02 novembro 2007

Reincidência... reincidente



Tive 2 dias muito complicados em termos de ocupação de tempo e tive que desleixar a atenção ao nosso “A-Partir-Pedra”.
Agora que recuperei o “estado do blog” li o comentário do nosso Amigo e atento Simple Aureole.
Bem, meu caro, obviamente que Lhe devo uma explicação.
Tentarei, pois…

1- Não fiz, ou pelo menos não quis fazer, qualquer comparação entre coisas que, para mim, são incomparáveis, como sejam “um Pai”, ou candidato a tal, e os monstros que referi no post.
Trata-se, meu caro Simple, de uma ilação que não tem qualquer correspondência com a minha cabeça e se o que escrevi o levou àquela conclusão, então peço-lhe desculpa pela falta de capacidade na expressão das ideias.

2- Não faço qualquer confusão entre controlo da natalidade, solidariedade e truques para obtenção de apoios sociais.

3- Os Pais têm, entre outros, o direito inalienável de decidir sobre ter ou não ter filhos, quantos e quando, competindo aos políticos de serviço a decisão sobre os apoios à natalidade que, do ponto de vista exclusivamente político, deve ser orientada no sentido de incentivar ou não o aumento da natalidade de acordo com critérios de manutenção do nível etário da população e suas consequências na economia do país.

4- Não aceito a intromissão de quaisquer normas, de carácter religioso, político, ou outro, que não sejam dependentes da vontade dos principais e mais directos interessados, que são os Pais. E estes saberão que procedimentos adoptar de acordo com as suas próprias escolhas e essas sim, poderão ser de carácter religioso ou outro qualquer.

5- Os Pais deverão saber quais as obrigações para com os seus descendentes, de carácter educativo, económico, social,… e decidir ter ou não filhos de acordo com a sua capacidade de cumprir aquelas obrigações. De resto penso ter percebido que são essas as preocupações que atrapalham o “pai preocupado” a que se refere.

6- Quanto à solidariedade também não me parece que se possa concluir, do que eu escrevi, qualquer confusão com os apoios sociais aos mais “desfavorecidos”.

7- Não, não tem nada a ver uma coisa com a outra. O que eu refiro tem a ver apenas com atitudes pessoais e não com o que quer que seja de institucional. Ser solidário tem de ser uma atitude interior em cada um de nós. Não se inventa, não se compra e não se impõe, ou se é ou não se é ! E é a esse sentimento que recorro quando insisto em que o bem estar da humanidade não é conseguido pela diminuição da natalidade, muito menos ainda se imposta justamente com esse objectivo.

8- Os apoios sociais institucionais poderão ser entendidos, também, como uma atitude solidária, mas apenas dentro do conceito do Estado Social que é tão só uma das variantes de organização social das nações. A Solidariedade a que recorro é pessoal e, existindo, não está dependente da organização do Estado. E não vejo nenhuma possibilidade de ser confundida com qualquer “direito à asneira”. Ela tomará o seu lugar com o acordo do Estado, ou sem ele. Não é o subsídio de sobrevivência (rendimento mínimo ou outra denominação qualquer) que alguns recebem e que outros dizem que não deve existir, talvez por causa do direito à asneira. Mas não é a dessa solidariedade que falo.

9- Meu Caro Simple, pelo menos uma coisa importante temos em comum. É a ideia de que o grande responsável pelos problemas com o “verde” é o homem. Pois o grande e único ! Que outro responsável poderia haver ? E é o homem porque no seu incomensurável egoísmo partiu do princípio que é dono e senhor do universo, usando-o sem critério, sem regras e sem limites, explorando sem controlo tudo o que há a explorar, desequilibrando o sistema natural e provocando as rupturas cujas consequências estão à vista e que todos estamos a sofrer.

10- E, desculpe a insistência, não é com a diminuição pura e simples dos nascimento nem com o fim da solidariedade (nem que seja apenas a institucional), que o Homem recupera as condições equilibradas do meio-ambiente.

11- É assim que penso.

12- Quando à discussão política a que se refere no “P.S.” (não confundir com Paiva Setúbal…) também só posso falar pelo que vai na minha cabeça. A discussão dos assuntos da humanidade, a procura de soluções para as dificuldades que se nos deparam, tanto pode ser feita por políticos, como por técnicos, como… por Amigos.
JPSetúbal

31 outubro 2007

A mudança


Costuma-se dizer que um homem pode mudar de emprego, de casa, de camisa, de automóvel, de quase tudo, mas que não muda de clube.

Tenho um amigo que hoje vai demonstrar que a frase anterior não é inteiramente verdadeira: vai formalizar a sua mudança de clube!

A decisão que hoje vai ser levada à prática fora já decidida há uns tempos e era conhecida de um grupo restrito de familiares e amigos. Como todas as decisões importantes da vida, há já algumas semanas que andava a ser preparada, tendo-se tomado todas as cautelas e preparado tudo o que havia a preparar, no sentido de que tudo corra bem com esta mudança.

A preparação necessária para que tudo corra bem determinou mesmo que esse meu amigo tivesse tido que limitar fortemente algumas das suas actividades, designadamente uma de carácter público: a publicação de textos no A Partir Pedra!

Esse meu amigo – já perceberam – é o José Ruah. E não, não muda a sua afeição pelo Glorioso... A mudança decidida e agora formalizada é outra: hoje gloriosamente abandona o clube dos solteiros e vem reforçar o clube dos casados!

A formalização do acto vai ocorrer a partir das 18 horas e dará direito a festa até às tantas!

Neste dia, que auguro benfazejo, para além da expressão da minha alegria, aqui deixo ao José Ruah, com um significado que ele bem entenderá, apenas um voto:

Estrela feliz te acompanhe e te dê merecida felicidade!

Rui Bandeira

Reincidência abelhuda

HANDBAG € 32.- / Food for a week € 4.-

A culpa não é minha !
Obrigam-me a isto…
Quero estar sossegado a pensar em coisas simpáticas e vêm pôr-me debaixo do nariz artigos ou a expressão de opiniões que me fazem “comichão”.
Não chegava o caríssimo “Simple Aureole” quando aparece o Expresso e o seu colaborador Fernando Madrinha, a moer-me o juízo com “fotografias” da realidade mais triste, brutal e incompreensível que podemos encontrar no nosso dia a dia.
E vêm mesmo a propósito do tema que o R.B. pôs em foco no blog.

Bom, mas antes de me virar para o outro lado deixem-me terminar o meu ponto do post passado.
Não estou, nem um bocadinho, de acordo com aquela cena do pessoal deixar de ter filhos !
Meus Caros, deixem lá esse controlo dos excedentários para aqueles que se dedicam por inteiro a essas tarefas.
Ao longo do tempo muito tem sido feito pelo “controlo dos excedentes humanos”, desde o tempo dos gregos e dos romanos, dos suecos que invadiram quase toda a Europa à espadeirada, ao Hitler, Mussolini, Lenine e Estaline, japoneses e americanos, indianos e paquistaneses, árabes e israelitas, iraquianos e iranianos, Pinochet, Franco, e … e… e…

Deixem para eles esses cuidados, porque na verdade são profissionais da matança, bem ciosos das suas capacidades e que não gostam de deixar os créditos por mãos alheias.
Tratemos de dividir bem o que está mal dividido e vamos ter a surpresa do tanto que vai sobrar !

PINT OF BEER € 4,50 / 50 liters of fresh water € 1,50

E quanto a este "pormaior" estou conversado.

JPSetúbal

30 outubro 2007

Meter o bedelho

Procurava eu uma boa razão para trazer ao blog algumas imagens que tenho em reserva, e eis que o nosso bom Amigo “Simple Aureole” a proporciona com o comentário que nos deixou à última intervenção do Rui.

E aqui estou eu a meter o bedelho no post/comentário do Rui/Simple !



AFTERSHAVE € 35.- Basics for a new home € 6.50

Caro “Simple”, o seu pensamento final, deixou-me com uma certa “comichão” espiritual.
Indiscutivelmente parece haver falta de muita coisa (de tudo, diz o “Simple”) só que interessa analisar se de facto as coisas faltam ou se apenas estão mal distribuídas.
Uma coisa é haver falta de muita coisa e outra é haver falta de muita coisa (tudo ?)… a alguns !

E estou de acordo que esta questão é, absolutamente, uma questão de ambiente.

Meu Caro, ambiente é tudo, tudo o que produzimos e não produzimos, aproveitamos e não aproveitamos, usamos ou não usamos.
Tudo isso é ambiente porque é disso tudo que o ambiente é feito.
E não só da chuva, do vento ou do Sol.

Mesmo mais, a influência (boa hoje, má amanhã) da chuva, do vento e do sol até está condicionada exactamente pela maneira como utilizamos as tais coisas que “parece” faltarem.

Ora bem, acontece que não acredito que resolvamos o problema produzindo menos filhos.

Se há zonas do globo onde a população é excedentária, a verdade é que noutras zonas a população é fortemente deficitária.
E acredito que há meios mais que suficientes para alimentar e vestir toda a gente.
Teremos certamente que rever toda a distribuição da riqueza mundial, mas seguramente chega para todos.
Não há falta de tudo… o que há é uma péssima distribuição de tudo.
E pouca vontade de resolver esta questão.
O egoísmo individual impede-nos de deitar mãos à obra da distribuição.
A questão é que teríamos de dispensar também algumas das nossas próprias “coisas” e isso é uma chatice.


SUNGLASSES € 24.- Access to water € 8.-

Mas garanto-lhe meu Amigo que o que há chega para todos, e talvez sobre.

JPSetúbal

29 outubro 2007

MAÇONARIA E AMBIENTE - Intróito: desculpem lá, mas...

O Muito Respeitável Grão-Mestre da GLLP/GLRP solicitou aos Irmãos da Obediência que procurassem reflectir e elaborar trabalhos sobre a temática do ambiente. A Maçonaria Regular não discute opções políticas, mas não ignora os grandes temas da Civilização e da Sociedade e procura ajudar a reflectir sobre eles, estejam ou não na ordem do dia, sejam ou não objecto de controvérsia. O Homem que se insere no seu tempo, que procura compreender-se a si próprio, compreender os demais, o Mundo, e busca descortinar o significado da Vida, da Criação e do relacionamento do Material com o Imaterial não pode deixar de reflectir sobre os grandes temas do seu tempo. E o Ambiente e sua defesa são, indubitavelmente, nesta fase da Civilização, temas candentes, urgentes, incontornáveis. A Maçonaria, que é Tradição na Modernidade, não deve, pois, abstrair-se de neles reflectir também.

Sou, no entanto, obrigado a confessar que a temática ambiental não é uma das minhas preferidas. Até por deficiências - que a lucidez me impele a desde já reconhecer - da minha formação. A minha formação assentou naquilo a que dantes se chamava de "Humanidades", tudo o relacionado com o Homem, a Sociedade e as Civilizações: Línguas, Literatura, História, Direito, Relações Sociais, etc.. As disciplinas mais directamente tidas como "científicas" apenas foram por mim visitadas na medida em que contribuíam ou eram indispensáveis para o interesse central da minha atenção: a Humanidade!

Resultado: por vocação e por profissão (advogado) sou aquilo a que costumo designar por ESPECIALISTA EM IDEIAS GERAIS. Sei um poucochinho de tudo, sei a fundo de muito pouco, quase nada.

Nestas circunstâncias, interroguei-me brevemente que contributo válido poderia este primata de meia-idade dar com uma amadora reflexão sobre a temática do ambiente e sua defesa e, com uma velocidade digna do Obikwelo, logo concluí que nada de jeito! Portanto, o melhor que tinha a fazer era assobiar para o lado, fingir que a minha profunda concentração nos longínquos objectos de minhas usuais locubrações me impedira de dar conta da instância do Grão-Mestre e, diafanamente, sair discretamente pela esquerda baixa, de forma a que o especialista de ideias gerais deixasse o palco todo à disposição dos gerais especialistas com ideias sobre o tema.

Pois, só não contei com três pequenos detalhes: 1. Sou incomensuravelmente menos rápido que o Obikwelo; 2. Assobio muitíssimo pior que o Danny Kaye (e suspeito mesmo que o próprio Obikwelo...); 3. O meu querido Grão-Mestre é uma velha raposa da Maratona que deixa os candidatos a relapsos procurarem escapar à sua máxima velocidade e, devagarinho, devagarinho, vai calmamente ter com eles e apanha-os à mão com suave sorriso e indefectível persistência...

Andava, portanto, eu entretido a assobiar para o lado para aí já há uns três meses e lá tive que perder o pio: o Grão-Mestre não só não se esqueceu do seu propósito, como insiste com todos e - pior - o meu não menos querido Venerável Mestre resolveu aliar-se à autoridade máxima e reforçou o pedido!

É claro que ainda dava para dar um pouco de luta, ir deixando escapar que na Loja até temos um Irmão que é engenheiro do ambiente e tal, esse é que deve saber tudo sobre o assunto, prolegómenos, entretantos e finalmentes incluídos, estão a ver?, ele é que é bom para fazer uns textos sobre o assunto, ficamos todos contentinhos e de consciência tranquila e não se fala mais do assunto, e se fôssemos comer um preguinho e beber uma cervejinha, não era boa ideia?

Lá boa ideia era... e foi... Mas cá o meu Venerável Mestre parece-me que é da mesma escola que o Grão-Mestre, acho que ainda jogaram ao berlinde juntos quando eram miúdos e tudo, e estou feito ao bife. Nem vale a pena armar-me em mete-nojo e tentar chutar para canto, que estou mesmo a ver que a resposta viria direita e certeira: se temos cabecinha é para pensar, todos os ângulos são importantes, o ambiente e a sua defesa são assuntos demasiado sérios para serem deixados aos especialistas (ai, que esta é tão certeira, que até dói!) e tu é que quiseste esta coisa do blogue, agora aguenta-te à bronca, que também tens de participar, e porque torna, e porque deixa...

Já estão mesmo a ver, nem vou a jogo, cobardemente capitulo sem luta. Portanto, está decidido, é assim: correspondendo de bom grado e facies faceiro ao gentil pedido do meu Muito Respeitável e Respeitado Grão-Mestre, que a mim e a todos na Loja foi dado conhecimento pelo meu Venerável e Venerado Mestre, este modesto especialista de ideias gerais, que tem a audácia de escrevinhar umas coisas neste cantinho da blogosfera que dá pelo nome de A Partir Pedra, resolveu alinhavar algumas ideias, certamente coxas, sobre o tema Maçonaria e Ambiente. Para tornar a coisa menos dolorosa e pungente para as almas benfazejas que ainda vão tendo a paciência de passar seus olhos pelos arrazoados a que ele ousa chamar textos, as poucas luzes que seu torturado cérebro conseguir reunir (certamente apagadas...) serão servidas em doses, prestações ou pinguinhas (cada um escolhe o que lhe agradar mais), que serão depositadas neste espaço com a periodicidade habitual, isto é, quando calhar, me apetecer, estiver para aí virado, mas procurando que, no final, constituam um conjunto de textos (lá estou eu com a mania das grandezas...) com alguma coerência.

Suspeito que esta é uma decisão que vai piorar sensivelmente o ambiente deste blogue, mas - já viram, com certeza! - limito-me a respeitosamente aceder a sugestão das instâncias superiores da GLLP/GLRP, Ilustre Obediência da Augusta Ordem Maçónica, e a culpa não é minha (fartei-me de gritar: agarrem-me, senão eu escrevo - e ninguém me agarrou... ainda...). Mas vocês é que vão sofrer!

Rui Bandeira

28 outubro 2007

A Ordem do Templo em Loures

A relação entre Maçonaria e Ordem do Templo é estabelecida, estudada, detalhada até ao limite em numerosíssimas publicações e muitos… muitos livros que abordam o tema dos mais variados pontos de vista, que vão desde o mais folclórico romance policial até ao mais bem fundado livro histórico, resultado de muito trabalho de investigação, durante anos de pesquisa.
Por outro lado a história Templária tem sido também, ele própria, fruto de muita pesquisa e de muito estudo por historiadores de toda a parte do planeta, que começam a pesquisa em época muito anterior à data historicamente apontada como a da fundação da Ordem (1118) procurando reconhecer os princípios mais remotos da organização que, na altura, mudou o mundo, até 1311, data em que a ganância de Filipe IV, o Belo, de França e a cobardia de Clemente V, Papa de Roma, decretaram a chacina de todos os cavaleiros do Templo, a dissolução da Ordem e a entrega dos bens respectivos à coroa francesa.

Como estes estudos concluem, os Templários sofreram naquela data (1311) um importante revés, mas o fim da Ordem decretada pelo Papa apenas conseguiu um êxito parcial.
Os Cavaleiros que conseguiram fugir à matança, em França, vieram para Portugal, onde as intrigas papais tinham, naquela época, muito pouca audiência.
Aqui foram aceites junto dos seus irmãos que já por cá andavam desde 1125, e apoiados pela inteligência de um “Rei inteligente” (D.Diniz), que sempre reconheceu os muitos e grandes serviços prestados durante a criação da nacionalidade, decretando desde o inicio do seu reinado em 1279 que “inimigo da Ordem, seu inimigo seria”, e com o suporte do Rei puderam reformular a Ordem do Templo numa nova organização que foi então chamada de Ordem Militar de Cristo.
Para que as coisas pudessem ser assim, D.Diniz teve de desobedecer por completo à vontade papal, confirmar que em Portugal manda o Rei de Portugal e que a lei em vigor é a que os portugueses e o seu Rei entenderem como sendo a melhor para os seus interesses.
Isto é, cada macaco no seu galho, como convém e é de direito.
Como bem sabemos, 8 séculos depois destes acontecimentos muitas coisas se passam de sentido exactamente oposto a este.

Quando em 1125 D.Teresa acolhe os primeiros Templários no reino de Portucale (Portucale também sofreu uma enorme alteração no seu significado, ao longo dos séculos, e actualmente é sinónimo de vigarice) começa por lhes doar espaço para se instalarem em Soure e Penafiel, tendo a Ordem começado aí a sua instalação no território que viria a ser, com o seu auxílio, o País/Nação Portugal.

Muitas foram as zonas de Portugal onde os Templários (ou a Ordem de Cristo como ficaram depois de 1318) estiveram instalados e da sua presença ficaram muitos sinais que são “mais ou menos” conhecidos, e estão “mais ou menos” estudados e publicados.
Mais ou menos porque ainda restam muitos sinais da presença Templária por estudar ou cujo estudo ainda não chegou ao fim.
Entretanto os escritos existentes referem-se muito a alguns locais, certamente os mais importantes na sua existência portuguesa (Santarém, Tomar,…) mas quase não encontramos referências à presença destes Cavaleiros e Monges na zona de Odivelas/Loures.
E no entanto também lá estiveram, e deles há vestígios importantes.

Numa pequena excursão que realizei em companhia do historiador Vítor Adrião encontrei alguns desses vestígios que achei bem interessantes e resolvi trazer ao blog.


Estive na Igreja Matriz de Loures (de Sta. Maria de Loures) que é um belo templo do Séc. XVI, construído sobre as ruínas de uma capela templária do Séc. XIII consagrada a Sta.Maria de Loires, que por sua vez se sobrepôs a uma igreja visigótica que remonta ao Séc.V.
Pois aquilo que encontrei dando a volta ao exterior do edifício, e dentro dele, está em fotos que tirei e que junto agora.
Frente à porta principal está uma sepultura de um Cavaleiro Templário, provavelmente pessoa de importância dado que na pedra da sepultura aparece um ábacus, sinal de que pertence a um Mestre Templário.
Sta. Maria de Loures foi designada a 28ª Comenda da Ordem do Templo o que reforça a importância desta zona geográfica na história dos Templários.
A evolução da Ordem do Templo para Ordem de Cristo também é assinalada pela Cruz de Cristo que fecha a cúpula do tecto da Capela –mor.



Outro vestígio interessante está numa outra sepultura, frente à porta lateral da Igreja, pertencente a Manuel Francisco Botelho, Mestre Canteiro da Confraria do Santíssimo Sacramento de Loures que foi encarregado da obra de restauração da Igreja em 1760.
Nesta sepultura também se encontram os sinais decorativos correspondentes à função, esquadro, compasso e outros símbolos operativos da arte da cantaria e como era regra na época, as pedras da construção estão marcadas com os símbolos dos canteiros que ali trabalharam.


Junto ao edifício foram iniciadas pesquisas arqueológicas cujos resultados são ainda incipientes.
Esperemos os resultados destas pesquisas, mas entretanto (conselho meu…) sentemo-nos, porque a espera será longa !
JPSetúbal

26 outubro 2007

A perfeição de Deus

Não é preciso estar em Loja para conhecer pranchas exemplificando um bom comportamento moral, apontando uma conduta correcta, mostrando como temos ocasião de melhorar. Também no nosso dia a dia, através das nossas relações sociais, se estivermos atentos e interessados, encontramos essas lições. Recebi este texto, enviado por um amigo, em mensagem de correio electrónico. Há meses que o guardo e que, de tempos a tempos, o releio e medito. Seria egoísmo não o partilhar com os leitores do A Partir Pedra.

Em Brooklyn, Nova Iorque, Chush é uma escola que se dedica ao ensino de crianças especiais. Algumas crianças ali permanecem por toda a vida escolar, enquanto outras podem ser encaminhadas para uma escola comum.
Num jantar de beneficência de Chush, o pai de uma criança fez um discurso que nunca mais seria esquecido pelos que ali estavam presentes.
Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, perguntou:
"
Onde está a perfeição no meu filho Pedro, se tudo o que DEUS faz é feito com perfeição?
O meu filho não pode entender as coisas como outras crianças entendem.
O meu filho não se pode lembrar de factos e números como as outras crianças. Então, onde está a perfeição de Deus?"
Todos ficaram chocados com a pergunta e com o sofrimento daquele pai, mas ele continuou:
"Acredito que quando Deus traz uma criança especial ao mundo, a perfeição que Ele busca está no modo como as pessoas reagem diante desta criança."
Então ele contou a seguinte história sobre o seu filho Pedro:
"Uma tarde, Pedro e eu caminhávamos pelo parque onde alguns meninos que o conheciam, estavam a jogar beisebol. Pedro perguntou-me:
- Pai, achas que eles me deixariam jogar?
Eu sabia das limitações do meu filho e que a maioria dos meninos não o queria na equipa. Mas entendi que se Pedro pudesse jogar com eles, isso lhe daria uma confortável sensação de participação. Aproximei-me de um dos meninos no campo e perguntei-lhe se Pedro poderia jogar.
O menino deu uma olhada ao redor, buscando a aprovação de seus companheiros da equipa e mesmo não conseguindo nenhuma aprovação, ele assumiu a responsabilidade e disse:

- Nós estamos a perder por seis pontos e o jogo está na oitava partida (o beisebol joga-se em nove partidas e cada ponto é conquistado sempre que a equipa que bate completa uma volta a um quadrilátero, com quatro estações ou bases). Acho que ele pode entrar na nossa equipa e tentaremos colocá-lo para bater (o jogador que, com o bastão de beisebol, procura acertar na bola que é lançada por um adversário, o lançador, e afastá-la o mais possível, para dar tempo aos seus companheiros de equipa para conquistarem bases; se conseguir lançar a bola para fora do campo, ganha automaticamente um ou mais pontos, consoante o número de bases conquistadas) até à nona partida.
Fiquei encantado quando Pedro abriu um grande sorriso ao ouvir a resposta do menino. Pediram então que ele calçasse a luva e fosse para o campo jogar.
No final da oitava partida, a equipa de Pedro marcou alguns pontos, mas ainda estava perdendo por três. No final da nona partida, a equipa de Pedro marcou novamente e agora com dois fora e as bases com potencial para a jogada decisiva, Pedro era o batedor que se seguiria.
Uma questão, porém, veio à minha mente: a equipa deixaria Pedro, de facto, rebater nestas circunstâncias e deitar fora a possibilidade de ganhar o jogo?
Surpreendentemente, foi dado o bastão a Pedro. Todos sabiam que isso seria quase impossível, porque ele nem mesmo sabia segurar o bastão. Porém, quando Pedro tomou posição, o lançador se moveu alguns passos para lançar a bola de maneira que Pedro pudesse ao menos rebater.
Foi feito o primeiro lançamento e Pedro balançou desajeitadamente e perdeu.
Um dos companheiros da equipa de Pedro foi até ele e juntos seguraram o bastão e encararam o lançador
.
O lançador deu novamente alguns passos para lançar a bola suavemente para Pedro.
Quando veio o lançamento, Pedro e o seu companheiro da equipa balançaram o bastão e juntos rebateram a lenta bola do lançador.
O lançador apanhou a suave bola e poderia tê-la lançado facilmente ao primeiro homem da base. Pedro estaria fora e isso teria terminado o jogo.
Ao invés disso, o lançador pegou a bola e lançou-a numa curva, longa e alta, para o campo, distante do alcance do primeiro homem da base.
Então todos começaram a gritar:
- Pedro, corre para a primeira base, corre para a primeira. Nunca na sua vida ele tinha corrido... mas saiu disparado para a linha de base, com os olhos arregalados e assustado.
Antes que ele alcançasse a primeira base, o jogador da direita teve a posse da bola. Ele poderia ter lançado a bola ao segundo homem da base, o que colocaria Pedro fora de jogo, pois ele ainda estava a correr.
Mas o jogador entendeu quais eram as intenções do lançador. Assim, lançou a bola alta e distante, acima da cabeça do terceiro homem da base.
Todos gritaram:
- Corre para a segunda, corre para a segunda base.

Pedro correu para a segunda base, enquanto os jogadores à frente dele circulavam deliberadamente para a base principal.
Quando Pedro alcançou a segunda base, a curta devolução adversária colocou-o na direcção de terceira base e todos gritaram:
- Corre para a terceira.
Ambas as equipas correram atrás dele gritando:
- Pedro, corre para a base principal.
Pedro correu para a base principal, pisou nela e todos os 18 meninos o ergueram nos ombros fazendo dele o herói, como se ele tivesse vencido o campeonato e ganho o jogo para a equipa dele."
"Naquele dia," disse o pai, com lágrimas caindo sobre face, "aqueles 18 meninos alcançaram a Perfeição de Deus. Eu nunca tinha visto um sorriso tão lindo no rosto do meu filho!"


Às vezes, dou comigo a pensar que o caminho para do aperfeiçoamento não precisa de ser descoberto: basta ser lembrado. Lembrado de como éramos quando éramos crianças...

Rui Bandeira