Atalhos

08 junho 2025

Ciência e Religião: Ainda um falso conflito?


Relendo uma prancha que escrevi há alguns anos, no RLMAD , sobre o eterno tema da ciência e da religião, surpreendi-me com a sua actualidade. Continuamos a debater se são opostas ou complementares. Continuamos, no fundo, a tentar descobrir se o universo tem apenas leis — ou também sentido.

Na altura escrevi que não via ali conflito, mas antes dois caminhos diferentes para uma mesma busca: compreender o que nos rodeia e o nosso lugar nisso tudo. A ciência diz-nos como as coisas funcionam. A religião tenta explicar porquê.

Hoje, o cenário até parece que mudou, mas não para melhor, a ciência é questionada por teorias da conspiração e vídeos de TikTok, por seu lado a religião continua a ser usada para justificar guerras e ódios. Ninguém ouve, poucos pensam, e muitos gritam "o meu Deus é melhor que o teu".

E assim voltamos ao essencial.

Mesmo Stephen Hawking, tantas vezes apontado como ateu, dizia que se descobríssemos uma teoria unificada, estaríamos a conhecer a mente de Deus. No fundo, ele sabia, como Einstein e Galileu também sabiam, que há um ponto onde a razão bate no limite. Um ponto fora da equação, onde tudo o que sabemos falha. Uma singularidade. E talvez aí, nesse exacto lugar onde a física se cala, comece a linguagem do Grande Arquitecto.



Não precisamos de escolher entre razão e fé. Precisamos é que ambas iluminem o que andamos a tentar ver. Recordo do Evangelho segundo São Lucas: “Ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a coloca debaixo da cama; pelo contrário, coloca-a num lugar alto, para que os que entram vejam a luz.”

A ciência é essa candeia, acesa com esforço, com estudo, com dúvidas. E também a fé o é, alimentada por silêncio, por prática, por esperança, mas nenhuma serve de alguma coisa caso seja escondida, nenhuma ajuda se for usada para controlar ou para envergonhar. A luz foi feita para guiar. Para mostrar. Para que quem entra veja e compreenda.

Entre leis naturais e mistérios espirituais, há sem dúvida em comum a procura sincera pela Verdade, e essa busca, se autêntica, nunca divide, pelo contrário: revela.

João B. M∴M∴


Sem comentários:

Enviar um comentário