07 janeiro 2007

Tolerância - parte 6

Desta vez não procurei nada na net e o que vai a seguir é por assim dizer da minha lavra. Que é como quem diz da minha incapacidade de argumentação.

O meu caro Amigo Rui diz que o conceito que ele adopta é ….

Ora é aqui que surge a diferença fundamental entre as nossas formas de pensar.

Eu acho que só há um conceito de tolerância e ele acha que há vários. Ora lamento dizer mas ele está errado pois sobre cada coisa só há um conceito. Havendo mais que um conceito há logicamente mais que uma coisa.

E senão vejamos, para cada coisa é preciso um conceito, temos um para a Igualdade – a Igualdade, temos um para o Amor – O amor, temos um para a Caridade – a Caridade, ora obviamente temos que ter um para definir uma relação de diferença aceite – a Tolerância.

Se não fosse assim para quê termos uma definição conceptual para coda tipo de relacionamento Humano

É evidente que alguns de nós imbuídos do espírito de ser bonzinho, gostariam que a tolerância fosse o que se tenta que seja, o tal conceito politicamente correcto que o Rui Bandeira tenta transmitir.

Mas infelizmente não é assim, e para o nosso desenvolvimento enquanto pessoas e como sociedade é necessário que a Tolerância seja aquilo que é na realidade uma relação de um Tolerante para com um Tolerado.

E por muitas voltas que o Rui dê, e ele é um excelente causídico, o Branco é Branco e o Preto é Preto e não há cinzento no meio.

E na verdade o que o Rui nos tem trazido são formas de por na Tolerância sentidos que ela não tem para com isso se tentar o politicamente correcto, tendência muito em voga actualmente e que tem custos elevadíssimos, não no imediato, mas no futuro próximo.
JoseSR

06 janeiro 2007

Aos Tolerantes... todos !





A todos os nossos Queridos Tolerantes, que tanto se têem tolerado ultimamente, e mais aos assistentes da Tolerância, que tanto têem tido para assistir, aqui deixo um TAF (!), dos maiúsculos, neste início de 2007, e como a troca de galhardetes ainda vai no adro, que a V. Tolerância, seja ela qual fôr, se estenda a este V. Irmão, mal habituado que está a receber a V. sempre disponível Tolerância.

E metendo-me nesta fila de dissertadores sobre tão magno conceito sempre vou adiantando que, da minha parte, não tenho já paciência para tolerar uma data de anedotas que vão continuando a acontecer nesta sociedade "circense".

Eu explico.

Acabou de ser recebida uma carta do Instituto de Acção Social das Forças Armadas (Min.Defesa Nacional) referindo o Decreto-Lei 167/2005 e anunciando as consequências do seu cumprimento em 2006 e projectando-as para2007.

Em anexo é enviado um Documento Provisório que servirá para a beneficiária poder aceder aos serviços a partir de 1/Jan/2007.

Ora isto estaria tudo muito certo se a destinatária da missiva, e portanto a beneficiária visada palas novas regras, não tivesse passado ao Oriente Eterno há 11 anos !!! Há 11 anos !!! Parece mentira, mas não é. Convenhamos que não há Tolerância que ature estes gajos, que em 11 anos não tiveram tempo para actualizar a informação dos serviços, mas de caminho vão fazer "passeios" pela Baixa de Lisboa, continuando também aí a desafiar a Tolerância dos restantes cidadãos que pagam os impostos de onde saiem os respectivos ordenados.

Talvez por isso me apeteça meter um pauzinho na V. engrenagem, adiantando mais uma "nuance" aos conceitos que têem vindo a ser desenvolvidos e comparados pelos meus queridíssimos parceiros de "blog".

É que, pelo menos neste caso, a haver Tolerância, ela irá confundir-se muito com a vulgar e plebeia "pachorra" com que temos que aturar esta gente. E francamente já não há pachorra !

Um apontamento para a ilustração do post.

Não parece haver grande relação entre os temas trazidos para este "post" e as fotos que o acompanham, mas... eu explico.

Como é do conhecimento de alguns de Vós, fui até à "Pérola do Atlântico" para dar um abraço a um "velho amississimo" (dos tempos do calção, do berlinde e do pião !) que tem andado um tanto na mó de baixo em termos de saúde. Isso foi uma boa desculpa para aproveitar o fim do ano no Funchal (com fogo de vista e tudo) mas também para o acompanhar numa passeata por uma das "levadas" típicas da ilha durante a qual me deparei com o espectáculo fascinante das Acácias em flôr.

Aproveitei para umas fotografias e aqui estão duas delas a ilustrar esta minha primeira intervenção no "A-PARTIR-PEDRA", em 2007.

Não termino sem um momento de justiça. Tenho emitido comentários de total desacordo com muito do que se passa na Madeira, particularmente com os dislates dos "politiqueirinhos" mais salientes que por lá andam, e tinha afirmado que não voltaria à Madeira enquanto o Governo Regional não me merecesse algum respeito (isto se calhar é intolerância...), mas de facto a razão era tão forte que não tive outro remédio senão desdizer-me ... e ir. Bom, a questão é que na mesma medida em que comento negativamente a actuação daqueles, tenho que comentar que o Funchal estava lindo, que o fogo foi, mesmo, espectacular (8 minutos de encanto) e que se percorre a ilha com enorme facilidade através dos tuneis abertos para a passagem de vias rápidas que furam a ilha de ponta a ponta.

Claro que uma coisa não justifica a outra, mas assim fico melhor comigo!

Ah... e já agora, que 2007 seja um ano cheio... mas mesmo tão cheio que só mais um pinguinho já deita por fora (!!!) de ... TOLERÂNCIA, pois então.

JPSetúbal

05 janeiro 2007

Tolerancia - parte 5 1/2

A Defesa de uma posiçao nãopode ser considerada um contra ataque.

Terei que com algum tempo ler esta nova intervenção de Rui Bandeira, pois parece-me assim à primeira leitura diagonal , que ela mais que sustentar a tese que ele defende , sustenta a contraria. MAs como disse li apenas na diagonal.

Se dificilmente o vou convencer da minha opinião ( diria que impossivel de o convencer) o contrario tambem é verdade, pois em algumas coisas somos igualmente " teimosos".

Uma coisa aconteceu no entanto, qualquer dos dois ( Rui e eu ) tem neste momento mais conhecimentos sobre um conceito ( ou dois) e isso é um dos objectivos da Maçonaria.


Bem vou aproveitar o fim de semana para ler o que ele escreve.


JoseSR

Tolerância - Parte 5 ou O contra-ataque


Ontem o JoséSR, com o seu reconhecido sentido estratégico, resolveu buscar reforços e publicou um texto de Carlos Fontes que sustenta o seu entendimento.

Não fiquei impressionado! Qualquer utilizador experiente da Rede sabe que, hoje em dia, sobre qualquer assunto é fácil encontrara qualquer posição e a sua contrária! Mais: tratando-se de uma questão filosófica, tal não é só provável - é uma inevitabilidade!

Quanto ao texto de Carlos Fontes, quero apenas chamar a atenção que o mesmo é um texto em construção de uma ficha que o mesmo autor veio a elaborar para um Curso de Educação para a Cidadania - Formação Cívica, como se verifica aqui. É um texto de divulgação, não se destina a uma análise exaustiva do conceito.

E como, tal como o Sol quando nasce, o Google é para todos, também fiz nele uma busca - provavelmente a mesma... - e encontrei várias coisas muito interessantes, que vão permitir mais uns textos sobre o tema...

Por hoje, e apenas para demonstrar que o apoio de Carlos Fontes não é, seguramente, decisivo, para o entendimento do que é, afinal, o conceito filosófico de tolerância, deixo aqui este excerto de O livro da sabedoria e das virtudes reencontradas, de J. Gitton e J.J. Antier (Notícias Editorial), que encontrei neste sítio:

Tolerância...

Definição : Do latim tolerare, suportar. Respeitar as diferenças do outro, e, por isso mesmo, a sua liberdade.

Palavras associadas: indulgência, compreensão, respeito, partilha, fraternidade, caridade, bondade, benevolência, ecumenismo.
Antó
nimos: intolerância, fanatismo, dogmatismo, sectarismo.

Citações: «A tolerância é a caridade da inteligência» (Jules Lemaître).
«Ela implica que os outros não pensem como nós, sem por isso os odiar». (P.H.Spaak).
«A tolerância é este género de sabedoria que ultrapassa o fanatismo, este terrível amor da verdade» (Alain).
«A tolerância é uma ascese no exercício do poder» (Paul Ricoeur).

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É necessário distinguir três tipos de tolerância:
1 . Em relação a coisas da vida, no interior de um mesmo grupo. Tolerar os pequenos defeitos dos outros, o seu carácter, as suas maneiras de fazer as coisas de modo diferente.
2 . Em relação a estrangeiros: evitar aumentar a ameaça potencial que representam, invasão guerreira ou imigração, legal ou clandestina.
3 . Em relação a convicções: no interior de uma mesma nação, tolerar as diferenças culturais, éticas, políticas, religiosas.

A tolerância não é senão um mínimo, não é pois o ideal, porque não é o amor. Este comportamento situa-se a meio caminho entre a justiça e o amor, e exige o respeito daquele de quem não se gosta. Esta meia virtude, ambígua, implica somente que não se exerça violência sobre o seu próximo, que se o aceite com reserva: «tolerar um estrangeiro». Ou, antes, ignorá-lo. Não há uma intenção de amar na tolerância. De facto, tolera-se o que não se compreende, ou mesmo, ou mesmo o que se reprova. Há conflito entre a liberdade e a verdade. É um estado entre a guerra e a paz, entre o ódio e o amor. Estamos longe da ordem formal de Cristo: «Amai os vossos inimigos.»

Em política, a tolerância é também «uma coexistência sem simpatia onde não está o coração», diz V. Jankélévitch. O liberal suporta o estadista, esperando ambos que, um dia, o outro aderirá à sua causa. No Médio Oriente, os irmãos separados, judeus e árabes, tentam tolerar-se, porque é isso ou a morte.

A tolerância é pois, primeiro, «uma atitude de comodidade destinada a nos poupar o ódio ( que desemboca num conflito e às vezes na guerra). Ela exige um grande esforço de compreensão». Ela é um primeiro passo, um bem menor.


Como se vê, o conceito de tolerância que eu adopto consta logo na definição do conceito e é o primeiro dos três tipos de tolerância que os autores consideram existir.

Portanto, para já o que os textos que cada um de nós citou em abono do seu entendimento só permitem concluir o seguinte: há diferentes conceitos de tolerância; há quem entenda que só um entendimento existe; há, como eu, quem entenda que há mais do que um conceito e que o que importa é reter e aplicar o melhor!

E por hoje por aqui me fico, que também os profissionais liberais têm condicionalismos de tempo...

Rui Bandeira

04 janeiro 2007

Tolerancia - parte 4

Como o meu tempo é escasso, lancei uma pesquisa na NET e encontrei exactamente o que queria.

Agradeço desde já a Carlos Fontes o autor do texto que abaixo reproduzo na integra e que se encontra disponivel em aqui .
Inicio de Citação

Tolerância- Em torno de um conceito
(em construção !) -
o site entenda-se - nota minha

Conceito de Tolerância
A palavra tolerância, provém da palavra Tolerare que significa etimologicamente sofrer ou suportar pacientemente. O conceito tolerância radica numa aceitação assimétrica de poder:
a) Tolera-se aquilo que se apresenta como distinto da maneira de agir, pensar e sentir de quem tolera;
b) Quem tolera está, em princípio numa posição de superioridade em relação aquele que é tolerado. Neste sentido pode ou não tolerar.

A tolerância pressupõe sempre um padrão de referência, as margens de tolerância e aquilo que se assume como intolerável.

A tolerância pode surgir como a simples aceitação das diferenças entre aquele que tolera e o tolerado, ou como a disponibilidade do primeiro para integrar ou assimilar o segundo.
Fundamentação

A fundamentação da tolerância tem variado bastante ao longo dos séculos. Mas em que sentido podemos falar de tolerância? Será a tolerância uma exigência moral? Teológica?
Quatro perspectivas essenciais sobre a fundamentação da tolerância.

1. A Tolerância como Prudência. Pode tolerar-se por mero calculo, tendo em vista, por exemplo, evitar conflitos quando não se têm a certeza quanto ao desfecho final dos mesmos. Pode também tolerar-se posições contrárias quando não se tem a certeza sobre algo.

2.A Tolerância como Indiferentismo. Pode tolerar-se por uma questão de princípio relativista. Se aceitarmos que não existem verdades absolutas, então todas as posições se tornam legítimas e aceitáveis. Pode tolerar-se também devido há ausência de convicções e valores próprios. Neste caso aceita-se as ideias do Outro não por respeito, mas porque não se possui nada para opor ou defender. Nesta perspectiva, a tolerância terminar quase sempre no indiferentismo, onde a verdade e a mentira se equivalem.

3. A Tolerância como Culto das Diferenças.Podemos ser tolerantes por respeito pelas diferenças do Outro. Nas nossas sociedades, este tipo de tolerância manifesta-se frequentemente em relação a duas situações muito distintas:
a) Aceitam-se e respeitam-se as diferenças daqueles que outraora foram discriminados, como os homossexuais;
b) Aceitam-se e respeitam-se todas as culturas que antes foram discriminadas ou combatidas. Neste último caso, a sua negação é assumida como um empobrecimento da diversidade cultural da humanidade. Este princípio tem servido tanto para fundamentar o multiculticulturalismo como o racismo e a xenofobia. Na verdade a aceitação da identidade cultural do Outro não significa que o aceitamos como igual, nem sequer que aceitemos conviver no mesmo espaço."Iguais, mas separados" é, não nos podemos esquecer, um dos novos lemas do racismo.

4. A Tolerância como uma exigência dos Direitos Humanos. Desde a antiguidade clássica que a especulação sobre a natureza humana se traduziu na afirmação de que todo o ser humano possui um conjunto de direitos fundamentais ou naturais imutáveis: liberdade, dignidade, etc. Baseado neste pressuposto, John Locke, por exemplo, irá fundamentar a tolerância. Em rigor, todavia não faz sentido falarmos de tolerância entre seres iguais por natureza.Todas as convicções e ideias são legítimas porque produto de homens livres e com os mesmos direitos. Esta posição conduzida ao limite, termina no indiferentismo ou seja na negação de todo e qualquer valor.

Limites da Tolerância

Até onde devemos aceitar o Outro nas suas diferenças? Pode uma cultura sobreviver quando no seu próprio seio tolera aquelas que defendem o seu oposto?

Razão Intolerante

Em nome da tolerância, isto é, de uma razão que combate de todos os constrangimentos, desde o século XVIII que se cometeram inúmeros crimes contra a própria humanidade.
Fim de Citação
Este autor recorre as fontes mais conhecidas sobre a tolerancia nomeadamente Locke. No meu primeiro post ( Tolerancia Parte 2 ) sobre este tema referi uma obra que acho essencial e que quem quiser entender o que é isto da tolerancia deve ler.
Como podemos ver a tolerancia é um conceito nao igualitario, nao paritário e de superioridade, reforçando assim o que escrevi no post Tolerancia parte 3 1/2.
Eu também gostaria que o que o Rui Bandeira diz fosse verdade, mas isso é só "Wish full Thinking ".
JoseSR

03 janeiro 2007

Bolama - Uma memoria revisitada

Hoje ouvi na radio que a Procuradoria iria rever / reabrir / re ouvir ( confesso nao me recordo do termo ) o processo Bolama.
E a minha memoria navegou ( sem se afundar ) para os dias do naufrágio do dito navio. Por esses dias preparava-me eu com afinco para a minha iniciação na Maçonaria, que viria a acontecer no dia 14 de Dezembro de 1991, 2 ou 3 dias depois do naufrágio / desaparecimento do dito navio.
No ágape que se seguiu à minha iniciação tomei assento junto dos mais altos dignatários da GLRP como era hábito nessa altura. E para meu "regalo" aqueles homens falavam com ar de grandes conhecedores das causas e sobre o desaparecimento do Bolama. Que levava isto ou que foi uma fraude daquilo. Opiniões ....
Para um aprendiz, acabado de ser iniciado, estar sentado no meio das mais altas esferas da Ordem e ouvir aquelas teses, só me lembro de pensar " UAU isto é mesmo a sério !! estes tipos sabem destas coisas e isto é mesmo como nos livros ! ".
Pobre ignorante !!. Uns tempos mais tarde conhecendo melhor cada um daqueles com quem me sentei naquela noite verifiquei o quão enganado estava nessa noite.
Mas quem viveu uma iniciação poderá compreender bem o estado de Pasmo com que eu fiquei nessa noite.
Quanto ao Bolama já passaram 15 anos e continuamos sem saber se foi acidente, sabotagem ou outra coisa qualquer.
Quanto aos dignátarios, uns já passaram ao Oriente Eterno, outros optaram pela via da cisão em 1996, outros ainda cá estão.
Quanto a mim, continuo na Maçonaria, aprendi muito de então para cá, e se tivesse que voltar no tempo, faria o percurso tal qual o fiz até hoje.

JoseSR

Tolerância - parte 3 1/2

Quem me dera ser profissional liberal e ter tempo para escrever e dissertar.
Mas evidentemente que publicarei logo que me seja possivel algo sobre este tema.
Deixo no entanto aqui já que o conceito de Tolerancia defendido por Rui Bandeira é o decalque de um outro conceito que se chama Respeito. Respeito pela Similitude mas sobretudo respeito pela diferença.
Ora se tudo fosse uma e unica coisa não seriam necessárias duas palavras e duas noções.

Enquanto o Rui Bandeira chama tolerancia eu enquadro enquanto respeito e esse sim um valor que reputo universal e antigo, a Tolerancia enquanto conceito é uma coisa muito recente.

Não terá muito mais que 500 anos e aparece como uma forma de os poderes dominantes permitirem a existencia de coisa diferente, entenda-se religioes, relaçoes com prostitutas, sexo adultero, sem que se considerasse essas praticas como crimes.

Esta é a Genese do conceito de tolerância.

E se o Politicamente correcto tem vindo a polir o conceito para lhe retirar a forte carga negativa nele contido, isso apenas tem acontecido nos ultimos anos.

Mas todos sabemos que o politicamente correcto é uma forma de se dizerem as verdades de forma soft. Ora eu acho que as verdades são para ser ditas.

Penso que com este afloramento é possivel começar a perceber que na verdade o Rui BAndeira tem um conceito de tolerancia que em ingles eu classificaria com a expressão " wishfull thinking"mas que não passa disso.

Louvavel claro a tentativa de colocar um conceito que até chegar ao que o Rui Bandeira clama demorará mais uns 5 seculos. Mas evidentemente que eu sei, porque o conheço muito bem, que ele é um homem de visão e com algumas premonições, mas isso carissimo ainda não chega para que a Tolerancia conceito tolerante / tolerado passe a respeito pela diferença e pelos outros na mesma medida em que queremos ser respeitados

JoseSR

Tolerância - parte 3


Em 16 de Novembro último, assinalei o Dia Internacional da Tolerância com um texto dedicado a esse tema.

No dia imediato, o JoséSR publicou um breve texto, Tolerância - parte 2, em que, designadamente, escreveu:

Tolerância, pois eu sou da opinião contrária à do Rui Bandeira. Tolerância não é um valor Universal por muito que se lhe faça um dia ou uma declaração de Princípios.

Em comentário a este texto, instei o JoséSR, designadamente, a clarificar a sua posição.

O José SR veio a fazê-lo com a publicação de um texto que apresentou no 1.º Congresso Internacional da Maçonaria, que decorreu no CCB em 25 de Junho de 2006, que eu aliás já conhecia, por ter sido também publicado numa revista dedicada a temas maçónicos. Era por essa publicação que eu aguardava para prosseguir o debate, pois, embora eu conhecesse perfeitamente a posição que sobre o tema o JoséSR expressara no referido texto, só com a sua publicação no blogue seria compreensível para quem o visita o prosseguimento da troca de opiniões.

O trecho que clarificou o entendimento do JoséSR foi incluído no texto intitulado Conflito de religiões, publicado no blogue em 20 de Dezembro último. Ali, escreveu, designadamente, no que a este tema respeita:

A tolerância tão apregoada pela Maçonaria, é em minha opinião, um conceito perigoso.

Perigoso por duas razões essenciais:

Não é paritário ; Não é mensurável.

Tolerar alguém, ou algo é uma relação de superioridade para com esse alguém ou esse algo. Numa relação de Tolerância há o Tolerante e o Tolerado, é certo que cada qual pode ser as duas coisas simultaneamente, mas o mais normal é cada um de nós aplicar o conceito de tolerância quando a coisa não correu conforme o esperado.

Não é mensurável, pois não é possível definir até onde se deve ou se pode ser Tolerante. E como dizia Fernando Teixeira “ o limite da tolerância é a estupidez “.


Estando ainda então em curso de publicação dos comentários sobre os Landmarks, entendi por bem adiar o prosseguimento do debate até ter finalizado aquele assunto. É então agora o momento asado de comentar o entendimento do JoséSR.

O desacordo de opiniões é apenas aparente e decorre de cada um de nós estar a aplicar o conceito "Tolerância" em termos diferentes. Para o JoséSR, a tolerância implica uma relação de superioridade entre o tolerante e o tolerado, isto é, consiste em o "tolerante" suportar o "tolerado", admitir a sua existência ou a sua permanência junto dele. Nesse entendimento, é óbvio e evidente que as reticências postas pelo JoséSR têm todas as razões para serem colocadas.

Simplesmente, o conceito de "tolerância" que eu entendo dever ser aplicado, aquele que entendo ser imprescindível nos princípios e na conduta do maçon nada tem a ver com essa relação de superioridade. Essa Tolerância já a defini, de passagem, no meu texto intitulado Beleza, publicado em 26 de Outubro último, quando aí mencionei a tolerância para com os outros como contrapartida da necessidade de dos outros vermos toleradas nossas próprias imperfeições.

Ou seja, na minha opinião, o correcto entendimento do conceito implica, não uma relação de superioridade, mas uma relação de paridade
: eu devo tolerar as imperfeições dos outros, porque eu próprio também as tenho e espero que as minhas imperfeições, apesar de reconhecidas como tal, sejam toleradas pelos demais. A necessidade de tolerância radica assim no reconhecimento de que a perfeição humana não existe e, portanto, temos que admitir como um facto da vida que todos e cada um de nós temos os nossos defeitos,as nossas imperfeições e é, por conseguinte, até mais do que imperativo ético, um acto de inteligência tolerar o Outro com os seus defeitos, pois só assim posso esperar que os meus sejam, por sua vez, tolerados.

E, assim sendo, também não existe um problema de medida da tolerância: devo dedicar aos outros a tolerância na mesma e exacta medida que reivindico, que espero, para mim. Nem mais, nem menos!

Este o entendimento que julgo acertado do conceito. E, se o JoséSR se colocar nesta perspectiva, estou certo que não tem rebuço em concordar que a Tolerância é, deve ser, tem de ser, não pode deixar de ser, uma virtude cultivada pelos maçons.

A outra noção de "tolerância", a que implica uma relação de superioridade, a que o JoséSR foi levado a utilizar, não tem nada a ver com isto, não passa de uma máscara para esconder outros comportamentos: a "tolerância" do branco em relação ao negro (ou vice-versa) não é mais do que racismo comprometido; a do homem para com a mulher (ou vice-versa), não passa de machismo (ou feminismo) mentecapto; a do cristão para com o judeu ou o muçulmano, ou do judeu para com o muçulmano ou o cristão ou a do muçulmano para com o cristão ou o judeu, mais não significam do que a tentativa de ocultar sectarismo religioso; a do rico em relação ao pobre apenas disfarça o sentimento de culpa pela sorte do conforto material ou desejo de continuar a explorar o deserdado.

Porque o branco e o negro são ambos Humanos e ambos têm carne e ossos e sangue vermelho e coração e cérebro.

Porque homem e mulher se complementam e são mutuamente indispensáveis.

Porque cristão, judeus e muçulmanos crêem no mesmo Deus.

Porque o rico e o pobre só se enobrecem pelo trabalho.

Eis, no meu entendimento, a fundamental diferença entre a "tolerância" e a Tolerância.

Rui Bandeira

02 janeiro 2007

Olhando a "concorrência"

Liberdade, Igualdade, Fraternidade é uma divisa que, orgulhosamente, o GOL (Grande Oriente Lusitano) partilha com a Revolução Francesa. E é também o nome deste blogue!

Trata-se de um blogue animado por alguém ligado ao GOL (veja-se a nota do autor do blogue a um texto ali publicado em 24/11/2006, intitulado "Maçonaria cria Fundação"), dedicado, como o nosso A Partir Pedra, à temática da Maçonaria e matérias similares, que trata sem sectarismos e numa perspectiva de formação e informação. Na altura da publicação deste texto, o último texto colocado no L:.I:.F:. noticia o resultado final do recente processo eleitoral para a escolha do próximo Grão Mestre da GLLP/GLRP. E, dos últimos seis textos, três foram dedicados ao mencionado processo eleitoral!

Também verificámos, sensibilizados, que, no local destinado à colocação de atalhos de navegação para diversos blogues, se encontra colocado um atalho para o nosso A Partir Pedra. Retribuímos o gesto com gosto mas, mais do que isso, porque a leitura deste interessante blogue permitiu verificar a sua qualidade e interesse.

O autor do blogue usa o pseudónimo de "Aprendiz Maçon", feliz escolha ilustrativa de que o maçon consciente sabe que é e será sempre um aprendiz trilhando o seu caminho.

Apreciámos também o sentido de humor do autor do blogue, visível no texto "Carta de um profano a outro" (texto que já conhecíamos de o ter lido no Blog do Maçom, que é outra das nossas escolhas para a nossa selectiva lista de atalhos de ligação) e, particularmente, a fina ironia que ressuma, designadamente, do texto de Boas Festas. Brilhante como um texto que seria banal cumprimento do hábito social de desejar Boas Festas no final do ano se tornou em duas deliciosas linhas, graças à oportuna utilização do duplo sentido nos advérbios "regularmente " e "irregularmente"!

Permitimo-nos apontar, porém, uma deficiência técnica, que esperamos possa ser em breve resolvida: é que, aparentemente, o L:.I:.F:. está tão optimizado para o Internet Explorer que... não fica legível quando se utiliza o Mozilla Firefox! Quem, utilizando este motor de ligação, aceder ao blogue, verifica que os textos da coluna da esquerda (a coluna de atalhos de ligação), os textos principais e a caixa do título estão sobrepostos! Deixo aqui um apelo ao Aprendiz Maçon para corrigir a situação, por duas grandes e egoístas razões: a primeira é que o motor de ligação que normalmente uso é precisamente o Mozilla Firefox; a segunda, é que estou ouvindo o eco da sonora gargalhada que o indefectível adepto de Internet Explorer JoséSR soltou quando leu isto!!!

Rui Bandeira

01 janeiro 2007

Gerald Ford - a Passagem ao Oriente Eterno

Não entrarei em meritos politicos, não é esse o assunto de hoje.

Gerald Ford era maçon. Iniciado em 1949 chegou a Mestre em 1951, tendo depois sido sucessivamente elevado nos graus filosoficos do Rito Escoces Antigo e Aceite ( REAA), chegando ao grau 33 - o mais alto deste Rito em 1962.

Estes dados e mais alguns poderão ser lidos na pagina da Grande Loja da California aqui .

O passamento em linguagem Maçonica é chamado de Passagem ao Oriente Eterno, numa clara alusão à passagem de grau e a entrada num local sem tempo regido pela eternidade, seja ele Paraiso ou outra coisa que as religioes comuns lhe chamem.

Ser Maçon não é incompativel com o desempenho das mais altas e importantes responsabilidades politicas, sociais ou outras. Ser Maçon é estar melhor preparado para o desempenho dessas funções.

A Maçonaria enquanto fraternidade Universal fica assim mais pobre com a perda deste ilustre Irmão que durante o seu tempo contribuiu para o desenvolvimento deste Mundo.

À sua Loja de Origem, sua Loja actual e evidentemente a toda a sua familia os nossos respeitos.

JoseSR

31 dezembro 2006

Bom ano de 2007!

Que a Paz impere em 2007!

Que cada um se realize em Liberdade!

Que se caminhe para uma vera Igualdade de oportunidades!

Que o espírito de Fraternidade ilumine os homens!

Que todos e cada um vivam 2007 com saúde!

Que o Grande Arquitecto do Universo ilumine os corações da Humanidade!

Rui Bandeira

29 dezembro 2006

Duodécimo Landmark



Os Maçons devem-se mutuamente, ajuda e protecção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.

O último Landmark da Maçonaria Regular começa por enfatizar os deveres de fraternidade dos maçons. Fecha-se assim o círculo: relembremos que o primeiro Landmark define a Maçonaria como uma fraternidade iniciática.

Após a referência inicial ao conceito de Fraternidade, os Landmarks como que se dedicam a outros temas e delimitações, não desenvolvendo o conceito. Mesmo no sexto Landmark, a única relação que se pode fazer com o conceito de Fraternidade é de ordem omissiva: os Irmãos Maçons respeitam as opiniões e crenças de cada qual e, portanto, devem omitir todos os actos que possam afectar a harmonia fraterna entre eles.

Ficou reservado para o último Landmark, como que assinalando que o terreno da maçonaria Regular ficava assim integralmente delimitado, regressando-se ao ponto de partida, o desenvolvimento de como devem os maçons agir para preencher o conceito de Fraternidade: devem-se mutuamente ajuda e protecção, não de qualquer tipo, mas fraternal, ou seja, o tipo de ajuda e protecção que cada um de nós deve a seu irmão. Embora não irmãos de sangue, os maçons são Irmãos na Ética, na Busca do Aperfeiçoamento, na Prática da Virtude e no Combate ao Vício! Para tudo isso, para o fácil e para o difícil, para as boas e para as más horas, com os ventos bonançosos e arrostando com a borrasca, cada maçon deve, SEMPRE, e sem hesitação, ajudar e proteger seu Irmão.

Este dever de ajuda e protecção não é, porém, ilimitado: basta atentar no décimo Landmark para se ter presente que a ajuda e a protecção devem ser prestadas sempre com submissão às leis e respeito às autoridades constituídas.

O dever de ajuda e protecção permanece até e mesmo no fim da vida. Cada maçon deve auxiliar seu Irmão a viver com dignidade até ao fim da vida, para que a sua morte ocorra com igual dignidade. Perante a aproximação da morte, o auxílio de um Irmão que lembre que ambos acreditam que a morte não é um fim, mas apenas uma passagem - para o Oriente Eterno, dizem os maçons... - será porventura útil para auxiliar o moribundo a viver seus últimos momentos calma, serena e confiantemente e a morrer de forma tão digna como viveu! E, ocorrida a Passagem ao Oriente Eterno de um maçon, devem seus Irmãos aos seus restos mortais o respeito que em vida lhe consagraram e a homenagem devida a quem procurou com firmeza seguir os sãos princípios da Fraternidade Maçónica!

Finalmente, este último Landmark aponta o essencial meio para que seja possível ao maçon proficuamente trilhar o caminho de seu aperfeiçoamento: deve ele procurar manter sempre o perfeito controle de si próprio e, para tal, mister é que aprenda, que se esforce, que consiga, em todas as circunstâncias, manter sempre a calma e o equilíbrio para enfrentar qualquer situação. O simples enunciado deste dever dá-nos a noção de quão difícil de atingir ele é! Mas também a certeza da indispensabilidade da obtenção desse desiderato e da necessidade de envidar todos os esforços para, em todos os momentos, em todas as ocasiões, manter a calma e o equilíbrio. E os que, progressivamente, o conseguem, que enorme vantagem passam a ter sobre os demais!

Os Landmarks da Maçonaria Regular são, não só o estabelecimento dos limites entre o que é Maçonaria Regular e o que é outra coisa, mas também preciosos ensinamentos e princípios para serem por todos seguidos ao longo de suas vidas. Este duodécimo e último Landmark é bem o espelho disso!

Rui Bandeira

28 dezembro 2006

Undécimo Landmark


Os Maçons contribuem pelo exemplo activo do seu comportamento são, viril e digno, para o irradiar da Ordem no respeito do segredo maçónico.

Este Landmark fixa o objectivo de cada maçon perante a Sociedade: constituir, pelo seu comportamento de Homem que fez e faz um contínuo esforço de aperfeiçoamento, um exemplo para a Sociedade e todas as pessoas.

Menciona-se aqui, consequentemente, o objectivo de, além da construção do Templo Interior (o aperfeiçoamento individual), colaborar na construção do Templo Universal (o aperfeiçoamento global da espécie humana).

O comportamento do maçon deve ser são, isto é, saudável, isento de vícios que prejudiquem a saúde e o seu desempenho. Deve ser viril, digno de um homem que o é e sabe sê-lo. Deve ser digno, porque a dignidade é uma qualidade essencial para qualquer indivíduo.

Ao comportar-se de forma a ser um exemplo para os demais, o maçon contribuirá mais para o irradiar, o crescimento, da Ordem Maçónica do que com mil actos propagandísticos ou um milhão de palavras.

Faz como eu faço: esta a mensagem que o maçon deve implicitamente transmitir. E esta é a melhor forma de contribuir para o aperfeiçoamento geral.

O maçon deve guardar o segredo maçónico (desde logo, a identidade de seus irmãos e as formas de reconhecimento mútuo). Não necessita de o desvendar para exercer uma boa influência sobre os demais. Mais, o desvendar desse segredo em nada contribuiria para beneficamente os influenciar.

Em resumo: o melhor comportamento que um maçon pode ter é... comportar-se como um maçon, aplicando as qualidades que treina, evitando os defeitos que combate.

Rui Bandeira

27 dezembro 2006

Lupa maçónica

Este objecto foi descoberto neste sítio. Trata-se de um sítio de arte popular e de objectos curiosos. Esta lupa está catalogada nesta última categoria.


Trata-de de um objecto em bronze dourado, com a forma de um prumo, decorada nas duas faces. Numa, tem a representação de colunas, uma escada, uma pá de pedreiro, um prumo , três candelabros, esquadro e compasso e a inscrição "Glory be to God 1756" (Louvado seja o Senhor 1756), devendo os algarismos corresponder ao ano do fabrico da lupa.

Na outra face, pode apreciar-se a letra "G" no interior de um esplendor de cinco pontas, um malhete, o Sol, a Lua, a abóbada celeste, um anjo, o maná celestial, uma mão armada de uma espada e um aperto de mãos.

A lupa tem inscrito o nome "Mk Audley" (Mark Audley?), possivelmente o do seu fabricante ou o da pessoa que o encomendou e foi seu proprietário.

É uma peça do século XVIII, com a largura de 5,4 cm.

Este sítio, que divulga a venda em leilão de objectos curiosos, antigos ou simplesmente representativos de diversas profissões e actividades, crenças e costumes e objectos do quotidiano, entre outros, permite visualisar um conjunto de objectos diversificado e, clicando sobre a fotografia de cada um deles, verificar a sua descrição, mais ou menos pormenorizada.

Um sítio interessante para coleccionadores, onde não podia faltar um objecto de matriz maçónica.

Rui Bandeira

26 dezembro 2006

Décimo Landmark

Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, a submissão às leis e o respeito pelas autoridades constituídas. Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas.

Este Landmark estipula o carácter intrinsecamente legal da Maçonaria Regular.

O Maçon deve ser patriota e amar sua Pátria. O maçon respeita as leis em vigor no seu País e no país onde se encontre. O maçon respeita a Legalidade Democrática e, portanto, as autoridades que a exercem.

A Maçonaria Regular integra-se, pois, perfeitamente na Sociedade Democrática e só pode livremente funcionar em Democracia. A Maçonaria Regular não patrocina, nem prepara, nem apoia revoluções ou conspirações. A Maçonaria Regular não tem intervenção política. A Maçonaria Regular é uma organização patriota, democrática, pacifista e respeitadora da Legalidade. O mesmo exige aos seus membros. Em resumo, a Maçonaria Regular respeita e coopera com as Instituições Democráticas, não as combate. A Maçonaria Regular aspira à melhoria da Sociedade através da melhoria dos seus membros e do exemplo por eles transmitido, não fomenta "saltos mortais da História", isto é, não decreta, prevê, aprova ou favorece pretensas melhorias voluntaristas através de alterações políticas de qualquer índole.

Cada maçon professa as ideias políticas que entende, dentro do respeito da Pátria, da Democracia e da Legalidade.

Os maçons consideram o trabalho a actividade nobre por natureza do ser humano e, portanto, contam com o esforço do seu trabalho para atingir os seus propósitos individuais.

Os maçons respeitam o seu trabalho e os dos demais. Respeitam igualmente o trabalho físico e o intelectual, porque ambos enobrecem o Homem e ambos são úteis, devendo cada qual executar o tipo de trabalho para que tenha mais capacidade e em que seja mais útil, não havendo trabalho mais ou menos nobre.

Rui Bandeira

24 dezembro 2006

BOAS FESTAS!!!

FELIZ NATAL!

Rui Bandeira

23 dezembro 2006

Especial Natal - Coroa de Espinhos

Imaginem que, por acaso só por acaso (isto é conversa de poeta...), tropecei com uma bela prancha, e onde ?... pois foi no "Correio da Beira Serra" que se publica em Oliveira do Hospital, assinada por Carlos Ramos.
Não conheço este nosso Irmão, nem sei qual a Sua obediência, mas só posso agradecer-Lhe este texto e não resistir à Sua transposição para o nosso A-Partir-Pedra.
Aqui fica.

Especial Natal - Coroa de Espinhos
As margens do rio que corre aos pés da minha aldeia serrana, enfeitam-se de flores amarelas mal a Primavera acorda de meses de sono revigorante.

De menino lhe soube o enfeite e o aroma, perto do Urtigal, mas nem precisava de percorrer os caminhos enviesados que ainda nos levam àquele pedaço de paraíso, porque à porta da minha casa, do outro lado da rua, o panorama é exactamente igual, sobretudo agora, com a quinta do Chiado votada ao abandono, a Mimosa encontrou terra fértil e cresce sem rei nem roque. Selvagens ou não, pouco me importa, gosto daqueles cachos de um amarelo vivo, e só eu sei como me atraem no tempo próprio; depois, sim, as árvores desfeiam no tom verde-escuro e não lhes dou atenção. A Mimosa, pelo que sei, tem no Homem um inimigo acérrimo, e não é para menos: ela escorre por montes e vales, invade propriedades menos cuidadas, e se não houver tento, é bem capaz de, ilegitimamente, fecundar terra de cultivo.

Portanto, o Homem, no seu estimado interesse, mata-a mal começa a crescer aqui e ali, a medo, com duas folhinhas rendilhadas à procura do Sol que as fará crescidas na direcção das estrelas. Uma das variedades da família das Acácias, oriunda da Austrália, pelo que dizem os entendidos em Botânica, a Mimosa que conheço desde sempre, a dada altura passou a fazer parte da minha vida pela simbologia que trouxe ao imaginário dos rituais Maçónicos, com um deles, segundo a lenda, eternamente ligado à morte do Mestre Hiram Abif. Sem mais pormenores que não vêm a propósito, fica, pelo menos, a assunção daquilo que sou, para que se entenda que há conhecimento mais lato…

Na busca do que é justo e perfeito, fiz da expressão grega Akakia código de namoro, visto ser usada (a expressão) para definir qualidade moral, inocência e pureza de vida, e juntei-lhe a portuguesa Mimosa para reforçar a sensibilidade e a ternura do encantamento, como também é a festa sempre anunciada do nascimento de Jesus - em si mesmo um acto de Amor, intenso e unânime. A criança que "está para nascer" vai ter a sua existência nefastamente ligada a uma das seiscentas espécies existentes, a acácia espinhosa, segundo alguns historiadores, que acreditam ter sido a coroa de espinhos com que os romanos coroaram Cristo antes da sua morte, feita de um ramo desta árvore, considerada sagrada pelos egípcios e outros povos.

A Bíblia é, aliás, rica em alusões à madeira da acácia; por ser dura e duradoura talvez tenha servido para construir a Arca (de Noé) e a Mesa da Última Ceia de Cristo… Li bastante sobre o tema, daí a liberdade com que me arrogo para especular: sendo a acácia considerada árvore sagrada, como interpretar então o gesto dos soldados romanos em relação a Cristo? Um acto de crueldade, de sentido burlesco, ou será que alguém, conhecedor do simbologia da acácia, induziu a soldadesca a usar este tipo de ornamento? A coroa de espinhos foi colocada na cabeça de Jesus com a intenção de fazer troça, como a Igreja Católica salienta? Esta relação entre a acácia espinhosa e Jesus Cristo talvez tivesse mais sentido lá para Abril, a propósito da Páscoa.

Mas se a Ressurreição é a festa do "renascimento" de Jesus, não é de todo descabido associar "o nascimento e a morte do Rei dos Judeus" num texto de jornal, que nem croniqueta é – apenas um devaneio, a que me propus. Agora, o que importa é o tom de festa pela alegria do nascimento de Jesus Cristo e não repetir o que se julga saber sobre o seu prematuro desaparecimento do mundo dos vivos, para que pudesse ser cumprido o desígnio de Deus - o Supremo Arquitecto do Universo - de acordo com as Escrituras. Entre hossanas e cânticos pagãos, o Natal, sem termos muito bem a consciência como isso é possível, é, na sua essência, um tempo de paz e fraternidade que nos toca de perto, mesmo aos não crentes na História de um menino que, pela sua conduta, revolucionou a Humanidade.

A interpretação simbólica e filosófica da Acácia, na Maçonaria, lembra o lado espiritual que existe dentro de nós, que jamais pode morrer - daí esta associação de ideias e ideais, face aos "mistérios", onde me revejo sem ambiguidades. Quanto às flores com que me deleito, espero pelo seu "nascimento", lá para Março.

Carlos Ramos

22-Dez-2006

Copiado de "Correio da Beira Serra", publicado em 22/12/2006.

JPSetúbal


22 dezembro 2006

Nono Landmark

Os Maçons só devem admitir nas suas lojas homens maiores de idade, de perfeita reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos em todos os níveis de serem bons irmãos e aptos a reconhecer os limites do domínio do homem e o infinito poder do Eterno.

Este nono Landmark define, com precisão evidente, as características de quem está em condições de ser admitido maçon.

Tal só pode ocorrer relativamente a homens - o que exclui a admissão, na Maçonaria Regular, de mulheres e a existência de Lojas mistas; conferir, a este respeito, o comentário que elaborei a propósito do terceiro Landmark.

Esses homens têm de ser maiores de idade, isto é, adultos. A maioridade afere-se, desde logo, pela lei civil que vigora no país onde funciona a Loja. Mas o preceito, correctamente interpretado, exige mais: exige a maioridade de pensamento, isto é, a maturidade necessária para compreender o que implica ser maçon e a capacidade e vontade de palmilhar o caminho do aperfeiçoamento.

Têm ainda tais homens de ser de perfeita reputação. Não basta ser sério e honesto, impõe-se que seja tido e reputado como tal no seu ambiente social. O maçon, por o ser, deve impor-se à consideração geral. Dificilmente o consegue quem não tiver angariado por si e suas acções tal reputação. Não seria a aquisição da qualidade de maçon que melhoraria a sua reputação. Pelo contrário, seria a mácula na sua reputação que mancharia a Maçonaria.

Tem de ser gente de honra, ou seja, que dá valor à sua palavra e a cumpre, que sabe o valor, a importância e a responsabilidade da sua honra e age em conformidade.

Devem os maçons ser leais, condição essencial para integrarem uma Fraternidade em que todos em si vão confiar.

Devem ser discretos, porque o é a Maçonaria. Note-se: não secreta, mas discreta! No sentido em que preserva a intimidade e a identidade dos seus membros e da sua actividade. No sentido de que não alardeia nem publicita o que faz, a quem ajuda, o que contribui, seguindo o preceito de que, no vero homem de bem, nem sequer a mão esquerda tem de saber o que deu a mão direita.

Têm de ser dignos de serem bons irmãos, porque só assim podem integrar a Fraternidade Maçónica.

Têm de ter a capacidade de reconhecer os limites do homem, porque só assim podem reconhecer o seu papel no Universo e procurar aproximar-se o mais possível desses limites, sem a pretensão de serem mais do que são: humanos.

Finalmente, têm de ter a capacidade de reconhecer o infinito poder do Eterno, isto é, de serem crentes num Criador Todo Poderoso.

Quem acusa a Maçonaria de ser uma elite... tem razão! Poucos estão ainda em condições de ser admitidos maçons, efectivamente! Mas um dos objectivos do trabalho maçónico é a construção do Templo Colectivo, isto é, o aperfeiçoamento geral da sociedade, através da intervenção e do exemplo dos maçons. Esperamos que cada vez mais estejam em condições de vir a ser admitidos maçons!

Rui Bandeira

21 dezembro 2006

O sucesso dos eventos da GLRP/GLLP

Os nossos “blogueiros” mais habituais têm referido, nas oportunidades, os bons resultados que sistematicamente surgem das iniciativas que a GLRP/GLLP tem realizado, sejam reuniões, congressos, conferências, sendo que a última (terminou no fim de semana passado) foi o processo eleitoral para o próximo Grão-Mestrado que terminou com a Assembleia Eleitoral e a Sessão de Grande Loja de Sábado.

Ora acontece que a organização destes eventos recai, do ponto de vista administrativo, sobre duas pessoas, sempre as mesmas duas pessoas, que trabalham, trabalham, trabalham (parecem aquelas pilhas que nunca mais acabam…), e sobre as quais sempre se passa como se tudo acontecesse de forma automática, sem intervenção humana.
Bom, mas não é assim naturalmente, o que ocorre é que até parece… tal a maneira como as duas senhoras que garantem o secretariado da GLRP/GLLP tratam das coisas e preparam os eventos, à minúcia, garantindo o bom andamento, sem falhas, dos trabalhos.
Chega a meter raiva… não falha nada ! Estão as cópias…, estão os decretos…, estão as publicações…, estão os papeis…, estão os convites, estão… TUDO !!! Gaita, é chato, não falha nada !

Pois bem, entendi que o “A-PARTIR-PEDRA” devia deixar também uma referência a estas trabalhadoras, que se mantém nos bastidores, mas que são da maior importância para o sucesso das realizações.
A Milu e a Sandra são fundamentais para estes resultados.
Só temos que Lhes agradecer a enorme dedicação e o esforço sempre disponível e sempre com sorrisos ! Como dizia a minha avó… “gabo-lhes a paciência !”
Obrigado.
JPSetúbal

20 dezembro 2006

Leilão a favor de José Torres, O Gigante (Bom...)


JOSÉ Torres descobriu aos 61 anos, quando foi «meter os papéis» para a reforma, que passou uma vida inteira enganado no futebol. Entrou no mundo do trabalho aos 15 anos, como aprendiz de serralheiro, depois foi jogador profissional até aos 42, dos quais 12 no Benfica, e ainda fez mais meia dúzia de épocas como treinador e seleccionador nacional. Mas, na Caixa, os únicos descontos em seu nome remontam à adolescência. Agora, apenas receberá uma pensão porque foi agraciado com duas comendas. (Expresso em 1/5/1999)


A Federação Portuguesa de Futebol revelou que vai leiloar no seu site a escultura Memória que pensa, José Torres o Bom Gigante, de José Coelho. O dinheiro arrecadado será entregue ao ex-Magriço, que sofre de doença prolongada.
A peça pode ser apreciada na Casa Pedro Álvares Cabral/Casa do Brasil, em Santarém. O leilão tem o seu início na quinta-feira e termina no dia 5 de Janeiro, no site www.fpf.pt.
José Coelho espera que o leilão consiga recolher «um montante elevado para suprir as dificuldades financeiras e de saúde» de José Torres.
(DiárioDigital em 20/12/2006)

Esta notícia surgiu, na comunicação social de hoje (infelizmente apenas a vimos no Diário Digital), e é resultado de um movimento "Pró Bom Gigante" que apareceu na NET há alguns meses, num rebate das consciências que durante anos saltaram nas bancadas dos estádios do mundo, braços no ar e gargantas escancaradas com os "GOOOOOOOOOOOO...LOs" que o "Zé Torres" marcava e dava a marcar, no Benfica e na Selecção Nacional.
Que este movimento não seja uma esmola porque o Zé Torres não merece esmolas !
O Zé Torres merece, sim, a solidariedade franca, aberta, simples e honesta de todos os portugueses que sejam capazes de sentir que o desporto português Lhe deve alguma coisa.
É uma dívida que se está a pagar, e com grande atraso !
Infelizmente a entidade-origem desta iniciativa não é de molde a dar-nos esperança de algum resultado bom, muito menos excelente, mas enfim, "a ver vamos" o que vai sair daqui.
JPSetúbal