao conteúdo... não cabe neste espaço qualquer pedido !).
Estou convencido que com um bocadinho de cuidado seriamos capazes de fazer subir aqueles 17% aí para 19 ou 20%.
Se calhar os interesses portugueses agradeceriam.

12 dezembro 2008

NATALIS 2008


Artesanato, Jogos e Brinquedos, Bijuteria, Artigos tradicionais em pele, Decoração, Gastronomia, Livros, Moda, tudo para miúdos, graúdos e assim-assim, prendas para todos, mesmos para os próprios, tudo isto e muito mais é possível encontrar na NATALIS2008, na FIL do Parque das Nações até às 23h do próximo Domingo.

Com preços adequados à época de crise, muita beleza e variedade por pouco dinheiro e acima de tudo, solidariedade deve ser a palavra chave.
Um grande conjunto de Instituições de Solidariedade Social apresentam trabalhos da autoria dos seus utentes para venda.
Meus Caros, não percam a NATALIS, vão até lá e resolvam com a maior facilidade os vossos problemas com o "recheio" dos sapatinhos.
Várias vantagens:
- Provavelmente gastarão muito menos do que recorrendo a outras soluções;
- Poupam em tempo, trabalho e canseira, porque num espaço relativamente pequeno encontram tudo;
- Ajudam uma quantidade de Instituições de Solidariedade Social.
Nas fotos estão os espaços (espacinhos...) do CAJIL e da CERCIAMA, mas há muitos mais.
Áh..., e é só até Domingo. Despachem-se.
Dentro do Pavilhão não chove nem está frio ! Vão ver que não se arrependem.
JPSetúbal

O mais importante na vida

O texto que hoje vos deixo é totalmente escrito por mim, a partir de uma historieta que um correspondente brasileiro me enviou há alguns meses, originalmente escrita por autor desconhecido. Trata de amizade. De prioridades. De solidariedade. No fundo, de fraternidade. E lembra-me, também a mim, que prego o primado da Razão, que esta, sendo importante, não é tudo. A nossa inteligência emocional também é importante e precisa de ser cultivada. É isso também que o método maçónico de aperfeiçoamento individual procura possibilitar.

Um dia alguém perguntou a um homem de sucesso o que de mais importante ele já tinha feito na sua vida. Ele meditou um pouco, recordou interiormente mil batalhas, miríades de vitórias, incontáveis êxitos. Recordou também alguns, poucos, fracassos e algumas das várias situações difíceis que vivera. Pesou, ponderou e escolheu o que considerava o que de mais importante na vida fizera. E respondeu:

O mais importante que fiz na minha vida sucedeu num dia em que tudo parecia calmo e prazenteiro. Nessa manhã, estava a jogar golfe com um amigo de longa data. Entre cada tacada, conversávamos a respeito da vida de cada um de nós, com a calma e o sossego que uma velha amizade permite. Esse meu amigo de muitos anos, desde a infância, tinha sido pai recentemente e contava-me, entusiasmado, todas as evoluções e graças e alegrias que o seu filho lhe proporcionava. A certa altura, chegou, agitado, o pai do meu amigo, dizendo-lhe que o seu bebé tinha subitamente deixado de respirar e que tinha sido levado para o hospital de urgência. Claro que o jogo de golfe acabou logo ali e o meu amigo, doente de preocupação, foi de imediato com o seu pai para o hospital.

Hesitei sobre o que fazer. Seguir o meu amigo até ao hospital? Não, pensei. A minha presença não serviria de nada. A criança está a receber cuidados médicos e nada havia que eu pudesse fazer para ser útil, naquela situação. Oferecer o meu apoio moral? Talvez não fosse necessário nem eficaz. O meu amigo e a mulher, ambos oriundos de famílias numerosas, estavam acompanhados de vários parentes, que os amparavam naquele transe.
A minha presença seria porventura mais um incómodo do que uma ajuda. Decidi que deixaria a situação evoluir e, mais tarde, entraria em contacto com o meu amigo para saber notícias. E dirigi-me para o meu carro, para regressar a minha casa. Ao fazê-lo, verifiquei que o meu amigo, que tinha ido para o hospital no carro do seu pai, deixara o seu automóvel aberto e com as chaves na ignição. Decidi então trancar o carro e ir ao hospital levar-lhe as chaves.

Quando lá cheguei, vi que, como imaginara, a sala de espera estava repleta de familiares do meu amigo e de sua mulher. Entrei discretamente e parei um momento junto à porta, esperando a melhor ocasião para abordar o meu amigo. Nessa altura, chegou um médico, que se aproximou do casal e, em voz baixa, comunicou que o bebé tinha falecido. O casal abraçou-se longamente, esgares de desgosto e sofrimento em seus rostos, ambos chorando amargamente a sua dura perda. Assim ficaram algum tempo, que me pareceu uma eternidade, enquanto todos os demais que os rodeavam guardavam um compungido silêncio.

O médico que lhes dera a infausta notícia perguntou-lhes se queriam ficar alguns momentos a sós com o corpo da criança. Assentindo, os meus amigos encaminharam-se para a porta junto da qual eu estava. Ao ver-me, aquela mãe abraçou-me, chorando. Também o meu amigo se refugiou nos meus braços, dizendo-me:

- Muito obrigado por estares aqui!

Durante o resto da manhã, fiquei naquele hospital, acompanhando os meus amigos enquanto eles se despediam do filho que tanto amavam.

Isto foi o mais importante que fiz na minha vida!

Esta experiência deu-me três lições:

A primeira foi que o que de mais importante fiz na minha vida ocorreu quando eu não podia fazer absolutamente nada. Nada do que eu aprendi, do que tinha, do que eu dispunha, nada, absolutamente nada, podia ser útil para remediar aquela situação. A morte da criança era irremediável, a dor dos seus pais era inafastável. A única que eu podia fazer era esperar e acompanhá-los.

A segunda, que o que de mais importante eu fiz na vida esteve quase a não ser feito por mim, devido à hesitação em acompanhar o meu amigo naquela hora, à ponderação exclusivamente racional sobre a vantagem ou o inconveniente de o fazer. A razão é importante, indispensável. Mas não pode afastar totalmente o sentimento, a emoção. Hoje, não tenho qualquer dúvida que o que tinha a fazer naquela ocasião era acompanhar o meu amigo no hospital. Por solidariedade, por emoção, porque ser amigo é estar, muitas vezes simplesmente estar, nas horas amargas. Felizmente que o acaso de um esquecimento me permitiu fazer isso mesmo. Que nunca mais eu precise do acaso para fazer, em cada momento, o que devo!

A terceira, que a vida pode mudar de um momento para o outro. Intelectualmente, nós sabemo-lo. Mas conforta-nos pensar que os infortúnios só acontecem aos outros... E esquecemos que, num abrir e fechar de olhos, uma situação de desemprego, uma doença, o cruzar-se com um um condutor embriagado, o estar no sítio errado na hora errada, mil situações aleatórias, podem alterar a nossa vida. Por vezes, é necessária uma tragédia para recolocarmos as coisas na devida perspetiva.

Aprendi que nenhum emprego, nenhum negócio, por mais gratificante ou importante que seja, compensa perder uma férias, romper um casamento, passar dias festivos longe da família. O mais importante na vida não é ganhar dinheiro, ou ascender socialmente, ou receber honras. O mais importante da vida é ser feliz, é a nossa família, é cultivar as nossas amizades. Para os bons e os maus momentos!

A fraternidade, a união, a disponibilidade para auxiliar os que nos estão próximos ou que são nossos amigos, são princípios basilares da maçonaria e dos maçons. Muitos, de fora, criticam os maçons por isso, clamam que os maçons "se protegem uns aos outros", que "se ajudam". E dizem-no como se tal fosse um mal, um perigo para a sociedade. Tolos! Ou, quiçá, apenas invejosos. De não saberem, de não cultivarem devidamente o que é simplesmente amizade, fraternidade.

Nós, maçons, cultivamo-las. E o mais importante que cada um de nós fez na sua vida foi ser amigo do seu amigo, quando ele precisou. Sabendo que, quando chegar a hora de o infortúnio lhe bater à sua porta, também receberá o consolo fraternal dos seus amigos.

Rui Bandeira

11 dezembro 2008

Esperança no porvir

Descobri o blogue Esperança no Porvir muito recentemente e logo o incluí na minha lista de blogues a seguir.

Não admira que tenha escapado até há pouco à minha "rede de arrasto" do que de temática maçónica vai aparecendo em português na Internet. Este blogue, após um lançamento no ano de 2005, durante o qual foram escritos, entre julho e novembro, catorze textos, muito interessantes, entrou em "hibernação" até novembro de 2008. Foi então retomada a publicação de textos neste blogue e, desde aí, já foram publicados seis Ou - melhor dizendo - foram publicados quatro novos textos e dois vídeos, um de parte de uma entrevista concedida por H. Oliveira Marques a Batista Bastos e outro sobre uma reportagem da SIC Notícias sobre a Maçonaria em Portugal.

Na primeira fase - chamemos-lhe assim - deste blogue, os textos publicados foram de cariz essencialmente histórico. Todos muito interessantes. Alguns proporcionando informação que não se encontra facilmente disponível. É o caso, designadamente, dos textos A Carbonária em Portugal, Os Alvores da Maçonaria em Portugal e Thomaz Cabreira - um notável maçon (estes dois últimos da autoria de Pedro M. Pereira).

Os textos desta segunda fase têm sido mais virados para a atualidade: o anúncio de uma exposição sobre Francisco Grandella, a referência a três livros de temática relacionada com a Maçonaria e os vídeos já citados.

Tanto quanto me apercebi, apesar de constarem como editores deste blogue Abraham Lincoln e Elisiário Figueiredo, só este último, até agora, publicou textos no blogue, quer de sua autoria, quer da autoria de Pedro M. Pereira.

Elisiário Figueiredo informa, no seu perfil, ser um quinquagenário do Barreiro (localidade abundantemente referenciada em dois dos textos) e, segundo deduzo, integrar-se-á no GOL.

Do que vi e li até agora, este blogue tem qualidade intrínseca para, se prosseguido com persistência, se tornar num blogue de referência quanto à temática da Maçonaria em Portugal. Se assim for, será um qualificado "concorrente" do A Partir Pedra - o que só nos alegra, pois quanto melhores forem os nossos congéneres, mais interessante será o que se publica sobre Maçonaria e maior será o estímulo para nós próprios constantemente procurarmos melhorar.

Recomendo! E, portanto, decidi inclui-lo na barra de atalhos aqui do A Partir Pedra.

Rui Bandeira

10 dezembro 2008

Declaração Universal dos Direitos Humanos: 60 anos

A semana passada falou-se aqui no blogue de Direitos Humanos. Hoje assinala-se o 60.º aniversário da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essa proclamação foi um considerável avanço civilizacional. O seu estrito cumprimento é um imperativo de consciência. Mas só se pode cumprir o que se conhece. Portanto, entendo que a melhor forma de comemorar o sexagésimo aniversário da sua proclamação, é aqui no blogue publicar, na íntegra, a versão oficial em português da

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos humanos conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração humanos;
Considerando que é essencial a proteção dos direitos humanos através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais humanos, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais;
Considerando que uma conceção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:
A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1°

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2°

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3°

Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4°

Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5°

Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6°

Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.

Artigo 7°

Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8°

Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9°

Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10°

Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

Artigo 11°

  1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
  2. Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o ato delituoso foi cometido.

Artigo 12°

Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a proteção da lei.

Artigo 13°

  1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
  2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14°

  1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.
  2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15°

  1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
  2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16°

  1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
  2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
  3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado.

Artigo 17°

  1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade.
  2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18°

Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19°

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.

Artigo 20°

  1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
  2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21°

  1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios públicos do seu país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
  2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
  3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22°

Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

Artigo 23°

  1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego.
  2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
  3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social.
  4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.

Artigo 24°

Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas.

Artigo 25°

  1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
  2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma proteção social.

Artigo 26°

  1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
  2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
  3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos.

Artigo 27°

  1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
  2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28°

Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.

Artigo 29°

  1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
  2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
  3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30°

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

Ler, conhecer e praticar. A Liberdade com Sabedoria. A Igualdade em Força. A Beleza da Fraternidade. Ser maçon é também respeitar, promover e divulgar os Direitos Humanos codificados na respetiva Declaração Universal.

Rui Bandeira

09 dezembro 2008

Um projeto meritório

Li no Diário de Guarapuava , um jornal eletrónico desta cidade do Estado do Paraná, Brasil, que três lojas maçónicas locais, Philantropia Guarapuavana, Acácia do 3.º planalto e Saint Germain, desenvolvem, desde 2006, o Projeto Medalha de Mérito Estudantil, no âmbito do qual, em cooperação com escolas do ensino básico locais, é desenvolvido todos os anos escolares um projeto, que culmina com a entrega, em sessão solene na sede do Município, de medalhas de mérito estudantil a estudantes selecionados.

A entrega destes prémios, porém, é apenas o culminar de um trabalho que se desenvolve ao longo de vários meses e pelo qual se procura sensibilizar os estudantes para as questões relativas ao civismo, patriotismo, cultura, higiene, respeito a Deus, à família e ao professor.

No âmbito do projeto, obreiros das referidas lojas maçónicas apresentam palestras nas escolas, pelas quais procuram transmitir noções sobre cultura, higiene, civismo, comportamento e respeito às famílias e aos professores.

Também os obreiros destas lojas disponibilizam as suas valências profissionais em benefício das crianças das escolas integradas no projeto: os médicos exercem medicina preventiva, os dentistas efectuam prevenção e manutenção bocal, os professores universitários também transmitem os seus conhecimentos.

Eis uma forma simples e eficaz de uma loja maçónica cooperar com o meio em que se insere. E repare-se que nem sequer é preciso dinheiro. Só algum tempo, organização e disponibilidade.

Rui Bandeira

07 dezembro 2008

Esclarecimento

Esclarecemos os leitores do Blog que apesar de a imprensa escrita, falada e televisionada estar a noticiar a morte do Grao Mestre da Maçonaria Regular, o Muito Respeitavel Grão Mestre Mario Martin Guia está bem e de saude.

A noticia refere-se ao Dr. Almiro Marques, que desempenhava funções na organização resultante da cisão de 1996 e conhecida por GLRP ( Sino).

Apresentamos aqui as nossas condolências à família

Os editores do Blog

05 dezembro 2008

As escolhas


Hoje deixo-vos mais uma historieta para reflexão nesta sexta-feira, véspera de fim de semana prolongado por feriado. Reescrevi-a com base num texto, de autor que desconheço, que recebi por correio eletrónico. Não trata de otimismo, muito menos otimismo bacoco e infundamentado. Trata da atitude a tomar perante a vida e o que ela, nas suas voltas, nos reserva, muitas vezes inesperadamente. Trata de escolher entre deixar-nos abater pelas adversidades, resignar-nos ao que pensamos ser inevitável e lamentar-nos da nossa má sorte ou procurar sempre obter a melhor solução possível e fazer por a obter. Trata de escolher entre ser marioneta manipulada pelos acontecimentos ou ser ator interventivo das situações. Saber escolher é fundamental. Porque os acontecimentos sucedem e nenhum de nós está numa redoma, eternamente a salvo de percalços. E, quando estes surgem (não é se, é quando, porque, tarde ou cedo, surgem sempre...) estar preparado para reagir, procurar a melhor solução possível, sabendo que se pode sempre ganhar ou perder, se se lutar pelo melhor resultado, mas, se nada se fizer, o quase inevitável resultado é o pior. Afinal, quando a situação parece desesperada, há sempre um aspeto positivo: não pode piorar; o que fizermos ou mantém ou melhora ou resolve; logo, é sempre melhor fazer pela vida...

Luís estava sempre de bom humor e sempre tinha algo de positivo para dizer. Se alguém lhe perguntasse como estava, a resposta seria logo:


- Ah... Se melhorar, estraga.

Era um motivador nato. Por isso, os seus colaboradores seguiam-no para onde ele fosse trabalhar, em todos os projetos que levava a cabo.

Se um colaborador estava a ter um dia mau, Luís procurava sempre mostrar-lhe como ver o lado positivo da situação.

Um dia alguém lhe perguntou:

- Como consegue ser uma pessoa sempre positiva? Como faz isso?

Ele respondeu:

- A cada manhã, ao acordar, digo para mim mesmo: “Luís, tens duas escolhas hoje. Podes ficar de bom humor ou de mau humor". Eu escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo de mau acontece, posso escolher armar-me em vítima ou aprender alguma coisa com o ocorrido. Eu escolho aprender algo. Sempre que alguém se queixar, posso escolher aceitar a queixa, sem mais, ou mostrar o lado positivo da vida.


- Certo, mas não é fácil - argumentou o interlocutor.

- É fácil sim, disse o Luís.- A vida é feita de escolhas. Quando se examina a fundo qualquer situação, percebe-se que há sempre escolha. Pode-se sempre escolher como reagir às situações. Pode-se escolher como as pessoas afetarão o seu humor. É nossa a escolha de como viver a nossa vida.

Um dia, no seu local de trabalho, Luís foi atacado e dominado por assaltantes. Enquanto, por ordem dos assaltantes, tentava abrir o cofre, a sua mão, tremendo pelo nervosismo, desfez a combinação do segredo e o cofre bloqueou e acionou o alarme. Os ladrões entraram em pânico e dispararam contra ele. Por sorte, foi encontrado a tempo de ser socorrido e levado para um hospital. Depois de 18 horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, teve alta, ainda com fragmentos de balas alojadas no corpo.

A quem lhe perguntava como estava, Luís continuava a responder:

- Se melhorar, estraga.


A quem lhe perguntava o que lhe havia passado pela mente na ocasião do assalto, respondia:

- A primeira coisa que pensei foi que deveria ter trancado a porta das traseiras. Depois, deitado no chão, ensanguentado, lembrei-me que tinha duas escolhas: Podia viver ou morrer. Escolhi viver! Os paramédicos foram ótimos. Diziam-me que tudo se ia resolver e que eu ia ficar bom. Mas quando entrei na sala de operações e vi a expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado. Nos seus lábios, eu lia: “Este já era”. Decidi então que tinha que fazer algo.

O que fez? - perguntou o interlocutor.


- Bem, havia uma enfermeira que fazia muitas perguntas. Perguntou-me se eu era alérgico a alguma coisa. Eu respondi: "Sim". Todos pararam para ouvir a minha resposta. Tomei fôlego e gritei: “Sou alérgico a balas”! De repente, todos riram, o ambiente desanuviou-se e eu aproveitei para dizer: “Eu escolho viver, operem-me como um ser vivo, não como um morto”.

Luís sobreviveu graças à persistência dos médicos... mas a sua atitude é que os fez agir dessa maneira.

Pensem nisto e, sempre que se depararem com situações difíceis, quiçá desesperadas, lembrem-se que podem sempre escolher entre nada fazer ou fazer algo para tentar melhorar a situação. E façam! Nem sempre terão sucesso, pois não se pode ganhar sempre, mas algumas vezes hão de conseguir. E, afinal de contas, as situações difíceis, depois de ultrapassadas - sobretudo se bem ultrapassadas... - sempre dão umas boas histórias para contar aos netos...

Rui Bandeira

04 dezembro 2008

Recandidatura, já!

Está em curso, na GLLP/GLRP, o processo eleitoral para a escolha do Mestre Maçon que exercerá a função de Grão-Mestre no biénio 2009/2010. Foram elaborados e divulgados às Lojas da Obediência os cadernos eleitorais, decorre o período da verificação da sua conformidade e, sendo caso disso, de introdução das correções pertinentes. O prazo para apresentação de candidaturas ao ofício decorrerá entre 15 e 31 de dezembro.A eleição efetuar-se-á por voto universal e secreto de todos os Mestres Maçons da Obediência, sendo as assembleias de voto as Lojas. A votação decorrerá dentro do período entre 10 de fevereiro e 5 de março de 2009. O apuramento dos resultados terá lugar no dia 7 de março de 2009.

Quando foi dado conhecimento em Loja do desencadear do processo, surpreendi-me. Já? Passaram já dois anos desde que o Muito Respeitável Irmão Mário Martin Guia foi eleito Grão-Mestre?

Olhei à minha volta. Todos os rostos espelhavam uma calma tranquilidade. Quase indiferença. A notícia do desencadear do processo eleitoral a ninguém agitou. Como se tivesse sido anunciada a realização de uma rotineira assembleia de Grande Loja, sem particular motivo de interesse. Daquelas reuniões em que se tratam dos aborrecidos assuntos burocráticos que, por o serem, não deixam de ter de ser resolvidos.

A explicação para tanta tranquilidade é simples: desde que se decidiu reduzir o tempo de mandato do Grão-Mestre de três para dois anos, resolveu-se que o Grão-Mestre em funções se podia, por uma única vez seguida, recandidatar ao ofício. Portanto, todos calma e tranquilamente esperam que o Muito respeitável Irmão Mário Martin Guia se recandidate, para lhe renovarem, merecidamente, a sua confiança para mais dois anos de mandato, que todos esperam tão profícuo como o primeiro biénio.

Mais tarde, disse-me quem sabe destas coisas que o Muito Respeitável Grão-Mestre hesita em se recandidatar. Que considera que a sua idade de septuagenário já na segunda metade da década aconselha a que se retire para uma merecida reforma. Logo ele, que é mais jovem do que muitos jovens de olho vivo e pé ligeiro que vejo por aí... Isso não é, desculpará o querido Mário Martin Guia, argumento que se aceite. Velhos são os trapos, o Mário está aqui para as curvas, a reforma pode esperar. E não é justo privar-nos da sua tranquila e serena liderança, quando é manifesto que praticamente todos nos sentimos muito confortáveis com ela e desejamos que prossiga por mais um biénio.

Disse-me depois quem sabe destas coisas que o Muito Respeitável Grão-Mestre pondera dar uma lição de desapego ao poder, abdicando da possibilidade de reeleição. Mas para quê dar lições desnecessárias em momento injustificado? Todos nós conhecemos o percurso de serviço e de disponibilidade do Mário ao longo de dezenas de anos. Todos nós sabemos muito bem que, em todas as funções que desempenhou, procurou servir, ajudar, não ascender a qualquer ilusório "poder". Todos nós sabemos que a função de Grão-Mestre é por si exercida nesse mesmo estado de espírito. Por isso é pacífico que deve continuar! Não precisa de provar o que temos por evidente e notório!

Disse-me finalmente quem sabe destas coisas, com alguma preocupação, que, se calhar, seria precisa uma vaga de fundo para remover as dúvidas, afastar as hesitações, do Mário em se recandidatar. Qual quê! Para marinheiro experiente, como é o Mário, a melhor garantia de viagem bonançosa é este mar chão, sereno, tranquilo, em que a Obediência navega. Mais demonstrativa de confiança do que qualquer "vaga de fundo" é esta serenidade, este sentimento generalizado de que a eleição de fevereiro-março deve ser uma simples ratificação, uma clara confirmação da confiança que todos depositam no Mário.

Portanto, meu caro Mário Martin Guia, deixa-te de bizantinices! Faz mas é o favor de, a partir do dia 15, apresentar a tua declaração de aceitação de candidatura! E não te preocupes com os proponentes. Faz assim: no dia em que fores entregar na Grande Secretaria a tua candidatura, após sair de casa, aos três primeiros Mestres que vires dá-lhes o papel a assinar. Já está! Alguma dúvida?

Além do mais, queremos todos mais dois anos de trabalho tranquilo, sereno e profícuo, enquanto aproveitamos para ir vendo, com um ar levemente divertido (pelo menos da minha parte...) as movimentações de quem se quiser posicionar para daqui a dois anos...

Rui Bandeira

03 dezembro 2008

Direitos humanos para todos

Com a ilustração de um texto de origem brasileira, o JPSetúbal lançou o repto para algum debate sobre os Direitos Humanos, seu significado, seus eventuais limites. Claro que, mal vejo um desafio interessante, me lanço de cabeça e peito feito! O JPSetúbal tem inteira razão quando escreve que, se há algo sagrado em Maçonaria, é a intocabilidade dos Direitos Humanos. Mas uma coisa é serem intocáveis, outra, bem diferente, é serem indiscutíveis. Pelo contrário, discutir a origem, o significado, o alcance, os limites,a justificação, a indispensabilidade dos Direitos Humanos é imprescindível para que estes sejam respeitados. Porque a sua violação, pelos poderosos ou por simples criminosos de direito comum geram revolta, sentimentos de vingança, que facilmente ultrapassam o alvo da violação concreta ocorrida, do criminoso que a perpetrou, para se rebelarem contra os Direitos Humanos, ao menos aqueles que são reconhecidos ao malfeitor. Isto é natural, decorre de tragédias pessoais ou a que se assistiu. É humano.

Mas é também primário. Porém, de nada vale dizer ao revoltado que o seu sentimento é primário. Existe, sente-se e pronto! O que há a fazer é lembrar que as pessoas de bem não são como os crápulas criminosos e não devem, por consequência, ceder ao primarismo da dor ou da revolta. Reconhecer ao criminoso os seus direitos humanos, quando ele não os reconheceu em relação às suas vítimas não é certamente fácil. Mas é a maneira de se demonstrar que se não é como ele!

O texto de partida para este debate é, claramente, um texto demagógico, no sentido em que parte de uma situação existente (exigência de reconhecimento de direitos a quem violou direitos de outrem), amplia a aparente contradição (situação do infrator versus irremediabilidade da situação decorrente da violação de direitos por si perpretada) e tece uma conclusão inaceitável.

Claro que o criminoso tem de expiar o seu crime. Claro que as vítimas e as famílias das vítimas têm de ser apoiadas, devem sentir a solidariedade que tantas vezes insensivelmente lhes é subtraída. Claro que quase todo o texto de partida tem razão de ser, quando compara o relativamente pequeno incómodo da família do criminoso que é transferido para uma prisão mais longínqua, em relação à irreparável perda da mãe da vítima mortal. Mas a razão para aí. Não chega à inaceitável frase final: Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos". Não, não, mil vezes não, por muitas mais razões do que as que sou capaz de expor!

Desde logo, reconhecer direitos humanos a quem não é "humano direito" é uma indispensável forma de higiene mental, de mostrarmos A NÓS PRÓPRIOS que não somos "como eles".

Também porque é muito perigoso o caminho de só reconhecer direitos a quem for "direito", pela simples razão de que, logo a seguir se põe a questão de quem define quem é "direito" e quem não é "direito" e, um passinho à frente, deparamos com o escolho de garantir que não haja abusos nessa definição e não se esteja, afinal, a pôr a raposa a guardar o galinheiro...

Ainda porque é uma questão civilizacional. Para que não se regrida à barbárie, há que reconhecer, respeitar, praticar - mesmo quando não apetece; sobretudo quando não apetece! - os direitos humanos em relação a todos. Mesmo em relação ao mais empedernido e revoltante criminoso. O fundamento básico do direito criminal é a assunção pela Sociedade toda, através do Estado, da tarefa de punir o criminoso, de retribuir o mal que ele fez, SUBTRAINDO ESSE "DIREITO" À VÍTIMA OU SUA FAMÍLIA. Trata-se de impedir a vingança privada - que, se admitida, tornaria qualquer sociedade ingovernável e impediria se garantisse um mínimo de segurança para os seus membros.

Mas trata-se também de ir mais longe do que a punição, a retribuição do mal. Se assim fosse, estar-se-ia ainda no estádio civilizacional do "olho por olho, dente por dente". E, por muito que por vezes nos apeteça o contrário, já há muito deixámos esse estádio para trás! Para além da vingança, do castigo, da retribuição do mal, o direito de punir assegura dois outros essenciais princípios e valores: o da prevenção e o da ressocialização.

Prevenção, na medida em que a pena aplicada deve servir para desmotivar o próprio de cometer novas infrações (prevenção especial) e deve também servir para desmotivar outros de cometer infrações (prevenção geral).

Ressocialização, na medida em que o objetivo último e essencial da punição não é só retribuir, não é só também adicionalmente prevenir, é isso e ainda procurar conseguir que, no futuro, não só quem cometeu crime não volte a cometer, mas seja um elemento útil à sociedade, interiorizando o mal que fez, vendo o que deve fazer para não reincidir e atuando como um elemento válido da sociedade que, pelo seu contributo positivo futuro, de alguma forma compense os prejuízos que causou no passado.

Portanto, a minha proclamação é, pelo contrário, que os direito humanos são para serem respeitados e assegurados também aos que não são "humanos direitos". Não particularmente por eles. Sobretudo por nós. Todos!

Rui Bandeira

02 dezembro 2008

Direitos humanos X Humanos direitos

"Mãe com seus Filhos" de Adolphe Bouguereau

De mãe para mãe...
'Vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, menor, infractor, das dependências da prisão em São Paulo para outra dependência prisional no interior do Estado de São Paulo. Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter, para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela mesma transferência.Vi também toda a cobertura que os média deram a este facto, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, ONG's, etc...
Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero, com ele, fazer coro. No entanto, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual. Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto a um vídeo-clube, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite. No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias ao seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores na sua humilde campa rasa, num cemitério da periferia... Ah! Já me ia esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranquila, pois eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá, na última rebelião de presidiários, onde ele se encontrava cumprindo pena por ser um criminoso. No cemitério, ou na minha casa, nunca apareceu nenhum representante dessas 'Entidades' que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto, e talvez indicar quais "Os meus direitos". Para terminar, ainda como mãe, peço "por favor": Faça circular este manifesto! Talvez se consiga acabar com esta (falta de vergonha) inversão de valores que assola o Brasil e não só... Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!!
Este texto chegou-me via e-mail (como de costume...) e apenas lhe ajustei os parágrafos.
A história é contada como sendo passada no Brasil, mas é uma realidade em todos os países do mundo, e naqueles em que não é, é porque é pior !
Trata-se aqui de uma ideia que provavelmente anda pelo subconsciente de todos nós, responsável por sentimentos de revolta que de vez em quando explodem sem pré-aviso.
O conceito de "Direito humano", como coisa a ser usada tem muito que se lhe diga, com conteudo tão complexo que é causa para guerras, zangas, crimes dos mais trágicos, mas também para grandes uniões, "eternas" amizades.
Até onde vai o direito a recorrer aos "direitos humanos" ?
Todos os humanos têm direitos ?
Com que direito ?
Este não é um jogo de palavras, antes um pontapé de saída para discorrermos sobre "O que são os direitos humanos" ? Como se utilizam e quem os utiliza ? Qual a razoabilidade dos "direitos adquiridos" ? E esses são humanos também ?
Em Maçonaria se há algo de sagrada é claramente a intocabilidade dos "Direitos Humanos" (direito à vida, direito à Família, direito a condições de vida dignas, direito à honra,...).
Como se classifica um "direito" que colide, ou prejudica, claramente com direitos de outros ?
Vá, boa semana de trabalho. Para a semana há mais feriado !
JPSetúbal

29 novembro 2008

Para um fim de semana prolongado



Nem uma palavra a mais, alem do texto que mail Amigo me mandou.

Um jovem recém casado estava sentado num sofá num dia quente e húmido, beberricando chá gelado durante uma visita ao seu pai. Ao conversarem sobre a vida, o casamento, as responsabilidades da vida, as obrigações da pessoa adulta, o pai remexia pensativamente os cubos de gelo no seu copo e lançou um olhar claro e sóbrio para o filho.

- Nunca te esqueças dos teus amigos, aconselhou! Serão mais importantes na medida em que envelheceres. Independentemente, do quanto ames a tua família, os filhos que porventura venham a ter, sempre precisarás de amigos. Lembra-te de ocasionalmente ir a lugares com eles; faz coisas com eles; telefona para eles ...

- Que estranho conselho! Pensou o jovem. Acabo de ingressar no mundo dos casados. Sou adulto. Com certeza que minha esposa e a família que iniciaremos serão tudo o que necessito para dar sentido à minha vida!

Contudo, ele obedeceu ao pai. Manteve contacto com os seus amigos e anualmente aumentava o número deles. Na medida em que os anos se passavam, ele foi compreendendo que o seu pai sabia do que falava. Conforme o tempo e a natureza realizam as suas mudanças e mistérios sobre um homem, amigos são baluartes da sua vida. Passados mais de 40 anos, eis o que ele aprendeu:

O Tempo passa. A vida acontece. A distância separa. As crianças crescem. Os empregos vão e vêem. O amor fica mais frouxo. As pessoas não fazem o que deveriam fazer. O coração rompe-se. Os pais morrem. Os colegas esquecem os favores. As carreiras terminam. MAS... os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilómetros estão entre nós. Um amigo nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por nós, intervindo em nosso favor e esperando de braços abertos, abençoando a nossa vida! Quando iniciamos esta aventura chamada vida, não sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante.

Nem sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros.
UM ABRAÇO.

JPSetúbal

28 novembro 2008

Ser professor

A profissão de professor anda na ribalta nos últimos tempos. Por boas e más razões. Ele é a desconsideração progressiva do papel e da importância do professor, ele é o confronto sobre a avaliação dos professores, razões de uns e de outros, ora se reconhece a importância dos professores, ora se acusa os professores de não cumprirem devidamente com o seu múnus, em generalizações de sinal contrário que, por serem generalizações, são inevitavelmente erradas, já que,como em todas as profissões, há professores excelentes, bons, medianos, fracos e péssimos.

A história de hoje que,como habitualmente, recebi por correio eletrónico, cuja autoria desconheço e que editei ao meu jeito,procura mostrar como deve ser um bom professor.Não o que nunca erra.mas o que é interessado e dedicado e procura fazer o melhor possível. Quantas vezes,fazendo a diferença!

Aquela professora, apesar de sempre ter proclamado que gostava de todos os alunos por igual, olhava para Ricardo com não muito bons olhos. Notava que ele não rendia, não se dava bem com os colegas de turma e muitas vezes as suas roupas estavam sujas e cheiravam mal. Houve até momentos em que ela sentia um certo prazer em dar-lhe notas baixas, ao corrigir as suas provas e trabalhos.

No início do ano letivo, a cada professor era solicitado que lesse com atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das anotações. Ela tinha deixado a ficha do Ricardo para o fim. Mas, quando finalmente a leu foi grande a sua surpresa...

Ficha do 1º ano:

“Ricardo é um menino brilhante e simpático. Os seus trabalhos estão sempre em ordem e são muito nítidos. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele.”

Ficha do 2º ano:

“Ricardo é um aluno excelente e muito querido dos seus colegas, mas tem estado preocupado com a mãe, que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida no seu lar deve estar a ser muito difícil.”

Ficha do 3º ano:

“A morte da sua mãe foi um golpe muito duro para o Ricardo. Ele procura fazer o melhor, mas o seu pai não tem nenhum interesse e depressa a sua vida será prejudicada, se ninguém tomar providências para o ajudar.”

Ficha do 4º ano:

“O Ricardo anda muito distraído e não mostra interesse nenhum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes adormece na sala de aula.”

A professora deu-se conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada... E lembrou-se dos lindos presentes de Natal que recebera dos alunos, com papéis coloridos, excepto o do Ricardo, que estava enrolado num papel pardo. Lembrou-se que abriu o pacote com tristeza, enquanto as outras crianças se riam ao ver que era uma pulseira à qual faltavam algumas pedras e um frasco de perfume apenas meio cheio. Apesar das piadas, ela tinha tido a presença de espírito para dizer que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão. No fim do dia, Ricardo ficou um pouco mais de tempo na sala de aula do que o costume. E, já depois de todos os seus colegas terem saído, quando ele próprio se dirigia para a porta, dissera-lhe, timidamente:

- A senhora está perfumada como a minha mãe!

Passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente ao Ricardo. Com o passar do tempo, notou que o rapaz melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava. No fim do ano letivo, o Ricardo foi o melhor da turma.

Seis anos depois, recebeu uma carta do Ricardo contando que havia concluído o secundário e que ela continuava a ser a melhor professora que tivera.

As notícias repetiram-se até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Ricardo, o seu antigo aluno.

Mas a história não termina aqui...

Tempos depois, recebeu convite para o casamento de Ricardo. Aceitou o convite e, no dia do casamento, usou a pulseira que recebera do Ricardo anos antes - e também o perfume.

Quando os dois se encontraram, abraçaram-se longamente e Ricardo disse-lhe ao ouvido:

- Obrigado por ter acreditado em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença.

Ser professor não é só debitar matéria, avaliar e ser (ou não...) avaliado. Ser (bom) professor é fazer realmente a diferença, quando é preciso que ela seja feita.

Bom fim de semana e bom feriado!

Rui Bandeira

27 novembro 2008

A Maçonaria e a Revolução Farroupilha

A Maçonaria Regular não tem intervenção política e funciona dentro da legalidade vigente. Estes são dois princípios básicos e essenciais do comportamento da Maçonaria Regular em Democracia.

Mas, historicamente, nem sempre a Maçonaria assumiu esse comportamento. Umas vezes por opção própria, nomeadamente na variante dita Irregular ou Liberal, sempre mais interventiva politicamente. Outras vezes, porque a Democracia não estava presente, a tirania campeava e ser maçon, prosseguir o ideário de Liberdade que é apanágio da Maçonaria, implicou lutar pela Liberdade em falta, intervir mesmo em Revoluções.

A Itália fez-se enquanto país unificado muito graças à atuação de Garibaldi e outros maçons. A América Latina ganhou a sua liberdade e a independência de vários dos seus países graças aos esforços de Simón Bolívar e seus companheiros, muitos deles também maçons. Maçons também deram os seus esforços para a instauração da República em Portugal.

Alguns dos episódios que ajudaram a forjar a identidade brasileira também têm a intervenção decisiva de maçons. É o caso da Revolução Farroupilha, que foi desencadeada pelos membros da loja maçónica Philantropia e Liberdade, sob a direção do seu Venerável Mestre Bento Gonçalves da Silva.

Pelo seu interesse histórico, eis um extrato da sua Prancha (ou Balaústre) n.º 67, relativa aos trabalhos da sessão da Loja de 18 de setembro de 1835, que transcrevo sem qualquer edição, tal qual a descobri num artigo do Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva, professor do Colégio Militar de Porto Alegre, publicado em 7 de novembro de 2008, no jornal eletrónico Última Hora News:

Aos 18 dias do mês de setembro do ano de 1835 da E:.V:. e 5835 da V:.L:. reunidos em sua sede, sito a Rua da Igreja, Nº 67, em um lugar Claríssimo, Forte e Terrível aos tiranos, situado debaixo da abóbada Celeste do Zenith aos 30º e 5´ de Latitude da América Brasileira, ao Vale de Porto Alegre, Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, nas dependências do Gabinete de Leitura onde funciona a Loj:. Maç:. Philantropia e Liberdade, com o fim de especificadamente traçarem as metas finais para o início do movimento revolucionário com que seus integrantes pretendem resgatar os brios, os direitos e a dignidade do povo Riograndense.

A sessão foi aberta pelo Ven:. Mestre Ir:. Bento Gonçalves da Silva. Registre-se a bem da verdade, ainda as presenças dos IIr:. José Mariano de Mattos, Ex Ven:. José Gomes de Vasconcelos Jardim, Pedro Boticário, Vicente da Fontoura, Paulino da Fontoura, Antonio de Souza Neto e Domingos José de Almeida, o qual serviu como Secretário e lavrou a presente ata. Logo de início o Ven:. Mestre depois de tecer breves considerações sobre os motivos da presente reunião de caráter extraordinário, informou a seus pares que o movimento estava prestes a ser desencadeado. A data escolhida é o dia 20 do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, em nome do Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina no País.

Na ocasião, ficou acertada a tomada da Capital da Província pelas tropas dos IIr:. Vasconcellos Jardim e Onofre Pires, que deverão permanecer com seus homens nas imediações da Ponte da Azenha, aguardando o contingente que deverá se deslocar desde a localidade de Pedras Brancas, quando avisados. Tanto Vasconcellos Jardim como Onofre, ao serem informados responderam que estavam a postos aguardando o momento para agirem. Também fez ouvir o nobre Vicente da Fontoura que sugeriu o máximo de cuidado, pois certamente, o Presidente Braga seria avisado do movimento.

O tronco de Beneficência fez a sua circulação e rendeu a moeda cunhada de 421$000 contados pelo Ir:. Tes:. Pedro Boticário.

Por proposição do Ir:. José Mariano de Mattos, o tronco de Beneficência foi destinado à compra de uma Carta de Alforria, de um escravo de meia idade, no valor de 350$000, proposta aceita por unanimidade.

Foi realizada uma poderosa Cadeia de União, que pela justiça e grandeza da causa, pois em nome do povo Riograndense lutariam pela Liberdade, Igualdade e Humanidade, pediam a força e a proteção do G:.A:.D:.U:. para todos os Ir:. e seus companheiros que iriam participar das contendas.

Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos foram encerrados, afirmando o Ven:. Mestre que todos deveriam confiar nas LL:.do G:.A:.D:.U:. e como ninguém mais quisesse fazer uso da palavra, foram encerrados os trabalhos, do que, eu Domingos José de Almeida, Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que, a história através dos tempos, possa registrar que um grupo de Maçons Homens Livres e de Bons Costumes, empenhou-se com o risco da própria vida, em restabelecer o reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens, localizada no extremo sul de nossa querida Pátria.

Oriente de Porto Alegre, aos dezoito dias do mês de setembro de 1835 (E:.V:.)

18º dia do sexto mês Tirsi da V:.L:. ano de 5835.

Assinado: Ir:. Domingos José de Almeida - Secretário

Uma última nota é de fazer ressaltar: mesmo preparando uma revolução, com todas as incertezas e riscos inerentes, aquela Loja não deixou de destinar uma muito grande parte do produto do Tronco de Beneficência talvez ao mais meritório dos destinos que, na época e no lugar, podia ser destinado: à libertação de um escravo! Não há grande nem pequena liberdade. Há simplesmente Liberdade. Aqueles maçons decidiram lutar contra a tirania e em prol da Liberdade. Mas não olvidaram o dever de zelar pela libertação de quem era ainda menos dotado de liberdade do que eles: um escravo. Enquanto não era possível acabar com a escravatura, os maçons daquela Loja faziam o que era possível: acabar com ela... um a a um. O que nos deixa uma lição: por muito impossível que pareça uma empresa, por muito difícil que seja afrontar o que parece não se conseguir derrotar, é sempre possível algo fazer. Muitos poucos acabam por fazer muito!

Rui Bandeira

26 novembro 2008

O porquê do Acordo Ortográfico no blogue

Termino com este texto, ao menos por ora, uma longa série de textos dedicados ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990. Faço-o em jeito de balanço e de justificação. Sei - nunca disso duvidei! - que alguns (muitos? todos?) dos habituais visitantes deste blogue algumas das vezes, se não em todas, em que depararam com textos sobre o dito Acordo Ortográfico tiveram alguns pensamentos de impaciência: este blogue é essencialmente dedicado a desenvolver o tema da maçonaria, que cabimento tem estar aqui a divulgar e comentar esta coisa do Acordo Ortográfico? Pelo menos um obreiro da Loja Mestre Affonso Domingues manifestou-me essa impaciência, esse desencanto, a sua discordância.

Bem ciente estava do risco que corria. Além do mais, o tema é árido. E dedicar mais de duas dezenas de textos a esse árido tema foi, talvez, abusar da paciência de quem se habituou a visitar este blogue. Foram três meses, de setembro a novembro, em que, em todas as semanas, havia um texto sobre esta "seca", algumas semanas dois. Garanto-vos: também para mim o tema Acordo Ortográfico não é nada apelativo... Se vos serve de consolo, foi tão secante preparar e publicar os textos como lê-los (ou passar por cima deles sem os ler...).

Mas quem pensou que divulgar, comentar, publicar, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 não tem nada a ver com Maçonaria, pense outra vez e pense melhor!

Maçonaria não é só tratar de coisas espirituais. Maçonaria não é só lidar obscuramente com uma linguagem simbólica como meio de extrair, absorver, princípios éticos, desenvolvimentos morais, lustre espiritual. Maçonaria é, antes de tudo, acima de tudo, contra tudo, o APERFEIÇOAMENTO DO HOMEM. Em todas as suas vertentes. O Homem inteiro não é só espírito, como não é só matéria. É ambos. A Maçonaria não se destina a anular, destruir, a parte material, animal, comezinha, do Homem. Esta é tão inerente a nós como as mais nobres caraterísticas do nosso espírito. A maçonaria ajuda o Homem a dominar as suas paixões. Não a destruí-las, não a anulá-las. Isso não seria humano, não seria natural. E as regras da Natureza são as que são, assim foram instituídas pelo Criador, grossa prosápia seria presumir que se pode alterá-las!

A Maçonaria, na sua forma e prática atuais, conformou-se no século XVIII, a partir dos princípios do Iluminismo. Não postula que o maçon se esgote em esotéricos pensamentos sobre os mais recônditos resquícios do seu espírito e os mais etéreos níveis a que desejará elevá-los. Isso também - com conta, peso e medida - tem lugar, mas a Maçonaria é essencialmente um método de aperfeiçoamento do Homem Inteiro. E uma das formas por que se manifesta esse propósito é pela aquisição e aprofundamento de conhecimentos. A ideia não é fazer de brutos incultos e ignorantes especialistas em espiritualidades etéreas. A ideia é precisamente mostrar, praticar, que a Ciência e a Espiritualidade não são opostas, mas complementares. O maçon deve trabalhar no seu aperfeiçoamento moral e espiritual, mas simultaneamente deve também melhorar, elevar-se, aprender, na vertente do conhecimento das Artes e das Ciências.

Também para o maçon - diria que principalmente para o maçon! - o saber não ocupa lugar. Mais: é pelo hábito de saber, de estudar, de aprender, que o maçon também se aperfeiçoa, cresce, é mais homem e, sendo-o, se aproxima do ideal digno da sua natureza.

Uma das tarefas que se pede aos maçons é que produzam trabalhos e os apresentem aos seus irmãos. Para que aprendam e ensinem. E, todos juntos, um pouco todos melhorem. Esses trabalhos não devem ser apenas sobre simbologia, espiritualidade, etéreos temas. Devem ser também sobre conhecimento, puro e simples, puro e duro. Cultura geral. Divulgação. Estudo. Saber. Porque o maçon cultiva-se, também como forma de se aperfeiçoar. De resto, um período específico da formação do maçon é dedicado ao estudo de si próprio, das Artes e das Ciências.

Imaginemos um homem que se dedicava a exercitar, a muscular, a desenvolver, apenas o braço direito. Possivelmente lograria vir a ter um desenvolvidíssimo bíceps direito, um forte antebraço direito, uma mãozorra direita, tudo amplamente desenvolvido. Mas continuaria a ser um lingrinhas atrofiado no braço esquerdo e no resto do seu corpo... Melhoraria? Estaria mais perfeito? Não! Pelo contrário, estaria desequilibrado e com um aspeto antinatural. Seria pior a emenda que o soneto. Porque não se teria cuidado do desenvolvimento, do exercício, da melhoria HARMONIOSA de todo o corpo e ter-se-ia, ao contrário, criado uma aberração, um lingrinhas sobremusculado num, e só num, braço...

A mesma coisa sucederia se o maçon apenas cuidasse do seu espírito, dos seus princípios morais, das suas crenças religiosas, descurando a manutenção e aperfeiçoamento dos conhecimentos científicos e sociais. Seria melhor? Estaria mais perfeito? Não! Seria apenas um bruto ignorante armado em beato...

A Sociedade moderna, pelas suas exigências, pela sua competitividade, dá muita atenção à aquisição de conhecimentos técnicos e científicos. Daí que seja natural que os maçons alertem para a necessidade de contrabalançar com o cuidado com os valores morais e espirituais, para que o desenvolvimento do homem seja harmonioso, total, equilibrado. Mas, quando o maçon depara com tema ou assunto que desconhece, ou conhece mal, pode e deve buscar melhorar o seu conhecimento sobre ele e partilhá-lo com seus irmãos.

Não se pede que os maçons sejam especialistas de tudo. Aliás, a ideia não é que um maçon, quando elabora e apresenta trabalhos em Loja, debite amplos, extensos, profundos conhecimentos especializados. A loja maçónica não é propriamente o local adequado para se debater as dificuldades técnicas da escolha, combinação e aproveitamento dos combustíveis adequados à propulsão de nave interplanetária, tendo em conta as necessidades de aprovisionamento, velocidade pura prolongada e manobrabilidade da nave propulsada... A ideia é o maçon dedicar-se a estudar algo que não saiba, ou não saiba convenientemente, e com isso aprenda algo e partilhe o que aprendeu com os demais. Também!

E não se estudam só temas agradáveis. Os áridos também estão diante de nós para que também sobe eles aprendamos um pouco.

Por isso entendi que era útil estudar o que era o Acordo Ortográfico, as mudanças que trazia, como se devia passar a escrever. E decidi partilhá-lo com todos os que por este blogue passam. Em conjunto e em simultâneo com as minhas habituais considerações sobre temas mais estritamente (tradicionalmente?) maçónicos. No fundo, como diz o Povo, nem sempre sardinha, nem sempre galinha...

Ou seja, quero eu dizer cá no meu estilo arrevesado que aprender e divulgar como se deve corretamente escrever é tão maçónico, tão útil, tão indispensável, para a prossecução do objetivo de aperfeiçoamento buscado pelo maçon como perorar, especular, sobre o mais profundo tema esotérico. Por isso decidi assumir o risco de vos enfastiar com a publicação de 21 Bases mediocremente comentadas e mais uma resenha das principais alterações resultantes do Acordo Ortográfico.

O que não quer dizer que não seja com algum alívio que ponha ponto final no assunto...

Rui Bandeira

25 novembro 2008

"Novas do interior da terra"

Saindo do meu buraco, onde de facto ando escondido não por medo do que quer que seja mas por necessidade de isolamento para prosseguir com o meu novo projecto profissional, venho aqui falar de duas ou tres coisas que vos deixarão de agua na boca.

Pois eu sou assim !!

Em 12 de agosto ( com letra minuscula depois de ler os artigos do acordo ortográfico) deste ano anunciei a versão beta do http://www.rlmad.net/ hoje venho cá dar novas dele, mas sobretudo do que nele existe e que só está ao alcance de um punhado de pessoas.

Desde agosto até hoje o site foi sendo desenvolvido pelo A.Jorge de forma fantástica. A Loja como entidade responsável tratou de aprovar uma politica editorial para o mesmo, criando para tal um regulamento de utilização do site e nele definindo a politica de acessos.

Como não sou muito mau, quero chamar a vossa atenção para um documento notável publicado recentemente no http://www.rlmad.net pelo Irmão Alexis Botkine ( e escrevo o seu nome completo porque ele deu autorização para tal afirmando " estou orgulhoso de ser Maçon"). Este documento lido em Loja em 1999 ( fará 10 anos em janeiro) é uma resenha do que foi o trabalho da Maçonaria Internacional para trazer a Regularidade para Portugal e o empenho do Alexis neste movimento.

Digo eu - é com orgulho que afirmo que sou da mesma loja do Alexis. Aprendi com ele, nao por ensinamento directo mas por ouvir ( e manter-me em silencio mesmo depois de ser Mestre, mesmo depois de ter sido Veneravel, mesmo depois de ter sido inumeras vezes Grande Oficial) o mester de Organista.

Ouvi-o durante mais de 10 anos, com atenção.

Por isso quando a Loja decidiu em Setembro deste ano prestar-lhe justa homenagem foi com grande alegria que suportei essa inciativa e que consistiu em torna-lo Antigo Veneravel Mestre de Honra da Loja Mestre Affonso Domingues. Cerimónia feita a dois tempos e à qual o MR Grão-Mestre Mario Martin Guia fez questão de se associar agraciando o Alexis com mais uma distinção honorifica concedida pela Grande Loja e sendo ele Grão Mestre a conduzir os trabalhos para dessa forma prestar ainda maior homenagem a quem de pleno direito a mereceu.

Passando à parte da inveja, a que vos vou causar.

Na zona restrita do site, estão a ser paulatinamente colocadas pranchas apresentadas em Loja ao longo destes 18 anos, sendo recuperadas dos nossos arquivos e disponibilizadas para leitura. Felizes nós os que temos acesso a preciosidades. Textos de qualidade inegável que voltam a ver a luz do dia e a terem o que merecem, serem lidos.

Tenho consciencia que o trabalho é duro e que ainda nao vai sequer a meio, mas o resultado é fantástico e permite (-me) ter o gozo de ler o que havia ouvido, ou mesmo ler pela primeira vez o que nao havia ouvido.

Quando vamos vivendo a Loja, não temos ( eu pelo menos) a noção do acervo que vai sendo criado, da qualidade de trabalho produzido. Com esta publicação é quase surpreendente.

Ler pranchas de aprendiz escritas por Irmãos que hoje já são antigos Veneraveis permite ver que o percurso que seguiram era mesmo esse e não outro e que quando no passado foram aposta para um dia vir a dirigir a Loja, era porque de facto era esse o designio.

Fiquem com a inveja de não poderem partilhar estas pérolas, mas leiam as pranchas publicas que aí encontrarão já muita qualidade. E quem sabe se um dia estes Irmãos que hoje pretendem ficar na reserva de identidade passam a poder /querer aparecer publicamente e aí os seus trabalhos também possam ser do dominio publico.


José Ruah

24 novembro 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - Resumo das alterações

Estando publicadas no blogue as 21 Bases do Acordo Ortográfico, comentadas, julgo útil deixar agora um resumo das principais alterações resultantes do mesmo, em relação às normas de escrita antecedentes.

Alterações em todos os países

- Supressão do acento em palavras paroxítonas (graves) com o ditongo "oi" : boia, joia, heroico, asteroide.

- Supressão do acento anteriormente existente para distinção de outras palavras: "para lá com isso", "o pelo do cão", "o polo norte", "comer uma pera".

- Supressão do acento na terceira pessoa do plural em diversos tempos dos verbos "dar", ver e "ler": "deem", "veem", "leem"

-Eliminação de hífen em várias palavras compostas, em que o segundo elemento começa por "r" ou "s" (dobrando a consoante) ou por vogal diferente de vogal final do primeiro elemento: "minissaia", "contrarregra", "antissemita", "antirreligioso", "extraescolar".

- Eliminação de hífen nas formas monossilábicas do verbo "haver" seguidas de "de": "hei de", "hás de", há de", hão de".

- Utilização de hífen nas palavras compostas em que o primeiro elemento termina na mesma vogal com que se inicia o segundo: "arqui-inimigo", micro-ondas".

Alterações no Brasil, unificando com a norma já usada em Portugal e restantes países lusófonos

- Supressão do trema (¨): "linguiça", "sequência", "frequência", "pinguim", "cinquenta".

- Eliminação dos acentos nas palavras terminadas em "eia" e "oo": "assembleia", "ideia", "europeia", "voo", "abençoo", "enjoo".

Alterações em Portugal e restantes países lusófonos, unificando com a norma já usada no Brasil

-
Eliminação das consoantes mudas: "ação", "acionar", "abstração", abstrato", "ato", "atual", "ativar", "adjetivo", "adotar", "afetivo", antártico", "Antártida", "Ártico", "arquiteto", "atração", "atrativo", "bissetriz", "coleção", "contração", "correção", "correto", "dejeção", "descontração", "dialeto", "didático", "direção", "direcionar", "direto", "diretor", "efetivo", "efetuar", "Egito", "elétrico", eletrónico", "espetáculo", "estupefação", "exato", "exceção", "exceto", "extrato", "fatura", "fração", "fratura", "injeção", "inspetor", "letivo", "objeção", "objeto", "ótico", "ótimo", "profilático", "projeto", reação", "redação", "respetivo", "seleção", "subtração", "subjetivo", "teto", "tração", "trajeto".

- Utilização de letra inicial minúscula nos nomes dos meses, estações do ano e pontos cardeais: "janeiro", "fevereiro", "março", i"abril", "maio", "junho", "julho", "agosto", "setembro", "outubro", "novembro", "dezembro", "primavera", "verão", "outono", "inverno", "norte", "sul", "este", "nascente", "oeste", "poente".

Dupla grafia de palavras diferentemente pronunciadas em Portugal e nos restantes países lusófonos e no Brasil

- Palavras em que determinada consoante ou é muda ou é pronunciada: "facto" / "fato", "abjeto" / "abjecto", "adoção" / "adopção", "afeção" / "afecção", "afetar" / "afectar", "afeto" / "afecto", "amígdala" / "amídala", "amnistia" / "anistia", "anticoncecional" / "anticoncepcional", "cato" / "cacto", "conceção" / "concepção", "contraceção" / "contracepção", "receção" / "recepção", "súbdito" / "súdito".

- Variações ao nível da acentuação de "e" e "o": "académico" / "acadêmico", "afónico" / "afônico", "Amazónia" / "Amazônia", "anatómico" / "anatômico", "anónimo" /anônimo", "antimónio" / "antimônio", "antónimo" / "antônimo", "António" / "Antônio", "antropónimo" / "antropônimo", "Arménia" / "Armênia", "arménio" /"armênio", "astrónomo" / "astrônomo", "atómico" / "atômico", "atónito" / "atônoto", "autómato" / "autômato", "autónomo" / "autônomo", "bebé" / "bebê", "binómio" / "binômio", "blasfémia" / "blasfêmia", "Boémia" / "Boêmia", "maçónico" / "maçônico".

Portanto, para tirar alguma dúvida, basta consultar este resumo. Se necessário, a noção mais completa adquire-se através da consulta da Base respetiva do Acordo Ortográfico.

Rui Bandeira

22 novembro 2008

PFFFFffffffffffmmmmmm, apagou-se !

Meus Queridos Irmãos, Amigos, conhecidos e os outros, mais assim ou menos assim... um agradecimento infinito pelos telefonemas, pelas mensagens, por tudo o que significou lembrarem-se de mim.
Quando um Amigo se põe a escrever sobre outro há uma tendência natural para o empolamento, e o Rui não evitou o descuido.
Pior do que isso, foi de propósito !

Outra questão tem a ver com a fotografia do bolo. Não entendo onde ele foi buscar aquilo.
Nota-se claramente que aquele bolo não foi o meu, e mesmo que não goste de chocolate não é razão para inventar coisas destas.


Mas passando estas questões de somenos ao Oriente Eterno vamos às importantes, e essas são as muitas mensagens fraternas, amigas, que recebi.

Sempre ouvi dizer que não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo. Começo a preocupar-me com as minhas capacidades porque me parece que o GADU me deixou um dote especial para convencer "o próximo" de que sou um gajo pachola.
São capacidades... e Vocês, se só conseguem ser honestos, desistam ! Não vão longe.
Se não conseguem enganar ninguém, então o que é andam para aí a fazer ?
Montem um banco... Façam-se presidentes de um clube de futebol... Concorram à Câmara de Felgueiras... ... ... Fiquem espertos...

Vejam o meu exemplo, ainda não cheguei a nada disso e mesmo assim "é só abraços e beijinhos..." Ainda estou "teso que nem um carapau" e já consegui enganar uma data deles ! Quando fôr rico... áh, áh, vai ser o bom e o bonito. Hei-de enganar muitos mais, e não é gente assim pobretana, ranhosa, como Vocês, há-de ser gente da grande, da boa, Presidente da Junta para cima !
Ainda vão ouvir falar de mim! Ponto final nesta brincadeira.

Agora tenho que pôr o meu ar sério para aproveitar uma dica sobre o tema de um texto de há dias atrás, (Mau-gosto) que o Rui "postou", de alguma forma com o sentido de acertar a hora a algum espírito atrasado que anda por aí.

Tal como o Rui também não conheço Paulo Teixeira Pinto pessoalmente. Por várias vezes estivemos muito próximo, nunca falamos porque nunca foi necessário nem se proporcionou a ocasião, mas sempre fiquei com a imagem de uma pessoa muito afável, de porte extremamente educado e cordial.
O facto de saber que pertencia à "Opus Dei" nunca me causou confusão na apreciação que humanamente fazia dele. Digamos que era daqueles casos que às vzes me leva a pensar... "olha que pena... andar metido naquilo", mas isso francamente não pode e não tem na realidade qualquer significado porque hoje há de certeza vários que pensarão exatamente o mesmo de mim e eu cá estou bem, obrigado. A razão é outra, mas a conclusão idêntica.

Acontece que ainda há bem pouco tempo estive junto de PTP. Fui convidado para assistir no passado dia 11 ao lançamento de um livro (Jacarandá e Mulemba) da autoria de António Costa Silva e de Nicolau Santos (o do Expresso) e lá encontrei PTP, atualmente responsável pela Editora da obra. Independentemente da apreciação política, religiosa, comportamental que se possa fazer a alguém, a dimensão humana tem que estar acima de todas as outras apreciações, justas ou não.
E o que me aparece agora, em PTP, é alguém com uma dimensão humana muito acima da média que anda por aí.

A frase que feriu a sensibilidade do Rui, é perfeita. Define claramente o autor, confessadamente "companheirão" de Jardim Gonçalves que como é conhecido publicamente, é "santinho" capaz de milagres. Pelo menos o de multiplicar o dinheiro para o filho estoirar. E como tenho mau feitio apetece-me comentar: - Ainda bem que está na Opus Dei. É o sítio certo. Deixe-se ficar que está bem. E para amigo... ... ... bom tenho a certeza que este não foi um dos que me telefonou !!!

JPSetúbal