16 maio 2008

Percurso a Venerável

Volto !!! - espero.

O Rui deixou-nos com mais um brilhate texto sobre a " linha de sucessão", no qual nos apresenta a sua visão do fenomeno da continuidade de uma Loja.
Referiu-se a uma intervençao minha, originalmente proferida em Loja em 27/7/2006 , já lá vao 2 anos, e que tenho vindo a apresentar em outras Lojas.
No meu comentário ao texto do Rui abordei rapidamente o tema na minha perspectiva. Todavia e para melhor enquadrar o que disse publico, com alguns cortes necessários, o texto apresentado em Loja.



Cargos de Oficial e Percursos de Progressão
REAA - Lojas Azuis


Nem todos os Aprendizes chegam a Companheiro, destes nem todos chegarão a Mestre Maçon. Seguramente que apenas alguns dos Mestres chegarão a Venerável Mestre . E Esta deve ser uma das regras fundamentais de qualquer Loja, devendo ser comunicada aos aprendizes no seu primeiro dia.

O Cargo de Venerável não é o fim último de uma “carreira” dentro da Loja. É um cargo ao qual se deve chegar porque se crê que naquele momento aquela pessoa pode acrescentar à Loja.

Como tradicionalmente a escolha do Venerável é feita com 2 anos de antecedência, ou seja no momento da nomeação do 2º Vigilante, a Loja prepara-se com tempo.

No Nosso Rito temos os seguintes cargos a serem desempenhados em cada ano Maçónico.

Vigilantes ; Secretário ; Orador ; Tesoureiro ; Experto ; Mestre de Cerimónias ; Hospitaleiro ; Guarda Interno ; Organista

Temos assim cargos eminentemente rituais, outros administrativos, uma terceira categoria de natureza mista, e uma quarta que chamarei outros.

Sem dúvida que o Secretário e o Tesoureiro são cargos administrativos, como não há duvida que M. Cerimónias, Experto, Hospitaleiro, Guarda Interno são de cariz ritual.

Os Vigilantes embora tendo um peso ritual importante, têm também uma carga administrativa associada, e têm ainda a função de Ensino, por isso não são bem uma coisa nem outra, são corolários.

O Organista é um caso à parte, tem uma óbvia e importantíssima função ritual, e tem uma função espiritual fundamental, pois com a sua mestria pode tornar as penosas sessões mais ligeiras.

E quanto ao Orador?

Passando caso a caso

Secretario: tem como função primordial guardar a memória da Loja e tratar dos assuntos de correspondência e comunicação. É por excelência o auxiliar do VM no que ao sector administrativo diz respeito.

Tesoureiro: como o próprio nome indica é aquele que guarda e administra os bens pecuniários da Loja.

Mestre-de-cerimónias: Usando um termo futebolístico é o Patrão do Rectângulo. Age às instruções do VM, tendo no entanto autonomia para circular sem autorização para resolver problemas e orientar trabalhos.

Hospitaleiro: Tem como função principal o acompanhamento dos Irmãos nas alegrias e nas tristezas, representando para o efeito a Loja, sendo que ritualmente lhe cumpre a função de recolha dos obulos

Vigilantes: São os vértices do Triangulo simbólico que comanda a Loja. Têm a seu cargo as colunas, e a passagem do Saber.
Têm a seu cargo, conjuntamente com o VM a representação externa da Loja, sendo-lhes dados poderes para em Nome da Loja defenderem as posições da Loja nos fóruns onde têm assento.
Têm como função o auxílio ao VM na preparação das sessões, sendo ainda o primeiro filtro dos trabalhos apresentados pelos Irmãos integrantes das respectivas colunas (entenda-se Aprendizes e Companheiros)

Guarda Interno: Para alguns o símbolo da Humildade a que se submete o Mestre que já foi Venerável. Aparentemente pouco participante nas sessões, tem por missão fundamental anunciar que alguém bate à porta e de que modo o faz, tendo que saber para tal quando deve fazer esse anúncio. É o primeiro a verificar quem se apresenta, sendo que para tal o seu conhecimento dos ritos e dos graus é fundamental. O conhecimento adquirido é de grande importância.

Experto – A ele estão confiadas tarefas importantes de condução de cerimónias de Iniciação, Aumento de Salário e Exaltação. Estando ainda acometidas as tarefas de ensino no decurso destas cerimonias.
Tem em alguns casos a prerrogativa de se deslocar sem a necessidade do M. Cerimónias. Tem ainda como missão identificar irmãos de outras lojas ou obediências, prestando nisso auxílio ao Guarda Interno.

Estão assim vistas as funções em Loja quer as administrativas quer as Rituais.

E Quanto ao Orador?

O Orador não foi esquecido. Mas é na minha opinião o Caso que não se enquadra.
Não é definitivamente um cargo Administrativo, mas sanciona o trabalho administrativo.
Não é definitivamente um cargo Ritual mas sanciona múltiplos aspectos rituais.
Não é definitivamente um cargo de Gestão da Loja, mas sanciona a gestão.
É o único que pode falar depois do Venerável Mestre.
É o único que pode falar quando achar que para tal há razão, nomeadamente em questões de regularidade e cumprimento dos regulamentos.

São-lhe pedidas orações de sapiência, sobre o que se passa em Loja independentemente do grau.
É, deveria ser, aquele que verifica as pranchas de Aprendizes e Companheiros para aferir se o seu conteúdo está consentâneo com o grau em que vai ser apresentado.
Em meu entender, deveria também fazer prévia verificação das pranchas de Mestre, pois estes muitas vezes levados pela vontade de ensinar quebram barreiras.

O Orador tem que saber tudo. É uma espécie de corolário dos demais Oficiais.

Vejamos

Como pode sancionar trabalhos administrativos, rituais e de gestão se não souber como fazê-los.
Como pode ajudar à condução dos trabalhos se não tiver experiência para tal.
Como pode ser o guardião da LEI se não for um mestre experimentado.

Ao longo destes anos que por aqui ando, tenho vindo a pensar sobre o que deve ser uma Loja, e como devem circular os Irmãos nela.

Estou certo que opinião sobre este assunto há pelo menos uma por cada cabeça pensante.

O percurso até ao Veneralato, para além do desempenho dos cargos de Vigilantes, deve incluir uma vertente administrativa e uma ritual.

Tentando dar uma sequencia a este percurso o mestre deverá desempenhar, não necessariamente de forma consecutiva os seguintes cargos:

Secretário e/ou Tesoureiro
Mestre de Cerimónias
Hospitaleiro

Estará então apto a entrar na sequência Sul – Ocidente – Oriente.
Depois de ser VM não há contestação ao passar um ano enquanto PVM e outro como GI.

Quanto ao Experto e ao Orador cargos fundamentais, deveriam ser a sequência lógica após o Guarda Interno, num novo percurso de Ocidente a Oriente, para finalmente terminar nas colunas.

E se este percurso não for seguido porque pode haver indisponibilidade falta de tempo, ou compromisso, pelo menos que o Orador seja um antigo Venerável pois os anos de trabalho permitirão que seja o repositório da experiência acumulada.

Todavia é necessário entender que a conclusão a que chego não é a de que a sucessão começa no início. Isso seria por a escolha do VM a 5 ou mais anos de distância o que é muito, tanto mais que nem sempre os Irmãos podem ter o compromisso de seguir uma sequência tão grande sem falhas.

O que quero dizer é que o capital de experiência deve ser aproveitado ao máximo pois uma loja só consegue o seu equilíbrio, e mais uma vez no meu ponto de vista, se tiver sempre um apreciável número de antigos Veneráveis activos.

Este equilíbrio que um “conselho Senatorial” pode proporcionar tem que ser entendido como apenas como isso e não como um Conselho no lugar do Venerável.

No entanto nada disto tem qualquer valor ou utilidade se a Loja não cuidar da renovação, iniciando, passando a Companheiro, elevando a Mestre mas sobretudo durante este percurso apostando na formação.

Esta formação deve ser mais vasta que a simples presença em sessão, deve incluir sessões instrução formais quer dentro do templo, quer fora do templo.

Os vigilantes ao terem que fazer essas sessões instrução, terão eles próprios que se preparar e que estudar, e com isso carregarão o seu lastro para o desempenho da função de Venerável Mestre para a qual serão chamados num futuro próximo.

O sucesso do percurso está, de facto, ligado ao Homem em si, mas está muito mais ligado à capacidade da Loja de suprir quaisquer defeitos ou falhas e permitir o sucesso daqueles que por feitio ou personalidade são um pouco menos carismáticos, e também ter a capacidade de mitigar as acções daqueles que são muito carismáticos.

Disse acima que o Venerável deverá acrescentar à Loja. Acrescentar significa continuar um projecto existente e não fazer um projecto próprio. Apenas a Loja deverá ter um projecto para o qual contribuem todos incluindo o Venerável.

Não tendo por objectivo estabelecer uma tese, e daí uma doutrina, penso ter deixado aqui alguma matéria de discussão, ou pelo menos de reflexão.
José Ruah

15 maio 2008

A "linha de sucessão"

Já em vários textos que publiquei no blogue, o último dos quais o dedicado ao ofício de Experto, fiz ocasionais referências à "linha de sucessão". Convém explicar em que consiste e como funciona.

A "linha de sucessão", que eu saiba, não tem apoio formal ou regulamentar em qualquer norma de qualquer jurisdição maçónica. Não está prevista com carácter de obrigatoriedade em nenhum lado. No entanto, em muitas jurisdições maçónicas é observada a prática da "linha de sucessão" no preenchimento dos ofícios, quer de Loja, quer mesmo de Grande Loja. Consiste no estabelecimento informal de um percurso de ofícios que deve ser sucessivamente assegurado por um maçon, como que ascendendo numa hierarquia, até ascender ao ofício de maior responsabilidade numa Loja, o de Venerável Mestre, ou numa Grande Loja, o de Grão-Mestre.

Na GLLP/GLRP, não se verificou, até agora, um claro estabelecimento de uma "linha de sucessão". O ofício de Grão-Mestre é exercido por quem for eleito para o cargo. Costuma haver mais de uma candidatura sempre que há eleições. Embora se tenha verificado que existe uma natural vantagem de quem exerce o ofício de Vice-Grão-Mestre na disputa pela eleição, ela decorre da visibilidade do cargo exercido, do reconhecimento de que o braço direito do Grão-Mestre conhecerá melhor os projectos em curso e as estratégias para ultrapassar os problemas existentes, não de uma tácita assunção de um "direito" à eleição. Aliás, algumas eleições foram bem disputadas... E nenhum caminho de acesso ao Vice-Grão-Mestrado se acha, ainda que informalmente, estabelecido. Resumindo: embora não seja uma situação que se possa considerar descartada em termos de evolução futura, na GLLP/GLRP não se mostra, ao contrário do que sucede em muitas jurisdições maçónicas - designadamente Grandes Lojas norte-americanas - instituído, ainda que informalmente, um princípio de "linha de sucessão" para o acesso ao ofício de Grão-Mestre. O que é, no meu entender, muito bom e desejável que assim permaneça.

Já a nível de Loja, o meu entendimento é exactamente o oposto: considero muito vantajoso que se estabeleça e respeite uma "linha de sucessão" para o preenchimento dos ofícios mais exigentes da Loja, culminando no de Venerável Mestre. Baseio esta minha opinião nos excelentes resultados que a Loja Mestre Affonso Domingues tem obtido com a opção pelo estabelecimento desta prática, praticamente desde a sua fundação. A origem desta prática descrevi-a no texto A eleição do Terceiro Venerável Mestre. Desde então, foi sempre seguida, aumentada e aperfeiçoada, sempre sem sobressaltos, sempre de forma aberta e clara, sempre consensualmente.

Ao contrário do que sucede a nível de Grande Loja, em que os obreiros se encontram dispersos geograficamente e com limitações de contactos entre si, exceptuados os existentes entre os obreiros da mesma Loja, uma Loja maçónica tem um número limitado de membros, com um estreito contacto entre si, situação potenciadora de um amplo conhecimento das características de cada um, dos seus pontos fortes e fracos. Estabelecem-se fortes relações de amizade. Tudo o que evite disputas é bem-vindo.

A prática da "linha de sucessão" tem, assim, a grande virtualidade de tornar desnecessárias disputas eleitorais e fortalecer significativamente a coesão da Loja.

Tem, é certo, potencialmente, o perigo de formação de uma "clique" que se auto-perpetue no "poder" da Loja. Mas este perigo é muito limitado e facilmente evitado, quer porque o "poder" da Loja é ilusório e só efectivamente existente na medida em que exista consonância entre o Venerável Mestre e a Loja, quer porque, se se instituísse uma "clique" de poder numa Loja, facilmente os que estavam fora desse "círculo" poderiam resolver o problema: basta juntar sete Mestres para peticionar a constituição de uma nova Loja e deixar os sedentos do poder a ficarem a "mandar"... neles próprios... Uma Loja é um meio ao serviço dos seus obreiros. Quem o esquecer e pretender torná-la algo diverso, não demorará muito tempo a perder as suas ilusões! Infelizmente, se e quando a tentação surge, o preço que se paga, dentro de um prazo não muito longo, é o abatimento de colunas da Loja "ocupada" ou, pelo menos, uma grave crise que obrigará, na prática, à sua lenta e esforçada reconstrução.

No caso da Loja Mestre Affonso Domingues, esse perigo nem nunca esteve sequer no horizonte, até porque a "linha de sucessão" natural e consensualmente criada tem uma importante válvula de segurança...

Originalmente, na Loja Mestre Affonso Domingues, a "linha de sucessão" abrangia as três luzes da Loja. Isto é, o 1.º Vigilante substituía o Venerável Mestre e era substituído pelo 2.º Vigilante. Mais tarde - com clareza a partir do mandato do décimo quarto Venerável Mestre -, alargou-se até ao Orador e, muito rapidamente, nos mandatos seguintes, até ao Secretário e ao Tesoureiro.

No mandato do actual Venerável Mestre, este tomou a decisão, aliás na sequência de uma sugestão nesse sentido avançada pelo José Ruah e consensualmente assumida pelos demais obreiros, de substituir, na "linha de sucessão", o Orador pelo Mestre de Cerimónias.

Assim, presentemente - e, se não houver motivos para mudar, espero que por muito tempo - um obreiro, antes de ser eleito pelos Mestres da Loja para exercer o ofício de Venerável Mestre, exerce, sucessivamente, os ofícios de Tesoureiro, Secretário, Mestre de Cerimónias, 2.º Vigilante e 1.ª Vigilante.

As vantagens são evidentes: 1. não há disputas eleitorais, nem dissensões, nem zangas devido a eleições; 2. O venerável Mestre ascende ao ofício mediante um percurso que lhe permite o conhecimento e a prática de variadas e importantes responsabilidades dentro da Loja; pode dirigir a sua equipa com conhecimento de causa do que é o exercício dos vários ofícios; efectua alterações em função da sua própria experiência, não de vagas impressões; a Loja tendencialmente sabe quem a vai sucessivamente dirigir nos próximos 5 anos.

A válvula de segurança que a Loja Mestre Affonso Domingues instituiu para prevenir a tentação de abusos foi a inclusão no início da "linha de sucessão" do Tesoureiro. É que este é, além do Venerável Mestre, o único ofício cuja titularidade é preenchida por eleição. Ou seja, entra-se na "linha de sucessão" por eleição. Não por designação. Quando a Loja elege um Tesoureiro, sabe que está, não só a fazê-lo, mas a escolher o Venerável Mestre de daí a seis anos! E, se conseguimos que, até agora, só haja, em cada ano, um único candidato ao ofício de Venerável Mestre, o 1.ª Vigilante em exercício, para a eleição de Tesoureiro não é bem assim: já houve, e é bom que assim seja, mais do que uma candidatura. Assim se conquista a legitimidade.

Uma última nota: o sistema, além de informal, não é rígido. Já aqui no blogue dei conta de situações em que houve alterações na "linha de sucessão" (veja-se, por exemplo, o texto A ultrapassagem). Pontualmente outras vai havendo, em função das circunstâncias e dos inesperados percalços. Por exemplo, perdemos este ano um dos elementos que integravam a "linha de sucessão". Já temos, segundo creio, a questão resolvida a contento ou, pelo menos, da melhor forma possível.

Enfim, a "linha de sucessão" não existe regulamentarmente, é informal e consensual, mas é sobretudo um guia, um apoio, não uma imposição. Porque estabelecida fraternalmente.

Rui Bandeira

14 maio 2008

O vendilhão do Templo

Pois é, o texto publicado na sexta-feira pelo JPSetúbal recordou-me a nossa (da Loja Mestre Affonso Domingues) tradição privativa do mês de Maio. É assim:

Encerrados ritualmente os trabalhos da reunião da Loja, estando os obreiros nos Passos Perdidos (a antecâmara da sala de reuniões) conversando e arrumando os seus pertences, aproxima-se sorrateiramente o JPSetúbal e, como não quer a coisa, arvorando o seu sorriso bonacheirão, dispara à queima-roupa:

- Vá lá, meninos! Quantos pirilampos é que cada um vai levar?

É claro que já está um qualquer cúmplice de sobreaviso, porque logo de um canto se ouve o ribombar de uma voz:

- Eu levo dez!

E assim fica logo o pessoal condicionado a que não se fica com unzinho. A ideia é levar uns quantos pirilampos mágicos e distribuir pela família, pela criada, pelos vizinhos, colegas de emprego e ainda ficar com um de reserva para oferecer ao fiscal do estacionamento pago, em retribuição do papelinho da multa diligentemente entregue, assinalando esquecimento do esportular de moedinhas para o parquímetro... Do mal o menos, sempre se ajuda as CERCI's!

E o JPSetúbal lá vai esvaziando o sacão de pirilampos, de que avisadamente se munira.

Como é descarado, recebe a nota, entrega os pirilampos e declara, com um ar falsamente malandro:

- Levas o troco em pins!

E esta galhofa todos os anos em Maio acontece. O JPSetúbal é o nosso vendilhão do Templo privativo. Mas, ao contrário dos outros, referidos no Volume da Lei Sagrada dos cristãos, este não é expulso à chicotada, nem tem porquê. É bem-vindo e alegremente correspondido, porque vende o que deve ser vendido à porta do Templo: SOLIDARIEDADE!

Este ano vai voltar a ser assim! Cá para mim, só há um porém: está visto que este ano não é o meu ano; até o bendito do pirilampo é verde!!!! Mas as CERCI's merecem! Que compremos os pirilampos mágicos e muito mais!

Para quem nos lê fora de Portugal: o pirilampos mágicos são pequenos bonequinhos que são vendidos e o produto da venda reverte para as CERCI's. As CERCI's estão espalhadas por todo o Portugal. São Cooperativas de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados e são um precioso meio de auxílio e integração de crianças e adultos que são diferentes, que têm insuficientes cognitivas, mas que desabrocham e se desenvolvem até aos limites das suas capacidades, graças ao trabalho e ao apoio que recebem.

Para que nos lê em Portugal: claro que vai comprar um ou mais pirilampos! Mas, este ano, faça um pouco mais: vá visitar uma CERCI próximo de si. Eles gostam de mostrar o seu trabalho e garanto que será uma experiência muito enriquecedora. Verá que as únicas perguntas que interessa verdadeiramente fazer são Do que necessitam agora? e Como posso ajudar? A tudo o resto, relativamente aos cidadãos inadaptados, as CERCI's dão excelente resposta!

Rui Bandeira

13 maio 2008

Inês: balanço (7/Maio/2008)







Meu querido Rui, apetece-me dizer-te, como digo a propósito da Rita Levi, “quem te viu e quem te vê…”
Óh menino, já não tens idade para ser vaidoso. Ganha juízo !
Mas que raio de texto te lembraste de postar. É como diz a tal Rita, a idade desactiva os neurónios…
Vamos lá ver:
Fizeste um texto de apoio à situação da Inês !
Fizeste um texto reforçando as explicações sobre a situação da Inês !
Fizeste terceiro texto re-reforçando a situação da Inês !
Tens posto notas nos outros textos que tens escrito, mesmo que não relacionados com a Inês !

A “malta” não te liga nenhuma e Tu é que és incompetente ?
Vá lá, eu ajudo… deixa-te de ser vaidoso !
Querias ser incompetente… querias… mas não consegues ! Azar, é defeito de fabrico.

Meu querido, ainda por cima, logo a seguir pões aquele admirável vídeo sobre os exemplos dados às crianças. Mas então não está aí a resposta ? Vê lá bem…

E depois tens seguidores. É o nosso querido “Simple” a deitar achas p’rá fogueira (óh balha-me deus… só me saem duques e cartas de nada !)

Bom, meus queridos postantes, vamos lá ver um pouco da “coisa”.

Este tipo de beneficência está esgotado (a meu ver !). As pessoas estão cansadas destes peditórios, mais ainda porque têm a consciência de que a grande maioria deles é destinada a tudo, menos ao que é anunciado, sendo que “gato escaldado…”, e portanto deixaram de aderir a este tipo de manifestação.
Depois há, como diz o “Simple”, alguma coisa de “efeito de espectador”, embora aqui eu tenha alguma desavença (?) com o “Simple”.

O que se passa muitas vezes no efeito de espectador não tem exactamente o sentido que ele lhe dá.
Acontece que há muita gente que faz, se for preciso fazer, isto é, faz se não houver mais ninguém capaz de fazer. Se houver, então é porque é fácil e “eles” que façam.

É uma postura diferente da que é referida pelo “Simple”, que não tem qualquer sentido pejorativo, bem pelo contrário, deixa aberta a indicação de disponibilidade para as coisas de facto complicadas (as tais que nem todos conseguem fazer !) deixando aos outros a possibilidade de fazerem aquilo de que são capazes, sem a sobreposição da nossa “altíssima competência”.
É sabido que eu faria sempre melhor… Claro !
Mas, de vez em quando, deixar aos outros a alegria de serem úteis também tem a sua beleza.
De acordo ?

A este propósito aconselho a leitura de uma obra “deliciosamente deliciosa”, de autor inglês (Jerome K. Jerome), e intitulada “3 homens num bote (sem falar no cão”. É o humor inglês no seu melhor, com toda a força da análise do “non-sense” que os ingleses fazem de forma absolutamente superior e que tem tido por cá alguns bons seguidores.
Ali temos uma explicação mais do que perfeita de algum “efeito de espectador” !

Voltando à “incompetência” Rui.
Meu Caro, vê os exemplos, múltiplos, à Tua volta. Vê onde vão parar os auxílios que são recolhidos, frequentemente com grande sacrifício, destinados a África (Angola, Moçambique, Guiné, Zimbabué, Sudão, Burkina…).
Vê agora com a Birmânia o que está a acontecer naquela terra “governada” por tiranos e com 150 mil mortos às costas.

O pessoal desconfia das ajudas, está muito calejado e diz com a maior normalidade “já dei para esse peditório !”. Depois há o comodismo, pois claro. Depois há a inconsciência social, pois claro. Depois há o sentimento de que “os impostos que sirvam para isso”…

Posso estar todo o dia a acrescentar “boas” razões para que a “malta” se borrife no assunto, mas acabo com uma estorinha exemplar.
Como sabem procuro ser activista dos Pirilampos Mágicos. Felizmente há muitos e bons nesta tarefa o que me facilita enormemente a vida.
Na 6ª feira arrancou a campanha referente ao Pirilampo 2008, tal como “postei” aqui, e como é habitual procurei, em Odivelas, pôr Pirilampos à venda em locais que me parecem propícios, desde que as pessoas se empenhem a fazê-lo, e para isso recorro a estabelecimentos comercias que tendo movimento diário de pessoas a passar, têm oportunidade de fazer a venda.
É simples, é barato e é bonito.
Só falta querer. E isso é o que acontece frequentemente.
Num dos restaurantes que visitei recebi como resposta “sabe, não é o nosso trabalho, mas tenho muito respeito por quem o faz…”. A vontade que tive de mandar o senhor meter o “respeito” no tacho da caldeirada foi mais que muito. Claro que não o fiz, mas que me apeteceu… apeteceu.
Ora isto é inconsciência cívica. A pessoa sabe ao que se destinam os fundos que forem apurados, sabe que estas instituições de apoio social têm falta de quase tudo, sabem que a sua existência é dramaticamente importante e indispensável para milhares de jovens, incapacitados para a vida diária tal como nós (“normais” ?) a entendemos, e responde que “não é o nosso trabalho…”
Então é de quem ? A estas alminhas nem sequer passa pela cabeça que podem virar a situação a seu favor, isto é, em vez de terem uma atitude passiva perante a situação, podiam pegar nos posters, sempre bonitos e cheios de cor, e utilizá-los nas montras, em cima dos balcões, por muitos locais dos estabelecimentos muitas vezes “ranhosos”, sem decoração e sem gosto, dando-lhes vida e tornando-os mais apelativos. Espalhando luz !

E prontes (conforme o novo acordo ortográfico) fico-me por aqui sobre a incompetência do Rui.

Vão 3 (três) abraços.
Um para o Rui incompetente, outro para o comentador1 (Simple) que é “espectador…” e outro para o comentador2 (Nuno) que se baralhou na “incompetência” e acha que estamos em crise… (o Nuno não costuma dar atenção ao “prime-minister”!)

JPSetúbal

12 maio 2008

RITA LEVI MONTALCINI


Como de costume uma Amiga de há muitos anos (que raio de coisa, todas as referências são de há muitos anos… Mas eu tenho tão poucos, como é possível ?) mandou-me em mensagem via net uma entrevista com uma Senhora , de nome Rita Levi, médica e investigadora sobre o funcionamento do conteúdo cerebral.
Acontece tratar-se de alguém que mantém, aos 99 anos, ideias claríssimas sobre o Homem e a Humanidade, sua situação e suas necessidades.
E eu, aproveitador-mor deste reino, trago-a ao A-Partir-Pedra.
Parece-me inegável o interesse desta vida, e as ideias que expressa claramente, indicam um caminho que, a ser seguido, só pode trazer bons resultados ao mundo.
Uma pequena chamada de atenção. Tudo o que Rita Levi refere sobre a evolução e transformação de neurónios só se aplica aos que têm cabeça com neurónios. Um só é pouco para se sentir estas evoluções… Falo por mim naturalmente !

Dra. Rita Levi, que tem 99 anos recebeu o Prémio Nobel de Medicina quando tinha 77 !!! Rita Levi Montalcini, nasceu em Turín, Itália, em 1909, e obteve o título de Medicina na especialidade de Neurocirurgia.
Como na entrevista refere que se considera feia, assim como diz que o corpo enrugou, aproveitei 2 fotos da Wikipédia para poder dizer, “quem a viu e quem a vê”… Só que, meus queridos amigos, não são as fotografias do exterior que valem !Esta entrevista aqui fica, tal qual me chegou, obviamente em “brasilês” e com um pequeno cheirinho do orgulho judeu que teria sido dispensável, embora não faça mal a ninguém.

Eis uma entrevista com a médica no dia 22/12/ 2005

Como vai celebrar seus 100 anos ?
Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso não gosto de celebrações. No que eu estou interessada e gosto é no que faço a cada dia.!

E o que você faz?
Trabalho para dar uma bolsa de estudos às meninas africanas para que estudem e prosperem ... elas e seus países. E continuo investigando, continuo pensando.

Não vai se aposentar?
Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposenta e se abandona... E isso mata seu cérebro. E adoece.

E como está seu cérebro?
Igual quando tinha 20 anos! Não noto diferença em ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.

Mas terá algum limite genético ?
Não. Meu cérebro vai ter um século, mas não conhece a senilidade. O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!

Como você faz isso?
Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem neurónios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los!

Ajude-me a fazê-lo.
Mantenha seu cérebro com ilusões, activo, faça-o trabalhar e ele nunca se degenerará.

E viverei mais anos?
Viverá melhor os anos que viver, é isso o interessante. A chave é manter curiosidades, empenho, ter paixões....

A sua foi a investigação científica...
Sim, e segue sendo.

Descobriu como crescem e se renovam as células do sistema nervoso...
Sim, em 1942: dei o nome de Nerve Growth Factor (NGF, fator do crescimento nervoso), e durante quase meio século houve dúvidas até que foi reconhecida sua validade e, em 1986, me deram o prémio por isso.

Como foi que uma garota italiana dos anos vinte converteu-se em neurocientista?
Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa mãe... E eu não quis. Fui firme e confessei que queria estudar.

Seu pai ficou magoado?
Sim, mas eu não tive uma infância feliz: sentia-me feia, tonta e pouca coisa... Meus irmãos maiores eram muito brilhantes e eu me sentia tão inferior...

Vejo que isso foi um estímulo...
Meu estímulo foi também o exemplo do médico Albert Schweitzer, que estava na África para ajudar a curar a lepra. Desejava ajudar aos que sofrem, esse é meu grande sonho.

E você o tem realizado... com a sua ciência.
E, hoje, ajudando as meninas da África para que estudem. Lutamos contra a enfermidade, a opressão à mulher nos países islâmicos, por exemplo, além de outras coisas...
A religião freia o desenvolvimento cognitivo?
A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o homem, afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas algumas religiões estão tentando corrigir essa posição.

Existem diferenças entre os cérebros do homem e da mulher?
Só nas funções cerebrais relacionadas com as emoções, vinculadas ao sistema endócrino. Mas, quanto às funções cognitivas, não há diferença alguma.

Por que ainda existem poucas cientistas?
Não é assim! Muitos descobrimentos científicos atribuídos a homens, realmente foram feitos por suas irmãs, esposas e filhas.

É verdade?
A inteligência feminina não era admitida e era deixada na sombra. Hoje, felizmente, há mais mulheres que homens na investigação científica: as herdeiras de Hipatia!

A sábia Alexandrina do século IV...
Já não vamos acabar assassinadas nas ruas pelos monges cristãos misóginos, como ela. Claro, o mundo tem melhorado algo...

Ninguém tem tentado assassinar você...
Durante o fascismo, Mussolini quis imitar Hitler na perseguição dos judeus. E tive que me ocultar por um tempo. Mas não deixei de investigar: tinha meu laboratório em meu quarto...E descobri a apoptose, que é a morte programada das células!

Por que existe uma alta percentagem de judeus entre cientistas e intelectuais?
A exclusão estimula entre os judeus os trabalhos intelectivos e intelectuais: podem proibir tudo, mas não que pensem! E é verdade que há muitos judeus entre os prémios Nobel...

Como você explica a loucura nazista?
Hitler e Mussolini souberam como falar ao povo, onde sempre prevalece o cérebro emocional por cima do neocortical, o intelectual. Conduziram emoções, não razões!

Isto está acontecendo agora?
Por que você acha que em muitas escolas nos Estados Unidos é ensinado o creacionismo e não o evolucionismo?
A ideologia é emoção, é sem razão?
A razão é filha da imperfeição. Nos invertebrados tudo está programado: são perfeitos. Nós, não. E, ao sermos imperfeitos, temos recorrido à razão, aos valores éticos: discernir entre o bem e o mal é o mais alto grau da evolução darwiniana!

Você nunca se casou ou teve filhos?
Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão fascinada pela sua beleza que decidi dedicar-lhe todo meu tempo, minha vida!

Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson, a demência senil?
Curar... O que vamos lograr será frear, atrasar, minimizar todas essas enfermidades.

Qual é hoje seu grande sonho?
Que um dia logremos utilizar ao máximo a capacidade cognitiva de nossos cérebros.

Quando deixou de sentir-se feia?
Ainda estou consciente de minhas limitações!

O que tem sido o melhor da sua vida?
Ajudar aos demais.

O que você faria hoje se tivesse 20 anos?
....Mas eu estou fazendo!!!!


Depois disto só resta mesmo… trabalhar !

Além de que é 2ª feira… repararam ? Vá… boa semana e bom trabalho.

JPSetúbal

09 maio 2008

PIRILAMPO MÁGICO 2008

É HOJE !!! É HOJE !!!

Pois é assim, é hoje, sexta-feira dia 9, que é lançada a campanha do Pirilampo Mágico 2008.
Como habitualmente Maio é o mês do Pirilampo, e até ao fim do mês todos terão oportunidade de adquirir um lindo e fôfo bonequinho verde-alface por módicos 2 euros e adicionalmente um pino por 1 euro.
São os preços que duram há anos, resistindo à inflação, às alterações de taxas, às alterações do défice, à crise do sub-prime e mais a todas as crises e alterações complicadas que o ambiente financeiro mundial vai sofrendo.
É assim, o Pirilampo é bem mais resistente do que o seu ar fragil e fôfo deixa adivinhar...
Não percam tempo, adquiram já o Vosso Pirilampo de 2008, neste ano de "Europeu", dedicado ao desporto.

As CERCI´s e os seus utentes, crianças diminuidas física e psiquicamente, agradecerão a V. ajuda.
Serão para elas os 2 euros que gastarem na aquisição de cada "bonequinho".

JPSetúbal

08 maio 2008

Mestre e Aprendiz

Costumo invocar com frequência a noção de que o Mestre maçon deve considerar-se um eterno Aprendiz, se quer ser digno de ser considerado Mestre.

Também me relembro com frequência que ser maçon é um percurso de auto-aperfeiçoamento, sempre dinâmico, sempre inacabado, sempre em execução. Um dos marcos desse caminho é o maçon, o homem livre e de bons costumes, poder convictamente considerar-se Mestre de si mesmo, capaz de dominar suas paixões, seus vícios, domar seu temperamento, desbastar sua personalidade, no sentido do equilíbrio, da justeza. Enfim, conseguir EFECTIVAMENTE nortear sua vida e suas acções e realizações dentro do espaço delimitado por três características indispensáveis para que cada obra humana tenha valia digna desse nome: a Sabedoria, a Força e a Beleza. Que cada nossa decisão, cada realização nossa, consiga simultaneamente ser sabedora, porque justa e certa e equilibrada e prudente, forte, porque durável e susceptível de naturalmente se impor e prosseguir seus objectivos e bela, porque agradável aos demais, não é empresa fácil, se a queremos realizar bem, mas é extremamente gratificante, quando se alcança.

Ser maçon é, portanto, ser sempre Aprendiz, porque em cada momento devemos melhorar, mais bem compreender e fazer, sempre devemos estudar e especular e experimentar, para em cada dia sermos um pouco, um grão que seja, melhores do que o anterior. Mas é também ser Mestre, porque a aprendizagem não é um mero exercício intelectual, é um meio para utilizarmos e dominarmos e integrarmos o que aprendemos, com valia para nós próprios e para os demais, que podem beneficiar do que aprendemos e da transmissão do nosso conhecimento.

Esta dualidade Aprendiz - Mestre é, por natureza, dinâmica. Aprendemos e do que aprendemos somos Mestres e, sendo-o, verificamos que mais temos a aprender, e vemos como, e de novo mais aprendemos, e de mais somos Mestres e assim sucessivamente, numa eterna sucessão do ciclo tese-antítese-síntese que é nova tese. Esta relação entre aprendizagem e utilização do que se aprendeu necessita, porém, de ser equilibrada - de pouco vale aprender, aprender e aprender, se nada se utiliza, se aplica, se usa; não muito vale fazer e refazer e repetir o que um dia se aprendeu,em eterna e rotineira execução, sem perspectivas nem evolução. Por isso, em Maçonaria se preza o equilíbrio e se atende ao valor da dualidade, como factor de progresso, de evolução.

Em bom rigor, o maçon não É aprendiz, não É Mestre. O maçon FAZ-SE Aprendiz e, com isso, TORNA-SE Mestre. Não se compreende efectivamente a natureza da Maçonaria se dela apenas se retém uma imagem estática. A Maçonaria e os seus ensinamentos são essencialmente dinâmicos e é esse dinamismo, essa perpétua evolução, esse incessante movimento intelectual que é indispensável entender, se se quer perceber o que é a Maçonaria. Cada ponto de chegada é um novo ponto de partida. Sempre. Com a especificidade de que cada maçon não tem necessariamente de partir dos SEUS pontos de chegada. Pode beneficiar dos que seus Irmãos obtiveram para, a partir deles, integrar os seus próprios conhecimentos e de tudo beneficiar para prosseguir sua demanda.

É também por isso que a maçonaria orgulhosamente se reclama da Tradição. Da Tradição de seus ancestrais, dos Mestres que antes de nós fizeram suas demandas e chegaram a suas conclusões. Que abriram e aplainaram os caminhos que hoje confortavelmente percorremos sem dificuldade, permitindo que nos aventuremos no desbaste de novos percursos que, se bem trabalharmos, um dia serão rápidas estradas, facilmente atravessadas pelos vindouros até às fronteiras de seus desconhecidos novos percursos. Por isso, para um maçon é natural ir ao passado rever o que aí se descobriu, para integrar com o que hoje está à nossa disposição e poder construir o que amanhã se descobrirá. Por isso, o Passado, o Presente e o Futuro se unem e tocam e associam para mais um pouco se avançar. Por isso, nós, maçons, valorizamos o Passado, a Tradição, os Ritos e os Conhecimentos que herdámos de nossos antecessores, tanto como valorizamos o nosso esforço de Hoje e como aspiramos a que seja valorizado o que procuramos construir para o Futuro. Que um dia será Presente e logo Passado... Dinâmica, não estática...

Os Aprendizes de antanho são para nós Mestres que nos ajudam a aprender e a sermos, por nosso turno, Mestres. Mas também os Mestres Aprendizes de agora mutuamente se influenciam. Por isso, mais do que dizer-se apenas que cada Mestre maçon, sendo-o, é simultaneamente um Aprendiz, pode e deve dizer-se ainda que cada maçon é também e sempre um Aprendiz de alguém e Mestre de algum outro Aprendiz.

Portanto, e resumindo: cada Mestre maçon é simultaneamente Mestre de si próprio e eterno Aprendiz, Aprendiz dos ensinamentos dos seus antecessores e Mestre dos vindouros e ainda Aprendiz de alguém e Mestre de algum outro Aprendiz - porventura também Mestre e, portanto, com as mesmas características...

Uma das coisas que eu gosto na Maçonaria é esta sua simplicidade!

Rui Bandeira