05 julho 2007

Uma História da maçonaria Britânica (1967- actualidade)

A década de 1960 inaugurou um período de declínio em relação aos anteriores altos níveis de admissão de membros. O completo colapso das associações de amizade e auxílio mútuo após a Segunda Guerra Mundial parece poder constituir um gelado aviso sobre o que pode ser o futuro da Maçonaria.

No entanto, existem algumas objecções a essa tese de que o declínio de admissões na Maçonaria desde a década de 1960 seja parte do mesmo processo que conduziu ao estiolamento das associações mutualistas, desde logo porque estas colapsaram porque constrangimentos legislativos as reduziram a pouco mais do que sociedades de seguros mútuos, minando os aspectos fraternais da sua organização. Quando a implantação do Estado-Providência supriu a sua função, essas associações tinham muito pouco mais a oferecer.

A razão do declínio de admissões na Maçonaria Britânica deve buscar-se antes na secularização da sociedade a partir dos anos 60, em contraponto à profunda religiosidade que caracterizou a época anterior. É essa emergência de uma sociedade secularizada que está na raiz das actuais incertezas que assolam a Maçonaria Britânica. A Maçonaria na Grã-Bretanha tornou-se, de 1870 em diante, tão firmemente ligada a uma expressão de uma cultura de religiosidade na Grã-Bretanha, que não podia de deixar de sofrer um abalo até às suas raízes com o súbito declínio dessa cultura. Neste contexto, as maiores ameaças no presente período da História da Maçonaria serão, não tanto os ataques de escritores anti-maçónicos, mas os estudos do relacionamento entre a Maçonaria e a Religião levados a cabo pelas Igrejas anglicana e metodista, os quais concluíram que a filiação na Maçonaria era incompatível com a qualidade de membro destas Igrejas.

No entanto, a Maçonaria permanece francamente saudável, ao contrário das associações de amizade e auxílio mútuo. Para além do mais, a História da Maçonaria Britânica demonstra a sua durabilidade, que não desaparecerá facilmente.

(Com a publicação deste texto, conclui-se a divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

04 julho 2007

O quinto Venerável Mestre

O quinto Venerável Mestre, que exerceu funções de Setembro de 1994 a Setembro de 1995, foi Manuel A. G..

Manuel A. G., um homem corpulento e bonacheirão, era amigo pessoal do Grão-Mestre Fernando Teixeira, com quem partilhava o gosto, os conhecimentos e a paixão pela tauromaquia.

Sob a sua liderança, a Loja manteve-se sempre muito próxima do Grão-Mestre, o qual, por sua vez, nomeou vários dos obreiros da Loja para o exercício de funções de Grande Oficial, isto é, funções na Grande Loja. Por um lado, isso era agradável, porque correspondia à manutenção da confiança do Grão-Mestre fundador na Loja e nos seus obreiros. Por outro lado, isso era penalizador para a Loja, que não raras vezes se via privada da presença e do contributo de vários e influentes obreiros, ocupados no exercício dos deveres dos seus ofícios na Grande Loja. Por outro lado, tinha começado a implantação dos Altos Graus na Maçonaria Regular portuguesa, com os Altos Graus dos Rito Escocês Rectificado e do Rito Escocês Antigo e Aceite à cabeça, e muitos dos obreiros da Loja acumulavam com a frequência de sessões de Altos Graus e o exercício de ofícios nos Altos Graus, por vezes com simultaneidade de reuniões entre estes e a Loja Azul (a Loja trabalhando nos três graus basilares da Maçonaria, Aprendiz, Companheiro e Mestre).

Por força destas circunstâncias, a Loja continuou a trabalhar com Quadros de Oficiais muito variáveis. Existia o Quadro de Oficiais efectivo, digamos assim. Mas raramente a Loja trabalhou com a presença de todos os oficiais efectivos. Para cada ofício existia o titular efectivo da função e, informal e naturalmente, perfilavam-se um ou mais suplentes que asseguravam o exercício da função na falta do titular. Assim a Loja se habituou a colmatar as faltas de seus membros, impedidos em outras actividades maçónicas. Assim se reforçou a característica da Loja de todos os seus membros estarem aptos a exercer bem mais do que um ofício em Loja e de conseguir trabalhar com segurança e qualidade independentemente da composição efectiva do quadro de oficiais em cada momento. O que, em termos de prática ritual, trouxe a mais-valia da garantia de uma qualidade média do trabalho, independentemente de quem esteja presente e de como estejam distribuídos os obreiros pelos ofícios, mais-valia que, felizmente, se foi mantendo ao longo do tempo.

Manuel A. G. apreciava que os trabalhos decorressem de forma imponente e serena. Com ele, cada sessão de Loja era um exercício de execução tão perfeita quanto possível do ritual, entendendo-se como parte desse esforço a execução, em toda a pompa e circunstância, de cada gesto, de cada passo, de cada fala. Com Manuel A. G., a Loja habituou-se de novo a executar o ritual, não apenas bem, mas com brilho. Cada pormenor era corrigido, cada detalhe era aperfeiçoado.

Assim, em termos de execução do ritual, a Loja retomou a qualidade que se habituou a considerar sua, com as vantagens do aumento do número de obreiros capazes de a manter e da capacidade de execução de múltiplos ofícios por cada obreiro. A preocupação e o gosto de Manuel A. G. pela boa execução do ritual criou em todos o hábito e a necessidade da qualidade. Isso continua a Loja a dever a Manuel A.G..

No seu sereno e calmo mandato, apenas uma pequena nuvem se apresentava no horizonte: retomada e aperfeiçoada a qualidade de execução do ritual, os mais dinâmicos interrogavam-se sobre o que fazer com a Loja. Tínhamos um grupo que aprendera a ser coeso, que nutria o gosto pela qualidade do trabalho ritual, que paulatinamente aprendia Maçonaria. O que fazer com ele? Apenas executar com qualidade o ritual já sabia a pouco. Mas fazer o quê? Utilizar o potencial da Loja em quê?

Uma coisa se tinha como certa. Fosse o que fosse, não seria por voluntarismo que se encontraria. Utilizar de forma útil o potencial da Loja e dos seus obreiros só fazia sentido e só seria efectiva e persistentemente possível se fosse consensual. Esta busca de conteúdo, de valia, de contribuição prática da Loja em algo que consensualmente se tivesse como possível e que se entendesse valer a pena foi tema recorrente nas conversas entre os seus obreiros, naquela época. Muitos projectos foram falados, muitos foram reconhecidos de megalómanos ou não reuniram o consenso. A pouco e pouco, foi-se entendendo que a solução não era a busca de grandes coisas, de projectos de encher o olho e a alma. Como sempre, foi nos princípios da Maçonaria Regular que fomos buscar as bases para a resposta aos nossos anseios. No caso, que a Maçonaria Regular não se destina a intervir, ela própria, enquanto tal, na Sociedade, mas cada obreiro, por virtude do seu aperfeiçoamento pessoal deve ele próprio contribuir, na medida do que possa, para a melhoria da Sociedade. A resposta não estava, pois, em ambiciosos projectos, em grandes organizações, em eventos de estalo. A resposta estava em nós mesmos e no que nós pudéssemos dar e fazer.

Foi assim que nasceu o primeiro projecto colectivo da Loja Mestre Affonso Domingues. Um projecto modesto, mas à medida das possibilidades dos seus obreiros. Um projecto discreto, mas que ajudava a suprir uma necessidade social. Um projecto através do qual cada um, na medida em que podia fazê-lo, dava o que de mais precioso uma pessoa pode dar: um pouco de si próprio.

Assim começou o que pomposamente gostamos de chamar Grupo de Dadores de Sangue Mestre Affonso Domingues, um grupo sem sede, sem direcção, sem contas nem património, sem organização, um pouco como a a casa da canção infantil ("era uma casa muito engraçada, não tinha tecto, nem tinha nada..."). Mas se nada disso teve, nem tem, teve, tem e desejamos que continue a ter o que verdadeiramente importa: a disponibilidade para ajudar, para obter e efectuar doações de sangue, para contribuir para que ninguém fique sem o necessário tratamento ou recuperação da sua saúde por falta desta essencial seiva da vida. Quem pode dar sangue, dá; quem não pode, ajuda de outra forma qualquer, na organização da acção, na sua divulgação, na simples companhia aos que dão. Sendo a Loja constituída por algumas dezenas de obreiros e com uma não negligenciável quota de elementos cuja idade ou condições de saúde não lhes permitem que dêem sangue, não esperamos que, de cada vez, se recolha uma grande quantidade de sangue. Mas, ao longo dos anos, a quantidade de sangue recolhida já é significativa. e, a pouco e pouco, vamos conseguindo o auxílio de terceiros, que amigos, conhecidos e mesmo desconhecidos também ajudem e também dêem sangue. E lá vamos ajudando...

Manuel A.G. contribuiu também para este projecto. Como os demais Veneráveis Mestres da Loja deixou também nela a sua marca. E nós não o esquecemos.

Como amigo pessoal de Fernando Teixeira que era, naturalmente que, na altura da cisão, o acompanhou. Mas continua a ser um amigo e, pelo menos no nosso convívio anual de Dezembro, procuramos, com todo o gosto, tê-lo connosco e ficamos especialmente satisfeitos quando os seus afazeres lhe permitem estar connosco. Também a ele se aplica a nossa máxima de que uma vez um dos nossos, sempre um de nós.

Rui Bandeira

03 julho 2007

Uma História da Maçonaria Britânica (1874-1967)

Depois de um período conturbado, emergiu um consenso a partir da década de setenta do século XIX, aliás tal como em toda a sociedade britânica. Este consenso no final da época vitoriana reflectiu-se no facto de, quando o Príncipe de Gales se tornou Grão-Mestre, em 1874, o anteriormente inflamado Conde de Carnarvon transformou-se no seu pacato e diligente Pro Grão-Mestre, enquanto que o antigo rebelde dos anos 50 Canon George Portal se afadigava a trazer a Ordem e a Harmonia às muitas institutições maçónicas que tinham proliferado desde 1856.

A Maçonaria do final da época vitoriana estava instalada na sua posição na Sociedade. As incidências dos debates em várias sessões de Grande Loja eram abertamente relatadas no The Times. Em vilas e cidades de todo o País, as Lojas Maçónicas locais eram partes indispensáveis dos desfiles cívicos, tal como os orgnizados por ocasião dos Jubileus de Ouro e de Diamante da Rainha Vitória. A Maçonaria era suportada por uma fornmidável infraestrutura comercial, visivelmente expressa na firma de George Kenning, que fabricava as caras jóias e paramentos, que permitiam à classe média do final da época vitoriana uma ostentação através da Maçonaria. Kenning também publicou um dos semanários disponíveis nos escaparates das estações ferroviárias, no qual se debatiam temas da actualidade maçónica e se publicavam notícias acerca de personalidades e eventos maçónicos. Este período também constituiu a emergência da Maçonaria como uma das mais abastadas e mais bem organizadas organizações filantrópicas do país.

Algumas notas devem, porém, ser enfatizadas neste quadro de prosperidade, estabilidade e crescimento. Desde logo, a Maçonaria não estava sozinha neste ambiente social. Fazia parte do que foi descrito como o "fraternalismo competitivo". Por outro lado, o crescimento de várias formas mais racionais de lazer e recreação a partir da década de 1860 fora, em parte, a reacção a uma crise de identidade por parte dos habitantes das grandes cidades industriais. Como poderiam eles mantero seu antigo sentido de comunidade e, no caso da classe média, afirmar a sua liderança cívica? Uma resposta foi escolher entre a esplendorosa variedade de novas actividades sociais. Um cavalheiro de sociedade podia viver uma vida cheia de uma variedade de organizações filantrópicas, empresas comerciais e publicações. Um maçon empenhado podia, similarmente, preencher a sua vida com várias reuniões maçónicas, levar o The Freemason para a sua leitura semanal, utilizar a Biblioteca Maçónica e envher a sua casa de uma variedade de objectos maçónicos. A Maçonaria era apenas uma das formas pelas quais a classe média do final da época vitoriana podia afirmar a sua respeitabilidade e prestígio social e manter um paroquial sentido de comunidade.

Um exemplo deste uso da Maçonaria como forma de expressão de identidade no final da época vitoriana foi a emergência de Lojas destinadas a profissões específicas. A criação de lojas maçónicas deu a classes profissionais emergentes, relutantes em frequentar bares e tabernas, um meio através do qual podiam conviver depois do trabalho, numa atmosfera neutral. Assim, membros do Serviço de Educação de Londres peticionaram a criação de uma loja maçónica própria, onde poderiam confraternizar após as reuniões profissionais. Lojas similares foram criadas por vários outros grupos profissionais. São particularmente dignas de nota as lojas criadas por membros das profissões do sector público, tais como polícias e professores. A posição social destes grupos profissionais era, frequentemente, ambígua: a Maçonaria proporcionava a cada um deles a possibilidade de se reclamar pertencer à classe média.

Como parte deste desejo de respeitabilidade, a religiosidade tornou-se cada vez mais importante. Com a adopção de cânticos religiosos populares, a importância do ofício de Capelão (um dos ofícios de Loja do Rito de Emulação, cuja função é a de pronunciar orações em momentos determinados do ritual) e a aparência pseudo-eclesial de muitos dos novos Templos Maçónicos, a frequência das reuniões de loja parecia quase como comparecer a um serviço religioso.

A atmosfera eclesiástica da Maçonaria Britânica afastou-a crescentemente da Maçonaria em todo o resto do Mundo, muito especialmente do Grande Oriente de França, o qual se tornou, a partir da década de 1870, crescentemente ateu e secularista e se ia transformando no guardião da chama da Terceira República. Estas tensões agudizaram-se com a decisão do Grande Oriente de França de dispensar como requisito de admissão dos seus membros a crença num Ser Supremo, o que resultou na cessação de relações com os membros desse Grande Oriente pelas Grandes Lojas Britânicas.

As duas principais orientações do Mundo Maçónico, que divergiram entre si na década de 1870, ainda hoje se vêem uma à outra através do equivalente maçónico do Muro de Berlim. A culpa por esta cisão não pode ser inteiramente atribuída aos franceses. É justo fazer notar que, enquanto a Maçonaria Francesa se moveu numa direcção, a Maçonaria Britânica adoptou um tom cada vez mais religioso.

É por esta razão que Andrew Prescott tende a olhar o consenso do final da época vitoriana em torno da Maçonaria como persistindo até à dácada de 1960, talvez com as celebrações do 275.º aniversário da Grande Loja Inglesa, em 1967, marcando o seu último fôlego. Tal como em recente trabalho de Callum Brown se defendeu que, no período final da época vitoriana, se verificou um aprofundamento do sentimento religioso popular, que é considerado como tendo persistido até às mudanças culturais da década de 1960, parece que se pode detectar a mesmoa evolução na Maçonaria. Apesar da sua proclamação de que não exige a crença numa particular religião, desde, pelo menos, a década de 1870 que a Maçonaria Britânica se tormou uma muito efectiva expressão do mais alargado consenso moral, cultural e político em que se alicerçou o Império Britânico. Apesar daqueles que eram não conformistas, fossem anglicanos, judeus ou hindus, havia um forte entendimento do que constituia o comportamento apropriado para um leal súbdito britânico, o qual se alicerçava numa espécie de religiosidade instintiva e discurso moral, que caracterizaram a sociedade britânica até à década de 1960.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

02 julho 2007

Exposição IN DEFINITION

No muito especial espaço da Mãe d'Água das Amoreiras, integrado no Museu da Água, vai ser inaugurada na terça-feira, dia 3 de Julho, pelas 19 horas, a exposição IN DEFINITION, de Manuel do Carmo.

O pintor Manuel do Carmo nasceu em 1958 em Lisboa. Estudou arte e pintura no Ar.Co. O seu estilo, absolutamente contemporâneo, não se inscreve em nenhuma escola.

O seu estilo de realismo fantástico está patente na sua arquitectura imaginária, que nos desvenda a história da Humanidade, seus valores e espiritualismo - algo também muito caro aos maçons.

Nos últimos vinte anos, Manuel do Carmo criou inúmeros trabalhos expostos em colecções privadas e públicas e em alguns museus nacionais e internacionais, encontrando-se ainda representado em diversas galerias e em esculturas de arte urbana de Lisboa.

Sobre ele disse a crítica de arte em New York Nancy di Benedetto: A maior homenagem que se lhe deve fazer é a de que o seu trabalho não se insere em escolas ou movimentos predeterminados, a sua obra artística desafia uma categorização e rompe novos territórios na Arte do século XXI.

A exposição IN DEFINITION encontra-se integrada na no programa da Presidência de Portugal da União Europeia. Será seguida por uma outra, do mesmo autor, THE CORRIDOR OF LIFE IN WATER, fazendo ambas parte do projecto IN DEFINITION, sobre a relação entre o ser humano e a água, buscando na inversão a força evolutiva dessa relação. Uma exposição sucede à outra, completando-se mutuamente e dando conceito global e unificado ao projecto.

A 3 de Julho, o público poderá ver a Mãe d'Água como raramente foi vista: a Mãe d'Água das Amoreiras inverte-se, pois, esvaziando o depósito de 5.500 m3 de água, possibilita-se a visita ao seu interior (possibilidade muito raramente disponibilizada ao público), numa simbólica viagem ao que existe preambular à Criação, debaixo do elemento Água - um Hino à Água.

No centro do reservatório, uma enorme esfera simboliza a semente inicial, da qual tudo nasceu.

No dia 12 de Julho, será apresentada a segunda exposição, a segunda parte do projecto. A Mãe d'Água das Amoreiras regressa ao seu posicionamento normal: água em baixo, no reservatório de novo cheio.

Tudo o que estava em baixo vai agora para cima: o terraço da Mãe d'Água enche-se com as fotografias gigantes até então ocultas na Arca de Água e, neste momento, projectadas para o Céu.

Deste modo se completa a alusão hermética, tornando a exposição visível do Céu, para fruição dos passageiros dos aviões que sobrevoam Lisboa!

Esta segunda parte do projecto permanecerá em exposição até 8 de Setembro.

Uma inauguração a não faltar, duas exposições a não perder, quer pelo valor intrínseco da arte de Manuel Carmo, quer pela simbologia que delas se extrai. Quem está em Lisboa, deve ir. Quem não está, pode aproveitar e viajar para Lisboa, de avião, entre 12 de Julho e 8 de Setembro e apreciar duplamente o trabalho de Manuel do Carmo: do ar, através da janela do avião, à chegada a Lisboa e depois no local!

(Este texto foi elaborado com base em elementos informativos fornecidos pela Directora do Museu da Água)

Rui Bandeira

29 junho 2007

Novas funcionalidades no blogue

A partir de agora o blogue A Partir Pedra disponibiliza duas novas funcionalidades para quem tem interesse nos textos que aqui se publicam.

Uma delas já podia ser utilizada por quem usa as aplicações de navegação na Rede Internet Explorer 7 e Mozilla Firefox 2.0: as actualizações via RSS. Mas talvez alguns dos que já tinham essa possibilidade não a utilizassem, por desconhecimento da sua existência na sua aplicação de navegação na Rede.

Para esses e também para aqueles que usam outras aplicações de navegação sem essa funcionalidade, colocámos um atalho, logo abaixo do Arquivo do Blogue, com um pequeno ícone similar à imagem que ilustra este texto e sob o título ÚLTIMOS TEXTOS VIA RSS. Quem quiser beneficiar da funcionalidade, basta clicar no ícone e abrir-se-á uma página onde, ao alto, está o nome do blogue e, à direita, vários ícones. Basta clicar no ícone que prefira e, após confirmação da subscrição do serviço (inteiramente gratuito, é claro!), passará a dispor, na barra de tarefas do serviço que escolheu, da funcionalidade RSS, que lhe permitirá verificar quais os últimos textos publicados no A Partir Pedra. Quem utilizar o Yahoo poderá clicar no ícone respectivo; quem preferir utilizar o Google, idem; quem preferir utilizar a barra de tarefas da sua aplicação de navegação, desde que esta suporte o serviço, deverá utilizar o pequeno ícone laranja com o texto "View feed XML".

Quem quiser receber na sua caixa de correio electrónico os novos textos que forem publicados, pode, ou utilizar o ícone do sobrescrito em fundo azul na página que se abre quando se clica no ícone ÚLTIMOS TEXTOS VIA RSS ou - mais fácil ainda! - clicar no atalho que se encontra criado logo abaixo do ícone de acesso ao RSS, sob o título NOVOS TEXTOS VIA CORREIO ELECTRÓNICO. O atalho em si é, para que ninguém tenha dúvidas, constituído pelo texto Receba os textos do A PARTIR PEDRA por correio electrónico. Clicando nesse atalho, abrir-se-á uma janela intitulada REQUERIMENTO DE CADASTRO DE EMAIL, onde deverá preencher, na caixa disponibilizada para o efeito, o seu endereço de correio electrónico. Após preencher, na caixa inferior esquerda as letras de controlo que visiona, clica na caixa COMPLETAR SOLICITAÇÃO DE CADASTRO e... está quase. Seguidamente, abra o seu leitor de correio electrónico. Se não estiver já lá uma mensagem com o assunto "Active a sua subscrição por correio electrónico para: A Partir Pedra", clique em enviar-receber para que esta seja recebida. Uma vez aberta esta, basta clicar no atalho constante da mensagem (ou copiar o mesmo e inseri-lo na barra de endereços da sua aplicação de navegação na Rede) e, uma vez acedida a página de destino, está completado o processo: desde que tenha sido publicado um novo texto no A Partir Pedra, diariamente receberá uma mensagem de correio electrónico com o mesmo. Por agora, o serviço está configurado para enviar a mensagem entre as 17 e as 19 horas, hora de Portugal Continental. Eventualmente, se se vier a concluir ser mais adequado ou conforme com os interesses dos subscritores do serviço, pode ser alterado o intervalo horário de envio de mensagens.

Uma outra alteração foi feita no modelo do blogue, mas esta é mais uma brincadeira do que outra coisa: quem for ao fundo do blogue, deparará com um ícone, o qual declara (em inglês) que este blogue foi classificado para todas as audiências e todas as idades. O ícone é verdadeiro e esta é a classificação que foi efectivamente atribuída ao blogue. Mas, aqui para nós, não podia deixar de assim ser: feita a verificação dos textos do blogue, a aplicação atribuiu essa classificação em face da ausência de palavras indicativas de pornografia ou violência. É certo que este blogue efectivamente não divulga pornografia nem violência, mas, manda a verdade que se reconheça que, mesmo que o fizesse, a classificação seria a mesma: é que o sítio de atribuição de classificações busca palavras desses temas... em inglês! No nosso caso, a única palavra que detectou (o que não foi impeditivo da classificação PARA TODOS) foi... "breast" (do atalho para o Breast Cancer Site)!

Rui Bandeira

28 junho 2007

O quarto Venerável Mestre

O Venerável Mestre no período entre Setembro de 1993 e Setembro de 1994 foi Ilídio P. C..

Foi o homem certo na altura certa. A Loja aprendera a trabalhar em condições mais difíceis do que aquelas em que se formara. A Loja aproveitara para perceber as vantagens de fazer rodar os Mestres - particularmente os mais recentes - nos vários ofícios rituais. É verdade que tal ocorrera por necessidade, devido à diminuição de assiduidade nas reuniões havidas às quartas-feiras. Mas ultrapassara a dificuldade e ainda obtivera um ganho com a forma como a ultrapassara. Mas a Loja necessitava de obter uma maior empatia com o seu líder. E Ilídio P. C. era o homem ideal para isso.

Ilídio P. C. teve a seu favor, desde logo, o factor emocional. A Loja aprendera a trabalhar sob uma liderança menos carismática, mas recordava com alguma saudade a ligação emocional e carismática que tivera com José M. M.. E, na verdade, com Ilídio P. C. teve o mais próximo disso que era possível, até num plano simbólico: Ilídio P. C. e José M.M. tinham sido cunhados (um deles, já não me recordo qual, tinha sido casado com a irmã do outro), a sua ligação pessoal mútua era grande (sobrevivera ao fim do casamento que os tornara cunhados) e Ilídio P. C. era também um emotivo, tal como José M. M.. Eram, obviamente diferentes - José M. M. motivava o grupo pela garra, pela combatividade, pelo carisma; Ilídio P. C. arregimentava afectos mansamente, ouvindo todos pacientemente e, num fio de voz, anunciando a decisão que todos instantaneamente sentiam que tinham contribuído para ser tomada e que reconheciam como a melhor, em face das circunstâncias analisadas. Era um carisma sossegado, mas não deixava de ser carisma.

Tinha uma actividade profissional intensa e competitiva e costumava dizer que a Loja era o seu porto de abrigo, o seu local de descontracção, onde podia estar à vontade e com as defesas em baixo, sem preocupações de ser traído (a palavra que utilizava era mais vernácula...), nem apunhalado pelas costas. Dizia-o, parte por ser verdade, mas também parte como meio de incutir na Loja a coesão entre os seus membros. A sua mensagem era: não importa a luta que travemos na vida profana, a forma como aí tenhamos de estar atentos; aqui é um espaço de camaradagem, de confiança, de amizade. Não é preciso gostar de todos, ser amigo de todos; mas não se trai nenhum e por nenhum se é traído. Aqui cada um pode e deve ser ele próprio, mostrar as suas fraquezas e colaborar com as suas forças; ninguém se aproveita das fraquezas de qualquer dos demais, ninguém abusa das forças dos seus irmãos.

E, dando-se a si como exemplo, agindo em consonância com o que dizia, calmamente fez com que todos o seguissem, e a Loja voltou a levantar voo, com as capacidades que tinha, enriquecida com a coesão que passou a fazer parte das suas características genéticas.

Ilídio P. C., que beneficiou também do paulatino regresso de muitos dos que, esgotados, tinham passado por um "ano sabático" de recuperação, no fim do seu mandato transmitiu ao seu sucessor uma Loja mais forte, mais coesa, mais madura, que entendera que a liderança também se exercia de uma forma calma e, com isso, crescera mais um pouco.

Ilídio P. C., aquando da cisão de 1996, sofreu como poucos o desgosto da separação e a forçada e inesperada quebra da coesão por que tanto se esforçara. Coerente, afastou-se. Mas, algum tempo depois, o apelo da Maçonaria foi mais forte. Uma vez maçon, sempre maçon. Acabou por se integrar numa Loja do GOL e aí certamente que o seu estilo brando e calmo exerce tanta influência como exerceu em nós.

Continuamos a revê-lo e a com ele conviver, sempre que possível, seja numa qualquer organização a que ele nos dá o gosto da sua presença, seja no jantar anual do Solstício de Inverno que a Loja organiza. E é sempre com grande alegria que o revemos e com ele convivemos e, sempre, algo de novo aprendemos. Porque o Ilídio P. C. não foi apenas um dos nossos. O Ilídio P. C. contribuiu, e muito, para a nossa identidade e características, mostrando-nos o imenso valor da coesão. Esteja onde estiver, esteja com quem estiver, é e será sempre um dos nossos!

Rui Bandeira

27 junho 2007

Uma História da Maçonaria Britânica (1856-1874)

O descontentamento com a administração da Maçonaria por Lord Zetland culminou em 1855 com a secessão de um grupo de maçons canadianos para formarem a sua própria Grande Loja. Isto foi seguido pouco depois pela formação da Grande Loja dos Maçons Mark Master.

Estes eventos fizeram parte de uma breve, mas profunda, crise política e social precipitada pele Guerra da Crimeia. Os ataques a Lord Zetland foram encabeçados por um jornal maçónico chamado Masonic Observer, escrito por um grupo de jovens e radicais maçons, entre os quais Canon George Portal e o Conde de Carnavon. Este defendia um maior papel para as províncias na organização maçónica. Estas reivindicações ligavam-se com as reformas da organização provincial, tais como a introdução dos Anuários Provinciais, reuniões provinciais mais frequentes e um papel mais activo para os Grão-Mestres Provinciais. Tudo isto pode ser visto como a exigência de um maior acesso à autoridade política e social por parte dos líderes sociais das novas cidades industriais. Isto foi impressivamente expresso em Birmingham, onde um certo número de ricos proprietários de fábricas e membros da elite social providenciaram pela criação de uma loja com o nome de Loja do Progresso, que iria reunir no Templo Maçónico, evitar o álcool e os ágapes e apoiar as virtudes da caridade, temperança e respeitabilidade. Idênticas iniciativas podem ser encontradas em muitas outras cidades industriais. Para referir de novo o exemplo de Bradford, a Loja da Esperança foi dominada por um grupo de ricos empresários, que entusiasticamente debatiam a melhor forma de atingir a Virtude Maçónica.

É nesta altura que a Maçonaria se torna uma avassaladora instituição da classe média. Convém notar que este parece ser um fenómeno intrinsecamente inglês. Na Escócia e na Irlanda, a presença significativa de elementos das classes trabalhadoras na maçonaria permanece até aos dias de hoje. Em Inglaterra, a importância da Maçonaria para a coesão das elites sociais nas cidades de província expressou-se na construção de Templos Maçónicos como parte integrante dos novos centros das cidades - em cidades como Manchester e Sheffield, localizados mesmo ao lado dos novos edifícios das Câmaras Municipais e outros edifícios públicos . Um dos muitos pontos de investigação futura acerca deste período fulcral da História da Maçonaria é verificar que efeito tiveram estas mudanças no papel da Maçonaria no Império Britânico.

Algumas das pressões junto da maçonaria Imperial eram diferentes e distintas - por exemplo, os Distritos indianos eram relutantes quanto à aceitação de não-cristãos nas lojas maçónicas e só vieram a admiti-los após determinações explícitas nesse sentido por parte de Londres. A relutância dos maçons coloniais da Índia em partilhar as suas lojas com os indianos propiciou um particular entusiasmo pelos trabalhosos de George Oliver e pelo desenvolvimento dos Altos Graus Crísticos - os indianos podiam integrar-se nas Lojas, mas só cristãos teriam acesso completo às glórias da Maçonaria, proclamava-se nos púlpitos das igrejas em Bombaim e por toda a Índia.


(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

26 junho 2007

Aniversário da Grande Loja

Decorreu este fim de semana a Sessão de Grande Loja do Solsticio de Verão. Esta sessão é coincidente com o Aniversário da Grande Loja, que este ano festejou o seu 16º.

Optou o M.R.Grao Mestre por dar maior enfase a questões de trabalho que a questões ludicas, indiciando assim o caminho que pretende ver percorrido.

Aproveitou a oportunidade para lançar a nova edição do ritual de aprendiz do R.E.A.A. que foi revisto, corrigido e melhorado. Ficou a informaçao que brevemente os demais ritos praticados terão também os seus rituais revistos e editados.

Seguiu-se jantar branco em ambiente muito agradavel.

Evidentemente que a organização de toda esta logistica teve o cunho das nossas queridas amigas Milu e Sandra, o que agradecemos.

Jose Ruah

Uma História da Maçonaria Britânica (1834-1856)

A crescente clivagem social entre a maçonaria e outras formas de organização fraternal foi impressivamente expressa em 1834, quando elementos de uma organização fraternal foram presos e julgados ao abrigo da Lei das Sociedades Proibidas, um evento que foi aproveitado por oficiais da Grande Loja para lembrar às lojas maçónicas que a excepção que isentava a Maçonaria dessa Lei continuava em vigor. No entanto, as mudanças sociais começavam a colocar grandes desafios à Grande Loja.

Para o Duque de Sussex, a capacidade da Maçonaria de reformar a sociedade expressava-se melhor na sua capacidade de transcendência dos conceitos cristãos. Para outros, como Robert Crucefix, a Maçonaria precisava de aumentar a sua acção social. Crucefix elaborou um projecto de criação de um lar para os maçons idosos e pobres, a que Sussex se opôs.

A publicação da Nova Lei dos Pobres em 1834 deu um novo impulso ao projecto de Crucefix: havia agora a possibilidade de os maçons poderem obter instalações para o Lar. Crucefix lançou a Freemasons Quarterly Review para ajudar a promover o seu projecto do asilo maçónico. A Freemasosn Quarterly Review rapidamente se tornou um veículo de divulgação de um novo tipo de Maçonaria, que se pode considerar ligado a um maior movimento de busca de reformas ocorrido naquela época. Crucefix defendia uma Maçonaria mais Evangélica e mais comprometida com as reformas sociais. Acima de tudo, defendia que a Maçonaria devia ser mais explicitamente cristã. Quanto a este aspecto, o maior aliado de Crucefix foi o George Oliver, um clérigo, que desenvolveu uma teologia cristã da Maçonaria, que exerceu enorme influência até ao final do século XIX. Crucefix concebia a Beneficência Maçónica em ligação a uma mais ampla promoção da auto-ajuda e segurança. Para Crucefix, a maçonaria destinava-se à respeitável classe média. A Freemasons Quarterly Review publicava angustiantes relatos acerca de maçons pobres, geralmente membros de lojas na Irlanda ou na Escócia, que se pensava usarem as lojas maçónicas como meio para tentarem obter trabalho - o tipo de prática censurável a que Crucefix pretendia por cobro.

O êxito de Crucefix na implantação da sua reforma da Maçonaria de classe média foi relativo - enquanto que a sua influência no ressurgimento de lojas dirigidas pelos seus seguidores era entusiasticamente exaltado nas páginas da Freemasons Quarterly Review, em cidades industriais como Bradford ou Sheffield o seu impacto foi mais limitado. Não vale a pena detalhar a titânica disputa entre Crucefix e o Duque de Sussex. Mas interessa mencionar que as alegações de que os debates em Grande Loja eram truncadamente publicados na Freemasons Quarterly Review levaram ao pormenorizado registo dos debates nas actas da Grande Loja...

O ponto importante a frisar é que a evidente clivagem que ocorreu em vida de Crucefix continuou após a sua morte em 1850, tendo o Grão-Mestre Lord Zetland sido sujeito a ferozes ataques à sua displicente administração da Obediência nas páginas do Freemasosn Magazine, publicação sucessora da Freemasons Quarterly Review. Crucefix traçou linhas divisórias no interior da Maçonaria cuja influência ainda hoje se faz sentir.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

25 junho 2007

Mestre de Cerimónias

No texto sobre o mandato do terceiro Venerável Mestre, fiz, a dado passo, referência ao ofício de Mestre de Cerimónias. Tendo sempre presente que este blogue se destina a ser lido por maçons e por não maçons, este é um bom pretexto para descrever mais um dos ofícios da Loja, após já ter feito referência aos de Venerável Mestre e de Vigilantes.

O ofício de Mestre de Cerimónias existe no Rito Escocês Antigo e Aceite (aquele que é praticado na Loja Mestre Affonso Domingues) e bem pode ser exercido por um mudo. Com efeito, não me recordo de existir uma única fala especificamente do Mestre de Cerimónias em qualquer das cerimónias rituais deste rito. Toda a actividade deste Oficial se faz pelo movimento e pelos gestos. No entanto, este ofício é um dos mais importantes do mencionado rito!

O Mestre de Cerimónias é o oficial de Loja que executa, dirige e conduz todas as movimentações em Loja. Sempre que um qualquer dos elementos da Loja deve circular nela, fá-lo acompanhado pelo Mestre de Cerimónias (melhor dizendo: seguindo-o). Sempre que a posição ou o estado de um dos objectos com significado ritual deve ser corrigida, quem efectua essa acção é o Mestre de Cerimónias. Cumprindo instrução nesse sentido do Venerável Mestre ou por decisão própria.

O Mestre de Cerimónias é o responsável por toda a circulação no espaço da Loja e, consequentemente, pela sua fluidez e correcção. É ele quem indica por onde se deve ir, para se fazer o quê.

O ofício de Mestre de Cerimónias é fundamental na execução do ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite, porque é ele quem marca os ritmos e, assim, quem agiliza ou soleniza cada cerimónia.

Ao contrário do que sucede, por exemplo, no Rito de York, o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite não é executado de cor: os oficiais que o executam têm o apoio do texto relativo à cerimónia respectiva. Porém, o Mestre de Cerimónias, porque não tem falas, exerce o seu ofício sem o apoio do ritual escrito, o que o obriga ao profundo conhecimento do ritual de todas as cerimónias. Só bem conhecendo o ritual, pode ele estar preparado para executar uma determinada acção no exacto momento em que é adequado fazê-lo, por saber que, quando determinada frase é dita por alguém, se seguirá determinada acção que ele deve executar.

A experiência e o conhecimento do ritual do Mestre de Cerimónias pode fazer de uma qualquer cerimónia ritual um acto corriqueiro ou uma exaltante execução. O Mestre de Cerimónias tem que saber, que intuir, quando deve ser solene e pausado e quando deve acelerar o seu movimento - por vezes, em função da existência ou não de atraso na execução dos trabalhos...

O Mestre de Cerimónias só aprende o seu ofício de uma maneira: executando-o e corrigindo os erros e hesitações que lhe detectarem ou que ele próprio detectar. O Mestre de Cerimónias faz a função, mas também se faz na função.

O símbolo da função do Mestre de Cerimónias - símbolo que ele transporta sempre consigo! - é o bastão (ver figura), espécie de bordão ou vara de caminheiro com que ele marca o início dos seus passos e as suas mudanças de direcção e que é também utilizado, em conjunto com a espada de outro oficial, para executar uma abóbada cerimonial, designadamente sobre os mais importantes símbolos em Loja em momentos-chave da abertura e do encerramento dos trabalhos. Pode ser substituído por uma versão em tamanho reduzido, de cerca de cerca de meio metro, que, nesse caso, transportará sobre o antebraço, o que sucede normalmente em cerimónias a que se pretende conferir maior "pompa e circunstância".

Rui Bandeira

22 junho 2007

Uma História da maçonaria Britânica (1797-1834)

A política de realce do prestígio social da maçonaria sofreu um severo golpe em 1797/98, com a publicação de escritos alegando que a Maçonaria tinha sido usada como uma organização de cobertura por elementos jacobinos promovendo a Revolução Francesa. William Preston prontamente escreveu ao Gentleman's Magazine protestando a lealdade dos maçons ingleses às instituições estabelecidas. Mas as tensões assolavam a Maçonaria Britânica. Em Sheffield, lojas maçónicas cindiram, na sequência de desacordos sobre o uso das instalações maçónicas pela Sheffield Society para Informação Constitucional. Espiões apresentaram relatórios ao Ministério do Interior sobre actividades em lojas maçónicas. Uma loja maçónica em Brentford foi acusada de conspirar para assassinar o rei. A reacção das Lojas consistiu em energicamente protestarem a sua lealdade à Coroa. A Loja das Luzes, em Warrington, tornou-se ela própria num ramo da milícia local. Muitas lojas mudaram de nome, para enfatizar a sua lealdade e apego à Coroa.

Mas a Maçonaria recebeu um novo golpe com a descoberta de que rebeldes irlandeses tinham usado formas maçónicas de organização na preparação da rebelião irlandesa de 1797. O Governo propôs ao parlamento a proibição de reuniões à porta fechada. Finalmente, na sequência de um dramático debate parlamentar, acabou por ser aprovada uma excepção, em favor das lojas maçónicas, à Lei das Sociedades Proibidas de 1799. Esta legislação criou uma separação entre a Maçonaria e outras formas de organizações fraternais. Designadamente, os Oddfellows sofreram severas restrições na sua actividade.

Estas pressões sociais e políticas acabaram por influenciar a união entre as duas Grandes Lojas (a dos Modernos, ou primeira Grande Loja e a dos Antigos), ocorrida em 1813. Maçons de várias outras zonas da Europa ansiavam por que as Grandes Lojas em Inglaterra realmente conseguissem deter sobre os seus membros o controlo que reclamavam ter. Por exemplo, a Grande Loja da Suécia reclamava que as Lojas inglesas eram demasiado permissivas na admissão de marinheiros provenientes das classes baixas, que posteriormente criavam problemas quando se deslocavam ou regressavam à Suécia e tentavam juntar-se a lojas suecas. O Ministério do Interior Britânico exerceu pressões sobre a Grande Loja dos Antigos, para que esta banisse os ágapes após as reuniões maçónicas, pois muita conspiração podia aí decorrer.

Na negociação da união das duas Grandes Lojas, o Duque de Sussex (Príncipe Augustus Frederick, sexto filho de Jorge III, Grão-Mestre da Grande Loja dos Modernos em 1813 e subsequentemente primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Unida de Inglaterra - na foto que acompanha este texto) atendia a várias preocupações. Por um lado, pretendia garantir que não existisse o perigo de a Maçonaria ser usada por elementos sediciosos. Por outro lado, procurava criar uma Maçonaria apta para o Império , criando uma uniformidade na sua prática em todo o Império Britânico. Esperava ainda que a união das duas Grandes Lojas inglesas viesse a ser seguida pela união da Grande Loja Unida de Inglaterra com as Grandes Lojas da Escócia e da Irlanda, o que explica alguns detalhes da reforma do ritual maçónico ocorrida em função da união entre os Modernos e os Antigos.

O Duque tinha mais largas ambições com a sua reforma. Esperava que, consumada a união, iria também levar a cabo um maior serviço à Humanidade. Estava fascinado pela ideia de que a Maçonaria recobria os restos de um antigo culto solar, anterior ao Cristianismo e encarregou Godfrey Higgins, que fora o pioneiro dessa teoria nas suas publicações, de investigar mais as origens da Maçonaria. Higgins afirmou ter encontrado provas suportando a sua teoria. Com a ajuda de Higgins, Sussex sonhava em usar a Maçonaria para dar uma nova religião ao Mundo, o que ele pensava ser um avanço para a civilização.

Não obstante o seu radicalismo religioso, Sussex mostrou ser muito mais conservador em termos sociais e económicos. Insistiu em que os escravos libertos não podiam ser admitidos maçons, causando o caos na Maçonaria caribenha, que só foi ultrapassado em meados do século XIX. Não foi sensível às necessidades e características das novas cidades industriais, o que talvez tenha potenciado a secessão de um grupo de lojas no Noroeste de Inglaterra, após a união das duas Grandes Lojas. Em termos gerais, parece não ter havido interesse na divulgação da Maçonaria nas cidades industriais. Um exemplo característico parece ter sido o de Bradford, onde a loja maçónica local continuou a ser constituída em exclusivo por artesãos, que aparentemente buscavam manter nela o sentido de comunidade que o desenvolvimento industrial da cidade fizera desaparecer.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

21 junho 2007

O mandato do terceiro Venerável Mestre

No texto em que relembrei as circunstâncias da sua eleição, descrevi como a Loja foi convencida a eleger José C. C. para exercer o ofício de Venerável Mestre para o período entre Setembro de 1992 e Setembro de 1993, apesar do desacordo inicial de muitos dos obreiros, e como, tomada essa decisão, todos manifestaram o seu apoio ao candidato.

A forma como foi construído o consenso removeu um grande escolho no caminho do novo Venerável Mestre. Mas as circunstâncias adversas acumulavam-se e o mandato de José C. C. não podia deixar de se ressentir. A Loja estava exausta: quase dois anos de actividade ritual extremamente intensa, dedicados a iniciar, passar e elevar quase todos os obreiros da nóvel grande Loja deixaram marcas que inevitavelmente cobrariam o seu preço. A equipa que dirigira a Loja durante o mandato de José M. M. e que, com notável coesão, assegurara todo o trabalho ritual esrava cansada e dispersava-se. José C. C. teve de efectuar uma renovação do quadro de oficiais da Loja, recorrendo inevitavelmente a elementos menos experientes.

Com a condução das cerimónias rituais por elementos com menor experiência e, sobretudo, sem a coesão que a anterior equipa forjara, não podia deixar de se notar uma quebra de qualidade no trabalho ritual na Loja, particularmente um aumento de hesitações e de comissão de pequenos erros. Isto levou a duas consequências, uma penosa a curto prazo, outra rapidamente gratificante.

A penosa foi que muitos dos que tinham manifestado discordância perante a perspectiva de José C. C. ser Venerável Mestre da Loja, pensaram que se confirmavam os seus receios. Essa sensação e o cansaço acumulado fez com que muitos dos elementos até então preponderantes na Loja fossem paulatinamente reduzindo a sua comparência. Por outro lado, no final do mandato de José M. M. a Loja tinha decidido mudar os dias de reunião. Em vez de reunir dois sábados por mês, passou a reunir um sábado e uma quarta-feira em cada mês. A reunião à quarta-feira à noite demorou a entrar nos hábitos dos obreiros da Loja e foi no período do mandato de José C. C. que tal mais se sentiu. Durante esse ano, algumas quartas-feiras houve em que as sessões decorreram com o mínimo indispensável de presenças, algo a que a nossa pujante loja não estava, de todo, habituada...

A gratificante foi que a nova equipa resolveu adequadamente o problema da sua inexperiência: corrigiu erros, ultrapassou hesitações, ganhou coesão e, em poucos meses. a qualidade do trabalho ritual foi retomada. Particularmente importante, porque difícil, foi o papel do novo Mestre de Cerimónias.

Numa loja maçónica do Rito Escocês Antigo e Aceite, o rito praticado pela Loja Mestre Affonso Domingues, toda a circulação no espaço do Templo é assegurada e dirigida pelo Mestre de Cerimónias, oficial que, assim, assume particular importância no ritmo e na correcção de todas as cerimónias rituais. A Loja estava habituada a trabalhar com um fentástico e experiente Mestre de Cerimónias, Miguel C. M.. A sua substituição não se antevia fácil e não o foi. Mas o caminho faz-se caminhando - e o cemitério está cheio de insubstituíveis... A seu tempo emergiu um novo e notável Mestre de Cerimónias que, à sua indesmentível qualidade no exercício do ofício, veio a aliar a sua permanente disponibilidade para partilhar os seus conhecimentos do ritual e ajudar os outros a bem exercitar a sua função. Hoje é, seguramente, dos maçons portugueses que mais sabe do Rito Escocês Antigo e Aceite e ainda continua a, sempre que é preciso, proficientemente exercer o ofício de Mestre de Cerimónias (ou qualquer outro em Loja, diga-se de passagem...). Quem habitualmente lê este blogue está familiarizado com o seu nome: José Ruah!

Mas aquele ano 1992/1993, com todas as dificuldades, com todos os obstáculos, foi passando, sem problemas de maior. Foi um ano de anti-clímax, de "serviços mínimos", em que, paulatinamente, a Loja recuperou fôlego, renovou o seu Quadro de Oficiais e viu uma nova geração de Mestres ganhar experiência. E aprendeu que as dificuldades se superam com trabalho e coesão. E isso foi um importantíssimo ganho para a Loja: a coesão que naquele ano aprendeu e obteve, nunca mais, até hoje, a perdeu. E tempos difíceis vieram em que essa coesão se revelou essencial. Ainda hoje a característica mais forte, mais distintiva, da Loja Mestre Affonso Domingues é, na minha opinião, a sua coesão, que se fortalece e floresce quando as adversidades surgem. José C. C. teve um papel importante no construir dessa coesão. Só por isso, merece uma grata referência na memória da Loja.

José C. C, um tímido afável, exerceu esforçada e interessadamente o seu ofício de Venerável Mestre. E, com a ajuda do seu Quadro de Oficiais, cumpriu a sua obrigação: entregou ao seu sucessor a Loja objectivamente melhor do que a recebeu, recomposta, mais experiente, pronta para, esgotado o ciclo do contributo ritual para a implantação da Obediência, definir o seu projecto.

Rui Bandeira

20 junho 2007

Uma História da Maçonaria Britânica (1763-1797)

1763 foi o ano em que terminou a Guerra dos Sete Anos, um degrau importante na emergência da Grã-Bretanha como uma potência mundial. Similarmente, a primeira Grande Loja inglesa assumiu-se como uma potência maçónica em tudo digna desse novo poder imperial. Por exemplo, na Suécia a primeira Grande Loja actuou em ligação com diplomatas britânicos para impedir a implantação de uma maçonaria de orientação francesa, como parte de um ataque global à influência política francesa no Norte da Europa.

A primeira Grande Loja arrogou-se ser a Suprema Grande Loja do Mundo e energicamente estabeleceu a sua influência em todo o Império Britânico, por exemplo através de acções como a iniciação do príncipe indiano Omdit-ul-Omrah Bahauder em 1779 em Madras (actual Chennai, capital do Estado indiano de Tamil Nadu). A primeira Grande Loja assinalou este evento com o envio de uma carta de congratulação escrita a tinta de ouro, acompanhada de uma cópia do Livro das Constituições soberbamente encadernada.

Porém, enquanto internacionalmente a primeira Grande Loja estendia a sua influência, internamente era minada pelo sucesso da Grande Loja dos Antigos (Ancients Grand Lodge) no recrutamento de membros entre as classes mais baixas. Acresce que a Grande Loja dos Antigos estabeleceu com as Grandes Lojas da Escócia e da Irlanda relações muito mais estreitas do que a primeira Grande Loja. Graças a Laurence Dermott, a Grande Loja dos Antigos forjou um estilo de Maçonaria que contrastava profundamente com a maçonaria formal e racionalista dos primeiros anos da primeira Grande Loja.

A reacção de algumas das personalidades mais influentes da primeira Grande Loja foi a de procurar realçar a respeitabilidade e o prestígio do seu estilo de maçonaria. Uma especial referência neste aspecto merece William Preston (foto que ilustra este texto), Venerável Mestre da Loja Antiguidade, uma das quatro lojas que formaram a primeira Grande Loja. Através de sucessivas edições das suas Ilustrações da Maçonaria, Preston defendeu uma reforma da Maçonaria, dando menos ênfase ao relacionamento social e centrando-se nos aspectos espirituais e filosóficos, mas acima de tudo apresentando a Maçonaria como uma actividade social de grande respeitabilidade e elevação. Encontramos uma abordagem semelhante no trabalho de Thomas Dunkerley na promoção da primeira Grande Loja fora de Londres, realçando o conteúdo espiritual da Maçonaria. Tanto Preston como Dunkerley procuraram levar a maçonaria a realçar a sua respeitabilidade, aconselhando a que as Lojas deixassem de se reunir em tabernas e passassem a fazê-lo em edifícios especialmente construídos para tal.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

19 junho 2007

O Mundo dá muitas voltas

Ai as voltas que o Mundo dá.
Vai mais ou menos para um ano a generalidade da imprensa,e a generalidade das pessoas era rápida a condenar o exercito de Israel pelas suas acções na faixa de Gaza e no Libano, com o intuito de reduzir as incursões dos terroristas e o disparo de rockets.
Acusou-se o exercito de Israel de atingir civis inocentes, etc etc.
Hoje e nos mesmos cenários Libano e Faixa de Gaza ocorrem situaçoes similares.
No Libano o exercito regular bombardeia campos de refugiados onde estaõ entrincheirados grupos radicais terroristas.
Em Gaza as milicias do Hamas perseguem e aniquilam as forças da Fatah. Sabe-se de execuções sumárias com tiros na nuca e outras atrocidades.
Em qualquer dos casos existem mortos civis.
Curiosamente os média olham com paternalismo para a desgraça. Não olham como se um conflito se tratasse mas como se uma catastrofe tipo tsunami fosse.
Tenho que concluir, fria e cruelmente, que quando Israel está envolvido há chacinas e massacres e morrem muitos civis. Quando a questão é entre facçoes rivais é uma causa natural e só há desgraçados que não tinham como escapar dessa monstruosa onda.
Ora aqui está a subtil diferença que os Media introduziram sem se dar conta.
É natural, é historico, que facçoes rivais dos palestianos se matem umas às outras, como tal o peso dado a estes eventos é a 16ª pagina do jornal e a noticia no fim do bloco de noticias internacionais.
É mais um "fait divers" tipo " Morreram mais 79 pessoas (um dia são Xiitas e no dia seguinte são Sunitas) num atentado em Bagdad ".
O mundo em geral vai dizendo que é preciso parar a coisa, mas não é tomada nenhuma acção nesse sentido pois até dá jeito que as facçoes rivais nao se entendam e se aniquilem. Dá jeito que o exercito regular do Libano use as muniçoes que a enferrujar para se poderem vender mais uns obuses e uns canhões.
Ora eu cá como até nem sou hipocrita, escrevo estas coisas.
Mas que estou absolutamente convencido que existem dois pesos e duas medidas para as atitudes do Mundo face a esta realidade que é o Médio Oriente, isso estou.

José Ruah

18 junho 2007

Uma história da Maçonaria Britânica (1737-1763)

A crise precipitada pelo apoio da Grande Loja ao Príncipe de Gales culminou em 1741, com a parada solene da Grande Loja em Londres a ser interrompida por tumultos. Em 1747, a Grande Loja sentiu-se incapaz de continuar a organizar a sia parada pública anual. Em 1751, formou-se a Ancients Grand Lodge (Grande Loja dos Antigos), reflectindo a crescente divisão do mundo maçónico.

Em Inglaterra, esta crise de autoridade da primeira Grande Loja evidentemente que conduziu a uma saída de muitos elementos. No entanto, nessa mesma altura a Maçonaria difundia-se para além das Ilhas Britânicas. Benjamin Franklin tinha impresso uma edição americana do Livro das Constituições em 1734 e, por volta de 1740, foi instalado Grão-Mestre Provincial de Filadélfia.

Entretanto, à medida que a Maçonaria se espalhava pelo Mundo, tornava-se uma maior fonte de conflitos. As discordâncias entre as Maçonarias francesa e inglesa, por vezes reflectindo o explícito envolviento jacobino, criou tensões entre as Grandes Lojas de França e de Inglaterra. Por outro lado, a suspeição papal, que resultou numa série de bulas papais contra a Maçonaria a parir de 1738, tornaram a Maçonaria uma actividade arriscada na Europa Continental. O livro, que foi um êxito de vendas, descrevendo os tormentos de John Coustos às mãos da Inquisição Portuguesa contribuiu para dar ênfase a uma imagem da maçonaria Britânica anti-católica, o que também é ilustrativo de como a Maçonaria se tornou uma instituição com uma marca política e social.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

15 junho 2007

Se a moda pega ou a lei passa...

Tamos metidos num molho de brocolos !!!

Refiro-me claro aos autarcas arguidos. Há uns tempos atrás abordei este assunto, hoje retoma actualidade.

De repente ficamos a saber ( o que já sabiamos mas agora de forma oficial) que uma quantidade de autarcas são arguidos nos mais variados processos.

Ficamos a saber que o Governo pretende aprovar legislação que obrigue autarcas arguidos a suspenderem o mandato.

Já sabiamos que alguns partidos são inflexiveis (mais ou menos conforme lhes convêm e dá jeito) nas suas opções e forçam os seus autarcas a suspenderem o mandato se forem constituidos arguidos.

Se a moda pega ou a lei passa podemos de repente decapitar o poder autarquico.

Podemos cair no ridiculo de um cidadão acordar mais mal disposto (eventualmente vitima de uma fortissima dor de cabeça sofrida pela sua mulher na noite anterior) e decidir apresentar queixa crime contra o Presidente da Camara da localidade onde vive porque o cão do vizinho defecou na via publica e os serviços camarários nao foram suficientemente diligentes a limpar o dito dejecto que se lhe entranhou no sapato.

Já imaginaram que não gostam do Presidente da Camara ou de um vereador porque ele não autorizou aquela obra que até não tinha o projecto como deve ser, nem sequer qualificava para tal, já imaginaram ? Já !!!

Pois poderão vingar-se. Basta apresentar uma queixa qualquer que faça com que o dito seja constituido arguido e pronto aí está o homem suspenso !!!!

Cá estou para ver onde isto vai chegar.

Continuo a acreditar na presunção de inocência. Isto quer dizer que quando for demosntrada a culpa então que haja a perca de mandatos e que se mandem os prevaricadores para a cadeia.

Até lá .... um pouco de bom senso não faz mal a ninguém.

José Ruah

14 junho 2007

Centro Cultural Malaposta


Como alguns sabem vivo em Odivelas, e já lá vão 40 anos que fiz esta emigração, o que explica o carinho com que vejo a evolução destas "terras do fim do mundo" (há 40 anos, eram...).
Acontece que "cultura" não é própriamente uma filha estimada do Estado ou das entidades governamentais, nem pelo exemplo dos interesses pessoais e muito menos pelo interesse público demonstrado.
Ora Odivelas escapa a este vazio de interesse.

O Centro Cultural Malaposta ("A Malaposta"...) trata de corrigir, cá pelo burgo, as faltas culturais nacionais, mantendo tempos de programação com 2 anos de distância, uma actividade permanente, variada e, por vezes, ultrapassando em muito a sua área de actuação específica como foi exemplo a "BIENAL DE CULTURA LUSÓFONA" que transformou Odivelas na Capital da Lusofonia Universal durante um mês.

Ontem foi inaugurada mais uma exposição para cuja visita deixo aqui um convite.
É Victor Belém com os seus projectos, objectos e instalações ou, por outras palavras, é pôr à vista desarmada de todos, estados de espírito de alguns momentos do pós 25/Abril/74.
A exposição não é grande (o espaço é o que há... e não estica !) mas vale a pena.
"Pedra no Sapato" de 1985, "Pátria Prisioneira" de 1996 ou o "Porão B" de 2006 (já exposto durante a Bienal da Lusofonia) são alguns trabalhos para serem vistos e revistos atentamente.
Deixo-Vos aqui alguns "rebuçados" para incentivar o Vosso entusiasmo.
Pátria Aprisionada - 1996


Pedra no Sapato- 1985

Natureza Morta - 1994 Impressão Digital - 1975/89

Filho da Pátria Cortado ao Meio - 1985 Porão B - 2006
Aqui fica o desafio.
Entre todos confesso a minha predilecção pelo "Porão B", estória da história dos portugueses que andaram de barco entre a Europa e as colónias.
JPSetúbal

Dia Mundial do Dador de Sangue: Obrigado!

Hoje assinala-se o Dia Mundial do Dador de sangue, que foi instituído pela Assembleia de 2005 da Organização Mundial da Saúde. É assinalado nesta data, por a mesma ser a data de nascimento de Karl Landsteiner, prémio Nobel da Medicina, que descobriu o sistema de grupos sanguíneos ABO, permitindo assim a transfusão de sangue.

Esta efeméride destina-se também a assinalar o reconhecimento pelos dadores de sangue.

E, neste aspecto, todos os dadores de sangue de Portugal bem merecem os parabéns que o Instituto Português do Sangue muito justamente lhes endereça, já que, no ano passado, Portugal atingiu a auto-suficiência nas reservas de sangue, graças às mais de 360.000 unidades de sangue colhidas, equivalentes a 39 dádivas por mil habitantes. O número ideal de dádivas por milhar de habitantes é de 40 a 50 por ano.


Em Portugal existem presentemente 400.000 dadores de sangue, segundo o número de cartões emitido pelo Instituto Português do Sangue. Só em 2006, esse Instituto registou 298.000 novos dadores!

São as mulheres e os jovens quem mais contribui para as reservas de sangue a nível nacional.

A todas e a todos os dadores, um muito grande

OBRIGADO!

A todas e a todos os dadores, o desejo de que continuem a efectuar as suas dádivas, se possível mais do que uma por ano. O ideal são 3 dádivas anuais pelas mulheres e 4 anuais pelos homens.

BEM-HAJAM!

Rui Bandeira

12 junho 2007

Uma História da Maçonaria Britânica (1717-1737)

Continua-se a divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield.


É no contexto de uma reacção contra a existência do grupo dos Aceites na Companhia dos Maçons de Londres que se insere a criação da Grande Loja em 1717. Esta organização reclamou a jurisdição sobre os construtores de Londres e arredores e um dos seus objectivos nos primeiros vinte anos da sua existência foi a organização e articulação de uma estrutura administrativa de controlo sobre as Lojas existentes nessa área, designadamente com a emissão de cartas-patente das Lojas pela Grande Loja e a exigência desta de que aquelas obedecessem às regras por si instituídas. Paralelamente a este controlo administrativo. foi desenvolvida uma apreciável actividade cultural e social, para além de um alinhamento político no apoio ao Príncipe de Gales contra seu pai, o rei Jorge II. Por outro lado, exerceu um forte esforço no estudo e divulgação da geometria, em conexão com os desenvolvimentos do pensamento científico da época. Teve também um papel importante ao nível estético, pois as primeiras actividades da Grande Loja estiveram explicitamente ligadas ao suporte da arquitectura vitruviana, em oposição à tradição gótica.

Esta Maçonaria inovadora não fazia distinções religiosas, como se prova pela existência de Judeus e huguenotes nas primeiras Lojas. Mas a crescente insistência numa particular agenda política, cultural e social veio a revelar-se fonte de litígios. Tal expressou-se, designadamente, no abandono de William Hogarth, por volta de 1736. Por outro lado, ocorreram também tensões com os maçons de outras zonas das Ilhas Britânicas, como por exemplo com York, onde o historiador Francis Drake reclamava que a verdadeira origem da Maçonaria residia naquela região, A criação de Grandes Lojas na Escócia e na Irlanda também ocorreu em reacção às pretensões hegemónicas da Grande Loja de Londres.

As tensões decorrentes da criação, implantação e pretensões hegemónicas da Grande Loja de Londres agudizaram-se com a Iniciação, em 1737, de Frederick Lewis, Príncipe de Gales. Este acto abertamente político da Grande Loja de Londres inaugurou um período de grande tensão e cisão.

Rui Bandeira

11 junho 2007

Boas noticias

Em Fevereiro Rui Bandeira no seu post Carta a um Irmão deu-nos a conhecer que a filha de um Irmao da Loja tinha graves problemas de visão. Problemas que foram detectados alguns dias após o nascimento.

Este Fim de Semana este Irmão usando da palavra no momento apropriado e agradecendo a todos informou que a sua filha tinha recuperado a visão a praticamente 100% num dos olhos e que no outro a evolução era muito boa e que se esperava que recuperasse também.

Foram alguns meses de angustias para a familia proxima do Irmão mas com felicidade podemos dizer que as coisas correram bem.

Correram bem porque R&G (chamemos-lhes assim) não desistiram não se conformaram e foram para a guerra. Correram bem porque o sistema de saude portugues ( hospitais publicos) tem equipamento e pessoas qualificadas tal qual como no estrangeiro. Correram bem porque também o Grande Arquitecto assim o quis.

PAra R&G e evidentemente para a filha, que vivam até aos 120 anos com saude e prosperidade.

José Ruah