04 setembro 2007

O dia do maçom no Brasil

Não escrevi em Agosto, mas não deixei de estar atento ao que se passa em relação à maçonaria no mundo lusófono e não só. Entre outras coisas, aprendi que no Brasil se assinala no dia 20 de Agosto o Dia do Maçom. Li notícias sobre diversas iniciativas de várias instituições maçónicas brasileiras, de eventos e homenagens, enfim, do que é expectável nestes dias comemorativos. De entre os vários textos a que tive acesso, um deles me chamou particularmente a atenção. Trata-se de um artigo publicado no diário electrónico de Mato Grosso do Sul Agora MS, escrito por Paulo Rocaro, escritor, jornalista, presidente do Clube de Imprensa de Ponta Porã e director da Sodema (Sociedade de Defesa do Meio Ambiente) no Estado de Mato Grosso do Sul. O citado jornal electrónico expressamente autoriza a reprodução de todos os seus textos, desde que expressamente citada a fonte. Usando dessa autorização, porque o texto me agradou e porque entendo que fica bem no A Partir Pedra, com a devida vénia reproduzo o texto em causa, integralmente e sem qualquer edição, isto é, mantendo a ortografia original.

O dia 20 de agosto constitui-se em importante data para uma das mais antigas e respeitadas sociedades do mundo: a Maçonaria. Comemora-se, com fugaz lembrança o Dia do Maçom, revelando atividades nos templos maçônicos que se rendem à beleza e perfeição. É o apogeu de uma luta geral tanto por uma beleza estética quanto interior, sem discrepâncias no conjunto harmonioso de paz social.

Como disse certa vez uma importante liderança maçônica, o homem é um laboratório onde se processam experiências espetaculares, na sua busca incessante pelo aperfeiçoamento das idéias e por sua satisfação pessoal, profissional e material. Desde os primórdios da humanidade o homem procura a sua satisfação espiritual, como elemento essencial ao seu bem-estar, ao lazer, ao entretenimento, ao trabalho, enfim, à sua afirmação no meio social.

E para que ele alcance esse desiderato, torna-se imprescindível a fé. O homem não busca apenas satisfazer as suas necessidades materiais. Para viver, plenamente, busca a satisfação espiritual. Cheio de poder, posto que é dotado de inteligência – esta explosiva força criadora – o homem transforma o mundo. E chega a uma conclusão derradeira, inapelável: Deus existe!

Mas, de tanto investigar, termina por concluir que algo deve ser melhorado ainda neste mundo de Deus. A beleza interior é a única coisa que o tempo não pode prejudicar. As filosofias desfazem-se como areia; as crenças passam uma após outra, mas o que é belo é um prazer para todas as estações, uma possessão para toda a eternidade.

Para o homem da cidade, ser feliz se traduz em “ter as coisas”: apartamento, rádio, geladeira, televisão, bicicleta, automóvel. Quanto mais engenhocas mecânicas possuir, mais feliz se presume. Para isso se escraviza, trabalha dia e noite e se gaba de ser bem-sucedido.

Para uma minoria, mais para lá, para os lados do interior, o conceito de felicidade é muito mais subjetivo: ser feliz não é ter coisas; ser feliz, é ser livre, não precisar se matar de tanto trabalhar. E, principalmente, não trabalhar obrigado. Conjeturando o trabalho que é desenvolvido pela Maçonaria, podemos concluir que a questão interior não se limita ao espaço que se produz.

Ou seja, o maçom dedica-se, religiosamente, à tarefa de explorar no homem o que ele tem de melhor, seu poder de fazer deste mundo um lugar melhor para se viver. Estudo maçônico não significa superficialidade. Ele é alvo de dissecação, quase que uma obsessão pelo bem maior da humanidade: a família. Com ou sem rituais, mas com fé no Grande Arquiteto do Universo, o que se busca em meio às paredes dos templos é o direcionamento do cidadão para uma vida digna.

Lembra-me o grande pensador Blaise Pascal (1623-1662): “Quando considero a duração mínima de minha vida, absorvida pela eternidade precedente e seguinte, o espaço diminuto que ocupo, e mesmo o que vejo, abismado na infinita imensidão dos espaços que ignoro e que me ignoram, assusto-me e assombro-me de me ver aqui antes que lá, pois não há razão por que antes aqui do que lá, antes no presente do que então. Quem me pôs aqui? Pela ordem e conduta de quem este lugar e este espaço me foram destinados?”

Este grande símbolo daquele século, questiona: “O que é o homem na natureza? Um nada, se comparado ao infinito: um tudo, se comparado ao nada; um meio entre nada e tudo. Infinitamente afastado da compreensão dos extremos, o fim das coisas e seu princípio estão para ele invisivelmente escondidos num segredo impenetrável, igualmente incapaz de ver o nada de onde é tirado e o infinito pelo qual é absorvido”.

Nesse contexto, vive a Maçonaria em meio a acontecimentos importantes, admitidos como verdadeiros, com a finalidade de obter do passado maiores probabilidades para o futuro, no desenvolvimento da atividade espontânea do homem. A história tem por fontes a experiência própria, a narração das pessoas presentes aos fatos ou que poderão ter conhecimento deles e os monumentos que os atestam.

Para que a História se torne uma ciência, as tradições vagas e sem nexo não lhe bastam. Precisa de fatos verificados, observados, classificados e bem descritos. Portanto, a História da Maçonaria se resume ao tópico central de sua missão, quando encara o homem como fonte inesgotável de sabedoria, imbuído da vontade férrea de atingir seus objetivos, mesmo com o sacrifício da própria vida.

Dezenas, quem sabe milhares de Irmãos tiveram as suas vidas ceifadas lutando por uma causa nobre, a de difundir, de propagar no universo os fundamentos da notável Instituição Maçônica, que se assentam nos princípios de Liberdade, Fraternidade e Igualdade.

Ao se propor a enfrentar o desafio de serem trabalhadores de ofício social, os maçons têm em seus alicerces uma história de luta, sacrifício, dissabor, incompreensão, censura de governos déspotas, da igreja de outrora (e de alguns de seus setores retógrados de hoje) e, principalmente, da rede de intrigas urdidas, de uns contra os outros, o que resultou numa divisão do todo.

Contudo, o importante é que prevaleceu a Maçonaria como instituição séria, respeitada, admirada e consagrada como uma sociedade secreta, na qual se pratica o bem sem olhar a quem, forja-se masmorras ao vício, nutre-se o ideal de melhor servir à humanidade. É onde se pratica filantropia na última acepção da palavra. Dignifica-se o homem.

Ouvi certa vez o pronunciamento de um venerável, sobre a missão alçada a pontos importantes da nação, em que deixou claro que é desta forma que inspira-se confiança aos obreiros da Maçonaria; levanta-se templos à virtude; reúne-se em nome da democracia, da liberdade, da fraternidade e da igualdade entre todos os povos, exaltando-se o nome de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, como inspiração divina e como proteção dos trabalhos.

No dia em que se comemora o Dia do Maçom, a esperança é de que este continue levando à compreensão de todos os homens livres e conscientes a certeza plena de que é possível se viver sem os princípios da Maçonaria, mas nunca sem praticar nenhum ato maçônico. Afinal, ser maçom é um estado de espírito, é viver em paz com sua consciência, é, essencialmente, praticar o bem à humanidade, palavra de ordem de todo bom e verdadeiro Maçom.

Embora com atraso, esta é a minha forma de assinalar o dia do Maçom no Brasil.

Rui Bandeira

03 setembro 2007

Organização do jogo

Uma das minhas frases favoritas é a que menciona que O cemitério está cheio de insubstituíveis. Este blogue, no mês passado, ilustrou-a na perfeição. Como anunciei, cumpri o meu dever de tirar férias e não escrevi uma linha. Mas a minha falta não se fez sentir, muito graças ao esforço do José Ruah, que assegurou 21 dos 23 textos publicados em Agosto (os outros dois foram publicados pelo JPSetúbal, também fresquinho após o regresso das suas férias nórdicas), mantendo assim a média de um texto por dia útil.

Muito obrigado pela referência ao meu aniversário e antecipado pedido de desculpas pelo meu mais do que provável esquecimento de referenciar os aniversários dos outros autores de textos do blogue...

Quanto à simpática referência à minha dita condição de "médio organizador de jogo" deste blogue, não posso deixar de rectificar: infelizmente nasci com dois pés esquerdos, quer para o futebol, quer para a dança, e qualquer deles é (ainda) pior do que o pé direito do Óscar Cardozo (e nada têm a ver com o fabuloso pé esquerdo dele...); quanto às minhas supostas capacidades de organização do blogue, a prova está nos quinze meses anteriores: revelei-me muito mais adepto da táctica do "todos ao molho e fé em Deus" e na manutenção de um espaço de criatividade e liberdade do que da organização...

Quanto ao futuro, antes do mais uma novidade e um desejo. A novidade é que, se se confirmar o anúncio que directamente me foi feito por um Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues, já este mês este blogue vai passar a ter mais um autor de textos a publicar com frequência. O desejo é que, graças a este "reforço" (a custo zero!!!) e ao que espero seja uma cadência de produtividade de cada autor frequente de... digamos... não quero exagerar... nem ser irrealista... pelo menos um texto por semana, espero este ano poder escrever uma média de apenas dois textos por semana, ou seja, cerca de 100 textos até ao final de Julho.

Se assim for, tenho o plano de trabalho para todo este ano praticamente feito: vou continuar, à cadência tendencial de um texto semanal, a série Memória da Loja, até a conduzir até ao Venerável Mestre que exerceu funções no ano maçónico de 2005 - 2006. Depois disso, a actualização será anual, deixando de fora os mandatos do ex-Venerável Mestre e do Venerável Mestre em exercício. Memória não é história, mas pressupõe algum distanciamento e o mínimo dos mínimos é um ano...; tendo no ano transacto publicado uma série de textos sobre o percurso de um profano enquanto candidato, tenciono este ano publicar uma outra série de textos relativo ao percurso de um maçon desde a sua iniciação até ser Mestre, porventura Mestre Instalado, de uma Loja azul; continuarei, embora talvez com menos regularidade, a publicar textos sobre maçons ilustres, sítios maçónicos, outros blogues maçónicos, Lojas de Investigação e curiosidades maçónicas; publicarei, é claro, sempre que tal se justifique, notícias ou referências de actualidade; tenciono descaradamente aproveitar a boa ideia que o José Ruah teve de lançar o seu estival Desafio e escrever alguns textos desenvolvendo pelo menos alguns dos temas colocados pelos leitores deste blogue; finalmente, é claro que sempre acabarei por escrever alguma coisa sobre coisas de que agora não faço a mínima ideia e que, oportunamente, me dará na bolha de escrever...

Como vêem, neste blogue a "organização do jogo" é simples. Agora basta resguardar a baliza, meter velocidade nas alas e ser eficiente na área para termos uma época em que o nosso desempenho agrade ao nosso público. Esse o nosso objectivo!

Rui Bandeira

02 setembro 2007

Viva a Vanessa !


Estou a alinhavar estas ideias já no dia 2 de Setembro, embora para mim em termos de trabalho ainda seja dia 1 e hoje, dia 1, tivemos outra alegria desportiva.
Para emparceirar com o Campeão do Mundo do triplo-salto aí temos, de novo, a enorme Vanessa Fernandes a saltar para o 1º lugar do podium do triatlo, ela também Campeã do Mundo.
Tal como fizemos com o Nelson Évora, daqui vão os parabéns para a Vanessa Fernandes (de todos os 3 do A-Partir-Pedra) que foi responsável por mais uma vez (e são tão poucas, infelizmente) a Bandeira Nacional ter subido mais alto em simultâneo com a Portuguesa a tocar para 60.000 alemães verem e ouvirem (e aplaudirem !).

Há aqui uma óbvia simpatia pelo número 3.
Nós somos 3 e estamos a dar os parabéns ao Nelson que deu 3 saltos e à Vanessa que cumpriu 3 provas.
O 3 tem significado maçónico, sim !, mas trata-se apenas de uma coincidência curiosa.


JPSetúbal

31 agosto 2007

Desafio Final

Acaba hoje o mes de agosto e consequentemente o desafio que lancei aqui.

Se nos primeiros 15 dias a coisa correu bem e o debate foi animado, ja na segunda quinzena a coisa foi muito mais morna a roçar o frio mesmo.

No final resta fazer o balanço final dizendo que nao tendo sido uma iniciativa de grande sucesso também nao foi um insucessso total.

No entanto confesso estava à espera de mais. Sei que o mes de Agosto é muito fraco , muita gente de ferias, etc, mas ...

Inciando-se Setembro, volta o nosso medio organizador de jogo ( assim comparado ao Rui Costa de ha uns anos) de seu nome - também - Rui.

Fica a equipa completa.

Setembro será um mês de grande actividade maçónica, aqui na Grande Loja e nas Lojas. é o mês de tomada de posse dos Veneraveis de cada Loja.

É o mes da renovaçao e das ideias e planos de acçao para o ano seguinte.

Quanto às perguntas e respostas evidentemente que continuaremos a responder a todas as questões que nos forem postas.

Muito obrigado aos "perguntadores" que permitiram que este blog se mantivesse com um nivel de actividade normal durante o mes de Agosto

Jose Ruah

27 agosto 2007

Desafio - Passagem de Grau

Hoje como estou com tempo e disponibilidade respondo já:

O Profano disse...
Caro josé...Já que a "época das perguntas" ainda não encerrou, e ainda bem :)

Venho fazer uma que talvez por ser um pouco "quente demais ou secreta talvez", me arrisco a ficar sem resposta ou com uma que não seja totalmente a que esperava.

Mas aceito e compreendo se a mesma não for respondida tal o assunto que aborda.
e passo a perguntar:

Pelo que sei e posso estar errado, em sessões de Loja, os Aprendizes e os Companheiros não fazem "uso da palavra". Correcto?

Se sim, então como podem eles serem avaliados para "serem aumentados de salário" ( já que não "falam")?
É atravez de "pranchas" que façam e que demonstram os ensinamentos adquiridos ou atravez de exames próprios e adequados ao "aumento de salário"?
Sei que a resposta será pouco "discreta", mas se possível agradeço desde já.
abr...prof...

Olha que excelente ideia - Fazer um exame para passar de grau. !

Nunca me tinha ocorrido esse metodo. Caro amigo gostei, e embora sabendo que dificilmente ( quase impossivel) o porei em prática vou pensar seriamente nisso. (estou a falar a serio)

Como pode calcular o exame nao faz parte da norma.

Está de facto certo quando diz que os companheiros e os aprendizes nao podem falar.

Mas podem escrever, pintar, desenhar, executar e sobretudo pensar. E com isto produzir trabalho a ser apresentado formalmente.

Dependendo de cada loja, e na minha optica as duas formas sao admissiveis, o Aprendiz ou o companheiro usam da palavra para apresentar o seu trabalho da seguinte maneira:

1 - Os trabalhos sao suspensos para o efeito de apresentaçao - com os trabalhos suspensos podem usar da palavra.

2- O Veneravel Mestre concede autorizaçao especial de uso de palavra para efeito de apresentaçao de trabalho.


Em qualquer dos casos uma vez finda a apresentaçao a palavra nao lhe é mais concedida, nem para defesa do trabalho das apreciaçoes feitas pelos mestres presentes.


Depois temos as avaliações complementares, assiduidade, interesse demonstrado nas discussoes pos sessão, presenças nas sessoes de instruçao e respectivo desempenho, etc.

Enfim nao é por falta de metodos de avaliação que um aprendiz ou um companheiro não passam de grau.

José Ruah

O triplo ....Nelson

Não se trata de nenhum ritual novo.

Apenas o tributo deste Blog ao NELSON EVORA pela sua brilhante vitória no Campeonato do Mundo de Atletismo em Osaka, na disciplina de Triplo Salto.

Este nosso País vê-se assim projectado uma vez mais na alta roda do atletismo mundial.


Venha agora a medalha no Salto em Comprimento.

A Partir Pedra

Desafio - sera que falhei alguma pergunta ?

Caros leitores


Estou em divida com algum de vocês ?

Eu acho que não , pois repondi a tudo até agora. Mas como o aviso de novos comentários vai para o mail do Rui e ele está de ferias, pode ter havido um ou outro que nao me apercebi.

Se assim for, por favor repitam a pergunta neste post.

Novas perguntas, ainda estao em tempo uma vez que o prazo acaba a 31 de Agosto.


José Ruah