24 abril 2013

Ser Mestre Maçom é...



... mais do que uma chegada, uma nova partida, não um objetivo atingido mas um projeto sempre em execução. A Exaltação à Mestria possibilita que o Obreiro atento o entenda desde logo.

Simplesmente, enquanto até aí o maçom teve guias e apontadores de caminhos, quando a Loja concede a um maçom a sua “carta” de Mestre, este sente-se um pouco como aquele que, após as suas lições e o seu exame de condutor, recebe a sua carta de condução: está habilitado a conduzir (a conduzir-se...) mas... inevitavelmente que sente alguma ansiedade por estar por sua conta e risco, sem rede que ampare suas quedas em possíveis erros.

Assim, apesar de serem as mais visíveis manifestações da mudança de estado conferida pela Exaltação à Mestria, não são o seu direito à palavra e o seu direito ao voto que são importantes. Importante é a sua total capacidade de exercer o seu verdadeiro e pleno direito ao seu caminho. O direito a trilhar o seu caminho por si, só, se assim escolher ou assim tiver que ser, ou acompanhado por quem quiser que o acompanhe e que o queira acompanhar, se assim for de vontade dos interessados, pelo tempo que quiser, por onde quiser, como quiser, para o que quiser.

O direito ao seu caminho enquanto cidadão já o tinha desde que atingiu a idade adulta e como adulto foi pela lei do Estado considerado. O direito ao seu caminho enquanto maçom, ou seja, o caminho do aperfeiçoamento, da busca da excelência, da proximidade tão próxima quanto humanamente possível for, da Perfeição, a ser trilhado por si só, como quiser, quando quiser, pela forma que quiser, adquire-o o Maçom com a sua Exaltação à Mestria, após o tempo de preparação que necessário foi para que não seja em vão que esse direito lhe seja conferido, para que efetivamente o exerça. Porque é um direito que o Mestre Maçom deve exercer como um dever, com a diligência do cumprimento de uma obrigação.

Ser Mestre Maçom é, assim, essencialmente cumprir o dever de exercer o seu direito de escolher e percorrer o seu caminho para a excelência.

Para quem andou longo tempo a ser guiado, não é fácil ver-se, de um momento para o outro, responsável pelo seu caminho, sem ajuda, sem orientação, sem rede. Responsável, porque livre, porque pronto, porque assim é o destino do homem que busca o brilho da Luz, da sua Luz. Mas, após uma pausa para ganhar orientação e pesar as suas escolhas, todos os Mestres Maçons seguem o seu caminho – porque para isso foram preparados, por isso são Maçons, com isso são verdadeiramente Mestres.

O caminho que cada Mestre Maçom decide escolher tem em conta a primacial pergunta que faz a si mesmo: Que fazer, como fazer, para ser melhor? A essa pergunta cada Mestre Maçom vai obtendo a sua resposta, pessoal, íntima, tão diferente das respostas de outros quanto diferente dos demais ele é. E é na execução da resposta que vai obtendo, no traçar do trabalho que essa resposta propõe, que o Mestre Maçom constrói, porque construtor é, o seu percurso. E a cada estação conquistada, novamente a mesma pergunta de sempre se lhe coloca: que fazer, como fazer agora para ser de novo melhor? E nova resposta e novo percurso e nova paragem, com nova e sempre a mesma pergunta, com outra resposta e outro percurso, incessantemente se apresentam.

Mas o Mestre Maçom não sabe apenas buscar a resposta à sua pergunta. Sabe também que, embora cada um trilhe o seu solitário caminho, os caminhos dos maçons têm muito de comum e sobretudo são postos por eles muito em comum.

O Mestre Maçom sabe assim que o que adquire, o que ganha, o que aprende, o que consegue, não é para ser avaramente fruído apenas por si, antes é para ser posto em comum com a Loja, pois também é do comum da Loja que recolhe contributos, ajudas, meios, ferramentas, para melhor e mais frutuosamente obter respostas às suas perguntas.

Ser Mestre Maçom é, assim, sempre, dar o seu contributo à Loja, seja no que a Loja lhe pede e ele está em condições de dar, seja no que ele próprio considera poder tomar a iniciativa de proporcionar à Loja. Porque ser Mestre Maçom é também saber que, quanto mais der, mais receberá, que a sua parte contribui para o todo mas também aumenta em função do aumento desse todo e que, afinal, não é vão o dito de que “dar é receber”.

Ser Mestre Maçom é portanto saber que o seu percurso pessoal será mais bem e mais facilmente percorrido se o for com a Loja, pela Loja, a bem da Loja. Porque o bem da Loja se traduz em acrescido ganho para o maçom, que assim consegue realizar o paradoxo de ser um individualista gregário, porque integra e contribui para um grupo que é gregário porque preza e impulsiona a individualidade dos que o compõem.

Ser Mestre Maçom é descobrir que a melhor forma de aprender é ensinar e assim escrupulosamente executar o egoísmo de ensinar os mais novos, os que ainda estão a trilhar caminhos que já trilhou, dando-lhes o valor das suas lições e assim ganhando o valor acrescido do que aprende ensinando – e sempre o homem atento aprende mais um pouco de cada vez que ensina.

Ser Mestre Maçom é comparecer e trabalhar na Loja, mas sobretudo trabalhar muito mais fora da Loja. Porque o que se faz em Loja não passa de “serviços mínimos” que apenas permitem a sobrevivência da Loja e o nível mínimo de subsistência do maçom. O trabalho em Loja é apenas um princípio, uma partícula, uma gota, uma pequena parte do trabalho que o Mestre Maçom deve executar em cada um dos momentos da sua existência.

Ser Mestre Maçom é portanto mais do que aguardar que algo lhe seja pedido, antes tomar a iniciativa de fazer algo – não para ser reconhecido pela Loja, mas essencialmente por si, que é o que verdadeiramente interessa.

Ser Mestre Maçom não é necessariamente fazer grandes coisas, excelsos trabalhos, admiráveis construções. Mais válido e produtivo é o Mestre Maçom que dedica apenas cinco minutos do seu dia a fazer algo muito simples em prol da sua Loja, da Maçonaria, afinal de si próprio, desde que o faça efetivamente todos os dias, do que aqueloutro que uma vez na vida faz algo estentório, notado, em grande estilo, mas sem continuidade. Porque a vida não se esgota num momento, nem numa hora, nem num dia. A vida dura toda a vida e é para ser vivida todos os dias de toda a vida.

Ser Mestre Maçom não é necessariamente ser brilhante, mas é imprescindivelmente ser persistente E o Mestre Maçom que persistentemente realize dia a dia, pouco a pouco, o seu trabalho, pode porventura passar despercebido, não receber méritos nem medalhas nem honrarias, mas tem seguramente o maior mérito, a maior honra, a melhor medalha, o maior reconhecimento a que deve aspirar: o de ele próprio reconhecer que fez sempre o seu trabalho, deu o seu melhor, persistiu na sua tarefa e, de cada vez que olhou para si próprio, viu-se um pouco, um poucochinho que seja, melhor do que se vira da vez anterior. E assim sabe que, pouco a pouco, no íntimo do seu íntimo, sem necessidade que outros o honrem por tal, ganhou um pouco mais de brilho, está um passo mais próximo do seu objetivo, continua frutuosamente percorrendo o seu caminho para o que sabe ser inatingível e, no entanto, persiste em procurar estar tão próximo de atingir quanto possível: a Perfeição!

Em suma, ser Mestre Maçom define-se com o auxílio de uma frase que li há algum tempo e que foi dita por alguém que creio até que nem sequer foi maçom, Manuel António Pina, jornalista, escritor, poeta, laureado com o Prémio Camões em 2011, falecido em 19 de outubro de 2012: o Mestre Maçom é aquele que aprendeu e que pratica que o mínimo que nos é exigível é o máximo que podemos fazer.

Rui Bandeira

17 abril 2013

Oriente Eterno


Oriente Eterno é a designação que os maçons dão ao que nos aguarda depois da morte física. Porquê Oriente e porquê Eterno?

Talvez a mais remota manifestação da crença humana numa Entidade Superior se encontre nos cultos solares. Cedo a humanidade percebeu que o Sol era condição indispensável para a existência e manutenção da Vida, neste pequeno planeta que todos habitamos. Cedo observou que o negrume da noite era quebrado, primeiro pela luminescência da aurora, depois pela aparição do Astro-Rei, sempre a Oriente. Cedo se associou o Oriente ao ponto cardeal de onde provém a luz. Da constatação do fenómeno físico à consideração figurada de que a LUZ nasce, vem, existe, revela-se, no Oriente medeou apenas um pequeno passo.

Por outro lado, são condições imprescindíveis para se ser maçom regular, para além da condição de homem livre e de bons costumes e do efetivo propósito de aperfeiçoamento, a crença no Criador e na vida depois da morte. O Grande Arquiteto do Universo, por definição e à escala humana, é Eterno. A LUZ que dele provém naturalmente que compartilha dessa caraterística.

O Oriente Eterno é, assim, para os maçons o simbólico lugar de onde provém a LUZ, onde está o Grande Arquiteto do Universo, onde o que resta de nós depois de tudo o que de nós é físico se extinguir tem lugar, se reintegra.

Não existe uma conceção, uma figuração, uma imaginação, comum aos maçons de como é o Oriente Eterno. Tal como é deixada a cada um a pessoal conceção do Criador, exigindo-se apenas a efetiva crença na sua existência, também as condições e formas de vida após a vida são assunto do foro íntimo e pessoal de cada um. Em função da crença individual, o Oriente Eterno pode ser associado ao Paraíso cristão, ao Reino de Jehovah, ao Paraíso islâmico, ao Nirvana, ou àquilo em que cada um crer.

A única certeza compartilhada pelos maçons regulares é que a morte física é apenas uma passagem do que de nós é verdadeiramente essencial para outro estádio, outro plano. E, portanto, que incumbe a cada um de nós o dever de se aperfeiçoar, de se polir, de melhorar, de se capacitar em todos os aspetos, para que, chegada a hora, esteja preparado e em condições de se integrar  no seu lugar nesse novo plano da existência.

O que será, afinal, o Oriente Eterno, nenhum maçom o poderá, de ciência certa e segura, afirmar. Apenas que crê na sua existência e que dedica a sua vida a preparar-se para o papel que ali desempenhará. Afinal, a Luz só é plenamente visível depois de ultrapassada a cortina da morte física e superadas as limitações do nosso corpo físico...

Rui Bandeira

10 abril 2013

Luz


Em Maçonaria, como em vários ramos da espiritualidade, incluindo crenças religiosas, é utilizado ou referido o conceito de "Luz", como algo a procurar, objetivo a atingir, mediante o trabalho do iniciado, do crente. Mas o que é, afinal, a Luz? Que simboliza? Cada um tirará as suas conclusões.  A minha resulta da consideração, designadamente, dos elementos que seguidamente exponho. 

Segundo a Infopédia, Enciclopédia e Dicionário Porto Editora, "Luz" é um "fluxo radiante capaz de estimular a retina para produzir a sensação visual", "claridade emitida ou refletida pelos corpos celestes", "clarão produzido por uma substância em ignição". Em sentido figurado, segundo a mesma fonte, é "verdade, evidência, certeza", "perceção, intuição", "guia, orientação", "iluminação espiritual, fé".

O Génesis, primeiro Livro da Bíblia, inicia-se assim:

No princípio criou Deus os céus e a terra.
E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. 
Gênesis 1:1-5

No entanto, um pouco adiante, consta:

E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.
E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi.
E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas.
E Deus os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra,
E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom.
E foi a tarde e a manhã, o dia quarto. 
Gênesis 1:14-19

Portanto, só na quarta jornada da Criação o Grande Arquiteto do Universo criou o Sol e a Lua, "para haver separação entre o dia e a noite", para "iluminar a terra e para governar o dia e a noite e para fazer a separação entre a luz e as trevas". Então que Luz criou Ele logo na primeira jornada, que separação entre a luz e as trevas foi essa bem antes de criar os astros que, na quarta jornada, de novo se refere destinarem-se à "separação da luz e das trevas? Que "Dia" e que "Noite" (note-se as maiúsculas...) são esses referidos na descrição da primeira jornada se só na quarta jornada são criados os astros destinados a governar o dia e a noite?

Ou há grossa contradição logo na primeira página do Volume da Lei Sagrada judaico-cristão, ou então, a Luz , o Dia e a Noite referidos na primeira jornada não são os mesmos referenciados na quarta etapa da Criação...

Entendo que ajudará a esclarecer-nos o início do Evangelho segundo São João (não se estranhe a referência: a Maçonaria é originariamente teísta cristã; sobre a camada original, passou a incluir também a noção deísta, mas esta não anula aquela, tal como aquela não impede esta...):

1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio junto de Deus.
3 Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
4 Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6 Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
7 Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.
8 Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
9 [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.

Analisando os contributos dados por estes dois textos, chama a atenção, no texto do Génesis, a distinção aí feita entre "Deus" e o "Espírito de Deus", aquele realizando, executando a dinâmica da Criação, este apenas movendo-se "sobre a face das águas", mas sem atividade dinâmica.

Esta distinção encontra-se também na Filosofia Pitagórica, designadamente nos conceitos de UM (princípio criador estático, força criadora em potência) e de DOIS (a ação do Criador, a concretização da potência da força criadora).

Mas, regressando ao tema, na primeira jornada o Criador fez a LUZ, a separação entre a luz e as trevas, àquela chamando Dia e a estas Noite.

Esta LUZ não é, seguramente a luz física, pois essa só foi criada na quarta jornada, com a criação do Sol e da Lua e das estrelas, "para haver separação entre o dia e a noite" e "para iluminar a terra". A LUZ da primeira jornada tem um significado metafórico.

Olhando para o início do Evangelho segundo São João, verificamos que o Verbo estava junto de Deus e era Deus; nele havia a vida e a vida era a luz dos homens; era a verdadeira luz...

A LUZ metafórica referida na primeira jornada da Criação, explicitada no início do Evangelho segundo São João, é, no meu entendimento, a Consciência de Si do Criador, que proporciona que a Potência Criadora se realize. O Espírito de Deus movia-se no Caos Primordial, com a potência de tudo criar. Mas só a consciência de Si, da Vida que É, possibilitou a concretização da potência criadora. Essa consciência foi a LUZ que se separou das Trevas da inconsciência da Existência, da Vida e da fabulosa Potência Criadora. Separou-se assim o Dia (da consciência, da aquisição da visão sobre as capacidades e possibilidades) da Noite (em que o Espírito Criador, embora dotado da Potência Criadora não tinha consciência de tal e portanto apenas vogava, inerte e sem concretizar a sua Força). Havia o Verbo, o pensamento concretizável na palavra e, assim, na ação, que estava junto de Deus e era Deus, mas ainda inerte, que ficou ativo quando Aquele que É tomou inteira consciência de Si próprio e do seu Poder e da sua Força.

Portanto, para mim, a LUZ simboliza mais que o Conhecimento, a Sabedoria ou a Fé. Simboliza a Consciência do Criador e da Vida, Consciência essa que cataliza, ativa, a potência criadora que tudo criou e tudo regula.

Sendo assim, em que consiste a busca humana pela LUZ? Na criação de condições, na sublimação da nossa materialidade, de forma a que se possa ver a LUZ, adquirir a Consciência do Criador e da Vida, assim finalmente compreendendo o significado e objetivo da Criação, da Vida e do ínfimo, mas indispensável, papel de cada um nelas. É que tal Consciência é indispensável para ativar a necessária dinâmica para o que segue... Mas isso é já outro tema, crença individual que não tem cabimento neste espaço - que é de divulgação, não de proselitismo.

Esta a minha interpretação do significado simbólico da LUZ. Não a divulgo aqui para convencer ninguém do que quer que seja. Cada um analisará o que exprimo, tomará do meu pensamento o que lhe convenha, recusará o que não lhe agrade, complementará com outros indícios e raciocínios e teses e chegará à conclusão que, para si, será a certa. Se há algo que na Maçonaria é consensual é que há muitos caminhos para a LUZ...

Rui Bandeira 

03 abril 2013

Meia-noite


Meia-noite é a hora em que os maçons pousam as suas ferramentas e terminam os seus trabalhos - ou seja, o momento da morte física do maçom, a ocasião em que ocorre a sua Passagem para o Oriente Eterno, como é comum os maçons referirem. 

Ao referirem que os maçons iniciam os seus trabalhos ao meio-dia e pousam as suas ferramentas à meia-noite, querem estes significar que o trabalho do maçom sobre si próprio, o seu esforço de aperfeiçoamento da sua Pedra Bruta inicial, de alisamento das suas imperfeições até a transformar numa Pedra Aparelhada, que esteja já devidamente dimensionada para poder ocupar um lugar útil no Grande Templo da Humanidade, e de cultivo e polimento das suas virtudes, para dela fazer uma Pedra Polida que, além de útil, seja bela e agradável, uma vez começado, no momento em que atingiu a maturidade necessária para reconhecer dever iniciar esse trabalho, persiste incessantemente até ao seu último suspiro, até ao derradeiro alento da sua permanência neste plano de existência.

Com uma singela frase, transmitem os mais experientes aos mais novos a noção de que o trabalho que a sua Iniciação assinalou é uma tarefa de vida para ser prosseguida durante o resto dela - ou será apenas perda de tempo e de energias.

De nada vale procurar melhorar-se, aprimorar-se, durante um certo lapso de tempo - um mês, um ano ou uma década. No momento em que essa preocupação, esse esforço, que é simultaneamente um meio e um objetivo, cesse, nesse preciso momento começa a inevitável degradação do que se tenha logrado atingir. O polimento que tenha dado brilho à sua interação com os demais, se não for continuamente persistido com o incessante lustre das suas virtudes, inevitavelmente que esmaece, se apaga. O aparelhamento da sua utilidade na vida e na sociedade inevitavelmente se degrada, abre fissuras e falhas. O resultado do esforço - quantas vezes de anos - esvai-se com mesma rapidez que a areia se desvanece por entre os dedos, apesar do esforço, tempo e trabalho tido na sua acumulação na mão.

De pouco vale ter sido uma boa pessoa. O que importa é que se seja, se continue a sê-lo. Um cozinheiro, ainda que tenha obtido três estrelas Michelin no seu restaurante, se deixar de confecionar comida agradável de comer, se a salgar, se passar a utilizar produtos pouco frescos e ingredientes sem qualidade, verá a sua clientela desertar e o seu negócio ruir em menos de um fósforo. O significado de uma vida honrada fica indelevelmente manchado por uma única nódoa, um solitário deslize, afinal uma avultada traição a tudo o que se construiu antes. Assim sendo, o maçom, uma vez iniciado o seu trabalho, deve, tem que, não pode deixar de, prossegui-lo até ao derradeiro momento da sua vida, se não quiser deitar a perder, ou pelo menos a deixar desvalorizar, todo o esforço que tenha tido.

O trabalho do maçom sobre si próprio tem de ser prosseguido, com qualidade, cuidado e persistência até ao momento em que se esgota o seu tempo de permanência neste mundo. Só assim e então poderá, de consciência tranquila e com a noção do seu dever bem cumprido, finalmente pousar suas ferramentas. É no momento da sua morte que o maçom finalmente atinge aquilo por que busca durante toda a sua vida enquanto tal: a perfeição - a sua  perfeição, o melhor que pôde e conseguiu ser. 

E é assim na sua meia-noite, no exato momento em que atingiu a sua perfeição, que pousa as suas ferramentas, vê brilhar a Luz e passa ao Oriente Eterno! 

Rui Bandeira

27 março 2013

Meio-dia


Repararam certamente que os meus textos aqui no A Partir Pedra são, desde há muito, sempre publicados precisamente ao meio-dia (hora legal de Portugal Continental). Faço-o propositadamente, porque o meio-dia é a hora em que os maçons iniciam os seus trabalhos.

Não quer isto dizer que os maçons sejam uma cambada de mandriões que passam as manhãs em vale de lençóis ou em dolce far niente... A expressão tem um significado simbólico - que nem sequer é muito difícil de descortinar.

Mas, antes de prosseguir, uma advertência: em Maçonaria não há dogmas, não há "verdades" impostas a quem quer que seja - designadamente em termos de significados simbólicos. Cada um estuda, analisa, reflete, sobre um símbolo e extrai dele o significado que lhe parecer adequado - e que pode ou não coincidir com a interpretação alheia. Não há significados "certos" de símbolos. Há significados que são certos para aquela pessoa, podendo outra pessoa considerar certo para si diferente significado do mesmo símbolo. E isto é, mais do que normal, vulgar e essencial em Maçonaria, que preza em absoluto a liberdade individual e que tem como componente inderrogável a Tolerância pelo entendimento alheio. Se dois maçons tiverem diferente perceção sobre algo (por exemplo, um significado simbólico), calmamente expõem os respetivos pontos de vista, analisam-nos em conjunto, e cada um extrairá as sua conclusões, podendo um ser convencido pelo outro, podendo ambos mudar de opinião e confluírem numa conclusão diferente das respetivas posições iniciais, podendo um ou ambos mudar de opinião, mas permanecerem em desacordo, agora em diferentes bases, ou simplesmente ambos manterem os seus respetivos entendimentos, concordando em discordar - sem que, em qualquer das situações, venha daí mal ao mundo... A liberdade de opinião é sagrada, mas só o pode ser desde que se respeite a liberdade de opinião alheia (que é tão sagrada como a nossa...) e naturalmente se conviva com a inevitabilidade das divergências, sem que elas impeçam o trilhar comum dos caminhos em que se está de acordo.

Por vezes há símbolos cujo significado adquire uma natureza quase consensual. Mesmo nesses casos, não se pode, em bom rigor, afirmar que o significado, ainda que consensual, do símbolo é "o" correto. Se alguém lhe atribuir outro significado, se alguém concluir que esse outro significado é o que, para si, é o certo, para esse assim será - e os demais naturalmente respeitam isso. Portanto, sempre que eu afirmo que um determinado símbolo tem um certo significado, o leitor deve entender que esse é o significado que eu lhe atribuo, que pode até ser consensualmente aceite pela generalidade dos maçons - mas não é necessariamente certo para todos, aceite por todos. Sempre que eu refiro um significado de um símbolo, o leitor deve fazer o seu juízo e concordar com ele ou dele discordar. Apenas sabe que eu atribuo esse significado, que raciocino em função dele e deve ter tal em consideração ao interpretar o que escrevo. Mas deve manter a sua liberdade de pensamento e o seu juízo crítico e concordará ou discordará - e assim é que deve ser!

Regressando então, após esta - longa! - advertência ao assunto, dizia eu que se atribui (eu atribuo; muitos dos maçons atribuem, como eu...) ao meio-dia um significado simbólico que leva a ser comummente usada entre os maçons a frase de que estes iniciam os seus trabalhos a esta hora. 

Tal como o dia é regido pelo percurso do Sol desde o momento em que nasce até àquele em que se põe e atinge o seu clímax, o seu máximo expoente, ao meio-dia, os maçons utilizam o termo para significar a idade adulta. Durante a madrugada e manhã das suas vidas - a infância e a adolescência - crescem, aprendem, amadurecem. Nessa altura ainda não têm a maturidade necessária para consistentemente passar do material ao espiritual, ainda não estão prontos para iniciar os seus trabalhos de maçons - que consistem no dominar das suas paixões, no alisar de seus defeitos, no aprofundar de seus conhecimentos, no lustrar de suas qualidades, enfim, em tudo o que necessário é para que se evolua, se melhore, se aperfeiçoe. 

Só com a idade adulta e a estabilidade a ela inerente atingidas, ultrapassadas que estejam as dúvidas sobre si próprio, as suas capacidades e o seu lugar no mundo, o homem está verdadeiramente disponível para melhorar, se aperfeiçoar, através de um método próprio, que implica vir do mundo para dentro de si e dar de si ao mundo o melhor que continuamente faz, edifica, altera. 

O meio-dia a que se referem os maçons é, pois, a sua maturidade, o momento em que estão maduros e, continuando a lidar com o mundo, a vida, a sociedade, as suas obrigações pessoais, familiares, profissionais, sociais, podem e conseguem já não se limitar a isso - como muitos vão fazendo ao longo da sua vida, e chegam perto do seu fim perguntando-se se a vida é só isso... -, mas fazer um pouco mais, e diferente, construir-se a si próprio, conhecer-se, retificar-se, evoluir, buscar o que sabem ser inatingível, mas que só vale a pena viver se se viver buscando-o: a perfeição.

É nesse preciso momento em que ultrapassou o imenso período de crise, porque de contínua mudança, que é a infância e a adolescência, que resolveu os seus problemas de sobrevivência, que sabe qual é o seu lugar no mundo e na sociedade, e o ocupa, que, enfim, está estabilizado, que o homem está pronto para trabalhar no seu interior, esculpir a sua personalidade, melhorar os seus conhecimentos e a sua forma de ser, estar e de agir, ir para além da vulgar materialidade embrenhando-se no território quantas vezes quase desconhecido da sua espiritualidade.

Esse é o momento em que está pronto para iniciar os seus trabalhos sobre si próprio. Uns atingem-no cedo, outros mais tarde. Cada um, e as suas circunstâncias de vida, atinge esse preciso ponto de equilíbrio, em que ou estagna na sua vidinha, ou se abalança à aventura de se metamorfosear, mantendo o mesmo aspeto exterior, na altura em que atinge. Esse é o momento em que se fica ou se vai. Esse é o momento em que o homem não faz sombra a nada, nem a ninguém - nem a si próprio -, mas em que adquire a consciência do valor da sua individualidade e do potencial que ela pode desenvolver.

Esse é o meio-dia, a hora em que os maçons iniciam os seus trabalhos! 

Rui Bandeira

20 março 2013

"Casamento maçónico"


Um ilustre Irmão perguntou-me porque é que em certas jurisdições os maçons repetem os votos de casamento em Loja em presença dos Irmãos e das famílias e ainda se tal seria um modismo ou se tinha alguma concatenação histórica.

As aspas colocadas no título deste texto denunciam que a minha opinião não é particularmente entusiasta em relação a esta prática que, tanto quanto sei, tem essencialmente lugar no Brasil. Mas, apesar disso, manda a justiça frisar que no grande país lusófono da América do Sul, tal prática não deve ser considerada um modismo, pois encontra-se enraizada  nos costumes locais, sendo reconhecida por várias Obediências  Regulares brasileiras. Já a "importação" dessa prática para outras paragens, na minha opinião, sofreria desse pecado...

Antes do mais, deve refutar-se a designação de "casamento maçónico". A este respeito, transcrevo parte de um texto que consigna as conclusões de um simpósio sobre o tema"Maçonaria e Religião" que decorreu em Belo Horizonte em 10 de setembro de 2005, sob a égide do Supremo Conselho do Grau 33 para a República Federativa do Brasil, Rito Escocês Antigo e Aceito (texto completo aqui): 

Casamento: Cerimônia tradicional entre os maçons, ligada ao matrimonio, é atualmente denominada, "CONFIRMAÇÃO MATRIMONIAL". Não se trata de uma solenidade religiosa, nem cívica, conforme normalmente se considera. Não é tampouco uma solenidade substitutiva daquelas que normalmente ocorrem num templo religioso. Nesta solenidade, evocando os valores da família, sempre exaltados pela maçonaria, os cônjuges - normalmente já casados - se comprometem perante os membros da loja e demais maçons de outras lojas, a manterem firmes e constantes os vínculos que livremente resolveram celebrar. A maçonaria lembra o dever de cada um, bem como suas responsabilidades na condução da família, célula essencial da sociedade.
O cerimonial nada tem de religioso, é uma solenidade fraterna e humanitária muito usual entre maçons. É antes de tudo uma afirmação da maçonaria aos valores éticos e morais de uma sociedade formada por famílias solidamente constituídas.

O erradamente designado "casamento maçónico" deve então, com maior correção, ser designado por "confirmação matrimonial". Também encontrei a designação, que me parece igualmente adequada, de "reconhecimento conjugal" num outro texto de que, pelo seu evidente interesse, transcrevo o seguinte excerto:

Após e somente de posse do registro do Cartório o  Irmão poderia pedir a Loja que lhe fizesse seu Reconhecimento Conjugal. Há vários rituais para o ato, cada Potência/Obediência adota um. O mais importante é sempre ressaltar que NÃO SE TRATA DE CASAMENTO MAÇÔNICO. Maçonaria não é religião e nem substitui os requisitos e formalidades que as leis do país estabelecem para a validez do matrimônio. 


Em resumo, trata-se de um costume brasileiro que, tendo ali criado algumas raízes, deve ser respeitado pelo significado que os maçons ali lhe atribuem, embora reconheçam (como no texto sobre "reconhecimento conjugal" também se assinala, e dele novamente cito) que alguns procedimentos adotados pelas Potências/Obediências Maçônicas não estão diretamente ligados aos Ritos Maçônicos. Muitas atividades foram criadas para atender a demanda dos Maçons. Um exemplo é o Reconhecimento Conjugal, algumas Potências/Obediências criaram um momento próprio para a apresentação da esposa do Irmão a todos os demais Irmãos e cunhadas.

Reconhecendo a intenção dos Irmãos brasileiros, não me parece que deva ser um costume que seja asado importar para a Europa. A Maçonaria busca possibilitar e enquadrar o esforço de aperfeiçoamento individual dos seus membros. A cerimónia de "reconhecimento conjugal" ou "confirmação matrimonial" não tem nenhum significado esotérico ou simbolismo maçónico, reconduzindo-se, afinal, a uma festividade social levada a espaço no espaço de um templo maçónico. A meu ver, deve-se reservar o espaço e o tempo e o modo de reunião dos maçons para o que simbólica e espiritualmente tem significado para estes e contribui para o aperfeiçoamento de cada um e de todos. As festividades sociais, o regozijo pelo enlace matrimonial, o acolhimento das esposas dos nossos Irmãos no círculo de amizades e social dos maçons pode e deve ser naturalmente feito fora e para além do espaço da Loja. Por muito bonita que seja a cerimónia, por muito belo que seja o texto ritual que para ela foi criado, continua a não ser mais do que uma festividade social...

Fontes:

Conclusões do Simpósio sobre "MAÇONARIA E RELIGIÃO", ocorrido em belo Horizonte em 10 de setembro de 2005, sob a égide do Supremo Conselho do Grau 33 para a República Federativa do Brasil, in http://www.guatimozin.org.br/artigos/mac_religi.htm .

Quirino, A. R. L. S. Presidente Roosevelt, n.º 25 da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, Reconhecimento Conjugal, 21 de agosto de 2011, in http://www.aminternacional.org/PDF/ReconhecimentoConjugal_Quirino.pdf

Rui Bandeira

13 março 2013

O meu testamento maçónico


No texto anterior, procurei esclarecer o que é o testamento maçónico. Neste, vou procurar ilustrar na prática esse documento. Pessoalmente, e uma vez que há muito assumi publica e orgulhosamente a minha condição de esperar que os meus Irmãos me reconheçam como maçom, não necessitaria de elaborar um documento desse género. Mas, já que me predispus a um exercício prático ilustrativo do que é este tipo de documento, eis então o que, aqui e agora, constitui o meu testamento maçónico.

AOS MEUS IRMÃOS MAÇONS E A TODOS OS QUE ME RECONHECEM COMO TAL

Saibam todos os que este escrito lerem ou ouvirem que o seu autor um dia teve a ousadia de crer merecer ser admitido na Augusta Sociedade dos Maçons, antigamente chamados de pedreiros-livres, pedreiros porque utilizam como seus símbolos artefatos dos construtores, livres de pensamento e de paixões que os dominem (embora todos reconheçam ter paixões, defeitos e asperezas que são ínsitos a todos os seres humanos - e que procuram, com diferentes graus de êxito, dominar, domesticar, encerrar nos calabouços de seus íntimos, de forma a que ninguém prejudiquem e raramente sejam entrevistos). Essa ousadia pagou-a, pelo resto da sua vida, com permanente esforço de procurar, em cada dia, ser um pouco, um tudo nada, melhor do que o anterior: aprender mais, aprender sempre, refletir mais cuidadamente, dominar suas impaciências, dosear justiça com solidariedade e rigor com generosidade, trabalhar eficazmente, honrar sua palavra, amar sua família, respeitar a todos, tolerar as imperfeições alheias na mesma medida em que espera poder ver toleradas pelos demais as suas, enfim, viver plenamente a vida como deve ser vivida, na permanente busca da melhoria que é, talvez, o verdadeiro significado e objetivo da nossa passagem por este plano de existência. 

Chegado o tempo do pousar de ferramentas, na altura da disposição do que aqui resta depois do mais importante de mim ter partido para o Desconhecido no Eterno Oriente, deixo à vontade de meus Irmãos e da minha família a realização, pública ou recatada, de cerimónia maçónica: em bom rigor, não será já questão que me afete, pois já terei então partido e o que fisicamente restar não serei já eu, mas apenas o que fica para trás. Sempre achei que as cerimónias fúnebres - de qualquer tipo - se fazem para os vivos, não para quem já partiu... Portanto, se à minha família e a meus Irmãos agradar fazer uma cerimónia maçónica, que ela seja feita. Se a uma ou outros desagradar tal coisa, que sem remorso ou pena fique por fazer, que falta não me fará, certamente, pois tenciono já ir adiante...

Se alguém perguntar qual a minha religião, respondam que fui, acima de tudo, Crente. Fui católico por cultura, mas fui mais do que católico, pois considerei-me também protestante e judeu e muçulmano e hindu e animista e tudo o resto que põe o Homem perante o Absoluto, o Criador e a Criação, a Vida, a Vida antes da Vida e depois dela. Sempre considerei que o que importa na religião é, precisamente, religar o Homem à sua origem, à sua criação, e ao seu destino, religar a minúscula partícula de quase invisível peça, que cada um de nós é, ao Grande Arquiteto Construtor e sua inapreensível Obra. Por isso, sempre acreditei que não há que dividir entre religiões, todas são a mesma expressão da mesma necessidade humana, simplesmente cada uma sendo específica variante de particular cultura, de determinado tempo, de ambiente próprio. Mas, porque todas as religiões correspondem à mesma básica necessidade humana, todas são iguais no essencial e, assim, aquilo em que diferem é necessariamente apenas acessório. O desejo que deixo expresso é que cada um viva o Essencial, praticando livremente o Acessório que lhe agradar!

Se alguém quiser falar de mim e se tal não for penoso para minha família nem agredir demasiado a paciência de quem a acompanhe, então que sobretudo não fale de mim, do que fiz ou deixei de fazer, dizer ou pensar, mas antes procure extrair a lição para o futuro do que fiz bem e do que mal efetuei: o que tenha feito no Passado, Passado é. Importa mais preparar o Futuro, vivendo plenamente o Presente.

Os objetos ligados à Arte Real que para trás deixo, se os meus herdeiros com isso concordarem e se a minha Loja nisso estiver interessada, que sejam confiados à minha Loja, que lhes dê o destino que lhe aprouver. Se uns não concordarem ou outros não estiverem interessados, que isso não cause preocupação ou desgosto a ninguém. Afinal de contas, são meros objetos, nada mais... Os meus livros de temática maçónica que fiquem para os meus herdeiros, se nisso tiverem interesse, ou então que sejam entregues à minha Loja, para que lhes dê o uso ou destino que lhe aprouver e para que tenham utilidade. 

O que escrevi, publiquei-o e, uma vez publicado, não pertence só a mim. Os pensamentos, uma vez divulgados, são de todos, para que cada um faça com eles o que bem entender. As palavras, logo que públicas, são livremente utilizáveis por cada um. Tudo o que escrevi pode ser citado, copiado, glosado, divulgado, comentado, criticado, apenas com o respeito de duas condições: a identificação do seu autor e a indicação do local onde foi primeiramente publicado. Quanto a publicações comerciais ou de que resultem proventos (se algo do que escrevi algum dia tal mérito ou potencialidade tiver), naturalmente que dependem do regime legal dos direitos de autor e dependerão da vontade de meus herdeiros e herdeiros deles, até que legalmente caduquem tais direitos.

Em suma, e parafraseando alguém que foi uma grande alma e que foi também por muitos reconhecido como tal, Raul Solnado, a mensagem que tenho a veleidade de deixar é apenas esta: FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES. Eu procurei sempre sê-lo e aprendi que a felicidade está nos momentos, na satisfação do dever cumprido, no orgulho das vitórias, mas também na consciência das derrotas bem lutadas, no percorrer do caminho que traçámos, com destino ao horizonte depois do horizonte. Que cada um percorra o caminho na direção de sua escolha pela forma que seja do seu agrado e, sobretudo, que consiga ser feliz, com a noção de que verdadeiramente não se é feliz, está-se feliz e é do estar que vem o ser.

Sobretudo, que cada um celebre o que é verdadeiramente importante: a Vida!

Rui Bandeira