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20 novembro 2017

O TEMPLO MAÇÓNICO E A REGULARIDADE

A\G\D\G\A\D\U\

i) Preliminar
ii) Conceito de Templo
iii) Conceito de Templo Maçónico
iv) Desenho do Templo Maçónico
v) Organização do trabalho no Templo
vi) Significado esotérico do Templo Maçónico
vii) Epílogo


i) Preliminar
Aspectos gerais do Templo Maçónico, de acordo com a prática do R\E\A\A\ no Gr\ de A\

ii) Conceito de Templo
Templo segundo o Dicionário da Lingua Portuguesa é um edifício destinado ao culto de uma religião; um monumento em honra de uma divindade, ou um qualquer lugar sagrado ou venerável. O dicionário Priberam da Língua Portuguesa diz-nos ainda que é o lugar onde a maçonaria celebra as suas sessões e que também assim pode ser chamada a Ordem dos Templários.
Templo – segundo a wikipedia, vem do latim templum, "local sagrado" e é uma estrutura arquitectónica dedicada a um serviço religioso ou a um culto. O termo no sentido figurado é o reflexo do mundo divino, a habitação de Deus sobre a terra, o lugar da Presença Real. É o resumo do macrocosmo e também a imagem do microcosmo: 'um corpo humano é um templo'.
As tradições religiosas, entre outros, dão-lhe nomes diversos, como:

Mesquita, no caso do Islão;
Sinagoga, no caso do Judaísmo;
Templo de fogo, no caso do Zoroastrismo;
Pagode, no caso do Budismo;
Mandir, no caso do Hinduísmo;
Pathi, no caso do Ayyavazhi;
Centro Espírita, no caso do Espiritismo.

Pode ainda ser considerado Templo o lugar onde se presta culto a uma Arte ou a uma Ciência.
iii) Conceito de Templo Maçónico
Do ponto de vista esotérico e partindo dos conceitos anteriormente referidos, poderemos concluir que: Templo Maçónico é o lugar no qual os maçons prestam culto ao G\A\D\U\ e sob os seus auspícios realizam o seu Trabalho Espiritual.
Estas definições que conceptualmente se apresentam simples, de facto complicam-se pelas mais variadas razões, sejam elas de índole política, religiosa ou outra.
É por isso que algumas estruturas, ditas maçónicas, ou para/pseudo maçónicas, substituem o termo Templo por Loja ou Oficina, sendo que essas designações existem, mas são outra coisa, tendo o significado conceptual destas palavras sido indevidamente equiparado a Templo, encontrando-se na para/pseudo-maçonaria definições como: “a Loja/Oficina é local no qual os francomaçons celebram as suas assembleias ou reuniões”; e assim suprimem-lhe toda e qualquer conotação espiritual, procurando desse modo ocultar toda a natureza “religiosa” que, mesmo não sendo nem tendo uma religião, tem caracterizado a maçonaria ocidental desde as suas origens, abrindo-se assim as ditas maçonarias a um trabalho dito “maçónico laico” que não é de todo compatível com o esoterismo iniciático que está na essência da Arte Real.
Parece-me pois claro que o trabalho maçónico autêntico exige que o mesmo se cumpra num Templo Maçónico e como tal terá que ocorrer A\G\D\G\A\D\U\ para que o seu ritual assim celebrado permita que os membros que o executam tenham um Despertar Espiritual e alcancem níveis espirituais inimagináveis para os profanos e lamentavelmente, também para alguns iniciados que, por não terem interiorizado correctamente a sua iniciação, se deixaram levar em correntes de todo incompatíveis com a essência da actividade maçónica.
Ter um Despertar Espiritual mais não é do que perceber que há muito mais na vida do que aquilo que nos foi induzido a acreditar; é algo mais interior e mais profundo, com um significado à espera de ser descoberto.
É um conjunto de muitas pequenas coisas e muitas coincidências que não são mais que o início desse despertar, o início da percepção de que somos atemporais, não físicos; eternos.
Quando começamos a não nos preocupar com coisas como a reputação social, a popularidade, e a aprovação, quando descobrimos que a nossa identidade vem de algo mais profundo do que isso; quando iniciamos um relacionamento com o Universo, sendo que o Templo é o Universo, e quando nele nos aceitamos integrar, normalmente deixamos também de ter medo, até o medo da morte vai diminuindo conforme a nossa parte atemporal ao Universo se vai ligando, aí e então vamo-nos aperceber que apenas caminhamos, e que caminhamos pelo caminho certo, rumo ao G\O\E\.
Quando o Despertar se inicia abandonamos muitas das preocupações profanas ficamos mais interessados na busca do Conhecimento, na busca da Sabedoria e por isso aceitamos e abraçamos como experiências enriquecedoras todas as ocorrências da nossa passagem por esta “vida”.
iv) Desenho do Templo Maçónico
A compreensão da forma como os nossos Templos foram desenhados requer ter em conta que a maçonaria especulativa tal como foi pensada no século XVIII, aquando do seu surgimento proveio de uma concepção do mundo e do homem que tinha por base, fundamentalmente, a Arte Construtiva intrinsecamente ligada às restantes disciplinas que compõem o Hermetismo: a Alquimia, a Teurgia, a Magia Natural e a Astrologia; sem nos esquecermos também das várias correntes de pensamento procedentes das Religiões dos Mistérios, do Pitagorismo, do Neoplatonismo e das Gnoses, Judaica e Cristã, bem como da herança da Antiga Sabedoria Egípcia.
É claro que, três séculos volvidos, os avanços científicos fizeram com que nos afastássemos do que era fábula e superstição; mas para lá da evolução ocorrida a maçonaria tem sido rigorosa em conservar os conhecimentos perenes, intrínsecos da própria natureza do ser humano e do cosmos que o contém.
No respeito por essas verdades eternas o bom senso tem prevalecido e os símbolos primitivos do Templo Maçónico continuam a ser imprescindíveis para executar o trabalho espiritual que é a essência maçónica.
Na simbologia maçónica o Templo representa ainda o Templo do Rei Salomão, aquele erigido em honra e por ordem de Yahvé , seu Deus.
Este Templo foi edificado em Jerusalém e segundo referências escritas nos Livros Sagrados contava com três espaços perfeitamente bem delimitados:
- O Pórtico [’ülâm] que delimitava o profano do sagrado;
- O Sancta [o “lugar” Santo = hékâl ou hekhal, que deriva do Sumério: É GAL = Casa Grande] que continha a nave central do Templo;
- O Sancta Santorum [o “lugar” Santo dos Santos] que na sua parte mais recôndita, o Debir (דְּבִיר), abrigava a Arca da Aliança.
O Templo Maçónico obedece igualmente a esse mesmo plano, sendo o que a seguir se indica o seu traçado:
- O Pórtico, que vai desde a parede ocidental, onde se encontra a porta de entrada no recinto, até uma linha imaginária, que se projecta desde a parede Norte até à parede Sul, traçada à altura das Colunas, a B\ e a outra a Sul dela, linha essa que delimita a zona a partir da qual, estando o espaço sacralizado, os profanos não passam; apenas adentram essa linha os iniciados e o neófifo no dia da sua iniciação.
- O Sancta que se estende desde a linha onde termina pórtico até à blaustrada do Or\ e é o espaço onde todos os iniciados se arrumam por Oficinas. É neste espaço que o nosso Templo tem o seu apogeu, bem no centro da L\, o local onde é possível o contacto com a Divindade, o local que é atravessado pelo eixo do mundo, o único caminho que permite o trânsito entre o mundo superior e o mundo inferior.
- O Sancta Sanctorum que vai desde a balaustrada até à parede Oriental. O Sancta Sanctorum da maçonaria é um local que pode ser alcançado por todo e qualquer maçon que tenha progredido em conhecimento e auto-controlo; que tenha acrescido Luz, da que brilha desde o Or\, à sua luz estando assim preparado para a etapa final do grande drama do desenvolvimento do Espírito: a busca da Palavra Perdida.
Um Templo, com as dimensões rigorosas, deverá ter a forma de um paralelipípedo que por sua vez é composto por dois cubos perfeitos, representando o cubo do Oc\ a Matéria e o cubo do Or\ o Espírito.
É mesmo no início do cubo no Oc\ que estão as Colunas, a B\ e a outra a Sul dela, e no fim do cubo no Or\ que se econtra o Trono de Salomão, a Cadeira do V\M\.
Forma-se ainda um terceiro cubo que é composto pelas duas metades dos cubos do Oc\ e do Or\; este terceiro cubo representa o homem que é composto por Matéria e por Espírito. É no centro deste terceiro cubo, que é o ponto onde os dois primeiros confluem, que se coloca o Quadro da L\, simbolizando o ponto de chegada da nossa viagem, o nosso encontro com o G\A\D\U\.
A figura geométrica do cubo corresponde em aritimética ao número quatro. Na simbologia dos números o 4 tem várias conotações e ligações das quais destacamos apenas:
            Os 4 pontos cardeais: Norte, Sul, Este e Oeste;
            As 4 estações do Ano; Primavera, Verão; Outono e Inverno;
            Os 4 elementos da Natureza: Terra, Ar, Água e Fogo
            As 4 Fases da Lua: Nova, Crescente, Cheia e Minguante.
Este terceiro cubo encerra a mais complexa e mais rica das simbologias; o seu pavimento é de ladrilhos pretos e brancos alternados, um mosaico também chamado de piso axadrezado, que reflete a cosmovisão dualista da maçonaria, recordando a harmonia que deve reinar nas LL\ quaisquer que sejam as condições ou convicções dos seus obreiros.
Essa dualidade albi-negra contém ainda uma alegoria extra L\; aquela que recorda a todos os II\ as características do universo profano, onde têm que percorrer a maior parte das suas vidas sem que perca de vista os atributos que caracterizam um maçon.
Um Templo Maçónico é atravessado pelo Trópico de Câncer (Solstício de Verão), uma linha imaginária que vai da Coluna B\ à Lua; é também atravessada pela linha do Equador Celeste (Equinócios do Outono e da Primavera) que vai do Oc\ a Or\; e é ainda atravessada pelo Trópico de Capricórnio (Solstício de Inverno), a linha imaginária que vai da Coluna a Sul da Coluna B ao Sol.

Ao deslocarmo-nos de uma para a outra Coluna, simbólicamente representamos os movimentos da terra (Rotação e Translacção) estando assim a deslocarmo-nos de um solstício ao outro, de um equinócio ao outro, percorrendo passo a passo as diferentes etapas e provas que provocam a evolução do Espírito na sua aventura transcendente da sua passagem por este mundo, ou se preferirmos, por este estadio da sua vivência múltipla.
 Nos estremos Sudeste, Nororeste e Sudoeste do pavimento de ladrihos estão as três colunetas, a saber: a da Sabedoria (Jónica), a da Força (Dórica) e a da Beleza (Coríntia); são elas que suportam as três Luzes, que para lá de terem literalmente iluminado os trabalhos nos Templos primitivos, tinham e têm também a sua simbologia: a Jónica, associada ao V\ M\ orienta-nos no caminho da vida; a Dórica, associada ao 1.º Vig\ anima-nos e sustenta-nos em todas as dificuldades; e finalmente a Corintia, associada ao 2.º Vig\ adorna todas as nossas acções, o nosso caráter e o nosso espírito.
Na parte superior dum Templo Maçónico está presa uma corda com 81 nós que representa todos os maçons espalhados pela superfície do globo terrestre e a união que entre eles deve reinar. Este símbolo representa ainda a solidariedade maçónica, que jamais deve ser quebrada.
Ao tecto dum Templo Maçónico cabe ainda destacar as características da Abóbada Celeste.

v) Organização do trabalho no Templo
Tanto o traçado do templo quanto a organização dos trabalhos em L\ seguem sempre a orientação dada pelos quatro pontos cardeais:
Oriente: é o lugar onde nasce o Sol, e alegóricamente é o ponto donde surge a Luz; daí o Oriente ser considerado a fonte da Sabedoria, o lugar para onde caminhamos em busca do Conhecimento, e por isso mesmo ali tem assento o V\M\.
Ocidente: é o lugar do pôr-do-Sol; é por aí que se adentra a L\ e simboliza a passagem das Trevas à Luz, sendo por isso que é aí, no sector oposto ao V\M\, que tem assento o 1.º V\.
Norte: é o primeiro sector da L\, aquele a que é mais fácil aceder, é o sector chamado de Coluna do Norte, e é o lugar onde tomam assento os II\ AA\ que ficam nesse lugar porque acabaram de saír das trevas da ignorância e as suas débeis pupilas não poderiam olhar de frente a Luz. A Coluna do Norte vai desde a Coluna B\ à balaustrada do Or\.
Sul: é o meio-dia, é o lugar onde tem assento o 2.º V\, sendo o sector chamado de Coluna do Sul e é neste lugar que têm assento os II\ CC\; ficam nesse lugar porque já conseguem, embora ainda com algumas limitações, suportar a Luz que ali chega com intensidade superior àquela que chega à Coluna do Norte. A Coluna do Sul vai desde a Coluna a Sul da Coluna B à balaustrada do Or\.
Tanto os II\ AA\ quanto os CC\ devem começar por tomar assento nos lugares mais a Oc\ nas respectivas colunas de acordo com a sua antiguidade na Oficina, pois só se devem aproximar do Or\ na medida em que os seus olhos para tal estejam preparados, e para tal tenham adquirido capacitação.
vi) Significado esotérico do Templo Maçónico
Do ponto de vista esotérico, analizado na sua totalidade, o Templo Maçónico simboliza:
1 - O Universo.
O templo enquanto representação da Emanação ou da Criação representa o Universo, daí as suas dimensões  serem de Norte a Sul e do Zénite ao Nadir; sendo assim, por conseguinte no Universo, que o neófito é iniciado e é ali que, já como maçon, trabalha e busca o seu crescimento pessoal A\G\D\G\A\D\U\.
2 - A Humanidade.
O Templo é também uma alegoria da “Humanidade Ideal” à qual os maçons aspiram, humanidade ideal que cada um de nós, com o aperfeiçoamento do seu interior e o seu exemplo, ajuda a edificar uma Humanidade onde a Paz reine sobre a terra, o Amor reine entre os homens, e a Alegria permaneça nos corações.
3 -  O Corpo Humano
O Corpo Humano também simboliza o Templo porque é o receptáculo, o santuário que a Divindade utiliza como um dos meios para se manifestar no universo físico; simboliza, mais específicamente, o Universo Humano onde reside o Ser Superior, a Essência Infinita, o Espírito do G\A\D\U\.
4 - A Interioridade Humana
O Templo Maçónico é também a imagem do Espírito e da Consciência do Homem, sendo nesse contexto que o maçon se esforça por desbastar a pedra bruta que evoca a obra que cada maçon vai construindo dentro de si, desde a purificação (katharsis) na sua iniciação, passando pela Iluminação (theoria), com vista ao aprimoramento dos seus trabalhos até alcançar a Divinização do Ser (Theosis ou Santificação).
Sobre a interioridade já Pitágoras, ou a sua escola pitagórica, refere: a grandeza do homem está no conseguir eleger-se como um ser capaz de identificar a sua interioridade com a ordem inscrita no Cosmos; por sua vez Agostinho de Hipona recomenda: “Noli foras ire, in teipsum redi: in interiore homine veritas” (Não vás fora, entra em ti mesmo: no homem interior habita a verdade).

E, claro, não podemos esquecer o nosso VITRIOL, que para lá de ser a arcaica designação de um sulfato é o anagrama de "Visita Interiora Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem", literalmente: Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta, e que simbólicamente quer dizer: Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrás o Teu Eu Oculto, ou, a essência do Teu Espírito humano.

5 - O Corpo e a Interioridade Humana
Analisando o conjunto carnalidade/interioridade contido no esoterismo do Templo Maçónico, surge-nos “O Homem”, o homem que guarda no seu corpo o Espírito Superior pelo qual passará a ser conduzido, logo que consiga eliminar os vícios que o impedem de seguir as Suas indicações e executar o trabalho que lhe possibilite regenerar a natureza perdida e retornar à natureza original da sua criação.
vii) Epílogo
Como bem sabemos e vemos, o Templo tem muito mais decoração e simbologias como Esquadro, Compasso, Pedras, Sol, Lua, etc., mas quero-me ficar por aqui que já é o bastante para ser trabalhado.
Foi por, na sessão realizada no 13.º dia do sexto mês de 6 016, em que por boa sorte estive presente, me ter parecido que haveria uma “corrente” tendente à indiscriminação, uma “corrente” de que “era tudo a mesma coisa”, que me ocorreu traçar esta prancha, e traço-a porque não; … porque não é tudo a mesma coisa, … ou andaríamos todos nessa falsa socialização dos ecrans, que mistura o real com o virtual, como essa moda “pós-pokemons” onde as pessoas, se socializam, fazem-no virtualmente e sempre como um átomo isolado; já não sei se se trata realidade aumentada, de virtualidade diminuída, ou do seu contrário; sei que hoje tudo evolui muito rapidamente e não se conseguindo, com segurança, prever o futuro sendo esse difícil planear, e as pessoas sem planos para o futuro tendem a tornar-se individualistas destruindo-se assim as sociedades.
O Templo ele mesmo, é um construtor de sociedades e de socialização e contém em a chave que permite ao iniciado compreender o objectivo do verdadeiro trabalho da verdadeira Arte Real.
Não é possível passar ao lado da riquíssima simbologia que existe neste elemento pedagógico que é o Templo, nem da generosidade da maçonaria que tudo coloca ao alcance daqueles que estão a dar os primeiros passos nas suas Oficinas.
É esta conduta de Amor, profundamente atípica no mundo profano, que pretende evitar que aqueles que iniciam o caminho maçónico errem no rumo que devem tomar, porque sabemos que um I\ que se extravie na escuridão da noite profana muito dificilmente reencontrará o caminho de volta que lhe permita reorientar a sua marcha, e isto é algo que já ocorreu com vários II\.
As simbologias do Templo traçam, claramente, uma linha divisória que separa a Maçonaria Regular da pseudo-maçonaria, ou o que quer que lhe chamem, divisória essa que nos permite compreender que a Maçonaria trabalha com e A\G\D\G\A\D\U\ que é, na realidade, quem preside ao trabalho dos Obreiros em L\, enquanto que a pseudo se vê limitada à parte física da condição humana.
A Maçonaria Regular desenvolve-se nas imprescindíveis dimensões Física e Espiritual, enquanto a pseudo fica agarrada à carnalidade do ser humano e apenas trabalha no plano do natural.
A verdadeira Maçonaria é uma carta de navegação encriptada que o G\A\D\U\ permite que a decifrem todos os que amam e têm a coragem de iniciar a viagem até ao centro de si mesmos, com todos os perigos que isso representa, mostrando-lhes assim o Caminho de regresso a Casa.
Está em cada um de nós tomar a decisão de seguir tal caminho ou outro, no pleno exercício do livre arbítrio que nos foi concedido.
Disse.
Traçada em Luanda aos 26 dias do sexto mês de 6 016

ARS    MM\

19 dezembro 2016

"Prancha de Traçar"


O texto que hoje publico viu a sua "luz" aqui à algum tempo atrás e quero partilhá-lo também com os habituais leitores e visitantes do  "A Partir Pedra", e trata de um tema que faz parte da vivência e prática maçónica, e que são as "Pranchas"...

Uma “Prancha de Traçar”, ou “Prancha Traçada” como também é costume se designar, pois é o resultado final que é avaliado, não é mais do que um trabalho efetuado por um maçom. Independentemente do material do qual é elaborado ou tema abordado, ela é sempre de extrema relevância no processo de aprendizagem e formação do maçom bem como no seu trajeto pelos vários graus do rito que pratique.

  O facto de se designarem por Pranchas de Traçar, os trabalhos apresentados em Loja e executados por Maçons, é originário da Maçonaria Operativa, a maçonaria dos artífices pedreiros da época da Idade Média.

Era nas suas pranchas que eles desenhavam as plantas dos imóveis, criavam os seus projetos de construção e montavam a maqueta da construção a realizar. Algo que nos dias de hoje, é efetuado pela classe dos arquitetos (provindo dessa classe outra designação pela qual também é conhecida a prancha de traçar, a “Peça de Arquitetura”).

 É através da execução de pranchas que o maçom toma um maior contato com a vasta simbologia maçónica e a interpreta à sua própria maneira. Ele nas suas pranchas, emprega o seu cunho pessoal e a sua noção sobre os vários assuntos ou temas maçónicos em análise.

Qualquer assunto é passível de ser traçado numa prancha, devendo apenas o mesmo ser executado através de um método de estudo e pesquisa sobre o tema, de forma a completar ou inovar o que já existe sobre a matéria em análise, ou se possível, criar algo novo que ainda não exista comentado ou feito, nomeadamente no caso de pranchas em que a pintura ou a música são a temática central.

  Todas as pranchas são passíveis de serem comentadas, apesar de ser costumeiro se afirmar que “prancha de Mestre não se comenta”, as críticas e comentários existem à mesma, nem que seja para assertivar ou elogiar o Irmão que a executou para além do tema que serviu de base à construção da prancha. Já em relação às pranchas dos Aprendizes e Companheiros, essas recebem as críticas necessárias à formação dos mesmos, na medida em que tal seja necessário.

  E tal como a construção mais simples é fruto de uma intensa pesquisa e enorme trabalho no seu desenvolvimento, também as pranchas dos pedreiros, agora “livres”, são executadas com o mesmo sentido de responsabilidade e labor. Sendo que a prancha a realizar, independentemente do seu tema, dever acima de tudo conter as três grandes qualidades maçónicas, “Força, Sabedoria e Beleza”.

“Força”, porque deve ser forte o suficiente para ficar impregnada na alma do maçom; “Sabedoria”, porque uma prancha deve conter informação relevante que ensine os demais; e “Beleza”, porque neste mundo nada pode ser forte e sapiente, se não encerrar em si algo de belo.

  Agora se esta prancha que eu “tracei” engloba as qualidades maçónicas, só os leitores o poderão afirmar… 

21 novembro 2016

“Estar Aprendiz…”





Para a publicação de hoje trago-Vos uma Prancha lida em Loja há algum tempo atrás, aliás foi a minha primeira Prancha escrita e posteriormente lida numa Sessão Maçónica, logo uma Prancha de Aprendiz.
Geralmente as Pranchas deste Grau são muito pessoais, sensoriais. Normalmente são abordadas as "primeiras impressões" de quem chega a uma Loja e não raramente são abordadas as Iniciações ou o simbolismo do que se pode observar e tocar num Templo Maçónico. 
Naturalmente também pouco mais se pode pedir a um Aprendiz. Ele é uma "pessoa nova", recém-chegada a um grupo já coeso e unido e terá de se integrar - e ser integrado (!) - e uma das melhoras formas desta "integração" é a sua formação.
- Apenas bem formando poderemos ter melhores maçons, melhores Homens entre nós e na Sociedade.-

E como numa sessão o Aprendiz nada diz, apenas observa,  poderá então fazer uma "viagem interna", um pouco semelhante à viagem que teve de fazer na sua Iniciação. Este facto de ter de estar obrigatoriamente em silêncio durante a sessão, vai lhe permitir fazer uma reflexão introspetiva e uma contemplação de tudo o que vê e ouve que, eventualmente, de outra forma não poderia ser feita, principalmente por alguém que pouco ou nada sabe sobre Maçonaria. No fundo, serve de uma proteção ao próprio também, porque desta forma não poderá errar e lhe são corrigidos eventuais comportamentos intempestivos que poderiam prejudicar o "normal" funcionamento da Loja.

E como Aprendiz, o que a Loja espera do seu trabalho é fundamentalmente a sua integração, a correção de comportamentos profanos errados/desviantes que possa ter e apreender o simbolismo que lhe é apresentado e a Ordem em si. O que não é tão pouco ou tão simples como o possa aparentar.

Dito isto, passo à transcrição da Prancha que Vos trago, a minha "primeira Prancha" e cujo título é "Estar Aprendiz":

"Estar Aprendiz"
                                  Muito Respeitável Grão-Mestre,
Venerável Mestre,
Respeitáveis Oficiais desta Assembleia de Maçons,
Ilustres Irmãos em todos os vossos Graus e Qualidades…

À Glória do Grande Arquiteto do Universo!

 Pois é, aqui estou eu entre colunas, de “Pé e à Ordem” defronte a Vós, aproveitando este pequeno interstício do meu tempo de silêncio na Coluna do Norte,  para Vos oferecer esta  Prancha cujo tema é Estar Aprendiz…”.
Após demorado período de introspeção e reflexão, eu ansiava por buscar a “Luz”. O Conhecimento!
O que já detinha não me chegava e eu ambicionava mais…
As leituras, as pesquisas que efetuava sobre a Arte Real, os vídeos e documentários que visionava, apenas me aumentavam os meus conhecimentos sobre a Maçonaria. Cada vez que pesquisava, mais me “aguçava” o espírito.
Mas, por mais que lesse e estudasse, sentia que faltava sempre “qualquer coisa”.

A Maçonaria faz-se, vivenciando-a!

E como “quem procura, acaba por encontrar”, decidi “bater à Vossa porta”. A porta deste honrado Templo onde reinam a Tolerância, a Virtude e  a Liberdade.

 Entretanto prossegui o meu caminho, pessoal mas não solitário, através do setentrião, escutando, meditando e refletindo sobre tudo o que se tratava e discutia em Loja como também sobre o vasto simbolismo inerente ao grau em que me encontro. Não foi fácil e nunca o será. Trabalhar para aprender assim o implica!!!
Por isso demorei algum tempo a escrever esta minha primeira prancha que tenho hoje a honra de a partilhar com Vocês.
Para alguns, talvez tenha demorado tempo demais na sua elaboração, certamente pouco tempo para outros, mas tempo em Maçonaria é um conceito que não encontra paralelismo na profanidade. E como tal, aqui me encontro e me apresento diante Vós como um simples aprendiz, e cá estarei sempre para Vos ouvir e refletir no que tendes para comigo partilhar e principalmente me ensinar. E, com o Vosso honrado auxílio seguirei em frente neste percurso que é a Vida. Pois se a Vida não pára, a aprendizagem também não…
Aprendiz ontém, hoje e sempre!!!

 Prosseguindo, o Aprendiz, recém neófito, ao entrar numa loja maçónica vai encontrar gente de várias idades, vários quadrantes sociais e politicos, pelo que lhe é exigido tolerância em relação às opiniões e posturas dos respetivos irmãos. Ele só terá a aprender com eles no imediato, para que lhes possa ensinar no futuro.
O aprendiz deve aprender a executar o ritual de forma exemplar, por forma a que interiorize a ritualística necessária ao bom funcionamento da Loja. Aprender os timings em que as “coisas” acontecem e são feitas.
  A atenção é fundamental no seu processo de formação, tal como o era na escola, tal como o é no seu emprego. Sem se estar concentrado no que se faz e que se aprende, o erro sucederá; neste caso, a distração será tal como o “rápido” é inimigo do “bom”.

 No entanto, não basta ao Aprendiz querer aprender, ele tem de ter vontade em mudar e mudar para melhor. Vendo, ouvindo e refletindo, o Aprendiz irá por em prática o seu aprendizado e irá interiorizar e compreender os vários conceitos e a vasta simbólica maçónica que encontrará no seu grau. O que oportunamente lhe criarão a disciplina de estudo que o auxiliará na sua caminhada pela Augusta Ordem a que todos temos a honra de pertencer.

 Todavia, é no grau de Aprendiz que a consciencialização pessoal terá um potencial maior. Isto é, fruto do silêncio a que o Aprendiz é submetido, o Aprendiz irá utilizar faculdades interiores que lhe seriam desconhecidas. E a meditação será uma delas, pois através do seu silêncio, lhe será muito dificil de errar, mas não impossível de o fazer. Porque para se aprender, também por vezes é-se necessário cair no erro.
E uma das melhores lições que a Vida nos pode proporcionar é qual a atitude a ter e quais os procedimentos a efetuar para se evitar esse mesmo erro numa ocasião futura.

Não adianta querermos exaltar as nossas virtudes se depois não quisermos evitar o erro, combatendo os nossos vícios e as nossas  paixões!
E como poderemos ambicionar sermos justos e perfeitos, se os nossos erros persistirem?! E nada aprendermos com eles?!

 Não é à toa que um dos métodos que uso na minha aprendizagem maçónica foi adquirido através do “silêncio”.
De modo que algumas das mais-valias desse silêncio são aprender, ouvir e escutar de uma forma que se assim não o fosse, influenciaria negativamente a minha aprendizagem.
Sendo esse também um dos motivos pelos quais o Aprendiz tem o dever de permanecer calado em sessão de Loja, que é para que aprenda e acima de tudo, discipline a sua vontade de falar. E assim falar somente o necessário, quando necessário, e de uma forma sucinta, apenas o que for importante para conhecimento dos demais Irmãos.

 É através do silêncio, tal como a citação latina “Audi, Vide, Tace” o demonstra (ver, ouvir, sentir/calar), é que a reflexão é posta em prática, fazendo-se de forma demorada e paciente a análise do que se tem a aprender e principalmente do que se tem para dizer. Tanto que apenas permanecendo em silêncio se é passível de atingir um estado de clarividência, um estado de consciencialização que trará benefícios espirituais ao próprio Ser.

  E, reconhecendo o valor do silêncio nos dias que correm, onde toda a gente parece mais preocupada em se fazer ouvir, do que ouvir alguém; é de elevada importância, e por isso eu sinto-me grato pelo tempo em que tive e ainda tenho de permanecer em silêncio.

 Estar Aprendiz, também é partilhar. Seja através da partilha de informação ou de conhecimentos adquiridos pela experiência de uma vida, seja através de ensinamentos sobre a prática ritual e simbólica da nossa Ordem, o que através de uma forma profícua e benéfica melhor integrará os Irmãos no seio da nossa comunidade. E falando em comunidade e em partilha, Estar Aprendiz é também aprender com a permuta de sentimentos entre os Irmãos, numa ampla comunhão fraternal de afetos que potenciam a egrégora e a vivência da família maçónica. Pois todos nós pertencemos à mesma Família apesar de não sermos Irmãos “de sangue” mas que o somos através da Virtude.

  E Estar Aprendiz para além desta vivência e caminho pela Virtude, é também por sua vez, desejarmos ir mais longe, ambicionarmos mais e melhor, servirmos de exemplo para os outros através da nossa conduta, ajudar os outros sem nada esperar em troca, nunca baixarmos os braços face à adversidade, a estupidez e a ignorância, mas antes combatê-las veemente.

No fundo, “Estar Aprendiz” é um way of life for a lifetime

“Um modo de Vida para uma Vida…”

Um estado que será de uma luta constante e onde se terá de ser persistente em permanência. E quem não tiver essa noção ficará pelo caminho…

 Na Maçonaria, a preguiça e o ócio não são bem acolhidos, de tal modo que a Luz/Conhecimento só se alcançam fruto de muito estudo, disciplina e motivação. Tudo qualidades que devem fazer parte de um processo formativo. E como tal, considero a Maçonaria como uma escola de Homens de Bem que se querem tornar ainda melhores…e costumo afirmar que:
“Na Maçonaria aprende-se, trabalhando…”.

 Por isso quando me perguntam se é fácil ser Aprendiz, eu respondo que não! Porque se assim o fosse, eu não estaria aqui…
 E para terminar, gostaria de partilhar convosco esta reflexão que me tem acompanhado ao longo da minha Vida:
“Pouco ou nada sei e no entanto existe tanto por aprender…”
Disse, Venerável Mestre. Meus Irmãos…