21 novembro 2006

A quarta coluna

Coloquei aqui anteriormente (23, 24 e 26 de Outubro) três textos sobre as três colunas que, nas reuniões do primeiro grau do Rito Escocês Antigo e Aceite de uma Loja maçónica se encontram na zona central da sala onde decorre a reunião e que simbolizam a Sabedoria, a Força e a Beleza. Essas três colunas estão dispostas nas posições de três dos quatro vértices de um rectângulo. O quarto vértice nada tem.

Nada tem? Não é bem assim...

Esse quarto vértice é o local de uma quarta coluna, invisível porque imaterial, que simboliza a ligação espiritual entre o Homem e o Criador.

É, portanto, a coluna do Espírito, que não é a Mente, embora a ilumine, que não é mero Instinto, apesar de o guiar, que, não sendo a Inteligência, só por esta pode ser, fugazmente, entrevisto.

Tal como as demais qualidades que devem estar presentes nas obras e acções humanas, também o Espírito, ou o que dele dimana e se projecta nos actos humanos, chame-se-lhe garra ou vontade ou ainda elevação, aí deve estar representado.

De que vale uma obra ou acção humana, ainda que sábia, mesmo que forte, porventura bela, se dela nada de elevado, de digno do Livre Arbítrio que à Humanidade foi concedido, se vislumbrar? O acto humano deve, com efeito, ser digno desse Livre Arbítrio, da Condição Humana, deve elevar-se para além da simples materialidade. Só assim o Homem é algo mais do que um primata com um intelecto hiper-desenvolvido...

A Condição Humana só atinge a nobreza que lhe é inerente quando temperada com a dimensão de espiritualidade que especificamente lhe é alcançável.

A obra humana, o acto do Homem, distingue-se do resultado da actividade meramente animal em face da marca do Espírito que o anima e que se alberga dentro de nós.

A quarta coluna, a que aparentemente não existe, porque imaterial e, por isso, invisível, simboliza o Espírito do Homem, a mais nobre qualidade que este recebeu do Criador.

Não se vê, não se sente, não se toca materialmente, mas é, porventura, a mais importante das quatro colunas.

E eis como o maçon é tão embrenhado nos símbolos e nos seus significados que até é capaz de extrair significado de um símbolo... que não existe materialmente!

Rui Bandeira

20 novembro 2006

Como prosseguir

A sabedoria, a força e a beleza dos princípios que nos movem impelem-nos a caminhar, com passo sereno e seguro pela senda que escolhemos. Não se antolha nenhum motivo para os substituirmos ou para os modificarmos.

São, ao mesmo tempo, a nossa segurança e a nossa liberdade; porque nos apoiamos em conceitos apurados durante séculos por homens que respeitaram a moral e a ética e porque nos ensinaram a ouvirmos e a vermos como os nossos ouvidos e com os nossos olhos.

É com alguma apreensão que ouvimos desmoronarem-se à nossa volta edifícios de grande solidez aparente, enquanto outros são construídos com a argamassa do ódio.

A tentação, que muitas vezes nos ataca de desistirmos, de enfileirarmos comodamente em bandos onde a única responsabilidade exigida é a de acatar submissamente as ordens dos transmissores de pobres certezas, é vencida por muitos, entre os quais queremos estar sempre.

Continuamos a acreditar que juntos poderemos ir mais longe; que palavras como solidariedade, fraternidade , respeito pelo próximo, tolerância, justiça social e liberdade são expressões vivas que se vão decantando como consequência do nosso aperfeiçoamento espiritual.

E, se como atrás nestas notas soltas referi, importa respeitar os princípios, a forma como estes são em Maçonaria seguidos e difundidos deve ser objecto de atenta e profunda reflexão. Porque, se a Maçonaria visa o aperfeiçoamento de cada homem, visa o aperfeiçoamento deste integrado num grupo que por sua vez integra a sociedade toda.

Porque o maçon sabe que, se tem deveres para com os seus Irmãos, não pode esquecer os deveres para com todos os seus semelhantes que fazem parte de um tecido vivo em permanente transformação.

A Maçonaria deve pois adequar o modo como age aos modelos culturais e sociais de cada episteme.

Se dentro do Templo, com os nossos Irmãos, aprofundamos saberes iniciáticos, devemos fora do Templo utilizá-los e difundi-los sem os deturpar de forma a que sejam entendidos e respeitados.

Num tempo próximo em que, como em poucos outros, as variáveis serão em muito maior número do que as constantes, em que conceitos racionais, que só racionais, transportam ideias materialistas, que só materialistas, para o mundo das tecnologias e gritam triunfos onde só são conseguidos desencantamentos e desumanizações. Como Fernando Pessoa e tantos outros teriam pena de quem se acocora dentro das máquinas com medo de olhar mais longe...

As tecnologias todavia deverão, naturalmente, ser utilizadas, como pontualmente já sucede para transmitirmos o que pensamos, para dizermos quem somos, o que já fizemos a bem da humanidade e o que estamos disposto a fazer.

Sem escancararmos as portas do Templo, sem exibirmos (como já irresponsavelmente foi feito) o âmago da nossa cultura iniciática, devemos aproveitar melhor os meios que hoje estão ao nosso alcance, e que de certa maneira nos são impostos, para apontarmos criteriosamente valores e objectivos. Se tal não suceder, a ocupação de todos os centímetros e de todos os segundos pelos que propagandeiam oportunismos e toscas formas de marcantilismo deixar-nos-iam numa remota e ignorada penumbra onde foram vazados os que foram e já não são.

Para agudizar a premência do acerto da passada pelas formas sem esquecer conceitos, uma realidade surge de forma avassaladora e numa pressa vertiginosa: a globalização. Não temos tempo para coçar a cabeça cogitando no que ela poderá ser; porque quando acabássemos o gesto ela já cá estava, imponente depois de entrar por todos os poros e interstícios. O tema, muito bem tratado por vários oradores no Congresso Internacional da Maçonaria Regular em boa hora organizado pela GLLP/GLRP, tem pois de ser encarado dentro do Templo.

Com a preocupação de o entender e de, na coerência das nossas formar de intervenção, estudarmos como o devemos olhar e como ele pode influenciar o nosso trabalho.

De uma certeza podemos partir: a cultura maçónica não é monolítica e visa, como sempre, colaborar na criação de mais justos e livres modos de vida, para todos. Está aberta, na segurança dos seus princípios, para ser aperfeiçoada, para poder aperfeiçoar cada homem, para que a humanidade, seja cada vez mais só uma, mais justa e mais livre de todas as amarras.

E sabemos que a Maçonaria prosseguirá na mesma luta, não construindo na utopia mas no mundo em que vivemos um Templo diferente de todos os outros, em permanente aperfeiçoamento, procurando dar, com o respeito pelos mesmos princípios de sempre, respostas às angústias sentidas em cada época.

Numa perspectiva adjunta, a Maçonaria só ensina os conhecimentos que os homens lhe oferecem, só é o que os homens puderem ser, só tem o que o homens lhe derem.

Sempre com a esperança de se tornarem melhores.

Assim tem sido, com a liberdade de pensar e de criar que está na origem de toda a obra da Maçonaria, repelindo um olhar único e não esquecendo que cada tempo formulou as suas perguntas, deu as suas respostas e confrontou os maçons com a sua coragem de dialogar com a transcendência.

Em proféticas palavras que continham uma definição mas também um aviso para o futuro, o pastor Anderson disse que “um maçon nunca será nem um ateu estúpido nem um libertino irreligioso”.

(Excerto do artigo "A actualidade da Maçonaria", da autoria do Mui Respeitável Grão Mestre da Grande Loja Legal de Portugal /GLRP, Alberto Trovão do Rosário, originalmente publicado em "O Aprendiz", Revista da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP - Nova Série, Ano 6, n.º 25; este é o nono e último de nove excertos que foram aqui publicados; o anterior foi publicado em 15/11/2006, sob o título "A Grande Loja Legal de Portugal / GLRP". A imagem que ilustra este excerto é a fotografia do autor, a quem os colaboradores deste blogue agradecem a autorização dada para a publicação dos textos).

Rui Bandeira

18 novembro 2006

Jornal da Madeira, Fernando Pessoa, Municipalismo e mais coisas...

Pessoa e Municipalismo na Bienal de São Vicente


Durante o dia de ontem foram discutidos em São Vicente temas tão variados como o esoterismo de Fernando Pessoa, como o municipalismo na actualidade portuguesa.
Apesar da contenção de despesas, a Câmara Municipal de São Vicente realizou ontem a primeira Bienal Literária Vicentina. Na sessão de abertura, que contou com a presença de diversas personalidades ligadas à literatura, o presidente da autarquia local, Humberto Vasconcelos, focou a importância deste tipo de evento e acrescentou o facto da cultura ser das áreas mais prejudicadas quando são feitas restrições orçamentais. «As áreas mais sujeitas à diminuição de verbas são precisamente aquelas que se contêm no domíno da cultura, da recreação e do lazer». Apesar de tudo, adiantou o autarca, «o município de São Vicente tem feito um esforço o sentido de manter as apostas culturais por entender ser um dever para o desenvolvimento das populações». Na qualidade de representante do presidente do Governo Regional, o secretário regional do Turismo e Cultura, João Carlos Abreu, realçou a importância da defesa da identidade cultural, fazendo referência à irreversibilidade da globalização. A ideia — frisou o governante — «é projectarmos no mundo e tornarmos também maiores nesse mundo».
O lado esotérico de Fernando Pessoa
Um dos convidados para esta primeira bienal foi o sobrinho de Fernando Pessoa, o médico Luís Miguel Rosa Dias. Sob o tema “O percurso esotérico de Pessoa”, o orador deu a conhecer o “outro lado” do poeta português. «O meu tio deixou imensos livros sublinhados e estudados sobre astrologia, maçonaria, espiritismo e magia. Como tenho esses livros e como me interesso por esse percurso, resolvi fazer uma espécie de palestra porque eu sei que algumas pessoas só conhecem o Fernando Pessoa como poeta e pouco mais.
Ainda durante a parte da manhã foi apresentado o livro de António Dias, “O Municipalismo em Portugal, Brasil e Cabo Verde”. Fazendo uma comparação com os municípios do continente português, o autor do livro fez referência à Região, enaltecendo o trabalho que aqui tem sido feito, referindo-se à figura de Alberto João Jardim como sendo uma pessoa que o inspirou na realização deste livro. «O Dr. Alberto João Jardim foi uma inspiração para este livro na medida em que a minha tese de licenciatura abordou exactamente as regiões administrativas do continente. Como o presidente do Governo Regional foi o meu professor e falou do tema, quando vim cá à Madeira acompanhado por colegas de curso, vim com espírito aberto para ver quais as diferenças das autarquias madeirenses com as autarquias do continente. Na realidade, aqui vê-se muito mais obra ao nível dos municípios do que se vê no continente», adiantou.

(Lucia Mendonça da Silva em Jornal da Madeira 16/11/2006)

Com uma notícia sobre temas tão brilhantes só posso mesmo não comentar.

JPSetúbal

17 novembro 2006

Tolerancia - parte 2

Eis-me de volta. Muliplos afazeres, algumas questoes de saude, muita falta de tempo, temperado com uma inspiração falha fizeram-me ficar fora do mundo virtual por algum tempo.

Tolerancia, pois eu sou da opinião contrarai à do Rui Bandeira. Tolerancia não é um valor Universal por muito que se lhe faça um dia ou uma declaraçao de Principios.

Aconselho os leitores a procurarem o livro seguinte


Autor: Patrick Thierry Título: Tolerância – Sociedade Democrática, Opiniões, Vícios e Virtudes.
Tradução: Sara Travassos
Editora: Inquérito
Nº de páginas: 132
Ano da Edição: 2003
ISBN: 972-670-418-9


e a lê-lo. Sao 132 paginas em formato bloco de notas e que se lêm muito depressa. Depois de lidas voltem a reler a declaraçao dos principios da Tolerancia e meditem.

Josesr

16 novembro 2006

Tolerância

Hoje é o Dia Internacional da Tolerância.

Mau sinal, quando se cria um dia internacional de qualquer coisa: quer dizer que é preciso chamar a atenção para ela, sobretudo para a sua falta...

A Tolerância não é a descuidada postura que deriva de um complexo de superioridade em relação ao outro.

Pelo contrário, a Tolerância deriva do reconhecimento das nossas próprias imperfeições, dos nossos próprios defeitos, das nossas próprias deficiências. É reconhecendo que não somos perfeitos, que muito temos a melhorar, que entendemos que temos de aceitar os defeitos, as imperfeições dos outros. Porque, afinal, eles também têm de lidar com os nossos defeitos, com as nossas imperfeições...

O maçon tem a estrita obrigação de praticar a tolerância, de não estigmatizar a diferença, de, pelo contrário, conviver com ela e com ela aprender e se enriquecer, ao mesmo tempo enriquecendo o outro.

O maçon não necessita, pois, de um Dia Internacional da Tolerância. Mas pode, e deve, aproveitar esse dia para chamar a atenção para a sua necessidade.

O Dia Internacional da Tolerância foi criado em 16 de Novembro de 1995, através da proclamação e assinatura, no âmbito da UNESCO (organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), da

Declaração de Princípios sobre a Tolerância

Decididos a tomar todas as medidas positivas necessárias para promover a tolerância nas nossas sociedades, pois a tolerância é não somente um princípio relevante, mas igualmente uma condição necessária para a paz e para o progresso económico e social de todos os povos,

Declaramos o seguinte:

Artigo 1º - Significado da tolerância

1.1 A tolerância é o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos. É fomentada pelo conhecimento, a abertura de espírito, a comunicação e a liberdade de pensamento, de consciência e de crença. A tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz.

1.2 A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de tudo, uma atitude activa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância poderá ser invocada para justificar lesões a esses valores fundamentais. A tolerância deve ser praticada por indivíduos, pelos grupos e pelo Estado.

1.3 A tolerância é o sustentáculo dos direitos humanos, do pluralismo (inclusive o pluralismo cultural), da democracia e do Estado de Direito. Implica a rejeição do dogmatismo e do absolutismo e fortalece as normas enunciadas nos instrumentos internacionais relativos aos direitos humanos.

1.4 Em consonância ao respeito dos direitos humanos, praticar a tolerância não significa tolerar a injustiça social, nem renunciar às próprias convicções, nem fazer concessões a respeito. A prática da tolerância significa que toda pessoa tem a livre escolha de suas convicções e aceita que o outro desfrute da mesma liberdade. Significa aceitar o facto de que os seres humanos, que se caracterizam naturalmente pela diversidade de seu aspecto físico, de sua situação, de seu modo de expressar-se, de seus comportamentos e de seus valores, têm o direito de viver em paz e de ser tais como são. Significa também que ninguém deve impor suas opiniões a outrem.

Artigo 2º - O papel do Estado

2.1 No âmbito do Estado, a tolerância exige justiça e imparcialidade na legislação, na aplicação da lei e no exercício dos poderes judiciário e administrativo. Exige também que todos possam desfrutar de oportunidades económicas e sociais sem nenhuma discriminação. A exclusão e a marginalização podem conduzir à frustração, à hostilidade a ao fanatismo.

2.2 A fim de instaurar uma sociedade mais tolerante, os Estados devem ratificar as convenções internacionais relativas aos direitos humanos e, se for necessário, elaborar uma nova legislação a fim de garantir igualdade de tratamento e de oportunidades aos diferentes grupos e indivíduos da sociedade.

2.3 Para a harmonia internacional, torna-se essencial que os indivíduos, as comunidades e as nações aceitem e respeitem o carácter multicultural da família humana. Sem tolerância não pode haver paz e sem paz não pode haver nem desenvolvimento nem democracia.

2.4 A tolerância não pode ter a forma de marginalização dos grupos vulneráveis e de sua exclusão de toda participação na vida social e política, nem a da violência e da discriminação contra os mesmos. Como afirma a Declaração sobre a Raça e os Preconceitos Raciais, "Todos os indivíduos e todos os grupos têmo direito de ser diferentes" (art.1.2).

Artigo 3º - Dimensões sociais

3.1 No mundo moderno, a tolerância é mais necessária do que nunca. Vivemos uma época marcada pela mundialização da economia e pela aceleração da mobilidade, da comunicação, da integração e da interdependência, das migrações e dos deslocamentos de populações, da urbanização e da transformação das formas de organização social. Visto que inexiste uma única parte do mundo que não seja caracterizada pela diversidade, a intensificação da intolerância e dos confrontos constitui ameaça potencial para cada região. Não se trata de ameaça limitada a esse ou aquele país, mas de ameaça universal.

3.2 A tolerância é necessária entre os indivíduos e também no âmbito da da família e da comunidade. A promoção da tolerância e a aprendizagem da abertura do espírito, da audição mútua e da solidariedade devem realizar-se nas escolas e nas universidades, por meio da educação não formal, nos lares e nos locais de trabalho. Os meios de comunicação devem desempenhar um papel construtivo favorecendo o diálogo e debate livres e abertos, propagando os valores da tolerância e ressaltando os riscos da indiferença à expansão das ideologias e dos grupos intolerantes.

3.3 Como afirma a Declaração da UNESCO sobre a Raça e os Preconceitos Raciais, medidas devem ser tomadas para assegurar a igualdade na dignidade e nos direitos dos indivíduos e dos grupos humanos em todo lugar onde isso seja necessário. Para tanto, deve ser dada atenção especial aos grupos vulneráveis social ou economicamente desfavorecidos, a fim de lhes assegurar a protecção das leis e regulamentos em vigor, sobretudo em matéria de habitação, de emprego e de saúde e respeitar a autenticidade de sua cultura e de seus valores e de facilitar, em especial pela educação, sua promoção e sua integração social e profissional.

3.4 A fim de coordenar a resposta da comunidade internacional a esse desafio universal, convém realizar estudos científicos apropriados e criar redes, incluindo a análise pelos métodos das ciências sociais das causas profundas desses fenómenos e das medidas eficazes para enfrentá-las, e também a pesquisa e a observação, a fim de apoiar as decisões dos Estados membros em matéria de formulação política geral e acção normativa.

Artigo 4º - Educação

4.1 A educação é o meio mais eficaz de prevenir a intolerância. A primeira etapa da educação para a tolerância consiste em ensinar os indivíduos quais são os seus direitos e suas liberdades a fim de assegurar seu respeito e de incentivar a vontade de proteger os direitos e liberdades dos outros.

4.2 A educação para a tolerância deve ser considerada como imperativo prioritário; por isso, é necessário promover métodos sistemáticos e racionais de ensino de tolerância centrados nas fontes culturais, sociais, económicas, políticas e religiosas da intolerância que expressam as causas profundas da violência e da exclusão. As políticas e programas de educação devem contribuir para o desenvolvimento da compreensão, da solidariedade e da tolerância entre os indivíduos, entre os grupos étnicos, sociais, culturais, religiosos, linguísticos e as nações.

4.3 A educação para a tolerância deve visar contrariar as influências que levam ao medo e à exclusão do outro e deve ajudar os jovens a desenvolver a sua capacidade de exercer um juízo autónomo, de realizar uma reflexão crítica e de raciocinar em termos éticos.

4.4 Comprometemo-nos a apoiar e a executar programas de pesquisa em ciências sociais e de educação para a tolerância, para os direitos humanos e para a não violência. Por conseguinte, torna-se necessário dar atenção especial à melhoria da formação dos docentes, dos programas de ensino, do conteúdo dos manuais e cursos e de outros tipos de material pedagógico, inclusive as novas tecnologias educacionais, a fim de formar cidadãos solidários e responsáveis, abertos a outras culturas, capazes de apreciar o valor da liberdade, respeitadores da dignidade dos seres humanos e de suas diferenças e capazes de prevenir os conflitos ou de resolvê-los por meios não violentos.

Artigo 5º - Compromisso de agir

Comprometemo-nos a fomentar a tolerância e a não violência por meio de programas e de instituições no campo da educação, da ciência, da cultura e da comunicação.

Artigo 6º - Dia Internacional da Tolerância

A fim de mobilizar a opinião pública, de ressaltar os perigos e de reafirmar nosso compromisso e nossa determinação de agir em favor do fomento da tolerância e da educação para a tolerância, proclamamos solenemente o dia 16 de Novembro de cada ano como o Dia Internacional da Tolerância.

Há uns milhares de anos, alguém proclamou: "Amai-vos uns aos outros". Comecemos por um mais modesto, mas indispensável, objectivo: toleremo-nos uns aos outros!

Rui Bandeira

15 novembro 2006

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP


A nossa GLLP/GLRP atravessa uma fase de sereno e coerente crescimento.

Qualquer análise esclarecida tem de assentar em quem somos e nas circunstâncias que nos marginam e o ponto de partida só pode ser um: todo o nosso trabalho visa a construção de um Templo que as nossas humanas limitações não permitem que possamos concluir e não, como com ignorância profana poderíamos conjecturar, utilizar um Templo, por belo que seja na construção do qual não participámos, isto é, na parede do qual não colocámos nenhuma pedra por nós polida laboriosa e conscientemente. Iniciámos, formalmente, a nossa vida colectiva há década e meia; honramo-nos todavia, e, pelos motivos que apontei com toda e legitimidade, de um passado longo e que tão fundas marcas deixou na História da Humanidade.

Muitos são os que têm prosseguido o trabalho feito pelos que nos antecederam. A todos devemos reconhecer o mérito do seu labor e se alguns nomes caíram no esquecimento tal ter-se-á ficado a dever à discrição com que actuaram, o que mais realça a sua coerência maçónica e o seu desapego a ridículas vaidades.

Entre outros temas sobre os quais adiante ensaiarei algumas considerações um há que, na sua aparente linearidade esconde uma dúvida que nalgumas potências estrangeiras vem merecendo aturada reflexão: deverá a Maçonaria do futuro, e portanto a nossa Grande Loja, preocupar-se mais com o Templo ou com a Loja?

Noutras áreas do conhecimento este duelo de cumplicidades entre a Teoria e a Praxis é resolvido com a procura de simbioses. Creio que assim não deverá acontecer no que nos diz respeito. Continuo a crer, firmemente, e nesse sentido tenho actuado, que embora cuidemos do que é feito, este deve ser sempre descendente directo do porque é feito.

Se dermos importância de protagonista à nossa acção, torna-nos-emos, e muitos são os cantos das sereias que no-lo sugerem, um grupo de homens mais ou menos bons que se dedicam a causas mais ou menos boas, como tantos e tantos outros grupos. Seremos menos agredidos pelos intolerantes, é certo, mas, é bem preferível que sejamos agredidos por termos uma cultura própria que determina e margina o que fazemos a navegarmos em mares bonançosos que não são os nossos.

Justamente por isso, têm sido várias as actividades culturais que temos promovido acompanhados do convite à participação dos Obreiros.

Tem de ser este, só pode ser este, o nosso percurso. Os frutos começam a ser bem visíveis sendo estimulante verificar que várias são as RR...LL... interessadas em dar sequência aos exemplos dados, promovendo actividades diversas, inclusivamente a publicação de cadernos como em boa hora a R...L... Astrolábio começou a fazer há alguns anos – estão publicados 32!-.

É a colina dos saberes que fomos reunindo que determinará o que viermos a fazer não sendo razoável admitir que o nosso aperfeiçoamento espiritual dependa mais dos fins do que dos meios. A título de exemplo, aponta-se a beneficência: as acções, e muitas são, que promovemos neste domínio, não são um fim em si mesmas, são a natural consequência da nossa formação maçónica.

Estamos pois a crescer, tendo sempre presente que só nos interessa crescer para sermos melhores, não para, cedendo a interesses pessoais ou de grupo, sermos maiores e mais aptos para conquistarmos lantejoulas ou cifrões. A nossa meta está, só pode estar, muito para além e muito para cima de tais pobres objectivos.

O que estamos a fazer é conseguido com discrição, com prudência e, em especial, com a coerência imposta pelos princípios que seguimos, da Maçonaria Regular. Estes são princípios padronizados pela crença em Deus, Grande Arquitecto do Universo, que todos sentimos, ainda que a possamos viver de formas diferentes. Por isso é com a maior naturalidade que respeitamos as Religiões e os seu representantes, não existindo, da nossa parte, qualquer reticência que possa empanar um relacionamento que pretendemos que seja claro e assente no respeito mútuo.

Também no tocante a outras obediências maçónicas, reconhecidas ou não, recusamos qualquer forma de agressão ou de colisão. A Maçonaria, como a entendemos nós, os maçons Regulares, é trabalho de construção própria, nunca o de destruição do trabalho alheio.

(Excerto do artigo "A actualidade da Maçonaria", da autoria do Mui Respeitável Grão Mestre da Grande Loja Legal de Portugal /GLRP, Alberto Trovão do Rosário, originalmente publicado em "O Aprendiz", Revista da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP - Nova Série, Ano 6, n.º 25; este é o oitavo de nove excertos que serão aqui publicados; o anterior foi publicado em 13/11/2006, sob o título "Os Altos Graus"; o próximo, e último, terá o título "Como prosseguir").

Rui Bandeira

14 novembro 2006

Hangar de Sonhos - Odes Brancas

É o título do livro que Mário Máximo agora publica, através da editora Sete Caminhos, e que vai ser apresentado amanhã, 15 de Novembro, pelas 18 h 30 m, na Livraria Bertrand do Vasco da Gama, em Lisboa. A apresentação será efectuada pelo escritor Ernesto de Melo e Castro.


Mário Máximo
nasceu em 19 Setembro de 1956, na cidade de Lisboa. A sua vida repartiu-se por Olival Basto (até aos sete anos), Lisboa (até aos trinta e cinco) e Odivelas, onde reside há cerca de uma década.

Desde bastante cedo ligado às questões da literatura e da criatividade literária, deram os jornais a conhecer muitos dos seus poemas, mas também o conto e a crónica. O guionismo para televisão tem sido outra das suas ocupações. Em 1986 publicou o primeiro livro: um livro de poemas. Desde então, sucederam-se mais cinco livros de poemas e um romance: Um Milhão de Anos, editado por Perspectivas & Realidades em 1986 – Poesia; Meridiano Agreste, editado por Tertúlia Editora em 1991 – Poesia; Hedonista, editado por Tertúlia Editora em 1994 – Poesia; Paisagens da Utopia, editado por Tertúlia Editora em 1996 – Poesia; A Ilha, editado por Hugin Editores – Romance; Arte Real, editado por Hugin Editores – Poesia; Oração Pagã, editado por Hugin Editores – Poesia.

Mário Máximo exerce presentemente as funções de Presidente do Conselho de Administração da Odivelcultur, empresa municipal que assegura a gestão de três equipamentos culturais no concelho de Odivelas, distrito de Lisboa, o conhecido Centro Cultural da Malaposta, o Centro de Artes e Ofícios e o Auditório Municipal da Póvoa de Santo Adrião.

Homem de cultura, mas também homem da vida prática, da gestão de equipamentos culturais, tem vindo regularmente a publicar a sua poesia.

O lançamento deste seu último volume é, assim, pretexto para conhecer e contactar com o poeta gestor. Uma boa oportunidade a aproveitar por quem se puder deslocar à Bertrand do Vasco da Gama.

Rui Bandeira