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07 julho 2014

Entre o que uns pensam e outros dizem, de eu ser Maçon!


Entre o que de mim dizem,
Entre o que de mim pensam,
Entre os me julgam sem saberem bem e sobre o quê,
Entre os que de mim não gostam,
Entre os que das minhas dificuldades se glorificam, está a verdadeira razão da minha existência:

AQUELES a quem eu AMO e que me retribuem de forma igual!

Entre aqueles que acham que o melhor era o meu silêncio,
Entre aqueles que em todas as minhas ações só vem o que não conseguem fazer,
Entre aqueles que se preocupam mais com o que faço e com o pouco que tenho, do que com aquilo que deviam de fazer para poder ter mais ou o mesmo, está a verdadeira razão da minha persistência:

AQUELES que mesmo sem que eu tenha de pedir, me dão força para seguir em frente e continuar a caminhar, os Meus Queridos Irmãos.

Entre aqueles que em todos os meus actos só vêm interesses ocultos,
Entre aqueles que buscam permanentemente nos meus actos o reflexo negro e sujo das suas mentes pobres,
Entre aqueles que apenas se focam em desdizer e contrariar, por contrariar, o que de boa-fé partilho,
Entre aqueles que da inveja fazem seu alimento, está a verdadeira razão da minha caminhada e persistência:

AQUELES que trilham o mesmo carreiro e que se sentem e se Reconhecem com IGUAIS entre IGUAIS!

Alexandre T.

04 setembro 2013

Irmãos em campos diferentes


Estamos, em Portugal, a menos de um mês da realização de eleições autárquicas. Por todo o país se veem cartazes de propaganda eleitoral. Inevitavelmente que neste mês de setembro a atenção das pessoas é convocada para este tema.

Também os maçons não ficam indiferentes. São cidadãos e obviamente que se interessam e preocupam com a coisa pública e com a gestão das autarquias onde residem, onde trabalham, onde os seus filhos frequentam estabelecimentos de ensino. 

Naturalmente que, entre o apreciável número de cidadãos que se candidatam às diversas freguesias e diferentes municípios também existem maçons, um pouco por todo o país.

Em relação à Loja Mestre Affonso Domingues, num rápido cálculo, cerca de dez por cento dos seus obreiros são candidatos nas próximas eleições autárquicas ou estão diretamente envolvidos nas candidaturas, em várias autarquias da Área Metropolitana de Lisboa, em vários partidos e candidaturas independentes. Não é nada de anormal: não andará muito longe do ratio  entre candidatos e eleitores.

Na Loja Mestre Affonso Domingues existem mesmo candidatos à mesma autarquia por listas diferentes, ou seja, opondo-se entre si. Mais uma vez, nada anormal: em Maçonaria Regular, em Loja não se discute política nem religião. O que não pertence à Loja fica fora da Loja e, portanto, nenhum constrangimento esta situação gera. 

Mas o contacto entre os obreiros da Loja não se resume às sessões da Loja. Há o antes e o depois, há ágapes, há o normal relacionamento entre Irmãos que se conhecem alguns desde há apreciável lapso de tempo.  Também fora de Loja o facto de haver integrantes de diferentes candidaturas à mesma autarquia não gera qualquer desconforto ou desentendimento. Tem isso a ver, desde logo, com algo que os maçons cultivam e que muito útil é neste tipo de situações: a Tolerância.

A Tolerância consiste na natural aceitação das ideias, entendimentos e crenças do outro, mesmo quando diferentes das nossas - especialmente quando diferentes das nossas! É portanto natural para um maçom que o seu Irmão tenha ideias políticas diferentes das suas. E que as defenda. E que se candidate com base nessas ideias. Mesmo que essa candidatura seja concorrente da sua. Portanto, nada de mais existe no facto de haver na nossa Loja integrantes de candidaturas concorrentes às mesmas eleições na mesma autarquia.

Isto é o normal, o básico, o minimamente exigível em Maçonaria - e que, sem qualquer esforço é praticado na Loja Mestre Affonso Domingues.

Mas eu, do meu canto de veterano há muito retirado destas coisas da política, tenho verificado, com enorme satisfação, que os Irmãos interessados e integrantes das diversas candidaturas, na mesma ou em diferentes autarquias, não se limitam a este "mínimo olímpico" e vão, com toda a naturalidade, muito mais longe. Tenho verificado, com imenso agrado, que (sempre fora de Loja, naturalmente) os Irmãos candidatos não se limitam a não conflituar. Conversam sobre as respetivas candidaturas, expõem os seus projetos e planos e, mesmo, aconselham-se mutuamente, partilhando as suas experiências.

Vou assistindo a isto - bem de perto. E fico, naturalmente, muito satisfeito. Diria até que duplamente satisfeito, como cidadão e como maçom. Como cidadão, porque sei que aqueles que porventura forem eleitos serão capazes de, no respeito das suas convicções, bem servir o Povo que os elege, cooperando com os outros eleitos, independentemente das suas candidaturas de origem, no sentido de todos fazerem o melhor que puderem, com os meios de que dispuserem. Como maçom, porque vejo como a efetiva aplicação dos princípios maçónicos é útil, gera concórdia, permite cooperação.

É por estas e por outras que não me vejo a ser obreiro de outra Loja que não a Mestre Affonso Domingues!

Rui Bandeira    

03 janeiro 2013

Pelos olhos dos meus irmãos



Os três rapazes olhavam alternadamente, de soslaio, uns para os outros, depois para os próprios sapatos, para os dedos das mãos, e para as paredes do quarto, sem saber o que dizer mais. Todos estudantes, partilhavam um apartamento próximo da faculdade que frequentavam - os três, e mais o Sandro. Este último não estava presente - e era dele que se falava, sem se chegar a nenhuma conclusão pois, se todos sabiam o que quereriam dizer-lhe, não faziam ideia de como dizê-lo. 

O Sandro, sempre despistado, parecia viver noutro mundo, sempre ruminando um cigarro de enrolar - quantas vezes apagado. Desleixado consigo mesmo, fazia a barba de quando em quando, para logo a deixar crescer - não por ato de vontade, mas por inércia ou desleixo. Mas o pior era o cheiro: quer ele quer o seu quarto empestavam todo o apartamento com um misto de suor e tabaco frios com roupa de cama usada semanas a fio, tudo agravado pela absoluta ausência de desodorizante.

Se o Sandro fosse um pulha, um inútil, um egoísta, seria fácil dizer-lhe cara a cara que deixasse de ser porco, ou que o queriam dali para fora. Mas não era assim. Excelente aluno - apesar de sempre distraído, parecia que sorvia o conhecimento do ar - era-lhe reconhecida a enorme disponibilidade - e mesmo entusiasmo - para explicar, a qualquer colega que lho pedisse, os pontos mais densos da matéria, e isto até que este de facto a apreendesse. Por tudo isto, e por muito mais, todos tinham o Sandro por um tipo às direitas a quem nenhum deles queria melindrar. Mas a "tal questão" tinha, forçosamente, que ser abordada.

As indiretas não pareciam fazer efeito: "Então, Sandro, que te aconteceu? Estás todo transpirado! Toma um duche, que te ficas a sentir melhor..." "Deixa estar, estou a apanhar aqui um ventinho à janela e já seca..." Chegaram a fazer um "regulamento" do apartamento, referindo que os quartos tinham que estar limpos; o Sandro apanhou as coisas que tinha espalhadas pelo chão, enfiou tudo dentro do guarda-fatos - sapatos, roupa suja, livros, enfim... - aspirou sumariamente, despejou os cinzeiros, e apareceu, todo sorridente, a dizer que do quarto dele não havia nada a apontar! Foi depois disto que se reuniram os três, sem saber o que fazer ou o que dizer, e acabaram por ficar de pensar como abordar o assunto.

O Chico lá ganhou coragem e, apanhando-se sozinho com o Sandro, foi direto à questão: que  o odor do quarto dele incomodava todos os restantes ocupantes do apartamento, e que para resolver o problema ele precisava de passar a lavar a roupa com mais regularidade, bem como de tomar banho e usar desodorizante diariamente. O Sandro ficou branco; nunca se apercebera de nada. Pouco habituado a gerir essas questões - em casa dos pais era sempre a mãe quem tratava da roupa e o mandava tomar banho quando entendia que estava a precisar - não se apercebia, sequer, do próprio odor corporal. "Eu... eu não costumo usar desodorizante... e no banho passo-me só por água e uso um pouco de sabonete... e não tenho roupa suficiente para estar a usar roupa limpa todos os dias... nem tenho onde a lavar cá... só quando vou a casa, e muitos fins de semana tenho que ficar cá..."

Foi a vez do Chico ficar atrapalhado, mas por pouco tempo. Prometendo manter a questão entre os dois, colocou à disposição do Sandro o seu champô e uma lata de desodorizante, emprestou-lhe toalhas lavadas e uma muda de roupa, passou a levar para casa dos seus próprios pais a roupa do Sandro sempre que este não podia ir a casa dos seus. Além disso, assim como quem não quer a coisa, foi-lhe deixando de uma vez umas cuecas ("ficam-me apertadas mas na loja não aceitam trocas de roupa interior"), de outra umas camisolas interiores ("a minha avó mandou-me tantas que não me cabem na gaveta") e ia zelando por que nunca faltassem os produtos de higiene pessoal.

A vergonha inicial (de um e de outro...) fora difícil de superar mas, tendo tomado consciência do problema, o Sandro endereçou-o o melhor que sabia. O quarto - se bem que desarrumado - já não cheirava a nada de diferente dos restantes, pois até passara a fumar na varanda. Fez algumas economias, e comprou roupa em quantidade suficiente para que nunca lhe faltasse uma muda de roupa limpa, e deixou de precisar de recorrer à boa vontade do amigo. Ao fim de umas semanas parecia outra pessoa, para grande estupefação dos outros dois, que não perceberam de onde tinha vindo a mudança. O Chico, satisfeito com os resultados, nunca mais tocou no assunto, e o Sandro ficou-lhe para sempre reconhecido - por isso, e por todo o resto.

//

Não há homens perfeitos, e os que se esforçam por ser melhores e se aperfeiçoar só conseguem fazê-lo sozinhos até certo ponto. É certo que o caminho é o de cada um, e o paradigma de perfeição aquele que cada um tenha estipulado para si mesmo. Cada homem é senhor do seu destino, pelo que não é legítimo que um imponha a outro os seus próprios padrões de perfeição interior. Isso não significa, contudo, que não haja mérito na interação com os demais. Pelo contrário. É que, se há limitação que nos caracteriza a esse nível,  é a impossibilidade de nos vermos a nós mesmos como os outros nos vêem; incapazes de apreciar, quantas vezes, os nossos próprios defeitos, não nos apercebemos da sua natureza, da sua dimensão, ou até da sua mera existência.

Poder contar com alguém que, fraternalmente, no-los faça notar - especialmente quando se trate de questões íntimas, melindrosas, ou de difícil abordagem - é, nestas circunstâncias, de enorme valia. Ter a certeza de que essa ajuda é desinteressada, construtiva e bem intencionada é essencial para que seja tida na devida conta. E é assim entre os maçons: cada um procurando tornar-se melhor sabendo que esse aperfeiçoamento é um trabalho individual cujos parâmetros cabe a cada um definir, mas ao mesmo tempo disponível para ajudar os irmãos e para aceitar a sua ajuda naquilo que não é capaz de atingir por si mesmo.

Já a sabedoria para discernir em que circunstâncias se deve oferecer a mão, e em que circunstâncias se deve guardar silêncio em respeito por uma opção diferente da nossa, é algo que só se vai aprendendo com o passar do tempo...

Paulo M.

18 junho 2012

O que se faz numa sessão maçónica - II




Na sequência do meu texto da semana passada o Streetwarrior comentou:

"As sessões colocadas desta maneira, parecem ser uma coisa muito chata ! Gostaria de perceber estes 3 aspectos que sempre me deram muita curiosidade.
Visto que desde os primordios das nossas civilizações, tudo o que nos rodeia, é ligado á religião tudo é politica, o que sobra para se discutir numa sessão?
Se não se pode discutir religião, qual o interesse então de uma maçonaria ser Crente ou não numa entidade religiosa?
Por fim...qual a razão do Mestre andar em angulos rectos, terá isto a ver com (Anjos = Angulos ) bom e maus, visto que a nivel Astro-teológico existem bons angulos e maus angulos?"

Comecemos pelo fim. "Ângulos" vem do latim angulus, “canto, área remota". "Anjos" vem do latim eclesiástico angelus, derivado do grego antigo άγγελος ("ángelos"), e significa "mensageiro". Em comum têm apenas alguma similaridade fonética. Já no que diz respeito à maçonaria e aos ângulos retos, é questão que nada tem que ver com anjos. Aqui, uma referência ao ângulo reto constitui, quase sempre, uma referência ao conceito de "retidão moral", simbolizada pelo esquadro que serve para traçar e aferir os ditos ângulos. A própria linguagem do dia-a-dia consagra, já, esse simbolismo, ao chamar "enviesado" (de "viés": oblíquo, torto) a algo que tenha contornos pouco direitos, e chamando "pessoa reta" a quem cumpra os princípios morais. Assim, as deslocações em loja são feitas em linhas e ângulos retos, recordando-nos que um maçon deve, no seu deambular pelo mundo, agir de forma reta e evitar percursos (moralmente) oblíquos e enviesados.

Quanto ao interesse de uma maçonaria crente numa Entidade Superior, e o facto de essa mesma Entidade não poder ser discutida, é fácil de explicar e de entender. Não é difícil de imaginar que um judeu, um hindu, um cristão, um animista e um muçulmano tenham em comum entre si coisas que não têm em comum com um ateu ou com um agnóstico: todos eles creem no sobrenatural, e na existência de uma Entidade Superior a quem devem a existência e cuja vontade procuram satisfazer. Agora, não tentemos ser mais específicos do que isto, ou estaremos condenados a intermináveis discussões sobre o número de anjos que cabem na cabeça de um alfinete... A diversidade de crenças deve ser enriquecedora, e permitir que cada um tenha a oportunidade de se aperceber de posições diversas da sua, sem ter sequer que defender a sua posição de uma posição diferente; pretende-se, isso sim, que constitua uma circunstância pedagógica da alargamento dos horizontes e de aumento da tolerância em face das diferenças.

Por tudo isto é que creio que a proibição de discussão política e religiosa em loja é frequentemente mal entendida. Em maçonaria aprende-se a favorecer a paz em detrimento do conflito; a preferir a fraternidade à facciosidade; e a privilegiar o estabelecimento de consensos e evitar a dissenção. Por outro lado, a maçonaria constitui um espaço de respeito pela liberdade de cada um como dificilmente se encontra nos nossos dias, nomeadamente no que concerne a liberdade de expressão. Precisamente como garante dessa liberdade de poder dizer-se o que se pensa, por vezes como exercício de exploração interior, sem que tal se repercuta fora da loja, é que em cada sessão se jura guardar silêncio do que na mesma se passou. Ora, dificilmente se encontra uma posição com que todos se identifiquem, pois a procura do bem comum raramente passa pela satisfação dos desejos individuais, o que é tão mais verdadeiro quanto mais fraturante for a questão em causa. Como conciliar estes dois princípios estabelecendo um equilíbrio é algo que se vai aprendendo todos os dias.

É por isto que - no meu entender, note-se - a proibição de discussão política e religiosa em loja não se esgota nos seus termos, que são essencialmente exemplificativos e ilustrativos de um princípio maior: o de que a concórdia entre os homens deve prevalecer sobre a liberdade de expressão. Esta posição nada tem ou pretende ter de totalitário. "Discutir" não é a única forma de abordar um tema ou falar sobre o mesmo. Na loja Mestre Affonso Domingues, por exemplo, pode falar-se de praticamente tudo, desde que em absoluto respeito pela posição dos demais, no sentido de que deve procurar-se que estes não se sintam de modo algum  agredidos com aquilo que se diz.

Certamente à luz desta interpretação foi, há um par de anos, apresentada uma prancha sobre a condenação da maçonaria pela igreja católica ao longo da história, e recentemente, dias antes da lei sobre o "testamento vital" ser unanimemente aprovada pelo nosso parlamento, uma prancha sobre esse mesmo tema apresentada por um mestre da nossa loja que conhece o assunto a fundo. Seria impossível falar da primeira sem falar de religião, e da segunda sem falar de política. O que foi feito, num e noutro caso, foi apresentar-se factos inquestionáveis por qualquer pessoa de boa fé, e eventualmente um ou outro comentário pessoal - devidamente identificado como tal - no meio ou no fim do texto, sempre com o devido cuidado de se evitar o conflito entre diversas posições. Não foram "artigos de opinião", e muito menos de propaganda. Num e noutro caso os obreiros presentes manifestaram a sua satisfação pela qualidade e forma como as pranchas foram apresentadas, e ninguém manifestou qualquer desconforto.

Termino respondendo à primeira observação, de que as sessões maçónicas deverão ser uma coisa muito chata. Depois do que acabei de expor, será inesperado que eu responda que... não são?!

Paulo M.

26 julho 2011

Marreteando



É curioso como, quando sentimos que temos de lidar com algo de maior peso do que a normal rotina, acabamos por retomar hábitos antigos e com que nos demos bem.

Brevemente, vai ser tempo para tomar uma decisão importante. E, cientes de que assim iria ser, os dois Marretas, sem que cada um previamente tivesse consultado o outro, naturalmente retomaram o antigo hábito e ultimamente têm dado uso ao telefone e ao teclado do correio eletrónico.

Desta vez, nem sequer existe, à exceção porventura de um ou outro pormenor, mais adjetivo do que substantivo, desacordo entre ambos. Ambos estão de acordo quanto ao sentido da decisão, ambos se mostram favoráveis à decisão a tomar. Mas, como a decisão é mesmo importante e não basta estar de acordo com ela, há que prevenir perigos, preparar coisas, estar preparado para alguns possíveis imprevistos, prever, gerir e efetuar algumas adaptações, para que, chegada a hora de a decisão ser tomada e, sobretudo, tendo em vista o tempo depois de a mesma ser tomada, se esteja pronto e tudo corra bem. Assim, ambos analisam, preveem e constroem cenários, estudam alterantivas, situações, posturas, ações e reações.

E aqui de novo os velhos hábitos confortavelmente surgem: quase que instintivamente, eles, que estão de acordo no essencial, arranjam maneira de se porem em desacordo nos pormenores e estudam e argumentam e rebatem e, detalhe a detalhe, lá se vão pondo de acordo quanto à melhor forma de atuar e - o que não é de somenos - quanto à melhor forma de cada um deles agir, pois normalmente são mais eficazes cada um sendo ele, diverso do outro, cada um dando atenção a questões diferentes, cada um guarnecendo diferentes aspetos, enfim, cada um fazendo diferente do outro, ambos em prol do mesmo objetivo.

Portanto, minha gente, informo que os dois Marretas estão marreteando a bom ritmo e que esperam - mais: sabem! - que, também com a ajuda do seu marreteanço, na altura própria a Loja estará em perfeitas condições de bem contribuir para a decisão importante que brevemente será tomada e - sobretudo - completa e absolutamente preparada para o que implica essa decisão. Assim, esperam - não só: têm a certeza! - que a decisão importante que brevemente será tomada não perturbará a Loja, não a prejudicará. Pelo contrário, vai torná-la mais sólida, mais forte, mais eficaz, mais... Mestre Affonso Domingues, permanecendo como sempre foi e, como sempre também, reinventando-se e adaptando-se.

A liderança da Loja é boa. Boa será também a próxima liderança. Nesse particular estamos tranquilos. O resto da Loja vai rapidamente preparar-se para o que aí vem. Nós estamos marreteando. Outros vão conversando e preparando-se também. E, quando chegar a altura da decisão importante, não se duvide: a Loja Mestre Affonso Domingues e a sua liderança, a atual e a próxima, estarão preparadas.

Que não sejam as únicas, antes apenas mais uma de todas na mesma situação, é o que eu espero. Mas, para isso, mister é que, em todas as Lojas da GLLP/GLRP, líderes e liderados conversem e se preparem. Com férias ou sem férias, com substituição de lideranças ou sem elas, todas as Lojas, daqui a não muito tempo, têm de tomar uma decisão importante. E não vale a pena, chegada a hora, seja quem for ter a pretensão de se refugiar na dificuldade das férias, no constrangimento da mudança de liderança. Nem invocar desconhecimentos ou incertezas. Quem desconhecer e tiver a obrigação de conhecer, sabe muito bem como e junto de quem se informar! A circulação da informação e o esclarecimento são vias de dois sentidos, não apenas de um...

Qual é a decisão importante que brevemente será tomada? Por agora, não a digo aqui e espero que mais ninguém o faça. Quem sabe, sabe; quem não sabe, em devido tempo virá a saber. Por agora, é para ser discutida nos locais próprios, isto é, em privado, com sossego, calma e concentração. Porque - ninguém o duvide - o problema não estará certamente na tomada de decisão, que, espero, mais detalhe, menos pormenor burocrático, não será difícil de tomar e não suscitará divergências de monta. O problema para que todos e todas as Lojas se devem preparar é o que há que fazer depois de tomada a decisão. Porque se pretende que tudo corra bem e que todos fiquem melhor!

Agora, para os dois Marretas é tempo de marretearem. E por aqui hoje me fico, que estou com pressa: vou almoçar com o José Ruah...

Rui Bandeira

10 janeiro 2011

Porquê "meu irmão", e não "meu amigo"?


Os maçons tratam-se, entre si, por "irmão", tratamento que é explicitamente indicado a cada novo maçon após a sua iniciação. Imediatamente após terminada a sessão de Iniciação é normal que todos os presentes cumprimentem o novo Aprendiz com efusivos abraços, rasgados sorrisos e, entre repetidos "meu irmão", "meu querido irmão" e "bem vindo, meu irmão", recebe-se, frequentemente, mais afeto do que aquele que se recebeu na semana anterior.

O que seria um primeiro momento de descontração torna-se, frequentemente, num verdadeiro "tratamento de choque", num momento de alguma estranheza e, quiçá, algum desconforto para o novo Aprendiz. Afinal, não é comum receber-se uns calorosos e sinceros abraços de uns quantos desconhecidos, para mais quando estes nos tratam - e esperam que os tratemos - por irmão... e por tu! Sim, que outro tratamento não há entre maçons, pelo menos em privado - que as conveniências sociais podem ditar, em público, distinto tratamento.

O primeiro momento de estranheza depressa se esvai - e os encontros seguintes encarregam-se de tornar naturalíssimo tal tratamento, a ponto de se estranhar qualquer "escorregadela" que possa suceder, como tratar-se um Irmão na terceira pessoa... Aí, logo o Aprendiz é pronta e fraternalmente corrigido, e logo passa a achar naturalíssimo tratar por tu um médico octogenário, um político no ativo, ou um professor universitário. E de facto assim é: entre irmãos não há distinção de trato.

Não se pense, todavia, que todos se relacionam do mesmo modo. Afinal, não somos abelhas obreiras, e mesmo entre essas há as que alimentam a rainha ou as larvas, as que limpam a colmeia, e as que recolhem o néctar. Do mesmo modo, todos os maçons são diferentes, têm distintos interesses, e não há dois que vivam a maçonaria de forma igual. É natural que um se aproxime mais de outro, mas tenha com um terceiro um relacionamento menos intenso. Não é senão normal que, para determinados assuntos, recorra mais a um irmão, e para outros a outro - e podemos estar a falar de algo tão simples quanto pedir um esclarecimento sobre um ponto mais obscuro da simbologia, ou querer companhia ao almoço num dia em que se precise, apenas, de quem se sente ali à nossa frente, sem que se fale sequer da dor que nos moi a alma.

Mas não serão isto "amigos"? Porquê "irmãos"? Durante bastante tempo essa questão colocou-se-me sem que a soubesse responder. Sim, havia as razões históricas, das irmandades do passado, mas mesmo nessas teria que haver uma razão para tal tratamento. O que leva um punhado de homens a tratarem-se por "irmão" em vez de se assumirem como amigos? Como em tanta outra coisa, só o tempo me permitiu encontrar uma resposta que me satisfizesse. Não é, certamente, a única possível - mas é a que consegui encontrar. 

Quando nascemos, fazêmo-lo no seio de uma família que não temos a prerrogativa de escolher. Ninguém escolhe os seus pais ou irmãos de sangue; ficamos com aqueles que nos calham. O mais natural é que, em cada núcleo familiar, haja regras conducentes à sua própria preservação e à de todos os seus elementos, regras que passam, forçosamente, pela cooperação entre estes. É, igualmente, natural que esse fim utilitário, de pura sobrevivência, seja reforçado por laços afetivos que o suplantam a ponto de que o propósito inicial seja relegado para um plano inferior. É, assim, frequente que, especialmente depois de atingida a idade adulta, criemos laços de verdadeira e genuína amizade com os nossos irmãos de sangue, que complementa e de certo modo ultrapassa, em certa medida, os meros laços de parentesco.

Do mesmo modo, quando se é iniciado numa Loja - e a Iniciação é um "renascimento" simbólico - ganha-se de imediato uma série de Irmãos, como se se tivesse nascido numa família numerosa. Neste registo, os maçons têm, uns para com os outros, deveres de respeito, solidariedade e lealdade, que podem ser equiparados aos deveres que unem os membros de uma célula famíliar. Porém, do mesmo modo que nem todos os irmãos de sangue são os melhores amigos, também na Maçonaria o mesmo sucede. Não é nenhum drama; o contrário é que seria de estranhar. Diria, mesmo, que é desejável e sadio que assim suceda, pois a amizade quer-se espontânea, livre e recíproca. E, tal como sucede entre alguns irmãos de sangue, respeitam-se e cumprem com os deveres que decorrem dos laços que os unem, mas não estabelecem outros laços para além destes. Pode acontecer - e acontece. Mas a verdade é que o mais frequente é que, especialmente dentro de cada Loja, cada maçon encontre, de entre os seus irmãos, grandes amigos - e como são sólidos os laços de amizade que se estabelecem entre irmãos maçons!

Paulo M.

21 agosto 2009

E Como acontece a cada

dia 21 de Agosto






PARABÉNS RUI
São os votos cá da malta que te estima e te quer bem.
Cumpras muitos com a felicidade da tua familia por perto, e já agora que nós vejamos.
Um grande abraço
A.Jorge, JPSetubal, Jose Ruah

17 abril 2009

Atividade Maçónica III

Há muito tempo, vários anos, que defendo a existência da Maçonaria tão à luz do dia quanto possível.


Tão à luz do dia quanto possível porque entendo que há aspetos (de facto aspetos menores, mas ainda assim importantes) que devem manter alguma discrição.
Aquilo que defendo parte do princípio de que não tenho nada que me envergonhe na minha atuação como maçom e isso leva-me a que não encontre qualquer razão para viver escondido.
Esta posição não autoriza, seja quem fôr a retirar conclusões diferentes do que aqui fica, exatamente ! O facto de pensar assim, e de o declarar publicamente, não me autoriza ao incumprimento dos juramentos feitos ou ao não cumprimento das normas regulamentares da Ordem Maçónica a que pertenço. Mas há um raciocínio básico sobre o qual alicerço esta opinião. e esse raciocínio é:

- Não sou ladrão, não matei nem prejudiquei quem quer que fosse, pelo menos conscientemente, não tenho nada de errado suficientemente forte para deixar de dormir descansado, então escondo-me de quê ? e de quem ? e porquê ?
É por isso que entendo trazer ao blog algumas (apenas algumas !) realizações da Maçonaria Regular, tentando ajudar à desmisticação do muito que por aí anda como "papões" para meter medo a meninos.
Comecei em "Atividade Maçónica" há cerca de um mês, trouxe depois um desafio daquilo que deve ser ação integrante do dia a dia dos maçons em "Atividade Maçónica II" e dou agora continuidade, esperando trazer ainda mais algumas realizações no futuro próximo.
Para hoje, véspera de fim de semana e portanto dia para trabalho leve, trago um exemplo que chega da Índia.
Devo alertar que o texto original é inglês e a tradução é de minha responsabilidade.












A Maçonaria é construída sobre 3 grandes princípios, Fraternidade, Solidariedade e Verdade. A característica que distingue um coração maçónico é a Caridade.
Perseguindo esses ideais, nós, os Maçons de Coimbatore decidimos fazer alguma caridade e o resultado é este Masonic Medical Centre.
Com um toque dourado do nosso querido Fundador e Administrador Dr.G.K.Devarajulu e o toque mágico do nosso atual Administrador Executivo Dr. D. Jayavarthanavelu, estamos crescendo degrau a degrau ao longo das últimas duas décadas. Em 1978 comprámos um espaço próprio com cerca de 8 mil metros2 com um grande edifício que recuperámos completamente. O edifício original é utilizado para os cuidados de convalescença e para doentes ambulatórios. Construímos um novo edifício hospitalar com 4 pisos acimo do piso de entrada no qual acomodamos 90 camas, bloco operatório, uma Unidade de Cuidados Intensivos para 10 doentes e uma unidade de raiosX. No último andar há um salão de conferências e seminários com ar condicionado e projetor de slides.

Em 1982 iniciámos o Hospital para Crianças no edifício antigo, com um médico e uma equipa de enfermagem. Esta clínica foi inaugurada pelo nosso R.W. Regional Grand Master of the Regional Grand Lodge of Southern India R.W. Bro A.S. Rajasabai.
Os cuidados clínicos que prestamos atraíram mais crianças para tratamento pelo que fomos obrigados a admitir mais 2 médicos e o correspondente staff paramédico.
O aumento do número de doentes tornou as instalações do edifício primitivo pequenas. Então planeamos um novo edifício separado do primeiro para integrar o nosso projeto médico. Com o aval firme de alguns amigos não-maçons como os Sri G. Vekatraman e Sri. V. Jagannathan, arriscámo-nos à construção de um novo edifício hospitalar.
Com a bênção do nosso Administrador Dr.G.K.Devarajulu, a cooperação do nosso Diretor Brethren e alguns benfeitores, pudemos juntar os donativos necessários ao desenvolvimento deste projeto.
Os 2 primeiros pisos do novo edifício do Hospital foram inaugurados em Setembro de 1985.
Este novo edifício dispõe de enfermarias gerais com 30 camas, enfermarias particulares com 10 camas, um bloco operatório completo e um centro de raios-X.
Todas as enfermarias são equipadas com um sistema centralizado de oxigénio de auxílio às equipas médicas.
No princípio de 1990 para poder atender convenientemente todos os doentes, o 1º piso do edifício antigo foi convertido para apoio aos doentes ambulatórios. Com essa recuperação aumentou-se para 90 camas a capacidade para doentes internados.
Mesmo com o tempo a fazer caretas cá ficam os votos de bom fim de semana.
Aproveitem para recuperar o excesso das amêndoas...
JPSetúbal

26 março 2009

Divisas

No plano individual, no que concerne ao maçon e às suas obras, a Maçonaria exorta a que se busque a simultânea presença da Sabedoria-Força-Beleza, isto é, que toda a obra do maçon seja produto da Sabedoria, tenha Força para subsistir e atingir os propósitos pretendidos s seja dotada da qualidade da Beleza, para que melhor seja apreciada por todos.

A Maçonaria de língua inglesa utiliza com frequência a divisa Brotherly Love - Relief - Truth (Amor Fraternal - Auxílio - Verdade) para significar o desejável modo de relacionamento entre maçons.

No plano social, uma outra divisa é cara à Maçonaria: Liberdade-Igualdade-Fraternidade.

Entende-se que, em todas as sociedades humanas, incluindo a própria Maçonaria e suas Lojas, devem imperar estes princípios, como indispensável cimento de ligação entre cada um e os seus pares e, portanto, da própria estrutura social em si.

A divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade é usualmente associada à Revolução Francesa. Mas não foi nela que a mesma foi criada. A Revolução Francesa apropriou-se desta conjugação de três princípios essenciais à vida social que já era teorizada pela então jovem Maçonaria Especulativa.

Não quer isto dizer que a Revolução Francesa foi uma revolução maçónica. Mas que foi uma revolução em que participaram maçons, isso é facto historicamente comprovado.

Não há que nos admirarmos pela coincidência de utilização da mesma divisa pelos ideais maçónicos e os revolucionários. A Maçonaria nasceu e implantou-se socialmente na vanguarda do pensamento O Iluminismo, o Racionalismo,o Naturalismo, o Pensamento Científico, eram (e são) linhas de pensamento caras à Maçonaria, na época constituindo novidades, faróis de luz, que rompiam a escuridão dos regimes de pensamento, religiosos e políticos que viam a sua era chegar ao fim. A Maçonaria inseriu-se no movimento social que instaurou a Modernidade nas sociedades ocidentais. E para ele, naturalmente, contribuiu. A Maçonaria da época ansiava pela instauração de regimes sociais em que imperassem a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade. Neste caudal de anseios muitos outros se juntaram. A necessidade social de que as instituições políticas se norteassem por tais princípios eram de tal forma prementes, que, em crescente caudal, chegou o momento em que romperam o dique das instituições do Antigo Regime, com a mesma força destruidora e reconformadora da enxurrada.

Mas esta divisa, que se tornou simbólica com a Revolução Francesa e se tornou bandeira de evoluções políticas um pouco por todo o mundo, em termos maçónicos tem um significado interno próprio, não menos profundo. É entendida pelos maçons como a trilogia dos princípios essenciais que devem regular o funcionamento interno das instituições maçónicas, o relacionamento dos maçons entre si e destes com as estruturas da instituição. Já bem antes da Revolução Francesa e das demais evoluções políticas e sociais, na Maçonaria se praticavam internamente os princípios da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade.

Rui Bandeira

02 março 2009

Cornerstone Lodge #178 - Grand Lodge of New York

Imagem retirada do site da GLNY - Renaissance Room




Estive recentemente em Nova York (NY), por motivos pessoais. Sempre que viajo tento conciliar a agenda para encaixar uma sessão de Loja, qualquer que ela seja, no local de destino.

Desta vez não foi excepção. A primeira coisa que tratei foi de pedir a documentação necessária para me poder identificar junto da Grande Loja de Nova York (GLNY) como pertencente a uma obediência reconhecida.

Recorri para tal aos sempre simpáticos, eficientes e eficazes serviços da Milu e da Sandra e obtive assim um passaporte maçónico e uma carta de apresentação dirigida à Grande Loja a visitar. A estes juntei o cartão de Membro da GLLP/GLRP.

Com tudo isto no bolso dirigi-me, num belo dia de sol mas frio (muito frio) pelas 9h00 da manhã à GLNY a fim de tratar da parte burocrática e solicitar que me referenciassem uma Loja que reunisse nessa noite e que estivesse disposta a receber um visitante.

Cumpridas as formalidades e já com a lista de lojas que reuniam essa noite e conhecedor do “modus faciendi” para assistir a uma sessão, cruzei-me já na saída com um dos Irmãos encarregues de mostrar o edifício a visitantes. Assinei o livro de visitantes e comecei a percorrer uma parte dos 19 andares de um dos prédios que compõe a GLNY.

O Irmão guia, ou melhor Right Worshipful Brother A.J.K. (Respeitável Irmão A.J.K. na versão portuguesa) mostrou-me uma parte dos Templos e informando-se das minhas qualidades passou sempre a tratar-me como Right Worshipful Brother e a convidar-me para me sentar na cadeira do Venerável enquanto me mostrava e explicava as particularidades de cada templo. Passamos por uma das salas de reunião do Grão Mestre, e que por especial deferência me foi mostrada por dentro, uma vez que dados os livros aí existentes (raridades) não está incluída nas visitas.
A visita terminou no Grande Templo, com os seus 1200 lugares. Uma sala impressionante não só pelo tamanho mas especialmente pela acústica, pois o mais leve som proferido no Oriente é audível na sala toda.

Poderão ver uma apresentação dos vários templos aqui

Voltei à minha agenda privada passando o resto da manhã e a tarde em NY. Pelas 17h30 recolhi ao hotel, que por uma coincidência (e não fui eu que o escolhi!!) era apenas 2 ruas da GLNY , onde vesti o fato e a camisa branca colocando logo a gravata apropriada. Pus o avental e as luvas numa pequena mochila e ai fui.

Pontualmente às 18h45 apresentei-me ao segurança, a quem expliquei ao que ia. Imediatamente ele decidiu qual a Loja que eu deveria visitar e depois de verificar se estava vestido de fato ou pelo menos de Blazer e calças de fazenda, solicitou a uma empregada que me acompanhasse ao 6 piso, ao Renaissance Room.

Aí fui recebido pelo Venerável da Loja Cornerstone #178, Irmão R., que numa primeira instancia verificou os meus documentos todos, informando-me no entanto que seria o “brother Tyler” (Irmão telhador, ou guarda Externo) que faria a ultima verificação.

Eis que chega este Irmão e que depois de ver todos os documentos novamente, e estando satisfeito com a parte burocrática, me solicitou que o acompanhasse conjuntamente com outro Irmão para uma sala contigua, uma espécie de sala de espera, na qual fui testado ritualmente, sendo-me pedidas todas as palavras e todos os sinais dos 3 primeiros graus.

Satisfeito com as minhas respostas deu-me então as boas vindas e concedeu-me entrada no templo, para que pudesse assistir a toda a sessão.

É hábito na GLNY a sessões decorrerem em Grau de Mestre, e por isso o extenso interrogatório. A Cornerstone Lodge #178 reúne como aliás quase todas as Lojas da GLNY no Rito de York, rito este que não me sendo totalmente estranho, também não me é muito familiar.

Assisti então a uma sessão de Instrução dada por um dos Assistant Grand Lecturer (o Grand Lecturer é um equivalente do Grande Inspector) da GLNY, sobre desempenho ritual em sessões de Iniciação.

Estava deliciado a ouvir a apresentação, pois o método usado era-me muito familiar, tão familiar que até julguei que quem estava a fazer a apresentação era um tal Grande Inspector da GLLP de nome José Ruah. Eis senão quando que sou convidado para ilustrar como se processava uma determinada parte do ritual de iniciação aqui em Portugal e em especial no Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA). Lá fui para o centro do templo e comecei a exemplificar e a debitar matéria.

Pensei, coitados já não lhes bastava um e hoje levam com dois Zé Ruah. Mas a coisa não ficou por ali, porque deu entrada em cena o “Rui Bandeira” local e logo a sessão se animou mais um pouco.

É que a Cornerstone Lodge não é muito diferente da Affonso Domingues, ambas têm nas suas fileiras Maçons muito antigos e outros recentes, têm Irmãos com grande conhecimento e outros ainda em fase inicial de aprendizagem, misturando-se assim experiências e pontos de vista, têm ambas o desígnio de ensinar aos seus membros um correcto desempenho do ritual, e das regras maçónicas.

A Cornerstone Lodge também contribui com o seu esforço na campanha de recolha de Sangue da GLNY, e à semelhança das demais organiza refeições de confraternização com as famílias, tal qual a RLMAD o faz.

Terminada a sessão, e com uma sensação de aceitação muito maior que no início fiquei com pena de não os acompanhar na refeição que se seguiu, mas outros compromissos estavam já agendados para o jantar.

Enquanto arrumava as minhas coisas ia respondendo a Irmãos mais novos que inquiriam sobre os costumes em Portugal e no REAA.

Nunca tinha visto aquelas pessoas, mas fui recebido como se fosse um deles e como se o normal fosse estar presente nas sessões daquela loja. E na verdade senti-me em casa, senti-me com os meus. Foi esta mais uma experiência, que me mostrou que aquela coisa da fraternidade Universal não é só um conceito teórico dos livros, é uma prática entre os Maçons.

Da GLNY só guardo boas recordações, tão boas que numa próxima viagem tudo farei para visitar uma loja novamente e não ficaria nada desagradado se fosse a Cornerstone Lodge #178 a Oriente de Nova York.

Dear Brethren, Worshipful Master Brother R.

It was a great pleasure to visit your Lodge. You have made me feel like home, and among brothers. Participating in your lodge and having the possibility to learn about your way and showing a bit of our way here in Portugal, was most interesting and positive. It was an experience that I’ll keep in my heart forever.

Please feel free to call me if ever you are coming this way.

Frats


José Ruah

16 dezembro 2008

Solsticio de Inverno - Almoço da Loja


Domingo passado decorreu mais uma refeição destinada a celebrar o Solsticio de Inverno, organizada pela Loja Mestre Affonso Domingues.


O local escolhido foi a Praia Grande, bem não propriamente a praia porque o tempo nao estava para almoços na areia, mas sim um dos restaurantes ali situados e que proporcionou uma sala exclusiva.


O Menu escolhido simples mas apropriado para o tipo de evento, cumpriu. Nem grandes simplicidades nem grandes luxos, porque esse não é o objectivo destes repastos.


A ideia subjacente é a presença dos familiares, das crianças embora se lhes não reservem quaisquer prendas, e é sobretudo o convivio em ambiente informal, onde cada um é só mais um Irmão que ali está, sem as suas "insignias ou galões".


Todavia a Maçonaria, e os seus ideais não poderiam estar longe deste evento pois se estivessem ele não seria mais que um vulgar almoço de amigos, e assim cumpridas as formalidades de um agape onde todos os brindes da ordem foram proferidos, foi efectuado um leilão de tudo aquilo que os Irmãos trouxeram para esse fim.


O produto em Metal profano deste leilão, eventualmente acrescido de outros fundos recolhidos durante o ano para o mesmo efeito é destinado a uma instituição de Solidariedade Social ainda a ser determinada.


Este "ritual" de ajudar quem precisa é repetido ano após ano pela Loja Mestre Affonso Domingues.


E assim, indiferentes à invernia exterior, umas 60 pessoas passaram mais uma tarde de domingo, comungando amizade e fraternidade e reforçando os laços que os unem. E posso dizer-vos que até Irmãos que fisicamente estavam bem longe por questões profissionais fizeram questão de se associarem mandando mensagens por SMS e mail.


É este o espirito que nos anima, e que faz da Mestre Affonso Domingues uma Loja coesa e forte.


Maçonaria não é só o cumprimento escrupuloso dos rituais, sem falhar virgula ou passo. É cultivar a amizade entre os Irmãos, prolongá-la às familias e repercuti-la na sociedade.


Tempos complicados se avizinham no mundo profano, possa a fraternidade cimentada pela amizade ajudar a ultrapassá-los.



José Ruah

21 agosto 2008

Dia do Maçon

O dia do Maçon é essencialmente celebrado no Brasil a 20 de Agosto e já foi alvo de um post do Rui que pode ser lido aqui.

Este ano um Irmão da GLLP mandou-me um mail com um texto escrito a propósito da efemeride. Achei que o texto tinha qualidade e que merecia um destaque e por isso este post, mesmo que um dia atrasado.

Todavia não gosto de publicar textos de terceiros sem saber de onde vêm, localizei o texto na Internet e no Blog da Maçonaria.

Escrevi ao autor do Blog e solicitei autorização para publicar o texto que me foi concedida por escrito.

Sendo assim publico o texto na sua versão Original .

"

Que gente é essa ???

É gente de conteúdo interno que transcende a compreensão medíocre, simplória.

É gente que tem idealismo na alma e no coração, que traz nos olhos a luz do amanhecer e a serenidade do ocaso. Tem os dois pés no chão da realidade.

É gente que ri, chora, se emociona com uma simples carta, um telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago.


É gente que ama e curte saudades, gosta de amigos, cultiva flores, ama os animais. Admira paisagens. Escuta o som dos ventos.


É gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir ternura, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si. É gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam.


Gente que semeia, colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto.


É gente muito estranha os Maçons.


Gente de coração desarmado, sem ódio, sem preconceitos baratos ou picuinhas. Gente que fala com plantas e bichos. Dança na chuva e alegra-se com o sol.


Eh!! Gente estranha esses Maçons.


Falam de amor com os olhos iluminados como par de lua cheia. Gente que erra e reconhece. Gente que ao cair, se levanta, com a mesma energia das grandes marés, que vão e voltam.

Apanha e assimila os golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentores suas lágrimas e sofrimentos. Amam como missão sagrada e distribuem amor com a mesma serenidade que distribuem pão. Coragem é sinônimo de vida, seguem em busca dos seus sonhos, independente das agruras do caminho.


Essa gente, vê o passado como referencial , o presente como luz e o futuro como meta.


São estranhos os Maçons!


Cultuam e estudam as Sagradas Tradições como forma de perpetuar as leis que regem o Universo, passam de geração para geração a fonte renovadora da sabedoria milenar. São fortes e valentes, e ao mesmo tempo humildes e serenos. Com a mesma habilidade que manuseiam livros codificados de sabedoria, o fazem com panelas e artefatos. São aventureiros e ao mesmo tempo criam raízes, inventam o que precisa ser inventado. Criam e recriam. Contam contos e contam suas próprias histórias.


Falam de generosidade em exercício constante. Ajudam os necessitados com sigilo e discrição. Conduzem a pratica desinteressada e oculta da caridade e do amor ao próximo.


Interessante essa gente, esses Maçons.


Obrigam-se nas tarefas, de estudar a Arte Real, de evoluir, de amar e dividir. Partilham da mesa do rei e de um abrigo montanhês com o mesmo sorriso enigmático de prazer e sabedoria que iluminava a face de seus ancestrais. Degustam um pão artesanal, com a mesma satisfação que o fazem em um banquete cinco estrelas.


Amam em esteiras e em grandes suítes, desde que estejam felizes, pois ser feliz e levar felicidade, é sempre a única condição dessa gente estranha. É gente que compra briga pela criança abandonada, pelo velho carente pelo homem miserável, pela falta de respeito humano. É gente que fica horas olhando as estrelas, tentando decifrar seus mistérios, e sempre conseguem.


Agradecem pelas oportunidades que a vida lhes dá. Aliás, essa gente estranha agradece por tudo, até pela dor, que tratam como experiência.Se reúnem em Escolas Iniciáticas que chamam de Lojas, para mutuamente se bastarem, se protegerem, se resguardarem, para resgatar valores, e estudar muito.


Interessantes são os Maçons.


Mas interessante mesmo é a fé que os mantém vivificados ao longo de tantos anos.
Abençoada essa estranha gente.


É dessa estranha gente, que o Grande Arquiteto dos Universos precisa para o terceiro milênio.


É à essa estranha gente, de que sou parte, que desejo DE TODO MEU CORAÇÃO, as mais ardorosas congratulações.


Que o Irmão Maior, de lá do Eterno Cosmo à todos derrame uma dose extraordinária de Luz, para que essa estranha gente de que fazemos parte, a possa refletir pelo mundo e assim levar a benção à todas as gentes... estranhas ou não.


FELIZ DIA DO MAÇOM!


FRATERNALMENTE,

Ir.'. Luiz Mangano"

in http://blogdamaconaria.blogspot.com/
Blog de James Couto


José Ruah

Hoje é dia de .....

FESTA !


Grande Abraço de Parabéns







aqui do pessoal do Blog

JPSetubal e José Ruah

17 junho 2008

A um Irmão em dificuldade

Um Irmão da minha Loja está muito preocupado. Eu e todos os demais obreiros da Loja partilhamos a sua preocupação.

Sua mulher, companheira de muitos anos, teve um súbito e agudo problema de saúde, que originou a necessidade de uma rápida intervenção cirúrgica. Quando, há pouco mais de uma semana, guiámos os nossos Irmãos da Fraternidade Atlântica no passeio pela Lisboa Pombalina que para eles organizámos, tínhamos a nuvem de preocupação sobre o estado de saúde da nossa cunhada pairando sobre nossas cabeças. Tal nuvem desvaneceu-se, estávamos nós em frente à casa onde nasceu Fernando Pessoa, quando recebemos mensagem de que a intervenção cirúrgica correra bem.

Ontem, soube que a convalescença não decorreu como o previsto e que nova intervenção cirúrgica foi necessária. Já sei que também correu bem e que se espera que, agora, tudo entre finalmente nos eixos e seja apenas questão de tempo e de algum desconforte até que a recuperação total advenha.

Assim o espero, assim o desejo, assim todos o desejamos.

À natural preocupação da afecção de saúde, junta-se o facto de a doença ter ocorrido estando a doente longe de casa. Ela e seu marido, nosso Irmão, suportam ainda o incómodo de estarem distantes de casa e do resto de sua família.

Meu Irmão: sabes que partilhamos a tua preocupação e a tua esperança no breve resolver da situação. Sabes que eu e qualquer de nós estamos à simples distância de um toque de telefone para fazermos tudo o que pudermos e que tu nos informes que necessitas. Sabes que esperamos poder ter-te connosco na nossa próxima reunião. Mas, se tal não for possível, estarás connosco em espírito e a ti e à tua mulher será dedicada a Cadeia de União.

Aqui, neste espaço que também é teu, te deixo uma palavra de conforto e encorajamento. Tudo há-de correr bem. E brevemente tudo estará passado e resolvido a contento.

Um abraço de todos os teus Irmãos. E, porque sou egoísta e aproveitador, um outro especialmente meu. E um beijo da tua cunhada, minha mulher, que junta os seus votos de rápida recuperação aos meus. Ela não me perdoaria se aqui não o referisse expressamente! Aliás, para ser justo, ela disse: "já que gostas tanto de escrever no teu blogue, vê lá se escreves uma mensagem de apoio ao teu amigo..." E eu, que até tinha pensado respeitar a tua privacidade e aqui nada dizer, vi que ela tinha razão: eu seria capaz de, sem beliscar a tua privacidade, aqui te mandar uma mensagem de incentivo. Em nome dela, em meu nome, em nome de todos os demais da Loja e respectivas famílias. Todos gostam de ti. Todos estão contigo!|

Sabemos que só desejarás regressar a tua casa acompanhado da tua mulher, já restabelecida. Portanto, do nosso brinde ritual, relembro e aqui te desejo: "que tenhas um rápido regresso a tua casa, se for esse o teu desejo".

Rui Bandeira

11 junho 2008

Os dois marretas


A entrada de ambos na Loja Mestre Affonso Domingues ocorreu no mesmo dia, ainda a última década do século passado estava no princípio. Um foi iniciado. O outro foi recebido, já como Companheiro, pois tinha sido iniciado e passado a Companheiro na Alemanha, na Loja Miguel de Cervantes y Saavedra, ao Oriente de Bona, enquanto aguardava a instituição em Portugal de uma Obediência Maçónica Regular.

O que foi iniciado naquele dia veio a recuperar o atraso em relação ao outro e veio a ser Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues antes deste. Aliás, é presentemente o ex-Venerável mais antigo da Loja em actividade. O outro só anos depois teve a responsabilidade de dirigir os destinos da Loja.

Assim, em matéria de antiguidades, consideram-se empatados.

Têm diferentes convicções religiosas. Mas isso é-lhes completamente indiferente, já que ambos sabem que crêem no mesmo Criador, só diferem na forma de o fazer, nos ritos que praticam, nas culturas que herdaram de seus antepassados.

Um é orgulhoso dono de um cão. O outro tem um felino como animal de companhia.

Um é franco e directo até, por vezes, ao limite da rudeza, que o outro faz questão de, à guisa de prevenção de excessos, sistemática e muitas vezes injustamente, o acusar de ultrapassar. O outro cultiva a arte do compromisso, do arredondar de arestas, da florentina subtileza, até ao limite do insustentável, que o primeiro, muitas vezes de sorriso matreiro, assinala ter sido deixado para trás, obrigando a piruetas de equilíbrio, dignas de circense artista. E, apelida-o, ironicamente, de diplomata...

Um gosta de exercer a sua actividade na Grande Loja. De há muito que exerce ofícios de Grande Oficial, colaborando com vários Grão-Mestres. Cada vez as suas responsabilidades vão sendo maiores, quiçá até, algum dia, poder, quem sabe, vir a assumir a responsabilidade máxima da Obediência. O outro sempre declarou que o centro do seu interesse é a Loja, unidade que considera ser a essência da maçonaria, e só a contragosto, muito raramente e por pudor de recusar colaboração que lhe seja pedida, aceitou, em duas, bem separadas no tempo, ocasiões, assumir ligeiros e pontuais encargos de assistir maiores responsáveis no que a estes aprouvesse determinar-lhe.

Um presta particular atenção ao preto e ao branco, ao contraste, ao sim ou sopas, pão é pão, queijo é queijo. O outro reponta-lhe a tendência e assinala a miríade de variantes de cinzentos, mostra como se esbatem e sobrepõem os tons, pontua as virtualidades do talvez e do vamos ver e as virtudes das medianas e declara-se adepto do pão com queijo.

Um e outro parecem tirar inaudito prazer em, periodicamente, duelarem argumentos sobre minudências de ritual, ou de organização, ou de escolha de caminhos, ou do que quer que seja. Quando para aí estão virados, um escolhe o branco, o outro declara-se indefectível adepto do negro. E volta e revolta debatem, insistem, atiram-se um ao outro argumentos como projécteis, viram-se e reviram-se, acabando, as mais das vezes por assentar em que o melhor é optarem ambos pelo xadrez a preto e branco. Ou então, cada um de tal forma mostra o erro do outro, cada um se esquiva dos petardos argumentativos do opositor que, quando dão por ela, já nem um defende o branco, nem o outro batalha pelo preto e dão-se ambos conta que já sinceramente apoiam as virtudes do vermelho. E então, por pudor ou teimosia, insiste um que, sendo o vermelho o melhor, há-de ser claro, e contrapõe o outro que não há dúvida na superioridade do vermelho, mas que o mesmo deve ser escuro. E, de soslaio, cada um espreita a cor do outro, concluindo no seu íntimo serem os dois tons precisamente iguais, apesar de um o dizer claro e o outro o apodar de escuro...

Quando se metem nestes preparos, o resto da Loja assiste, meio interessada, meio divertida, à batalha, sabendo que, no fim, ambos se porão de acordo, cada um jurando que o outro é que finalmente viu a razão... Mas, quando esse acordo, chega, ou quando nunca chegou a haver desacordo, todos sabem que é melhor sair da frente, que estes dois, quando decidem puxar para o mesmo lado, são ossos duros de roer...

O que também todos sabem, e os dois em particular, é que cada um precisa do outro para afinar as suas ideias, testar os seus conceitos, aperfeiçoar o seu entendimento. Cada um é a pedra de amolar do outro, o indispensável instrumento para que o espírito do outro permaneça afiado e capaz de cortar a direito sobre qualquer problema. E os aparentes confrontos mais não são do que mil vezes executados exercícios de análise, em que ambos sabem que o que importa não é de onde cada um parte, mas onde ambos chegam.

São água e azeite e simultaneamente são unha com carne. Podem estar meses sem se ver ou sem se falar e, quando se reencontram, retomam a conversa no exacto ponto em que a interromperam. Cada um segue a sua vida ao seu jeito, mas qualquer deles, quando precisa, pede ajuda ao outro, sem rebuço nem hesitação, sabendo que, dentro das suas possibilidades, o apoio pedido não faltará.

Antes daquele dia, já longínquo, do início da última década do século passado, não se conheciam nem nunca tinham ouvido falar um do outro. Hoje, tão insanavelmente diferentes, mas afinal tão inesperadamente iguais, consideram-se, além de Irmãos, amigos. Tão simples como isto! E isto é também Maçonaria. Isto é também ser maçon.

Um é o José Ruah. O outro sou eu.

Rui Bandeira

09 junho 2008

Encontro das Lojas (tri)gémeas

A Loja Mestre Affonso Domingues está geminada com duas outras Lojas: A Fraternidade Atlântica, Loja da Grande Loge Nationale Française que reúne em Neuilly-Bineau e em que se integram imigrantes portugueses em França, lusodescendentes e franceses com interesse e carinho pela Língua Portuguesa, e a Rigor, Loja da GLLP/GLRP que reúne ao Oriente de Bragança.

Os nossos Irmãos gémeos da Loja Fraternidade Atlântica programaram uma visita a Portugal nos primeiros dias de Junho e tinham-nos informado que tencionavam visitar um pouco do Norte do País. Pois bem, juntou-se o útil ao agradável e a fome com a vontade de comer e preparou-se uma sessão em Bragança da Loja Rigor, com a visita dos Irmãos viajantes da Loja Fraternidade Atlântica e uma delegação da Loja Mestre Affonso Domingues. Em suma, uma reunião com a presença dos obreiros das três Lojas, unidas por duas geminações. Assim a modos que um esquadro, em que o vértice do ângulo recto é ocupado pela Loja Mestre Affonso Domingues, um dos braços pela Loja Fraternidade Atlântica e o outro pela Loja Rigor.

Antes dessa sessão, que teve lugar na passada sexta-feira, os Irmãos da Fraternidade Atlântica tinham já efectuado um passeio fluvial pelo rio Douro, do Porto até ao Pocinho. E, no dia seguinte, os nossos Irmãos da Loja Rigor organizaram e proporcionaram-lhes, como já anteriormente tinham feito aos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues, um outro passeio fluvial, agora num belo, agreste e felizmente preservado trecho do Douro Internacional, na zona fronteiriça.

A sessão foi, obviamente, dirigida pelo Venerável Mestre da Loja anfitriã, a Rigor, Irmão Jorge C., que recebeu no Oriente os Veneráveis Mestres das Lojas Fraternidade Atlântica, Irmão François B., e Mestre Affonso Domingues, Irmão JPSetúbal.

Após o passeio no Douro Internacional e agradável almoço numa quinta da região, os Irmãos da Fraternidade Atlântica viajaram para Lisboa, onde pernoitaram e eram aguardados pelos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues.

Foi já sob organização da Loja Mestre Affonso Domingues que os obreiros da Fraternidade Atlântica e suas famílias participaram num passeio pela Baixa Pombalina, guiado pelo antigo Venerável da Loja Mestre Affonso Domingues, Victor E. C., o qual esclareceu as circunstâncias e a forma como decorreu a reconstrução da cidade de Lisboa após o tríplice cataclismo de 1 de Novembro de 1755 (terramoto, maremoto e incêndio), que arrasou quase por completo a Lisboa medieval. Durante o passeio, Victor E. C., para além de ter partilhado a sua profunda erudição com todos os presentes, chamou a atenção para alguns detalhes existentes naquela zona da cidade, com interesse para os maçons.

Seguidamente, efectuou-se uma visita a uma exposição de objectos e artefactos maçónicos, pertencentes à Loja Mestre Affonso Domingues e a alguns dos seus obreiros, após o que foi tempo de ir reconfortar o estômago, num almoço de convívio em que tivemos o gosto da presença do nosso Muito amigo e Respeitável Grão-Mestre, Mário Martin Guia.

Maçonaria é ritual, mas não é só ritual. Maçonaria é estudo de símbolos, mas é mais do que isso. Maçonaria é também, e indissociavelmente, fraternidade e convívio fraternal. Que possibilita o convívio de gente, não fora a Maçonaria, desconhecida entre si, que vive e labuta em regiões tão díspares e distantes como a região de Paris, Bragança e Lisboa.

Um fim de semana alargado de convívio, boa disposição, fraternidade, cultura.

Os nossos Irmãos da Fraternidade Atlântica regressaram hoje a França. Esperamos que, parafraseando antigo e significativo brinde que os maçons costumam efectuar, tenham um bom regresso a suas casas, se for esse o seu desejo.

Rui Bandeira

20 dezembro 2007

A um Irmão Colombiano

Durante grande parte do ano passado tivemos connosco um Irmão colombiano que cá esteve por motivos profissionais e que quis, durante esse período, integrar os trabalhos da RLMAD.
Chegado o momento certo o R.Lopez teve de regressar à Colômbia, onde a continuidade da vida o chamava.
Está longe fisicamente mas não deixa a Cadeia de União que várias vezes integrou na Mestre Affonso Domingues.
Era sempre com um gozo especial que nos encontrávamos e discorríamos sobre os assuntos mais diversos, ele a querer saber tudo o que era possível sobre Portugal que admira enormemente, como Povo e como Nação que trabalhou ao longo dos séculos pela reunião de povos e culturas.
Pois o nosso querido Irmão R.Lopez, em comemoração da época solsticial que estamos viver, enviou-nos um poema.
Não me cabe tecer outro comentário para além de confessar que este texto me bateu bem fundo no sentir da Fraternidade que perseguimos e da União que mantemos.
A autoria deste poema é de um Mestre Maçon, também colombiano, e aqui o deixo para Vossa apreciação, como homenagem saudosa ao nosso Irmão R.Sanchez que connosco trabalhou.

Brindis Solsticial

Hoy quiero brindar por mis hermanos,
los masones de manos enlazadas,
hombres libres, de costumbres rectas,
obreros del compás y de la escuadra.
Esos hermanos que siempre toleraron
mis errores, mis defectos y mis faltas,
y me mostraron el sendero iluminado
de la verdad, la virtud y la templanza.
Que me brindaron apoyo en mi tristeza
y le infundieron fuerza a mi esperanza,
y que en momentos de duda me alentaron
a seguir construyendo mi mañana.
Eslabones del fraterno gremio
de acacias, espigas y granadas,
hermanos de quien vive en infortunio
y de quien busca paz para su alma.
Compañeros solidarios de mis luchas,
defensores sinceros de mi causa.
Hermanos que me dieron su ternura
con una espontaneidad que no se engaña.
Para todos abierta está mi casa,
y mi lumbre encendida que los llama.
Esos hermanos de todos los momentos
son los que llevo prendidos en el alma.
Alzo mi copa también por los caídos,
los que emprendieron su viaje a la montaña
buscando un sitial en el Oriente
por donde sale el sol cada mañana.
Al hacerlo evoco al Gran Arquitecto
a cuya gloria trabajo con mi llana,
puliendo las aristas de la piedra
en la cantera del corazón y de mi alma.
En esta fecha del invernal solsticio
cuando todo es sombras, soledad y calma,
escudriño al interior de mis recuerdos
y encuentro voces, abrazos y miradas.
Veo a mis Hermanos, siempre atentos,
a responderme cuando mi clamor los llama.
Por ellos brindo con fe, con alegría
con un sentimiento que a todos los abraza.
"Salud, Fuerza, Unión", son mis deseos
al apurar este vino en mi garganta,
la misma que ofrecí aquella noche
cuando presté mis juramentos en el Ara.
G.V.H., M:.M:.
.
Meu Irmão, muito obrigado !
JPSetúbal

16 julho 2007

14 de Julho

Reunião maçónica - 1750

Está fora de dúvidas que a primeira palavra tem de ser o agradecimento a quem, sem me conhecer, penso eu, se prestou a vir felicitar os eleitos da nossa Loja, sendo que eu sou um deles.
Obrigado pois ao nosso sempre atento Profano.

Os meus Irmãos da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues quiseram que seja eu a tomar a responsabilidade pela condução dos trabalhos da Loja no próximo ano maçónico, que começará em Setembro.

Esta escolha ocorreu em data particularmente significativa para mim.
Quem acompanha este blog desde há 1 ano, pelo menos, recordar-se-á (ou poderá agora ir consultar) do que eu aqui escrevi em 14 de Julho de 2006.
Nessa altura resolvi que era a hora de pôr em público a figura de alguém que foi sempre preterido no seu País, mau grado o reconhecimento das entidades oficiais americanas que, mesmo como simples marinheiro, Lhe reconheceram o mérito do salvamento de centenas de cidadãos americanos, náufragos de navios americanos torpedeados por submarinos alemães no mar dos Açores em 1943/4.

Seria esta a data do Seu aniversário, o que transforma este acto de eleição para próximo V:.M:. da nossa Respeitável Loja uma prenda singularíssima, se não para Ele directamente, pelo menos através do filho que cá deixou.

Por outro lado este facto ocorre também em coincidência com a data da comemoração da Revolução Francesa, na qual os maçons se envolveram “forte e feio”, e a partir da qual se estabeleceram os conceitos que entendemos básicos para o relacionamento entre os homens e para o desenvolvimento da Humanidade.
Igualdade, Liberdade, Fraternidade são a base moral da Maçonaria.
Foram o lema no assalto à Bastilha e temos a certeza de que se os homens os tomassem como seu objectivo, teríamos o mundo com menos fome, menos guerra, menos tristeza.

Há momentos na vida que compensam muitos outros de amargura e desilusão.
Ainda há bem pouco tempo perdemos outro grande Homem do mundo.
Grande por razões diferentes mas grande também, e aqui deixei o meu “até à vista” num desses momentos em que a amargura nos toca por dentro, que nos dá para ficar absortos pensando na (in)utilidade das arrelias e enganos pelos quais passamos constantemente.

A alegria que os meus Queridos Irmãos me quiseram proporcionar neste 14 de Julho, as palavras fraternas de apoio que ouvi, compensam bem esses outros momentos de frustração com que a vida nos vai presenteando de vez em quando.
Meus Irmão, o que tenho recebido de Vós é incomparavelmente mais do que tenho merecido.

Apenas OBRIGADO.



JPSetúbal

11 junho 2007

Boas noticias

Em Fevereiro Rui Bandeira no seu post Carta a um Irmão deu-nos a conhecer que a filha de um Irmao da Loja tinha graves problemas de visão. Problemas que foram detectados alguns dias após o nascimento.

Este Fim de Semana este Irmão usando da palavra no momento apropriado e agradecendo a todos informou que a sua filha tinha recuperado a visão a praticamente 100% num dos olhos e que no outro a evolução era muito boa e que se esperava que recuperasse também.

Foram alguns meses de angustias para a familia proxima do Irmão mas com felicidade podemos dizer que as coisas correram bem.

Correram bem porque R&G (chamemos-lhes assim) não desistiram não se conformaram e foram para a guerra. Correram bem porque o sistema de saude portugues ( hospitais publicos) tem equipamento e pessoas qualificadas tal qual como no estrangeiro. Correram bem porque também o Grande Arquitecto assim o quis.

PAra R&G e evidentemente para a filha, que vivam até aos 120 anos com saude e prosperidade.

José Ruah

09 maio 2007

O nome da Grande Loja

O texto de JPSetúbal Noticiário da capoeira foi objecto de um comentário algo ácido de memorias, questionando a legitimidade do uso da sigla GLRP pela Grande Loja onde se integra a Loja Mestre Affonso Domingues, a Loja em que se enquadram os maçons que escrevem este blogue.

memorias é, manifestamente, um elemento ligado à estrutura que se designa de Grande Loja Regular de Portugal e que, segundo se deduz do que escreveu, reivindica o direito ao uso exclusivo da sigla GLRP.

Não vou aqui criticar nem desmerecer daqueles que, honestamente, então tomaram opção diversa da minha. Nem na altura da cisão havida na Maçonaria Regular Portuguesa dei para esse peditório, não o vou fazer agora.

Entendo que cada pessoa tem o direito de exprimir as suas posições, as suas opiniões e, por isso, de forma alguma critico memorias por ter expressado a sua naquele comentário. E distingo a forma do fundo. Aquela não me agradou: achei-a, como em outros comentários que entretanto li de memorias, desnecessariamente azeda e agressiva, nada ilustrativa de como um maçon deve argumentar. Este, merece a explanação do meu ponto de vista sobre o assunto. Esclarecido isto, vamos então ao assunto.

A Maçonaria Regular Portuguesa nasceu do anseio de um grupo de maçons, então integrando a única estrutura do tipo maçónico existente em Portugal, o Grande Oriente Lusitano, de assumirem o estrito cumprimento dos princípios da Maçonaria Regular e de virem a obter o reconhecimento da Comunidade Maçónica Regular Internacional como tal. Foram então esses maçons liderados por aquele que veio a ser o primeiro Grão-Mestre da Maçonaria Regular, Fernando Teixeira.

Sendo princípio inalienável da Regularidade que a constituição de uma potência Maçónica Regular deriva da transmissão dessa qualidade por uma Potência Regular pré-existente, esses maçons constituíram as suas Lojas (entre as quais a Loja Mestre Affonso Domingues) sob os auspícios da Grande Loge Nationale Française (GLNF), única Potência Maçónica Regular existente em França, agrupando essas Lojas num Distrito daquela Grande Loja.

A Maçonaria que se reclama da regularidade tem como um dos seus princípios enformadores o respeito das leis do Estado em que funciona. A legislação em vigor no Estado Português dispõe que, para uma comunidade de interesses ter relevância jurídica, deve estar constituída em associação (ou, eventualmente, fundação).

Em cumprimento da legislação do Estado Português, esses maçons refundadores da Regularidade em Portugal constituíram uma associação civil de direito privado denominada Grande Loja Regular de Portugal.

A seu tempo, a Grande Loge Nationale Française acedeu ao desejo dos maçons regulares portugueses de autonomizar o seu Distrito em Portugal e consagrá-lo como Grande Loja com autoridade exclusiva sobre a Maçonaria Regular em Portugal, com a designação, similar à da associação profana já existente, de Grande Loja Regular de Portugal.

Esta nova Potência Mónica Regular foi reconhecida como tal pela generalidade das suas congéneres de todo o Mundo, designadamente pela UGLE (United Grand Lodge of England) e pelas potências maçónicas americanas (para além, obviamente, da sua Grande Loja Mãe, a GLNF), reunindo assim o consenso do reconhecimento como Potência Maçónica Regular por todas as Potências Maçónicas Regulares chaves do globo (Grã-Bretanha, Estados Unidos e França).

Assim, e sendo Grão-Mestre Fernando Teixeira e Vice-Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho, ficou institucionalizada a Maçonaria Regular em Portugal com uma associação de direito civil e uma Obediência Maçónica internacionalmente reconhecida, ambas utilizando o nome de Grande Loja Regular de Portugal e a sigla GLRP.

Ocorreram então, em finais de 1996, os acontecimentos que vieram a ficar conhecidos pela cisão da Casa do Sino. Para melhor entendimento das suas consequências quanto ao nome da potência Maçónica Regular Portuguesa, importa ter presente alguns detalhes.

Os calendários eleitorais civil e maçónico não são coincidentes. Normalmente, as eleições nas associações civis ocorrem no primeiro trimestre de cada ano. Na Obediência Maçónica Regular, a eleição do Grão-Mestre sucessor ocorreu no final do segundo trimestre de 1996 e a sua posse no trimestre imediato. Por outro lado, a Casa do Sino, em Cascais, então a sede da Maçonaria Regular Portuguesa, fora arrendada em nome pessoal pelo então Grão-Mestre Fernando Teixeira.

No final do ano de 1996, alguns elementos da GLRP, discordando do Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho, e beneficiando do beneplácito do anterior Grão-Mestre, Fernando Teixeira, ocuparam a Casa do Sino e declararam que consideravam destituído o Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho.

A maioria dos maçons e das Lojas, concordantes ou não com o estilo de Luís Nandin de Carvalho, tendo ou não votado nele na eleição para Grão-Mestre, não acompanhou este pronunciamento, considerando-o violador das regras da Maçonaria Regular (eu permito-me acrescentar: das regras da maçonaria, seja ela Regular ou Liberal...), e, concordando ou discordando de Luís Nandin de Carvalho, tendo ou não votado nele, manifestou o reconhecimento pela sua autoridade de Grão-Mestre da Maçonaria Regular Portuguesa, legítima e regularmente eleito e instalado, e submeteu-se à sua autoridade, rejeitando o pronunciamento.

Os ocupantes e quem os apoiou declararam vago o cargo de Grão-Mestre e vieram a eleger, entre si, outrem a quem passaram a declarar ser o seu Grão-Mestre.

Estava consumada a cisão!

Colocou-se, porém, um problema jurídico: apesar de a maioria dos maçons regulares e das Lojas Regulares se ter mantido sob a autoridade do Grão-Mestre eleito e instalado, devido à falta de sincronismo dos calendários eleitorais civil e maçónico, os dirigentes em funções da associação civil denominada Grande Loja Regular de Portugal eram elementos que tinham apoiado a ocupação da Casa do Sino e se tinham pronunciado pela destituição do Grão-Mestre a que a maioria (concordando ou não com o seu estilo, tendo ou não votado nele) de maçons e de Lojas Regulares manteve a sua lealdade.

Para a maioria dos maçons que se mantiveram fiéis ao Grão-Mestre eleito e instalado, havia duas hipóteses: entabular um longo, desgastante e desprestigiante litígio nos tribunais do Estado sobre quem tinha direito de gerir a associação civil denominada Grande Loja Regular de Portugal ou, pura e simplesmente, não entrar em disputas estéreis e constituir uma outra associação civil que desse o enquadramento institucional civil e legal à Obediência Maçónica Regular que fora posto em crise pelo pronunciamento dos que optaram por rejeitar a autoridade maçónica Regular do Grão-Mestre eleito e instalado.

Optaram por não entrar em dolorosos, desgastantes e inúteis confrontos e criaram a associação civil denominada Grande Loja Legal de Portugal. Esta associação civil passou a enquadrar legalmente a Obediência Maçónica internacionalmente reconhecida, até aí, como Grande Loja Regular de Portugal.

Quer em virtude dessa continuidade, quer pelo peso sentimental do nome que também eles tinham ajudado e habituado a respeitar e a reconhecer, decidiram que a sua designação, enquanto Obediência Maçónica e estritamente nesse âmbito, passaria a ser Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, utilizando comummente a sigla GLLP/GLRP.

É esta a Potência Maçónica Regular que manteve o reconhecimento internacional como tal, seja da UGLE, seja da GLNF, seja das Potências Maçónicas Americanas, seja da generalidade das Potências Maçónicas Regulares de todo o Mundo

Resumindo: existe (creio que existe, admito que existe) a associação civil Grande Loja Regular de Portugal, controlada pelos que, em 1996, se subtraíram à autoridade maçónica do Grão-Mestre então eleito e empossado; existe a associação civil Grande Loja Legal de Portugal, que enquadra a Potência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal em Portugal. Esta, para evitar confusões, passou a usar a denominação Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Nunca, em termos civis ou profanos, desde a cisão de 1996, a entidade que enquadra legalmente a Potência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal em Portugal usou ou usa outra denominação que não a de Grande Loja Legal de Portugal. Consequentemente, nunca usurpou ou usurpa o nome de outra associação.

Em termos estritamente maçónicos, por definição subtraídos e independentes dos poderes do Estado, a Obediência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal passou a designar-se Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, abreviadamente GLLP/GLRP, constituindo o último conjunto de quatro letras a homenagem e a ligação à sua designação original, que teve de alterar em virtude de eventos dolorosos protagonizados por elementos que tomaram opções diversas dos que se mantiveram fiéis ao que entenderam ser o espírito e a prática da Regularidade Maçónica.

A Loja Mestre Affonso Domingues e os seus obreiros orgulhosamente enquadram-se na Grande Loja Legal de Portugal/GLRP e aí seguem o seu caminho na busca do seu aperfeiçoamento.

À Loja Mestre Affonso Domingues e aos seus obreiros nenhuma mossa faz, nenhum incómodo traz, que outros, que fizeram opções diferentes das deles, usem, na organização em que se agrupam, o nome que entenderem. Essa é uma contenda que não temos, que não nos interessa, que não nos motiva e que não nos afecta! O que importa não é a designação que se usa, o que interessa é o trabalho que se faz, o projecto que se segue, o caminho que se trilha!

Desejamos sinceramente que ninguém busque criar conflitos, ou levantar contendas, ou simplesmente expressar azedume a propósito de nomes ou designações. Para esse peditório, repito, não demos, não damos e nunca daremos!

E, se alguém tiver dúvidas, pergunte a quem foi da Loja Mestre Affonso Domingues e teve a opção diferente da maioria da Loja o que, então, todos nós, combinámos! E ficará a saber que, para todos, a maioria que ficou e aqueles que se foram, quem foi da Loja Mestre Affonso Domingues é sempre da Loja Mestre Affonso Domingues, esteja onde esteja, esteja com quem esteja, pense como pensar, opte como optar! Foi, é e será sempre um dos nossos! Que fique esclarecido e que ninguém tenha disso dúvidas!

Portanto, não vale a pena quem quer que seja procurar vir a este blogue relançar pretensas rivalidades. Da nossa parte, não terá quem as sustente. O que nós desejamos é, tão simplesmente, que cada um siga o seu caminho e que seja feliz nele. O que pedimos é, tão só, que não nos venham importunar no nosso caminho. E, se algum dia, os nossos caminhos se voltarem a cruzar e a unir, tanto melhor. A isso eu chamo, também, ser maçon!

Rui Bandeira