11 setembro 2006

Maçonaria, M.Soares e uma notícia triste.

Maçonaria - Ex-Presidente da República foi iniciado em frança
Soares adormecido
Mário Soares é, neste momento, um maçon adormecido, expressão utilizada para os membros da maçonaria que deixaram de ter actividade em lojas maçónicas.
Iniciado na Grande Loja de França nos anos 60, quando esteve exilado em Paris, o ex-Presidente da República terá sido, segundo apurou o CM junto de várias fontes, irradiado daquela obediência por ter deixado de pagar quotas, num processo semelhante à expulsão de 31 membros do Grande Oriente Lusitano (GOL) em 2004, entre os quais aparecem nomes conhecidos como António Vitorino, Vitalino Canas, ambos deputados do PS, e Torres Couto, ex-secretário-geral da UGT. “Ele foi iniciado maçon na Grande Loja de França nos anos 60, mas depois, quando regressou a Portugal, abandonou, nunca se transferiu [para uma loja em Portugal] e nunca mais pagou [quotas]”, disse ao CM uma fonte próxima de Mário Soares. “Se não pagou as quotas à obediência onde foi iniciado, as regras são muito claras: é decretada a irradiação”, frisa uma fonte conhecedora do meio maçónico.“Antes do 25 de Abril, a maçonaria era um núcleo de liberdade política. Depois [com a Revolução dos Cravos], ele passou a ter uma vida política muito activa e não precisava disso”, explica uma outra fonte próxima. E outra figura próxima de Mário Soares conclui: “Ele tem amigos íntimos nesses quadrantes, mas nunca foi membro activo em Portugal.”António Reis, grão-mestre do GOL, atribui a expulsão de membros por “desinteresse para continuarem a trabalhar lá dentro [da loja]”. Se pedirem o reingresso, pagarem as quotas e justificarem a falta de pagamento, os irradiados poderão ser reintegrados. Vitalino Canas, um dos visados, escusou-se a fazer comentários. Em Portugal, existem duas obediências: o GOL e a Grande Loja Legal de Portugal (GLLP). Enquanto a GLLP exige uma crença num princípio, por exemplo Deus, o GOL não exige uma crença.





Esta notícia foi publicada, tal qual, no “Correio da Manhã” de 08/09/2006.
RBandeira já publicou alguns comentários sobre uma notícia de teor próximo desta, publicada no “24Horas”.
Esta, do “CM”, é particularmente elaborada porque junto do título “Soares adormecido”, a vermelho, publica-se uma foto de M.Soares com M.Barroso, em cerimónia aparentemente pública e ambos, também aparentemente, adormecidos.
Ora, de aparentemente em aparentemente, não me parece que esta montagem da notícia tenha, seja o que fôr, de aparentemente inocente.
A notícia tem a ver com a ligação M.Soares/Maçonaria.
A foto não tem qualquer relação com a ligação M.Soares/Maçonaria.
Aparecem juntas, certamente, porque o jornalista não encontrou outra foto de M.Soares mais adequada, o que se percebe bem já que não há muitas fotografias de M.Soares.
Foi sempre um sujeito fugídio e raramente permitiu ser fotografado nas rarissimas aparições públicas dos últimos 40 anos !...

Vamos lá ver as 2 questões que se sobrepõem nesta pseudo-notícia.

1- A utilização conjunta daquele título com aquela fotografia tem a intenção clara de chamar a atenção dos leitores para o facto de M.Soares adormecer em público, durante reuniões, assembleias, congressos... É lamentável, sob todos os aspectos a utilização deste truque baixo para denegrir a imagem de M.Soares, Presidente da República durante 10 anos, 1º Ministro deste País durante vários governos, principal responsável pela recuperação de duas bancas-rotas, principal responsável pela integração de Portugal na Europa e, mais do que tudo isso, principal responsável pela reposição da Democracia em Portugal após 26 de Abril/74. Não sou “Soarista”, recuso-me inteiramente a ser qualquer “ista” e a aderir a qualquer “ismo”. Tive em tempo oportuno a minha “deriva” política e fiquei curado, e vacinado, dessa doença. Mas sou Português, considero a Democracia o menor dos males e portanto tento defendê-la, e vou mantendo as memórias do que se passa no meu País. E tento não ser mal-agradecido. E os portugueses devem muito a M.Soares, gostem ou não, queiram ou não. É uma situação de facto ! E M.Soares sempre soube mais a dormir que a grande maioria dos jornalistas acordados. Há quantos anos M.Soares adormece em público ? há quantos anos todos sabemos desse “pecadilho” de M.Soares (e os jornalistas sempre sabem antes do público em geral) ? Porquê agora esta brincadeira de mau gosto ? É que de acordo com a minha interpretação além de mau gosto é cobardia.
2- A outra questão tem a ver com o teor da notícia e com a relação M.Soares/Maçonaria.
Fica bem claro que quem escreve a notícia está a tentar apalpar um terreno que não conhece. Não sabe sobre o que está a escrever. Não sei quem é o jornalista, não o conheço, e provavelmente é um senhor muito estimável, mas “esticou-se” desta vez. Não há maçons irradiados e “estar adormecido” maçónicamente não tem nada a ver com ser irradiado de qualquer obediência maçónica. Os Maçons podem ser suspensos e/ou excluidos, mas não irradiados. É conceito que não existe em Maçonaria.
Porquê esta insistência na relação da Maçonaria com a política e com os “lobis” políticos ?
A notícia refere apenas nomes de políticos, e é claro que quanto mais sonantes forem, maior é a “gulodice” do jornalista.
Tentemos esclarecer uma coisa. A Maçonaria não é um antro de vilões, de golpistas ou de interesseiros em jogadas de bastidores. Como em todas as grandes organizações também a Maçonaria tem bons e maus Maçons. Cumpridores e desleixados. Tristes e alegres. Altos e baixos. Gordos e magros. ...
Mas então esperar-se-ia outra coisa ? Que raio de ideia !... Queremos que os maçons sejam todos exemplares, como homens, como profissionais, como cidadãos, mas às vezes não são ! E então ? vem daí o mal do mundo ?
A tradição da Maçonaria em Portugal é a de se manter na clandestinidade, ainda sob o efeito da estupidez salazarista de braço dado com uma Igreja de Roma retrógrada, completamente desajustada da realidade e do tempo. E o desconhecimento do que se passa origina que a imaginação produza imagens completamente desviadas da verdade do que é ser Maçon. Por quase todo o mundo a qualificação de Maçon é uma honraria que se ostenta publicamente, inclusivé no cartão de visita. De facto deve significar que quem está autorizado a apresentar tal qualificação é pessoa de Bem, confiável nas suas atitudes perante a vida e os homens. Por cá ainda há muito secretismo que não tem sido fácil ultrapassar. Como sempre, lá chegaremos.
A Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal, obediência maçónica onde a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues se integra (a notícia do CM refere-se a uma outra obediência), é campo de todo o ecumenismo, livre, aberto, fraterno, no qual todas as crenças religiosas e políticas, todas as raças e convicções se encontram e convivem aberta e livremente, sem quaisquer complexos ou diferenças, com a obrigação única de aceitar como objectivo a luta pela paz, pela fraternidade, pela liberdade de todos os homens.“Senhores fazedores de opinião” deixem-se de invenções e principalmente de truques.
(Quando fui "postar" este texto constatei que RBandeira resolveu avançar com outra lição sobre a mesma matéria. Aconselho vivamente a que não percam os 2 textos anteriores da autoria de RBandeira.)
JPSetúbal

09 setembro 2006

A reserva de identidade do maçon


No texto anterior, aflorei a questão da reserva de identidade do maçon, assunto sobre o qual me sinto particularmente à vontade, pois eu próprio decidi deixar pública a minha condição de maçon e, por isso, assino todos os meus textos com o meu nome e apelido completos. Faço-o, obviamente, porque posso fazê-lo: a minha actividade profissional de Advogado e a forma como a exerço, em profissão liberal, em escritório próprio, liberta-me de constrangimentos com patrões ou superiores hierárquicos que porventura me pudessem prejudicar pela assunção da minha integração na Ordem Maçónica. Muitos outros, porém, não podem revelar publicamente a sua condição de maçons, por receio de represálias de quem ainda vê na Maçonaria um bicho de sete cabeças...
A reserva de identidade do maçon é uma das mais antigas regras da Maçonaria e, no fundo, traduz-se na simples regra que todo o maçon jura cumprir: não revelar a profanos a identidade de um seu irmão. Note-se: não há nada de secreto na condição de maçon. Cada qual pode assumir-se como maçon e pode e deve fazê-lo quando entenda que tal assunção não o prejudica, nem à sua família, pois um maçon sente-se honrado em sê-lo.
A reserva de não identificação de seu Irmão como maçon advém do facto de, durante muito tempo, e em função, quer das guerras religiosas, quer, pura e simplesmente, dos fundamentalismos religiosos (quem não se lembra da Santa Inquisição e das guerras entre Católicos e Protestantes que durante dezenas e dezenas de anos sangraram a Europa, com a inutilidade de cada lado matar os do lado oposto... em nome do mesmo Deus?), não ser seguro para um maçon divulgar essa sua condição. Com efeito, desde sempre que, nas Lojas Maçónicas, se praticou a total abertura e tolerância religiosa. Pode ser maçon o crente de qualquer religião, ou até mesmo o crente não vinculado a uma religião particular. Basta que seja Homem Livre e de Bons Costumes e que creia no Criador, chame-lhe o nome que chamar. E nenhuma distinção é feita entre maçons em função da religião de cada qual. De facto, até para garantir que nunca nenhuma dissensão entre maçons possa surgir em virtude de diversas opções religiosas, a Religião é um dos dois temas cuja discussão não é admitida em Loja (o outro é a Política)!
É claro que em tempos de guerras e fundamentalismos religiosos, a tolerância e a protecção mútua entre elementos de diferentes religiões não era bem vista; pior, não era sequer admitida. Para os fundamentalistas de qualquer dos lados, o Maçon era sempre o tipo que privava com o "inimigo", que o protegia. E, se assim era, também não era de confiança ou era, mesmo, também um inimigo, que devia ser abatido, imolado pelo fogo ou passado a fio de espada... A reserva da condição de maçon era, pois, uma verdadeira questão de sobrevivência!
Claro que nos dias de hoje o problema já se não coloca nos mesmos termos: ninguém é abatido por ser maçon.
Mas, ainda hoje, há muitos preconceitos à solta contra a Maçonaria e os maçons. Em parte, também por culpa desta e destes, verdade seja dita... Esperamos que o preconceito vá desaparecendo. Para tal, sabemos que também nós próprios, maçons, temos de contribuir para ajudar a esse desaparecimento, dando-nos a conhecer, e aos nossos ideais e propósitos, enfim, afastando a fama de mistério que ainda rodeia a Maçonaria (e é evidente que o Desconhecimento gera Desconfiança, se não mesmo Temor...). Este blogue é uma pequenina contribuição para isso.
Mas, por enquanto, e infelizmente, persistem ainda motivos para a reserva pública quanto à identidade de muitos maçons. É pena que assim seja, mas contra factos não há argumentos. E, portanto, a decisão da revelação da condição de maçon é exclusivamente individual e é e deve ser pelos demais integralmente respeitada.
Foi por isso que me indignei com a fuga de informação que motivou a exposição pública da condição de maçons ainda que "expulsos" ou excluídos). E que me indignei ainda mais com a exposição da identidade de pessoas que, tendo pretendido ser admitidos maçons, foram rejeitados.
Rui Bandeira

08 setembro 2006

Negligência ou algo mais?


O jornal 24 Horas de ontem publicou, com título e enorme fotografia na primeira página, a notícia de que um conhecido político tinha sido "expulso" da Maçonaria. No interior do jornal, a notícia foi desenvolvida e procedeu-se à publicação de uma lista de algumas dezenas de indivíduos que tinham também sido "expulsos da Maçonaria", entre os quais mais alguns políticos. Publicou-se ainda uma mais reduzida lista de nomes de indivíduos cuja "admissão na Maçonaria" teria sido rejeitada.

Nada tenho a apontar ao jornal com esta publicação: um jornal existe para descobrir e publicar notícias! Mas considero inadmissível que o jornal tivesse tido acesso aos elementos que lhe pemitiram publicar essa notícia.

Compreendo que a "Maçonaria" seja mais notícia do que um grupo excursionista ou um clube desportivo e que, portanto, haja interesse em publicar a notícia de que figuras públicas tinham sido excluídas da "Maçonaria", por falta de pagamento de quotas, ao passo que dificilmente seria notícia idêntica exclusão, por idênticos motivos, de grupo excursionista ou clube desportivo.

Preciamente por essa razão é que a Organização que excluiu alguns indivíduos por falta de pagamento de quotas não deveria ter permitido que essa informação passassse para o domínio público!

No caso, quem excluiu foi o GOL (Grande Oriente Lusitano), a mais antiga Organização de tipo maçónico actualmente existente em Portugal, embora não internacionalmente reconhecida como detendo a Regularidade Maçónica.

O GOL existe desde há muitos anos, está perfeitamente organizado e a "passagem" desta informação para o exterior ou ocorreu por grosseira negligência - o que é grave!, - ou deliberadamente - o que é pior!

É um dos princípios básicos da Maçonaria o de que nenhum maçon expõe outro maçon, isto é, divulga publicamente a identidade de outro maçon, a não ser que o mesmo tenha, ele próprio, divulgado essa condição, ou que tenha já falecido.

No caso, o GOL, ou alguém no seu seio, cometeu uma grave infracção a esse princípio.

Nem mesmo o facto de se tratar de pessoas excluídas (e não expulsas: a expulsão ocorre por indignidade; a exclusão, por mera falta de cumprimento de obrigações, como a de pagar as quotas devidas; o elemento expulso não pode ser readmitido, salvo se previamente reabilitado; o excluído pode ser readmitido, se manifestar interesse nisso e regularizar o pagamento das quotas) justifica a divulgação: o maçon, ainda que excluído, continua a sê-lo e mantém o seu direito a não ver o seu nome divulgado como maçon, a não ser que ele próprio proceda a essa divulgação.

No caso concreto, acresce que a "passagem" da informação "cheira" a vingançazinha rasteira contra figuras públicas que, quiçá, se desinteressaram do GOL (eles lá saberão porquê...) e, por isso, decidiram deixar de pagar quotas e de se integrar em tal organização...

Pior ainda, verificou-se um "dano colateral" absolutamente grotesco: a divulgação da identidade de pessoas que terão solicitado a sua admissão como maçons e que terão visto esse propósito recusado pelo GOL. O GOL tem o direito de recusar quem muito bem entender; o que não tem é de divulgar que não aceitou A, B ou C. Ao fazê-lo, ou ao ter permitido que essa divulgação tivesse ocorrido, traiu o dever de reserva que se garante a quem pede para ser admitido maçon, isto é, traiu quem se quis juntar a si!

É por estas e por outras que, em Portugal, a única organização maçónica internacionalmente reconhecida como tal, isto é, como Regular, é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP...

É por estas e por outras que o rico e antigo GOL é internacionalmente considerado irregular, isto é, não reunindo as condições para ser considerado uma verdadeira Organização Maçónica.

Mais uma vez, infelizmente parece que, por aquelas bandas, não se pratica Maçonaria, antes se busca, e se faz, simplesmente, Política sob a capa de pseudo-maçonaria. E porque o que ali se faz e se busca é política é que se fazem jogadas políticas como a que resultou na notícia em causa...

Rui Bandeira

05 setembro 2006

Por Terras de Castelo Rodrigo - 2

O nosso querido blogueiro RBandeira postou sobre o passeio por "Terras de Castelo Rodrigo" no último fim de semana, que desagradávelmente coincidiu com o fim de férias...
Com a vénia devida ao RB venho complementar com algumas fotos, que Ele não tem (ainda), e que mostram alguns dos pormenores sobre os quais gostamos de "partir pedra", nomeadamente alguma da sinalética com que os operários marcavam os seus trabalhos e que serviam para a
medição do salário que lhes era devido.

Encontramos esta sinalética nas pedras do Mosteiro de Santa Maria de Aguiar (Torre das Águias como explica RB), que visitamos.

Nesta primeira foto nota-se nitidamente, um pouco à direita em relação ao meio da pedra central, uma gravação que podemos comparar com uma letra "p" manuscrita.

Claramente que o significado é outro, o de marcar o trabalho feito, espécie de assinatura identificativa do operário que o fez.

Na segunda foto a marca é bem diferente.
Nota-se mais ou menos a meio da imagem a gravação de uma marca, espécie de sinal "+" ou cruz com as pontas traçadas.

Foram operários diferentes que assentaram estas duas pedras do Templo e assim se distinguiam as suas identidades.

Outra imagem mostra que os Cavaleiros do Templo também passaram por Santa Maria de Aguiar deixando igualmente as suas marcas na pedra trabalhada.

O Convento sofreu obras de reabilitação há poucos anos pelo que se encontra, na generalidade, em muito bom estado de conservação o que, infelizmente, não é o mais vulgar.

JPSetúbal

Venerável Mestre


Este blogue, como repetidamente tenho frisado, destina-se a ser lido por maçons e por não maçons. Os maçons estão habituados a usar termos ou expressões cujo significado lhes é familiar, mas que pode ser de difícil ou impossível entendimento para quem não for maçon. Sempre que me apercebecer que pode ser esse o caso, procurarei inserir um texto que torne claro, para todos, o significado de palavra ou expressão utilizada.

No texto publicado ontem, é referido, a dado passo, o "Venerável Mestre". Será esta a primeira expressão a ser esclarecida.

Venerável Mestre é a designação dada ao membro que exerce a função de direcção dos trabalhos de uma Loja maçónica.

Na Loja Mestre Affonso Domingues, o Venerável Mestre é eleito, usualmente em Julho, e toma posse após a pausa para férias, que decorre sempre durante todo o mês de Agosto. Logo, e ressalvada a ocorrência de situações que imponham uma alteração pontual (doença, por exemplo), o Venerável Mestre eleito em Julho toma posse no decorrer do mês de Setembro subsequente. Isto dá-lhe tempo para escolher e convidar os membros da Loja que, durante o seu mandato, irão exercer as várias tarefas necessárias ao funcionamento de uma Loja maçónica. Com efeito, à excepção da função de Tesoureiro - cujo titular é eleito, por regra em simultâneo com o Venerável Mestre - todas as demais funções são exercidas por elementos escolhidos pelo Veneável Mestre eleito. Pretende-se assim garantir o funcionamento de uma equipa que seja, tanto quanto possível, coesa e, portanto, eficaz no exercício das suas tarefas.

O mandato do Venerável Mestre (e também o do Tesoureiro) é de um ano, de Setembro a Setembro, podendo o Venerável Mestre ser reeleito apenas uma vez (o Tesoureiro pode ser reeleito sem qualquer limitação). Assegura-se, assim, que a Loja não fique dependente da direcção de um dos seus membros, por muito influente, eficaz ou consensual que seja.

Na Loja Mestre Affonso Domingues, a prática tem sido a de o membro eleito para Venerável Mestre exercer um só mandato. Privilegia-se assim a rotatividade e a aplicação do princípio de que todo o elemento admitido na Loja tem capacidade para a dirigir, pelo que, a seu tempo, o fará.

Com a eleição de um membro para Venerável Mestre, a Loja delega-lhe o poder de direcção da mesma, quer em temos administrativos, quer em termos de direcção de reuniões, quer em termos de execução das deliberações tomadas.

A confiança que a Loja deposita no membro que elegeu para exercer a função de Venerável Mestre inclui a delegação de poder para, sempre que, sobre qualquer assunto em debate, não se verifique a existência de uma posição consensual, ser o Venerável Mestre quem assume a decisão, a qual deve, porém, ser ponderada, prudente e tendo em atenção as posições expostas. Essa decisão poderá, assim, ser a de opção por uma das posições expressas (normalmente, quando o Venerável Mestre verifica ser essa a posição largamente maioritária, ainda que não consensual), a opção por uma das posições expressas, alterada ou complementada parcialmente por contributos provenientes das outras (procurando-se atingir a melhor solução racionalmente possível) ou uma solução intermédia entre duas ou mais das posições expressas (normalmente quando se não forma uma maioria clara, procurando-se atingir uma solução em que, ainda que não totalmente, todos, ou quase, os elementos da Loja, se possam rever).

Na sequência da discussão de qualquer assunto, em que todos os Mestres maçons têm a oportunidade de se pronunciar, a decisão anunciada pelo Venerável Mestre, decorrente do seu prudente juízo sobre a vontade da Loja, assume o carácter de deliberação da Loja, que é então, sem mais discussão, aceite e executada pelos seus membros.

Durante o período do seu mandato, os poderes delegados ao membro da Loja eleito Venerável Mestre são, assim, consideráveis e devem ser exercidos com a Sabedoria e a Prudência que a tradição atribui a Salomão. Costumam, assim, os maçons dizer que o Venerável Mestre da Loja toma assento na Cadeira de Salomão.

A expressão "Venerável Mestre" decorre da adaptação da expressão inglesa "Worshipful Master". São expressões que se utilizam desde o século XVIII e que, embora nos dias de hoje, tenham uma aparência pomposa e deslocada do uso actual da língua, continuam a ser comummente utilizadas pelos maçons, sempre rigorosos na aplicação da Tradição e dos bons ensinamentos dos que nos precederam. Também noutas ocasiões, todos utilizam expressões que cairam em desuso no dia a dia: quem não dirigiu já a sua correspondência a um "Exmo. Senhor"?

Rui Bandeira

04 setembro 2006

Por terras de Castelo Rodrigo

Pormenor de torre do Castelo Rodrigo



No passado fim de semana, membros da Loja Mestre Affonso Domingues, entre os quais os colaboradores deste blogue JPSetúbal, PauloFR e Rui Bandeira, e respectivas famílias, no âmbito da actividade social da Loja, efectuaram uma visita à zona de Figueira de Castelo Rodrigo.

O programa da visita foi elaborado pelo Venerável Mestre da Loja, que fez questão de por este meio assinalar o termo do seu mandato, que se aproxima.

Visitou-se a barragem de Almofala, de onde se avista um fantástico panorama serrano, onde se enquadra a "Torre das Águias", antigo templo romano que terá albergado os primeiros então monges beneditinos, que vieram, depois de já terem aderido à Ordem de Cister, a construir o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar, ponto seguinte da visita.

Ainda na manhã de Sábado, a comitiva dirigiu-se a Barca de Alva, . A meio do trajecto, fez uma paragem num miradouro, de onde se avista a paisagem de fronteira entre Portugal e Espanha, na zona onde o rio Douro entra no nosso País. A beleza da paisagem é indesmentível e similar em ambos os lados da fronteira, confirmando-se assim que para a Natureza não contam as divisões artificialmente criadas pelo Homem...

Na tarde de Sábado, visitou-se o Castelo Rodrigo e especialmente, dentro deste, a casa da Roza, construída sobre e encostada a rocha, aliás bem visível no seu interior, no piso térreo. Todos os visitantes se deslumbraram com as deliciosas soluções de disposição e decoração da casa, cujo recheio, de valor museológico, é demonstrativo do apurado gosto do seu proprietário. Uma verdadeira casa de maravilhas, cuja visita, por si só, valeu a viagem!

No Domingo, efectuaram-se breves visitas a Almeida e Ciudad Rodrigo, após o que toda a comitiva se dirigiu a uma localidade próxima desta cidade leonesa, apropriadamente chamada "Diosleguarde", pois aí todos se deliciaram com a especialidade da terra, o "Tostón", leitãozinho partido em pequenos bocados e confeccionado de maneira a comer e chorar por mais. Efectivamente, este petisco só merece um comentário: que "Diosleguarde"...

Foi um fim de semana e encerramento de férias de agradável convívio entre membros da Loja e respectivas famílias, apreciado por todos e, particularmente, pela criançada, que, toda junta, só por si fez a festa dentro da festa...

Maçonaria é também convívio e o desfrute, em ameno companheirismo, das belezas naturais e construídas pelo Homem.

Assim se encerraram as férias e, com as baterias bem carregadas, se regressa ao trabalho.

Rui Bandeira



Regresso de FÉRIAS !

Seus desgraçados que se empaturraram de doces, wisky, caipirinhas, grandes farras... e sabe-se lá mais o quê, durante as férias, agora andam para aí com uma data de "kilos" a mais e colestrol a subir...
Pois aqui vai uma sugestão de verdadeiro AMIGO !
Eu cá sou assim... Para AMIGOS, mãos rôtas.
Não me poupo e quero o melhor para Vocês todos !
Aqui vai para que possam recuperar das gorduras a mais... comam saladas, deixem-se de comezainas e de "vinhatainas".
Alimentos saudáveis, dentro do prazo de validade e devidamente embalados e certificados.
Saladas, meninos... saladas é que é bom !







JPSetúbal