20 dezembro 2007

Interstício

Interstício quer dizer solução de continuidade, o intervalo entre duas superfícies da mesma ou diferente natureza.

A Maçonaria utiliza a expressão em termos de tempo. Interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre dois factos. Designadamente , interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre a Iniciação do Aprendiz e a sua Passagem a Companheiro e também o tempo que se impõe decorra entre essa Passagem e a Elevação do Companheiro a Mestre.

O interstício é uma regra que admite excepção: o Grão-Mestre pode dele dispensar um obreiro e passá-lo ou elevá-lo de grau sem o decurso do tempo regulamentar ou tradicionalmente observado. No limite, a Iniciação, Passagem e Elevação podem ocorrer no mesmo dia. Mas a dispensa de interstícios é rara – deve ser verdadeiramente excepcional – e só por razões muito fortes deve ocorrer.

Assim sucede genericamente na Maçonaria Europeia. Já a Maçonaria norte-americana é muito menos exigente neste aspecto, sendo corrente a prática de conferir os três graus da Maçonaria Azul num único dia. Esta é aliás, uma consequência e também uma causa das diferenças entre as práticas e as tradições maçónicas em ambas as latitudes. Mas impõe-se observar que algumas franjas da Maçonaria norte-americana, designadamente nas Lojas que se consideram de Observância Tradicional, se aproximam, neste como noutros aspectos, da prática europeia.

A razão de ser do interstício é intuitiva: há que dar tempo para o obreiro evoluir, para obter e trabalhar os ensinamentos, as noções, transmitidas no grau a que acede, antes de passar ao grau imediato. Em Maçonaria busca-se o aperfeiçoamento e este não é, nem instantâneo (instantâneo é o pudim...), nem automático. Depende de um propósito, de um esforço, de uma prática consciente e perseverante. É um processo. E, como processo que é, tem fases, tem uma evolução que se sucede ao longo de uma lógica e de um tempo. Por isso, em Maçonaria não se tem pressa. O tempo de maturação, o tempo de amadurecimento, a própria expectativa, são essenciais para um harmonioso desenvolvimento individual.

Os graus e qualidades maçónicos não constituem nada, apenas ilustram, representam, emulam a realidade do Ser e do Dever Ser. Não se tem mais qualidades por se ser maçon (embora se deva ter qualidades para o ser...). Há muito profano com mais valor e maior desenvolvimento espiritual e pessoal do que muitos maçons, ainda que de altos graus e qualidades. Para esses os maçons até criaram uma expressão: maçon sem avental. Mas procura-se ilustrar com a qualidade de maçon a tendência para a excelência, a busca do aperfeiçoamento. O Mestre maçon não é, por decreto ou natureza, necessariamente melhor ou mais perfeito do que o Companheiro ou o Aprendiz. Mas com os graus a maçonaria ilustra um Caminho, um Processo, para a melhoria de cada um. Há por aí muito Aprendiz que é mais Mestre de si próprio que muito Mestre de avental com borlas ou dourados. Mas o mero facto de ter de fazer a normal evolução de Aprendiz para Companheiro e de Companheiro para Mestre potencia o que já é bom, faz do bom melhor, do melhor, óptimo e do óptimo excelente.

Assim, em Maçonaria consideramos profícuo e valioso que o profano que pediu para ser maçon aguarde, espere, anseie, pela sua Iniciação. E que o Aprendiz tenha de o ser durante o tempo estipulado e tenha de demonstrar expressamente estar pronto para passar ao grau seguinte, por muito evidente que essa preparação seja aos olhos de todos; e o mesmo para o Companheiro passar a Mestre; e idem para o Mestre começar a ver serem-lhe confiados ofícios; e também para o Oficial progredir na tácita hierarquia de ofícios e um dia chegar a Venerável Mestre.

Tempo. Paciência. Evolução. De tudo isto é tributário o conceito de interstício, tal como é aplicado em Maçonaria.

O interstício pode ser directamente fixado, regulamentar ou tradicionalmente, ou resultar indirectamente de outras estipulações. Por exemplo, na Loja Mestre Affonso Domingues consideramos que não é o mero decurso do tempo que habilita um obreiro a aceder ao grau seguinte. Mas reconhecemos que o decurso de um tempo razoável é necessário. Estipulámos, assim, no nosso Regulamento Interno, que o interstício para que um obreiro possa aceder ao grau seguinte seja constituído pela presença a um determinado número de sessões. Com isso, estipulamos que uma certa assiduidade é condição de acesso ao grau seguinte e, como a Loja reúne duas vezes por mês, onze meses por ano, indirectamente fixamos um período de tempo mínimo de permanência no grau. Os nossos Aprendizes, quando passam a Companheiros, merecem-no! E os nossos Companheiros, quando são elevados a Mestres estão em perfeitas condições de garantir a fluente prossecução dos objectivos da Loja, incluindo a formação dos Aprendizes e Companheiros. Nós não temos pressa...

Rui Bandeira

19 dezembro 2007

O trabalho do Aprendiz

O Aprendiz, após a sua Iniciação, não tem apenas de se integrar na Loja. Essa integração, se bem que necessária, é apenas instrumental da sua actividade maçónica.

O Aprendiz, logo na sua Iniciação e imediatamente após a mesma, é confrontado com uma panóplia de símbolos variada, complexa e de grande quantidade. Uma das vertentes importantes do método maçónico é o estudo e conhecimento dos símbolos, o esforço da compreensão e apreensão do seu significado.

Aprender a lidar com a linguagem simbólica, a determinar os significados representados pelos inúmeros símbolos com que a Maçonaria trabalha é, sem dúvida, uma vertente importante dos esforços que são pedidos ao Aprendiz. É uma vertente tão mais importante quanto ninguém deve “ensinar” o significado de qualquer símbolo ao Aprendiz. Quando muito, cada um pode informá-lo do significado que ele dá a um determinado símbolo. Mas nunca poderá legitimamente dizer ao Aprendiz que esse é o significado correcto, que esse é o significado que o Aprendiz deve adoptar. O Aprendiz pode adoptar o significado que o seu interlocutor lhe transmitiu ser a sua interpretação, mas apenas se concordar com ele. Se atribuir acriticamente a um símbolo um significado apenas porque alguém lhe disse entendê-lo assim, está a agir preguiçosamente, não está a trilhar bem o seu caminho.

Não quer isto dizer que o Aprendiz não deva, não possa, atribuir a determinado símbolo o mesmo específico significado que outro ou outros lhe atribuem. Aliás, diversos símbolos são generalizadamente vistos da mesma maneira pela generalidade dos maçons. Mas cada um deve meditar sobre o símbolo, procurar entender o que significa, por ele próprio. Pode – não há mal nenhum nisso! – ouvir a opinião de outros, aperceber-se que significado ou significados outros lhe dão. Ao fazê-lo, está a beneficiar do trabalho anteriormente realizado por seus Irmãos e é também para isso que serve a Maçonaria, é também essa a riqueza do método maçónico. Mas deve, é imperioso que o faça, analisar, reflectir sobre o que lhe é dito, verificar se concorda ou discorda, em quê, em que medida e porquê. e então extrair ele próprio a sua conclusão e adoptá-la como a que entende correcta. Pode ser igual à dos seus Irmãos; pode ser semelhante, mas levemente diferente; ou pode ser muito ou completamente diferente. Não importa! Ninguém lhe dirá, ninguém lhe pode legitimamente dizer, que está errado. É a sua interpretação, a que resultou do seu trabalho, da sua análise, é a interpretação correcta para ele. E tanto basta! E se porventura mais tarde, com nova análise, com os mesmos ou outros ou mais elementos, vier a modificar a sua interpretação, tudo bem também! Isso corresponde a evolução do seu pensamento, que ninguém tem o direito ou legitimidade para contestar!

Ainda que beneficiando da sinergia do grupo, da ajuda do grupo, das contribuições do grupo, o trabalho do maçon é sempre individual e solitário! E também, inegavelmente, difícil. É todo um novo alfabeto que, mais do que aprender, o Aprendiz maçon está a criar e a aprender a criar!

Não é, ainda, porém, esse o principal trabalho do Aprendiz maçon. É um trabalho importante, é sobre ele que deverá, a seu tempo, mostrar a sua evolução, mas ainda assim é apenas um trabalho instrumental.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é, afinal, o de se aperfeiçoar a ele próprio. Incessantemente. Incansavelmente. Interminavelmente. Ou melhor, só terminando no exacto momento em que deixa esta dimensão do Universo e passa ao Oriente Eterno. O verdadeiro trabalho do Aprendiz é trabalhar a sua pedra bruta e dar-lhe, pacientemente, diligentemente, a regular forma cúbica que harmoniosamente se integre na grande construção universal projectada pelo Grande Arquitecto do Universo!

A pedra bruta a aparelhar é ele próprio, as asperezas a retirar são as suas muitas imperfeições, os seus defeitos, os seus deméritos, a forma a trabalhar e a tornar regular e harmoniosa é o seu carácter.

Este trabalho nunca está concluído. Por mais lisa que esteja a sua pedra, por mais regular e harmoniosa que esteja a sua forma, nunca está perfeita, pode e deve sempre aprimorá-la, alisá-la ainda um pouco mais, dar-lhe ainda melhor proporção.

Este trabalho é o verdadeiro, o importante, o essencial trabalho do Aprendiz maçon e é-o para toda a sua vida. É, portanto, também o trabalho do Companheiro e do Mestre maçon. Por isso o Mestre maçon que seja realmente digno dessa qualidade só se pode considerar, ainda e sempre, um Aprendiz e continuar, prosseguir, com perseverança, o sempiterno trabalho de se aperfeiçoar, de trabalhar a pedra bruta, que por muito cúbica que esteja, deverá sempre ver como bruta em relação ao que deve estar, ao que ele pode que esteja, ao que deve aspirar que seja, esperando que, chegada a hora, algum préstimo tenha.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é, tão só, o trabalho de ontem, de hoje e de sempre, do maçon, qualquer que seja o seu grau e qualidade: melhorar. melhorar e, depois disso, melhorar ainda! Tudo o resto é apenas instrumental!

Rui Bandeira

18 dezembro 2007

A Família e o Século XXI


Estes 2 dias tenho estado com um casal amigo que numa espécie de férias saltaram da Madeira para o centro da Europa regressando agora a Lisboa, na volta para a Madeira.
Ele é de origem brasileira, ela de origem beiroa/madeirense, e entre os vários temas que nas nossas conversas sempre saltam com enorme facilidade e fluência um houve que deu origem a um aprofundamento especial.
Falava-se da actualidade da relação homem/mulher, versus casamento, procriação e educação de filhos, constatando-se o divórcio entre a juventude actual e laços da família que nos criou..

Considero tratar-se de uma questão para ser profundamente analisada, criticada e necessitando de uma consciencialização a todos os níveis da sociedade, pelo que trago aqui alguns excertos das várias facetas da questão.

É absolutamente necessário que a discussão do tema se generalize, a fim de que todos tomem consciência de qual a situação, quais as causas e qual a correspondência entre as causas e os efeitos que observamos e dos quais nos queixamos, muitas vezes sem qualquer interesse na procura de uma solução.
Frequentemente apenas por comodismo.
Comodismo relativamente ao trabalho de pensar, comodismo relativamente à procura da solução e à respectiva aplicação prática, se encontrada.

Pertenço à geração que viu nascer a telefonia e depois a televisão, o telefone, o telex, o fax, o telemóvel, a Internet… Tudo isto no tempo de uma geração.
Igualmente vi aparecer o automóvel, o avião, o comboio rápido, os foguetões, a ida à Lua, os passeios fora do globo terrestre.
Numa geração passámos do burro ao foguetão.

Isto é uma revolução tremenda, nos hábitos, nas possibilidades do conhecimento, na diminuição dos tempos de acesso à informação e consequentemente ao mundo.
Hoje assiste-se à guerra em directo, ao vivo e a cores.
Tudo ficou enormemente mais rápido, a necessidade de “ferramentas” para o dia a dia cresceu aceleradamente, descontroladamente.

Quando nos anos de 60 do século passado se estudava a revolução industrial, de facto não sabíamos o que estávamos a estudar nem a dimensão real do fenómeno que alunos e professores procuravam compreender e explicar.

(Um parêntesis para um momento pessoal de recordação a um professor extraordinário que me trouxe discussões profundíssimas sobre o homem e o seu comportamento societário. É a recordação saudosa do meu querido Prof. Adérito Sedas Nunes.)

Esta aceleração descontrolada dos factos da vida diária, a necessidade de dispor de novas e em maior número, ferramentas de defesa para o dia a dia, originou um crescendo de novas necessidades, de facto de novas exigências.
Como as alterações salariais não acompanharam esta aceleração, a situação económica/financeira das famílias ficou com necessidade de responder a situações para as quais os orçamentos familiares não tiveram resposta.
A consequência foi o aumento da participação familiar no esforço produtivo, tentando obter o acréscimo de valor necessário às novas modas e aos novos standards.

Foi assim que a estrutura da família baseada no trabalho externo do homem e interno da mulher, se alterou profundamente.
A mulher teve de sair de casa para trabalhar no exterior, acompanhando o homem nesse esforço, não deixando substituto para as tarefas diárias da casa e do acompanhamento dos filhos.

A mulher como eixo central da família, educadora, aglutinadora dos componentes familiares desapareceu não deixando substituto.
Como até hoje não foi possível encontrar qualquer estrutura de substituição, a sociedade procura uma adaptação à realidade que se tem mostrado bem complexa.

As máquinas são fáceis de substituir. Os sentimentos não, e é de sentimentos que se trata.


JPSetúbal

14 dezembro 2007

O exemplo do burro

Um dia, o burro de um camponês caiu num poço. Não chegou a ferir-se, mas não podia sair dali por conta própria. Por isso, o animal zurrou durante horas, enquanto o camponês pensava em como o poderia ajudar. Finalmente, o camponês tomou uma decisão cruel: concluiu que o burro já estava muito velho e que o poço já estava seco e, de qualquer forma, precisava de ser tapado. Portanto, não valia a pena esforçar-se para tirar o burro de dentro do poço. Pelo contrário, chamou os vizinhos para o ajudarem a enterrar o burro vivo, aterrando, ao mesmo tempo, o poço. Cada um deles pegou numa pá e começou a deitar terra dentro do poço. O asno não tardou a aperceber-se do que lhe estavam a fazer e zurrou desesperadamente.

Porém, para surpresa de todos, o burro acalmou-se , depois de ter levado em cima com algumas pazadas de terra. O camponês olhou para o fundo do poço e surpreendeu-se com o que viu. A cada pazada de terra que caía no seu lombo, o burro sacudia a terra e logo dava um passo sobre essa mesma terra, que caía ao chão. Assim, em pouco tempo, todos viram como o burro conseguiu chegar até à boca do poço, passar por cima da borda e sair dali a trote.

A vida atira-nos muita terra. Todos os tipos de terra. Principalmente se já estivermos dentro de um poço. O segredo para sair do buraco é sacudir a terra com que se leva e dar um passo em cima dela. ada um dos problemas que se nos deparam e que é superado é um degrau que nos conduz para cima. Podemos sair dos mais profundos fossos, se não nos dermos por vencidos: usemos a terra que nos atiram para seguir adiante!

Desta pequena história podemos retirar cinco lições que nos ajudarão a ser felizes:

1.ª - Devemos libertar-nos do ódio e do desespero, que só pioram a nossa situação.

2.ª - Devemos libertar a nossa mente de preocupações exageradas, que só prejudicam o nosso raciocínio.

3.ª - Devemos simplificar a nossa vida, buscando soluções simples para o que só aparentemente é complicado.

4.ª - Devemos dar mais e esperar menos, pois assim não nos desiludiremos.

5.ª - Devemos amar mais e... aceitar a terra que nos atiram, pois ela pode ser uma solução, não um problema!

Adaptação minha de texto de autor desconhecido.
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Nas próximas segunda, terça e, eventualmente, quarta-feira, estarei ausente e sem ligação à Rede, que me permita publicar textos no blogue. Regressarei quarta ou quinta-feira, por alguns dias, antes de fazer uma pausa de Natal e Ano Novo. De qualquer forma, continuem a espreitar o blogue. Há mais autores a escrever aqui...

Rui Bandeira

13 dezembro 2007

Desafio

Lido na edição electrónica do Diário da Serra, de Tangará da Serra, Mato Grosso, Brasil, em artigo de 13/12/2007, de Luciano Góis:

A loja Maçônica 13 de Maio realizou na noite da última terça-feira, 11, um torneio de confraternização envolvendo seis equipes. As equipes foram formadas por jogadores que treinam durante a semana no campo da Maçonaria e outros jogadores que foram convidados, com o propósito de confraternizar e colaborar também com o Lar dos Idosos. Cada atleta doou um produto de limpeza, que foram entregues ao Lar dos Idosos.

Como se vê, Maçonaria não é necessariamente sisudez nem preocupação com aperfeiçoamento. Pode muito bem ser também divertimento, desporto, confraternização.

Afinal de contas, mens sana in corpore sano (mente sã em corpo são) é uma condição que já na antiga Roma se entendia como desejável (por isso é que criaram o brocardo que ainda hoje é utilizado...).

Repare-se ainda como judiciosamente se junta o útil ao agradável: convívio, confraternização, desporto, mas também solidariedade. O torneio foi um pretexto para ajudar o Lar de Idosos em algo que, manifestamente, lhe é útil: produtos de limpeza. E sem um grande custo individual: a "inscrição" de cada jogador para o torneio foi um produto de limpeza. Os produtos recolhidos foram então doados ao lar de Idosos.

Simples, fácil, eficaz!

Esta pequena notícia ensina-nos uma coisa, pelo menos: é possível ajudar, sem necessidade de grandes organizações, grandes esforços. Um pouco de imaginação chega para poder ajudar.

Aprendamos, pois.

A propósito, e se arranjássemos uma brincadeirinha do género cá no nosso cantinho europeu? Que tal um ou mais jogozitos de Futebol de 5? O José Ruah, que dizem que é craque - e, se for, é um craque de peso, basta olhar para ele... - é que podia organizar uma equipa da Mestre Affonso Domingues!

Eu, como o meu departamento é mais o de lançar ideias para o ar e ver se alguém as agarra, avanço já com o desafio: há para aí uma Loja Maçónica que queira medir forças (com a Sabedoria disponível e a Beleza possível) no Futebol de 5 com a Loja Mestre Affonso Domingues? Cá por mim, como é uma actividade profana, estendo o desafio também às Lojas do GOL. Condição essencial: haverá que combinar previamente o que cada jogador deve dar, como taxa de inscrição, para posteriormente ser entregue a uma instituição de solidariedade acordada entre ambas as Lojas.

Quem sabe? Há ideias assim malucas que prosperam... Já viram se, pontapé aqui, golo acolá, um dia se chegasse a um Grande Torneio de Futebol de 5 Maçónico, com direito a transmissão televisiva na Sport TV e tudo? Com os respectivos direitos de transmissão a reverterem para Solidariedade? Deixem-me sonhar...

Rui Bandeira

12 dezembro 2007

Videojogo desvenda os "segredos maçónicos"

Querem saber como é o Ritual de Abertura de uma Loja Maçónica? Como decorre uma Cerimónia de Iniciação? Mais: querem conhecer todo o Ritual de Iniciação? Incluindo Palavras de Passe e Sinais?

Querem?

Então, não seja por isso! O A Partir Pedra está aqui para vos iluminar...

Fiquem então sabendo que está disponível, para descarga gratuita para o vosso computador um pequeno e simples videojogo que desvenda tudo isso. Trata-se de um videojogo graficamente muito primário, que tem por objectivo fornecer informação sobre o que é a Maçonaria. E se fornece informação! Informa tudo, digo-vos eu! Garanto que tudo o que acima referi é facilmente sabido através do dito videojogo, sem especial dificuldade.

Há só dois senãos (há sempre senãos...).

O primeiro é que o videojogo está todo em inglês. Só quem dominar essa língua pode obter os conhecimentos assim desvendados.

O segundo é que esse videojogo foi elaborado por um maçon americano e mostra como abre uma Loja americana, como é feita uma Iniciação na América, quais são os sinais e palavras de passe em uso na Maçonaria Americana, tudo segundo o Ritual de Webb.

Mas garanto que todas as informações que são dadas são fidedignas e correctas! Algumas coisas são iguais ao que se faz no Rito Escocês Antigo e Aceite. Outras são semelhantes. Outras ainda são diferentes, mas facilmente reconhecíveis por um Maçon do REAA. Outras são diferentes.

Pessoalmente, acho o Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite muito mais rico e simbolicamente mais interessante. Acho a Cerimónia de Iniciação do Rito Escocês Antigo e Aceite, de longe, muito mais impressiva e marcante. Mas eu sou suspeito, confesso...

De qualquer forma, quem quer ter uma noção, certa em relação à Maçonaria Americana, e razoavelmente aproximada, em relação ao que praticamos em Portugal e no REAA, certamente que achará proveitoso jogar o jogo. Conseguirá perceber como se processam os Rituais de Abertura e de Iniciação no rito Webb e obterá várias informações, todas fidedignas e correctas, sobre a Maçonaria.

Um alerta: convém dispor de tempo...

E, depois de descarregar o jogo, convém abrir e ler primeiro o ficheiro "Read me" (leia-me). Ali se informa quais as teclas necessárias para movimentar o boneco e interagir com outros personagens e objectos. É muito simples...

O videojogo está disponível para descarregamento gratuito no blogue Excommunicate.net, mais precisamente no texto, publicado em 11 de Fevereiro de 2007, intitulado Secrets of Freemasonry. O descarregamento é proporcionado sob licença Creative Commons Não Comercial 3.0, que em síntese, autoriza a cópia, distribuição e utilização do jogo, desde que sem objectivos comerciais e citando a licença e a origem do jogo. Para fazer a descarga do download file, basta usar este atalho. Os requisitos técnicos para poder usar o jogo são pouco exigentes e, certamente, ao alcance de todos, hoje em dia: Sistema Operativo Windows 2000, XP ou Vista, 128 Mb de memória RAM e processador com uma velocidade mínima de 450 Mhz. Atenção que, se vos suceder como ocorreu comigo, o programa de descarga não cria um ícone com um atalho para o jogo. É preciso ir à pasta onde foi guardado para o abrir. Se fizerem a descarga para a pasta fixada por defeito, encontrarão o jogo em Meu Computador/ Disco Local (C)/Arquivos de Programas/ASCII/RPG2000/Project1. Basta carregar no ícone RPG_RT.exe. A partir daí, o rato é inútil. Só teclado, meus caros... Divirtam-se e saibam um pouco mais!

Quem disse que a Maçonaria é secreta?

Rui Bandeira

11 dezembro 2007

Audi, Vide, Tace

Audi, vide, tace (Ouve, vê, cala) é a divisa inscrita no brasão de armas da Grande Loja Unida de Inglaterra.

Esta divisa é extraída do brocardo latino Audi, vide, tace, si vis vivere in pace, que significa Ouve, vê e cala, se queres viver em paz.

Audi, Vide, Tace. (com um ponto no fim) é o nome de um interessante blogue maçónico americano. Atenção, que, querendo aceder a esse blogue sem ser através do atalho atrás colocado, o endereço a inserir tem um pequeno quê: no endereço, a primeira palavra não termina em "i", mas em "e". Portanto: http://audevidetace.blogspot.com.

O autor deste blogue usa o pseudónimo de Wayfaring Man (Homem que viaja para longe, Viajante). Como eu, é Advogado. Além disso, é Mestre em História Americana. É ainda colaborador de um jornal desportivo e de outras publicações. E é, é claro, Mestre Maçon.

A sua preparação e os seus interesses transparecem claramente no blogue. Os textos que ali publica são excelentemente estruturados e muito bem escritos. Este blogue apresenta vários textos com referências de índole histórica relacionadas com a Maçonaria. Só para mencionar os últimos com essa característica, temos The appeal of Masonic Research (A atracção pela Investigação Maçónica), onde se referencia um oficial naval americano maçon e a busca feita pelo autor do blogue no espólio por ele deixado de documentos com interesse maçónico, com a localização de um caderno com apontamentos em cifra maçónica, e It's the spirit, not the letter,that giveth life (É o espírito, não a letra, que dá vida), referenciando uma publicação maçónica americana que foi mensalmente publicada entre 1915 e 1930. Este interesse pela História, a divulgação de elementos e documentos históricos relativos à Maçonaria Americana, é um ponto de grande interesse deste blogue.

O blogue, porém, não se reduz a História. Longe disso. Wayfaring Man dá a sua opinião sobre temas da actualidade maçónica, sendo visível a ponderação dos seus pontos de vista. Nesta época em que algumas perturbações assolam a Maçonaria Americana, por vezes traduzidas em tempestuosas polémicas em vários blogues e fóruns electrónicos maçónicos americanos, é reconfortante encontrar sempre uma postura de equilíbrio e ponderação no que é publicado neste blogue.

Wayfaring Man denota ainda uma particular apetência pela realização de sondagens sobre questões maçónicas ou relacionadas com a Maçonaria, sendo frequente o lançamento de interrogações à sua audiência, acompanhadas do lançamento de uma sondagem informal.

Este blogue, não sendo dos de mais frequente actualização, não deixa, porém, abandonados os seus visitantes, apresentando em média um texto por semana. E sempre textos que vale a pena ler!

Mais um blogue de qualidade de que aqui dou conta e que vai passar a dispor de um atalho na área do A Partir Pedra a eles destinada.

Rui Bandeira