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04 junho 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: Entrevista ao candidato Júlio Meirinhos

Os obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues elaboraram dez perguntas destinadas a serem colocadas a ambos os candidatos. Foram enviadas aos candidatos, que a elas responderam sabendo que as questões colocadas eram exatamente iguais para ambos e sem conhecerem as respostas um do outro. Não são, tivemos consciência disso, perguntas fáceis. Mas fizemo-las confiantes em que a grande capacidade dos candidatos se traduziria em boas respostas a perguntas difíceis e, sobretudo, que através delas poderíamos ter uma mais aprofundada noção dos projetos e do pensamento de cada um deles. Publicamos hoje a entrevista do candidato Júlio Meirinhos.

Na próxima semana, publicar-se-ão as respostas do outro candidato.



Qual o papel e significado da Maçonaria Regular no século XXI?

A Maçonaria Regular deve continuar a ser o que sempre tem sido ao longo dos tempos. 
Deve ser um espaço de princípios e valores, de aperfeiçoamento interior, de liberdade e de progresso. 
Um espaço de fraternidade, solidariedade e de aperfeiçoamento de características de liderança em todas as áreas da vida em sociedade.
Num tempo em que voltam a emergir fenómenos populistas e de valores pouco democráticos e em que as condições de vida das pessoas se degradam brutalmente os nossos valores devem estar bem presentes na defesa da liberdade e do progresso.
Onde está um Maçom deve estar a Maçonaria e os seus valores. 
E o mundo, hoje, precisa dos nossos princípios e valores.

Assinalas no teu manifesto a prioridade ao relacionamento com as Obediências dos espaços iberoamericano e lusófono. Como vês o papel da GLLP/GLRP nesses espaços e que políticas de atuação concreta preconizas?

Como tenho dito a melhor opção é manter o rumo e consolidar o trabalho que tem vindo a ser feito ao longo dos anos.
A inovação pouco ponderada ou a rotura com as relações consolidadas traz, inevitavelmente, retrocessos na nossa afirmação internacional.
Assim sendo, procurarei reforçar a nossa aposta estratégica na relação com as principais potências maçónicas, com particular incidência com os países Ibero‐americanos e com os países lusófonos e, em especial, com as potências regulares brasileiras e a Grande Loja de Moçambique assim como com os Triângulos e Lojas a trabalharem no espaço lusófono.
Comigo, terá continuidade a preparação da organização da Conferência Maçónica da CMI, a realizar em Lisboa, em 2015. Também aqui não podemos, face aos compromissos assumidos, dar passos atrás.
Pugnarei, analogamente, pela continuidade das Cimeiras Ibéricas, pelo trabalho ibérico conjunto no espaço ibero-americano e pelo crescente incremento da participação na CMI e na organização que congrega a Maçonaria Regular Lusófona.
No fundo, também aqui consolidarei a nossa participação e afirmação.
É redutora a visão de quem entende que nos devemos fechar sobre nós próprios diminuindo a nossa ação internacional.

Que papel e que intervenção (se é que alguma) preconizas que a GLLP/GLRP exerça na sociedade portuguesa, como e com que instrumentos?

Como já referi vivemos um tempo em que estão a emergir fenómenos populistas e em que as condições de vida das pessoas se degradam brutalmente.
Logo, devemos afirmar os nossos valores na defesa da liberdade e do progresso. 
Afirmá-los na sociedade sem nos abrirmos em excesso mas sem nos fecharmos sobre nós próprios.
Devemos primar, igualmente, pela solidariedade e fraternidade.
E a melhor forma de o fazer é pelo exemplo. 
Um Maçom deve ser exemplar no seu comportamento cívico pois onde está um Maçom está a Maçonaria. E, assim sendo, o nosso comportamento individual continua a ser a nossa melhor intervenção na sociedade.
Coletivamente, devemos afirmar, cada vez mais, na sociedade, os nossos valores e romper com todas as práticas internas que não estejam em consonância com eles.
E, para isso, o melhor instrumento é a nossa ação individual e coletiva.

Como preconizas que se efetue a capitalização, gestão e administração do Fundo de Solidariedade Maçónico?

A capitalização deve ser efetuada por duas vias: uma percentagem dos resultados líquidos existentes a definir, anualmente, no momento da definição da aplicação desses resultados líquidos; e, os donativos recebidos pela GLLP/GLRP.
A gestão deverá ser efetuada em obediência a um Regulamento debatido e aprovado no seio do Conselho de Veneráveis Mestres.
E a sua administração deverá ser efetuada pelo Grão-Mestre que, naturalmente, poderá cooptar quem entender para o auxiliar. 

Como preconizas o lançamento e funcionamento da Academia Maçónica (“Academia de Formação” é pleonasmo...) e qual o prazo que prevês para efetivo início do seu funcionamento?

A nossa Academia já deu os seus primeiros passos. Com José Manuel Anes, José Ruah, entre outros, várias ações já foram concretizadas. E outras foram planeadas e aguardam implementação.
Eu quero consolidar o seu funcionamento descentralizado por todo o país.
Quero, analogamente, implementar o seu funcionamento digital.
Quero, igualmente, aprofundar as suas valências maçónicas e profanas.
Quero, ainda, trabalhar na elaboração da história da Maçonaria Regular portuguesa.
E vou fazê-lo desde logo. Mal seja instalado na Cadeira de Salomão.

Na dinâmica de funcionamento Lojas/Grande Loja privilegias a prevalência da liberdade de atuação das Lojas ou da coordenação da Grande Loja? Na primeira hipótese, como prevines fenómenos de basismo e descoordenação? Na segunda, como prevines excessiva coordenação e autoritarismo? 

Acho esta dicotomia algo redutora.
Eu quero uma governação mais colegial e mais participada em que todos os irmãos sejam, cada vez mais, ouvidos.
Quero uma Grande Loja cada vez mais afirmativa em todos os seus planos mas que não se substitua às Lojas ou que as procure submeter. 
Quero obreiros e Lojas livres pois aí estará a nossa força.
Quero ouvir, sempre, o Conselho de Veneráveis.
Mas quero, naturalmente, que exista articulação na nossa ação coletiva.
Articulação, liberdade, governação participada e colegial é aquilo que preconizo.
Sem basismo, sem autoritarismo e, acima de tudo, sem projetos individuais de Lojas que possam desvirtuar os nossos valores e princípios em prol de promiscuidades e interesses financeiros e/ou de outro tipo.
Aquilo porque já passámos com o envolvimento de uma ou outra Loja em processos pouco claros e que estão a ter tradução judicial é algo a não repetir.
E não se trata, aqui, de autoritarismo.
Trata-se de defender os nossos valores e de não prejudicar a nossa imagem coletiva e individual.

Quais as principais obras/contribuições que fizeste para o desenvolvimento da nossa Augusta Ordem nos últimos 10 anos?

A melhor avaliação deve ser feita pelos meus Irmãos. Mas é bem conhecido que, nestes últimos dez anos, estive sempre à Ordem. 
Estive sempre ao serviço da Maçonaria e do Grão-Mestre em funções. 
Estive sempre presente na minha Loja e em largas dezenas de outras Lojas. 
Ajudei a edificar Templos na minha região, a consagrar novas Lojas, em todo o país, a iniciar novos irmãos e a elevar outros. 
No fundo, participei ativamente no crescimento e consolidação da GLLP/GLRP.
Estive presente na maioria das Assembleias e Grandes Lojas. Representei a nossa organização no estrangeiro.
Desempenhei várias funções no Grão Mestrado e na minha Loja. Desempenhei várias funções nos Altos Graus. Não quero aqui enumerar todas pois seria fastidioso e o meu currículo foi distribuído a todos e pode ser consultado.
Fui, como sempre, um obreiro participativo na edificação coletiva do nosso caminho.
É por isso que me candidato. 
Porque entendo que desenvolvi um percurso nos últimos dez anos que me capacita para gerir a GLLP/GLRP em linha com o que acontece nas grandes potências maçónicas mundiais que primam pela adequada preparação, pela estabilidade e continuidade da gestão das suas lideranças e da sua gestão administrativa e financeira.

Quantos irmãos foram por ti propostos e quantos deles continuam ainda na nossa Augusta Ordem?

Ao longo de toda a minha vida maçónica tive a honra de propor dezenas de irmãos e a grande maioria está connosco. 
Mas a permanência dos obreiros na nossa Augusta Ordem é um tema que merecerá reflexão comigo a Grão-Mestre. É algo a melhorar e temos todos, em conjunto, de encontrar formas de o fazer.

Se fores eleito Grão-Mestre, qual a principal mudança em relação ao que existe que preconizas e qual o principal aspeto que achas deve ser mantido inalterado na GLLP/GLRP?

Pretendo ter uma liderança mais participada e colegial. Quero manter o rumo dos princípios que têm norteado uma boa gestão administrativa e financeira assim como do nosso crescimento e consolidação. Não podemos regredir a uma gestão amadora (ainda que bem intencionada). As nossas responsabilidades e compromissos não o permitem.

Se não fores eleito Grão-Mestre, que papel, atividade e colaboração, nos próximos cinco anos, antevês para ti na GLLP/GLRP?

O mesmo papel que tenho tido desde sempre. 
Estarei sempre à Ordem da Maçonaria e do Grão-Mestre em funções. Estarei sempre presente nas Lojas e junto dos meus irmãos por todo o país e no estrangeiro. Serei sempre mais um a partir pedra.

 Entrevista publicada por
Rui Bandeira

28 maio 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: manifesto do candidato José Manuel Pereira da Silva


Conforme prometido e em cumprimento do princípio da igualdade de tratamento das candidaturas, que livremente assumimos neste blogue, divulga-se hoje o manifesto de candidatura do candidato José Manuel Pereira da Silva, também publicado no sítio na Internet da sua candidatura, de acesso livre, em http://jmpereiradasilva.wordpress.com/.

Carta aos M. Q. I. da GLLP/GLRP em que se explicam as razões duma candidatura ao cargo de Grão Mestre

Vivemos, nestes dias, um período que se espera de profunda reflexão para todos os M:.M:. que reúnem a qualidade para, no dia 21 de junho, decidir sobre qual o seu par a ser investido nas funções de Grão-Mestre da Obediência.

Se falo de reflexão e de decisão individual é porque me recuso a ver, neste processo, uma “campanha eleitoral”, uma “disputa entre candidatos” ou outra qualquer coisa que se assemelhe. Não porque esses processos me sejam estranhos, tantos foram aqueles em que, na minha vida profana, participei e me envolvi com entusiasmo. Porém, não os consigo conceber no interior duma Obediência Maçónica. Por duas razões principais.

A primeira, porque entendo que, ao contrário das organizações profanas, a Maçonaria dispensa individualidades de liderança ou chefia que se afirmem como constitutivos de orientações capazes de mobilizarem um conjunto de seguidores que neles confiem. Entre nós as mais altas funções só podem resultar como emanação duma vontade coletiva. Foi por isso que a minha candidatura não nasceu da minha vontade, mas sim da vontade de várias dezenas de irmãos cuja solicitação de disponibilidade se me impôs como um dever fraterno.

A segunda, assim sendo, porque me repugna a ideia duma disputa entre pessoas que, partilhando os mesmos princípios jurados, se devem dispor à Concórdia e à Fraternidade na mais solene recusa da divergência e do antagonismo.

Candidato-me porque acredito na Maçonaria como um projeto coletivo exemplar que tem no Amor Fraterno uma fonte suficiente de legitimação do serviço que cada um é chamado a prestar.

Todos conhecemos os princípios, apesar da sua origem na antiguidade dos tempos, que fundaram a criação da Maçonaria Universal moderna. A Grande Loja é um garante de que todos partilhamos os mesmos valores, as mesmas regras e o mesmo
respeito pela Tradição com que nos afirmamos como uma via iniciática e com que nos circunscrevemos como Sociedade e Fraternidade num contributo notável ao serviço da Humanidade. Mas, é um garante perante todos e cada um, precisamente porque é dessa necessidade coletiva, tornada consciência, que ela se ergue como realidade necessária e testemunho dum querer e dum crer coletivo.

A Grande Loja é, por isso, uma emanação das Lojas e só estas detêm a soberania que se expressa nas competências do órgão máximo da nossa governação: a Assembleia de Grande Loja. E não existe outra sede de detenção dum poder efetivo. Toda a função executiva se lhe deve submeter e nenhuma autonomia que
não resulte duma clara delegação desse poder deve ser questionada e corrigida. Este é o princípio da constituição do poder entre nós que, justamente, se inscreve na Constituição e no Regulamento Geral em cumprimento dos princípios da Regularidade e da Tradição.

Tal significa que essa constituição dum poder soberano, entre nós, se inicia, propriamente, na eleição de cada VM e se completa com a eleição do Grão-Mestre. Confundir o vértice com a própria pirâmide é um erro, deliberado ou inconsciente, próprio dos que sonham com a formação de nomenklaturas que se pretendem legitimadas para o exercício dum poder que tenho dificuldade em descortinar qual possa ser, mas que não deixa de ter um impacto negativo ao criar a desagradável sensação de que as Lojas devem servir a GL e as decisões que nela se tomem mesmo que ao arrepio da sua vontade. Esta lógica inversa é negativa e cria divisões
internas, por um lado, e um progressivo alheamento da participação coletiva.

Candidato-me porque acredito que a soberania das Lojas deve tornar-se efetiva para que possamos prosseguir o nosso trabalho e irradiar com força e vigor.

Chegam-me ecos dum desconforto crescente entre os Irmãos que manifestam sentir que, entre nós, tem crescido aquilo que podemos identificar como aquela tendência de alguns que se sentem, particularmente, “iluminados” e “talhados” para o exercício de cargos e funções, ou que veem no exercício do grande oficialato uma forma de promoção e ascensão hierárquica. Como se isso pudesse ter algum sentido entre nós e como se esse exercício não seja, ainda, apenas a manifestação daquela disponibilidade que a humildade fraterna reclama para o serviço de todos. Não deixo, contudo, de reconhecer a existência de Irmãos que, por refletirem essas mesmas qualidades de disponibilidade e humildade, desenvolvidas num intenso e assíduo trabalho nas suas Lojas e pela exemplar sabedoria revelada na sua execução ritual se revelam como figuras incontornáveis e como uma mais-valia cerimonial e espiritual, constituindo um exemplo que se deve acentuar e manter.

Mas estes são já sinais dum “desvio” de que todos somos responsáveis na medida em que para ele todos temos contribuído. É, por isso, muito importante a criação dum espaço de reflexão coletiva em que possamos questionar-nos sobre a natureza e a finalidade contemporânea da Maçonaria. Considero-o como um grande, necessário e urgente debate, capaz de nos motivar e unir para os grandes desafios do futuro. Não basta reclamarmo-nos da Tradição, de nos constituirmos como uma via iniciática e simbólica se a essa reivindicação não pudermos atribuir uma significação e um sentido que ilumine a nossa pertença e a nossa escolha dum caminho que, só podendo ser transformante de cada um para se instituir como contributo universal, deve continuar a ser vivido como uma das mais surpreendentes e belas construções dos homens “livres e de bons costumes”: a Maçonaria. Porque se não clarificarmos e aprofundarmos, coletivamente, esse significado e esse sentido continuaremos a deixar que se instalem, entre nós os mal-entendidos e os epifenómenos que nos prejudicam e nos dificultam o trabalho que, iniciado no Templo, devemos continuar no mundo profano. E como esse mundo precisa hoje de nós e do nosso trabalho!

Candidato-me porque acredito que todos nos podemos reconhecer em todos, sem exceção, dando conteúdo a essa ideia primordial de que nos constituímos como Fraternidade.

Sei que os compromissos assumidos pela Grande Loja exigem uma gestão rigorosa e difícil. No entanto, sinto-me perfeitamente preparado para o exercício da função de Grão-Mestre e para enfrentar com o maior rigor essas dificuldades. Estive durante mais de uma década envolvido nessa gestão e em tempos que não foram, por certo, mais fáceis. Mas esse é um aspecto menor, quando sabemos que existem na Obediência tantos Irmãos que, em termos de preparação e qualificação nas áreas da gestão e da administração, organizacional e financeira, se situam em
patamares de excelência e cujo apoio me foi fraternamente manifestado. Será, por isso, garantida uma gestão que assegure o cumprimento dos compromissos adquiridos e que adeque o orçamento aos tempos difíceis que vivemos, limitando as despesas ao essencial, com rigor e frugalidade. Não sendo rico, tenho a vantagem de compreender a dificuldade sentida por tantos Irmãos no cumprimento das suas responsabilidades e a razão, pela qual, têm diminuído os troncos nas nossas Lojas.

Nesse sentido deveremos ser particularmente rigorosos na organização de eventos e iniciativas, garantindo que a participação de todos se possa fazer sem qualquer sacrifício material. Considero a ideia de que a iniciação é acessível apenas a uma
“elite económica” é antimaçónica e compromete, gravemente, o nosso futuro e a irradiação da Ordem. E sendo essa irradiação um dos nossos deveres constitucionais devemos pugnar para que se nos possam juntar todos os que, considerados como “livres e de bons costumes”, o queiram fazer, independentemente do seu estatuto económico e social.

Temos, por isso, que cuidar de um orçamento que se sustente na realidade suportável pelas Lojas, num período em que a crise económica se abate sobre a generalidade dos Irmãos e muitos havendo a passar por grandes dificuldades financeiras, que deverão ser objeto da nossa mais alta atenção e solidariedade.

Nesse sentido defendo que um plano anual de atividades deve basear-se na capacidade e na iniciativa das Lojas a que a GL se deve associar, promovendo-as, divulgando-as e se necessário coordenando-as. Todas as iniciativas da GL, que tenham impacto orçamental acrescido face aos compromissos atuais devem ser objeto de parecer prévio do Conselho de Veneráveis e de aprovação da Assembleia.

Candidato-me porque acredito que a nossa energia coletiva é suficiente para a resolução de qualquer problema que tenhamos que enfrentar.

A Obediência tem visto crescer o número de Lojas, sobretudo no último ano. Considerando esse crescimento como um fator positivo em si, não deixo de recear que ele possa pôr em causa o normal funcionamento de muitas Lojas, tantas são as que têm que recorrer à fraterna solidariedade e disponibilidade dos seus Mestres Auxiliares para poderem funcionar com o quórum ritual.

Defendo que o crescimento do número de Lojas deve, por isso, resultar do crescimento do efetivo de obreiros e que esse crescimento deve constituir um desafio mobilizador para os próximos anos. Mas não a todo o custo porque, infelizmente, todos sabem como a ausência de cuidado em algumas admissões se transformou num prejuízo sentido internamente e percebido no exterior.

Por outro lado, o bom trabalho das Lojas pode e deve ser aprofundado com ações de formação simbólica e ritual bem como a criação de condições para que a investigação maçónica se faça, entre nós, de forma estruturada e rigorosa. A Academia de Formação Maçónica pode e deve assumir este processo, recorrendo aos Irmãos que, tendo a necessária preparação científica, possam orientar e formar, metodologicamente, todos aqueles que mostrarem essa disponibilidade e gosto pelo estudo e pela investigação: a construção de uma atividade de investigação em teoria e história da Maçonaria, de uma verdadeira maçonologia, seria um notável contributo da GLLP/GLRP para a cultura maçónica universal. Temos obreiros com capacidade e vontade para isso. Garantir condições de trabalho e de divulgação está ao alcance da GL e deve ser tomada como uma prioridade. Tanto mais quanto esta é, exatamente, o tipo de atividade que nos pode prestigiar externamente e contribuir para a irradiação da Ordem. As tecnologias de informação e comunicação permitem-nos, hoje, ter recursos poderosos ao serviço desses desígnios com elevada eficiência.

Também como prioridade e urgência deve ser tomado o inventário do acervo documental e testemunhal que permita a consolidação da nossa memória histórica.

Candidato-me porque acredito que, crescendo com qualidade e esclarecimento, cumprimos a nossa obrigação de via transformante, numa resposta às necessidades espirituais duma sociedade em progressiva erosão ética.

A Grande Loja está hoje comprometida, e bem, com a criação de laços de cooperação e desenvolvimento da maçonaria regular nos espaços lusófono e ibero-americano. Estaremos mesmo comprometidos com a organização, em 2015, com um grande evento como a Conferência Maçónica Interamericana. Devemos honrar os nossos compromissos e cumpri-los de forma a consolidar o nosso prestígio. Mas temos que ser realistas quanto à nossa participação e envolvimento na organização de eventos que impliquem custos que se traduzam em dificuldades orçamentais. Tenho consciência das dificuldades das Lojas e, por isso, defendo que, para além dos compromissos já assumidos, todas as iniciativas futuras devem resultar duma decisão e implicação coletiva e só depois de submetidas a parecer favorável do Conselho de Veneráveis. Penso que é numa agenda interna que devemos, para já, concentrar a nossa atenção e energia, sem prejuízo de todas as iniciativas que, a baixo custo ou sem ele, sempre podemos ir desenvolvendo no plano externo, sobretudo no  plano da lusofonia e ibérico.

Candidato-me porque considero como prioritária a consolidação dos aspetos
internos, sobretudo os orçamentais, e que só resolvidos esses podemos ter a
pretensão, no plano maçónico, duma afirmação externa.

Meus Queridos Irmãos

Estas são as principais ideias que quero partilhar convosco e com as quais justifico a minha disponibilidade para, em nome das largas dezenas de Irmãos que fraternalmente mo “exigiram”, me apresentar como candidato à função de Grão-Mestre da GLLP/GLRP. Uma função para a qual, reafirmo, me sinto preparado por
um passado de entrega ao serviço da Obediência, incluindo a sua fundação.

Não vos apresento um programa porque isso, para mim, não tem qualquer significado numa organização maçónica. Não porque sobre isso não tenha ideias concretas mas, apenas, porque entendo que o “programa” da GL só pode ser aquele que as Lojas, na sua inalienável soberania, decidirem e construírem. A Grande Loja e o seu Grão-Mestre são apenas o garante da nossa Regularidade, ou
seja, do escrupuloso cumprimento da Constituição e do Regulamento Geral que decidimos adotar de acordo com a Tradição, os Usos e os Costumes da Maçonaria Universal.

Sinto-me feliz e realizado com o trabalho maçónico que desenvolvo, assiduamente desde sempre, na minha querida Loja Amor e Justiça.

Mas um Mestre tem que estar à Ordem e servir onde os Irmãos entendam que ele deve servir. Se tiver que ser, por vossa vontade, como Grão-Mestre, que assim seja com a ajuda do G:.A:.D:.U:.

José Manuel Pereira da Silva


Publicado por Rui Bandeira

21 maio 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: manifesto do candidato Júlio Meirinhos


Numa eleição personalizada, como é a eleição para Grão-Mestre, as pessoas dos candidatos são obviamente o mais importante. Mas os respetivos propósitos e projetos também são, claramente, relevantes para uma escolha consciente. Ambos os candidatos, naturalmente, divulgaram documentos com as respetivas propostas. Embora de interesse fundamentalmente para o universo dos eleitores, os Mestres Maçons da GLLP/GLRP, não existe qualquer inconveniente na sua acessibilidade aos interessados em geral. Aliás, isso mesmo entendeu o candidato Júlio Meirinhos, que o publicou no sítio na Internet da sua candidatura, de acesso livre em http://www.juliomeirinhos.pt

Publica-se hoje aqui, na íntegra, o manifesto apresentado por Júlio Meirinhos. Na próxima semana idêntico procedimento se fará em relação ao manifesto do outro candidato.


Meus Irmãos,
Em todos os vossos Graus e Qualidades
,

Consciente do meu papel enquanto maçom, dos meus deveres, do desejo de contribuir para uma Maçonaria mais atuante, optei por candidatar-me à função de Grão-Mestre, no intuito de servir, trabalhar, ao serviço da nossa Causa.

Assim e também em resposta aos inúmeros apelos que recebi de Irmãos de todo o país e de Lojas extra territoriais, decidi candidatar-me ao cargo de Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Apresento-me, aos meus Irmãos, como sempre estive na nossa Augusta Ordem em todas as funções que desempenhei, tendo por base os valores da solidariedade e fraternidade.

Sempre à Ordem!

Com uma permanente e total disponibilidade para servir a nossa organização, em todas as circunstâncias em que seja importante representá-la, a bem da Maçonaria Regular, da que fala português e da Maçonaria universal.

Apresento-me em nome do modelo de governação da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP que privilegia a boa relação com todas as potências maçónicas regulares mundiais que primam pela preparação, estabilidade e continuidade das suas lideranças, a bem da regularidade maçónica, designadamente a concertação das Obediências europeias e as de língua portuguesa.

Apresento-me ao serviço de uma estratégia a longo prazo, o único registo que, em Maçonaria, faz sentido.

Apresento-me com a convicção de poder vir a ser o garante da unidade, da pluralidade e da diversidade.

Apresento-me no entendimento de ser capaz de continuar o nosso crescimento qualitativo, quantitativo e territorial assim como de pugnar pela integração, no nosso seio, de maçons oriundos de outras obediências e de todos os ritos regulares.

Apresento-me na convicção de poder contribuir para reforçar a credibilidade internacional da nossa Obediência.

Apresento-me com o intuito de ser capaz de dar continuidade a tudo aquilo que de bom foi feito, e é muito, e de melhorar tudo aquilo em que podemos evoluir, aberto às sugestões de todos, integrando os sentimentos coletivos.

Meus Irmãos,
Em todos os vossos Graus e Qualidades
,

Para o efeito, quero assumir alguns compromissos. Só assim sei estar na vida e, logo, na nossa organização.

Comigo, há lugar para todos os que trabalham a bem da Ordem, valorizando as propostas e atitudes que servem a sua Loja ou a nossa Obediência, atentos ao impacto negativo de eventuais manipulações ou desvios.

Regularidade

As nossas regras são imutáveis. E o seu cumprimento é o primeiro dever de um Maçom.

Logo, por maioria de razão, um Grão-Mestre deve cumprir e fazer cumprir a estrita observância da Regularidade Maçónica, dos Landmarks, da Constituição, dos Regulamentos, dos Rituais e dos nossos valores.

Infelizmente, alguns Irmãos, por vezes, esquecem-se desse dever. Individualmente ou em projetos que, de maçónicos, pouco têm; e que prejudicam a nossa imagem.
Em conjunto, teremos de saber preservar os nossos valores e erradicar, do nosso seio, comportamentos que nos afetaram negativamente no passado e lesam no presente.

Respeitarei, naturalmente, todos os Ritos Maçónicos que são praticados na Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Harmonia

Defenderei intransigentemente a Harmonia, a Paz e a Concórdia no seio da nossa Augusta Ordem. Não admitirei, no nosso seio, comportamentos que violem esses valores.

Quero estabelecer com os Altos Graus uma parceria e um diálogo permanente de aprofundamento do nosso trabalho conjunto.

Quero contar com o contributo dos Past Grão-Mestres para o nosso trabalho maçónico.

Governação Participada e Colegial

A governação da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é, cada vez mais, delicada e complexa em termos administrativos e financeiros, em razão do seu enorme crescimento, qualitativo e quantitativo, dos compromissos financeiros existentes e de tudo o que a sua gestão já implica.

Não podemos regredir ao amadorismo e temos, ao invés, de aprofundar a eficiência do seu modelo de gestão e governação.

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é uma Obediência. E não deve ser confundida, na sua prática interna, com organizações de qualquer outro tipo. O Grão-Mestre tem os poderes constantes da sua Constituição e Regulamentos.

Quero uma governação participada. É esse o modelo que vou implementar.

Quero uma Grande Loja complementar ao trabalho das Lojas.

Quero ouvir os meus Irmãos em todos os seus Graus e Qualidades.

Quero reunir o Conselho de Veneráveis.

Quero instalações de Veneráveis, participadas e descentralizadas, em que estarei disponível para acordar a forma de o fazer.

Quero uma gestão administrativa e financeira cada vez mais eficiente.

Relações Institucionais

A nível nacional, assumo o compromisso de manter um relacionamento sadio com as autoridades civis e religiosas.

A nível local e regional, procurarei, em articulação com os Veneráveis Mestres e colhendo previamente a sua opinião, no estrito respeito da autonomia de cada Loja, estimular o relacionamento com os diferentes poderes religiosos e civis.

Sede e Templos

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é hoje a grande potência maçónica portuguesa.

Está implantada em todo o território continental e possui inúmeras Lojas nas Regiões Autónomas e no estrangeiro. Cresceu em qualidade e quantidade. É a maçonaria regular portuguesa.

A sua Sede Nacional e os seus Templos devem ser, nos próximos anos, adequados a este crescimento qualitativo e quantitativo.

A aquisição de uma nova sede para a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, na capital do país, em Telheiras, foi um marco para a nossa organização. Vamos melhorar as suas funcionalidades e utilização.

Similarmente, vamos consolidar a nossa presença, com templos, em todo o país. O Porto é uma prioridade, mas vamos lutar para que todos os distritos tenham espaços condignos e bem localizados.

Esta área será uma das minhas prioridades. A excelente gestão financeira que temos tido, que não vai sofrer desvios, permite afirmar este objetivo.

Relações Internacionais

Nas relações internacionais, tal como na maçonaria em geral, a opção é a de manter o rumo e consolidar o trabalho que tem vindo a ser feito ao longo dos anos.
A nossa aposta estratégica assenta na relação com as maçonarias regulares dos países de língua portuguesa em paralelo com a manutenção da ligação ao eixo Atlântico, valorizando o nosso posicionamento de centralidade entre a Europa, a América e a África.

Assim sendo, procurarei reforçar a relação com as principais potências maçónicas, com particular incidência com os países Ibero‐americanos e com os países lusófonos e, em especial, com as potências regulares brasileiras e a Grande Loja de Moçambique assim como com os Triângulos e Lojas a trabalharem no espaço lusófono.

Daremos uma particular importância à organização da Conferência Maçónica Interamericana CMI, a realizar em Lisboa, em 2015, que, à luz do que fizemos em 1996, Reunião Mundial de Grão-Mestres, será um momento de consolidação da nossa Grande Loja. Paralelamente, iremos igualmente organizar a Reunião Internacional dos Grandes Secretários e a Reunião da Confederação Maçónica de Língua Portuguesa, dando assim continuidade a todo o trabalho já efetuado, assumindo de novo a responsabilidade de coordenação e realização de todos estes grandes eventos.

Reforçarei a continuidade das Cimeiras Ibéricas, pelo crescente incremento da participação na CMI e na organização que congrega a Maçonaria Regular Lusófona.

Consolidação da nossa Grande Loja

Darei continuidade a tudo aquilo que reputo de bom e considero bem feito e estarei disponível para integrar e implementar todas as sugestões de melhoria ou de evolução.

A consolidação da nossa Augusta Ordem, em múltiplas vertentes e áreas, continuará a ser o grande desígnio do meu mandato.

Quero apoiar as apostas das Lojas, em prol da filantropia e do apoio aos Maçons, designadamente através da continuidade dos trabalhos em curso, na criação de um seguro de saúde, no apoio aos mais idosos, na promoção de bolsas de estudo, na preparação de programas de estágios e na instituição de ações de solidariedade social.

Quero reforçar a capitalização do nosso Fundo de Solidariedade.

Quero valorizar, ainda mais, a nossa imagem social e solidária bem como os nossos laços de amizade e fraternidade através do incentivo e apoio às iniciativas das Lojas que potenciem esses desígnios e envolvam as nossas famílias.

Vou incentivar a nossa implantação em todo o território nacional. Vou continuar a promover o crescimento de Obreiros e de Lojas.

Quero facilitar a adoção do uso das tecnologias informação e comunicação e a utilização do nosso site enquanto principal instrumento de comunicação da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Quero criar uma revista maçónica digital.

Quero consolidar o funcionamento descentralizado e digital da Academia de Formação aprofundando as suas valências maçónicas e profanas.

Quero trabalhar na elaboração da história da Maçonaria Regular portuguesa.
Meus Irmãos,
Em todos os vossos Graus e Qualidades
,

Estes meus compromissos pressupõem uma atenção constante às iniciativas de tudo aquilo que possamos desenvolver em conjunto. Daí que esteja interessado em enriquecer a minha atuação de Grão‐Mestre, integrando as ideias deste manifesto de candidatura com as vossas sugestões, críticas e propostas.

Só passaremos nas pontes que construirmos.

Estou ao vosso dispor, ao serviço da Maçonaria Regular e da Maçonaria Universal.
A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é e será aquilo que, unidos, construirmos. Em congruência, o nosso lema é:

Continuar, cumprindo os Princípios, a consolidar a edificação da nossa Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Júlio Meirinhos


Publicado por Rui Bandeira

14 maio 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: o currículo do candidato José Manuel Pereira da Silva

Tendo na semana passada publicado o currículo de um dos candidatos a Grão-Mestre da GLLP/GLRP, publica-se esta semana o currículo do outro candidato.

Nas próximas semanas, publicarei sucessivamente os manifestos de ambos os candidatos e procurarei obter deles respostas a um questionário (igual para ambos), de forma a permitir que melhor se ajuíze sobre as propostas de cada um. A ordem de publicação dos currículos, manifestos e entrevistas é a da entrada na Grande Secretaria da respetiva candidatura.

José Manuel Pereira da Silva


Currículo maçónico

Co-Fundador da Maçonaria Regular em Portugal, foi iniciado no GOL em 1980, tendo participado na cisão que conduziu à criação, em 1991, da Maçonaria Regular em Portugal.

Principais cargos desempenhados ao serviço da GL:
  • 1º Grande Vigilante
  • Assistente de Grão Mestre
  • 1º Vice Grão Mestre 
  • Grão Mestre Interino
  • Past V:.M:. das R:.L:. Jean Mons e Barbosa du Bocage
  • Fundador do GPIL (Grande Priorado Independente da Lusitânia ), CBCS (Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa) e Cav:. de Malta do RER
  • Grau 33 do REAA (Supremo Conselho para Portugal)
  • Grau 33 do R:. Adonhiromita (Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para Portugal)
  • Grande Oficial Instalador da Grande Loja de Marrocos
  • Representante da G:. L:. da Florida (USA).
DISTINÇÕES MAÇÓNICAS:
  • Ordem Honorífica Gomes Freire de Andrade
  • Grão Mestre de Honra
  • Grande Oficial (ad vitam)
  • Participante como palestrante e conferencista sobre temas maçónicos e simbólicos em inúmeras iniciativas da GLLP, a convite de RR:.LL:. ou de entidades profanas.
Currículo profano

Habilitações Académicas:
  • Licenciatura em Arquitectura, pela ESBAL, com classificação final de 15 val., em 18.07.1980
  • Curso de Economia e Tecnologia da Construção, com Distinção, I.S.T./FSE, 1989
  • Curso de Condicionamento de Edificios - CENFIC 1990 
  • Curso de Reabilitação de Edificios - CENFIC 1990 
  • Curso de Gestão da Qualidade - CEQUAL 1993 
  • Curso de Mestrado em Construção, do Instituto Superior Técnico, (Tecnologia e Economia da Construção e Reabilitação), 1991/1993.
  • Doutorado em Ciências da Educação – Universidade de Huelva, Espanha
Certificação Profissional:
  • Membro da Ordem dos Arquitectos Portugueses (nº 1626)
Docência:
  • Professor Efectivo da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, Caldas da Rainha, 3º Grupo (Construções Civis), atual GR 530.
  • Professor equiparado a Adjunto da ESAD (Escola Superior de Arte e Design), Caldas da Rainha, em 93/94 e 94/95.
  • Monitor em vários cursos de Formação Profissional (FSE).
  • Formador certificado pelo IEFP, leccionando desde 2003 a disciplina de Tecnologia da construção dos Cursos de Formação Profissional em Mediação Imobiliária, em acções reconhecidas pelo IMOPPI, no CEFORCAL em Caldas da Rainha.
  • Formador certificado pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua, no âmbito da formação de professores.

Publicado por Rui Bandeira

07 maio 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: o currículo do candidato Júlio Meirinhos

Como em toda as eleições, também em Maçonaria as pessoas são importantes nas escolhas. Pessoalmente, penso que o mais importante... Projetos, ideias, propósitos são seguramente importantes, mas são as pessoas que executam ou não os projetos, que tornam ou não realidade as ideias, que cumprem ou não os propósitos.

Na GLLP/GLRP, procuramos que as nossas escolhas sejam tão informadas e esclarecidas quanto possível. Por isso, as candidaturas são instruídas com currículos dos candidatos, resumindo a sua atividade, quer maçónica, quer na sua vida profana.

Os dois candidatos a Grão-Mestre forneceram os seus currículos, maçónicos e profanos. Publica-se hoje o currículo de um dos candidatos. O currículo do outro será publicado na próxima semana.

Júlio Meirinhos 


Currículo maçónico

Iniciado na R:.L:. Porto do Graal, n.º 2 em 1992
Ininterruptamente em funções desde então
Atualmente Vice Grão-Mestre.

Funções e cargos desempenhados na Grande Loja Legal de
Portugal/GLRP:
  • Venerável Mestre da R:. L:. Luz do Norte, nº21
  • Venerável Mestre Fundador da R:. L:. Rigor, nº 57
  • Assistente de vários M:.R:. Grão‐Mestres 
  • Vice Grão‐Mestre de vários M:.R:. Grão-Mestres
  • Grande Representante da Grande Loja de Mestres Maçons de Marca de França
  • Grande Representante da Grande Loja da Holanda
  • Membro honorário de diversas Lojas Nacionais e Estrangeiras.
Condecorações:
  • Grande Oficial da Ordem General Gomes Freire de Andrade
  • Grã‐Cruz da Ordem General Gomes Freire de Andrade.
Funções e cargos desempenhados nas estruturas de Altos Graus:
  • Sumo‐Sacerdote do Capítulo nº 6, Mosteiro Castro de Avelãs
  • Ilustre Mestre do Conselho nº 3, S. Bartolomeu
  • Eminente Comendador da Comenda nº 3, Cristóvão Colombo
  • Presidente da Ordem da Rosa
  • Membro da Ordem dos Sumo‐Sacerdotes Ungidos e Consagrados
  • Membro da Ordem da Trolha
  • Grande Sumo‐Sacerdote do Supremo Grande Capítulo do Arco Real de Portugal
  • Grão-Mestre do Grande Conselho de Mestres Reais e Escolhidos de Portugal
  • Generalíssimo da Grande Comenda de Cavaleiros Templários de Portugal
  • Grau 32º do Supremo Conselho para Portugal dos Soberanos Grandes Inspectores Gerais do 33º e último grau do Rito Escocês Antigo e Aceite
  • Patriarca Inspector Geral do 33º e último grau do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para Portugal.
Currículo profano

59 Anos
Casado, 2 filhas e 2 netas
Reformado, com residência em Miranda do Douro e em Lisboa, onde tem 1 filha e 2 netas.
  • Licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra
  • Advogado
  • Presidente de Câmara durante 4 mandatos
  • Deputado em duas legislaturas
  • Coordenador da Comissão Parlamentar de Ética.
  • Membro da Comissão Parlamentar de Defesa
  • Secretário‐Geral e Notário privativo do Leal Senado de Macau
  • Juiz Presidente do Tribunal Administrativo e Contas de Macau
  • Membro fundador e dirigente do Instituto Jurídico de Macau
  • Docente da Faculdade de Direito de Macau
  • Membro da Academia da “Língua Asturiana” Oviedo‐Espanha
  • Auditor de Defesa Nacional
  • Presidente do Agrupamento de Municípios da Terra Fria Transmontana
  • Administrador da Associação de Municípios de Trás‐os‐Montes e Alto Douro
  • Coordenador do PROCOA‐ Programa de Desenvolvimento Integrado do Vale do Côa
  • Membro do Comité das Regiões em Bruxelas
  • Presidente do Conselho da Região da Comissão de Coordenação da Região Norte
  • Governador Civil de Bragança 
  • Presidente da Assembleia para a criação da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Bragança
  • Presidente de diversas associações (Associação Ibérica de Municípios Ribeirinhos do Douro, Associação Ibérica Antinuclear)
  • Dirigente e membro fundador da Associação Nacional de Municípios Portugueses
  • Presidente da Região de Turismo do Nordeste Transmontano
  • Vice‐Presidente da ANRET (Associação Nacional das Regiões de Turismo
  • Vice‐Presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal.
Condecorações:
  • Cidadão honorário do Município de Miranda do Douro ‐ Grau Ouro.
  • Agraciado pelo Estado Português com o grau de Comendador da Ordem Nacional do Infante D. Henrique.
  • Eleito o «Melhor Autarca do ano de 1986» ‐ Prémio telex de prata‐ANOP.

Publicado por Rui Bandeira

30 abril 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: os candidatos


A eleição do Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP para o mandato que decorre entre 2014 e 2016 está marcada para o dia do solstício de verão, 21 de junho.

Findo o período de apresentação de candidaturas, apresentaram-se ao escrutínio dois valorosos obreiros, os Irmãos Júlio Meirinhos, Vice Grão-Mestre em funções, e José Manuel Pereira da Silva.  

Num processo eleitoral que decorre de forma tranquila, duas coisas se podem já tomar como certas. 

A primeira é que o próximo Grão-Mestre da GLLP/GLRP será um maçom de alto gabarito, merecedor da confiança de todos os obreiros, qualquer que seja a opção de voto que venham a manifestar. Com efeito, ambos os candidatos dão garantias de competência e capacidade e a Grande Loja ficará bem servida com qualquer deles. É sempre motivo de agrado quando a escolha que se perfila é entre dois elementos capazes, é uma escolha entre dois bons elementos. Obviamente que será necessário escolher, optar, e que, no final, um deles será eleito e o outro não. Mas o que não for eleito certamente ficará a disposição para dar a colaboração que lhe seja pedida e quiçá noutra oportunidade venha a ser escolhido para a função da direção cimeira da Grande Loja. 

A segunda é que o próximo líder máximo da Grande Loja não terá residência principal na zona de Lisboa: Júlio Meirinhos tem a sua residência principal em Bragança (embora tenha uma residência secundária em Lisboa) e Pereira da Silva nas Caldas da Rainha. É algo que, num país com a dimensão e a facilidade de comunicações do nosso, não trará qualquer inconveniente e que permite a comprovação de que são inúteis, aqui como noutras instituições, bacocos regionalismos ou ultrapassados centralismos. As funções devem ser preenchidas pelos que. em cada momento, mais bem capacitados estejam para as exercer, independentemente do ponto do país onde residam.

A Loja Mestre Affonso Domingues convidou os dois candidatos para, pessoalmente ou através de seus representantes, nos darem a satisfação da sua visita numa das próximas sessões da Loja, antes da eleição, para melhor se darem a conhecer, a eles próprios e aos respetivos projetos, para o mandato que se propõem exercer. 

A ambos os candidatos, a Loja Mestre Affonso Domingues formula votos de felicidades e manifesta a sua confiança em que ambos serão iguais a eles próprios no decorrer do período de esclarecimento que decorre até ao dia da eleição.

A  ambos os candidatos a Loja Mestre Affonso Domingues expressa o seu desejo de bem os receber, atentamente os ouvir, fraternalmente os questionar, aplicadamente garantir, como habitualmente, as condições para que todos os seus obreiros e os Irmãos que nos derem o prazer da sua visita se possam esclarecer, num ambiente de fraternidade.

Pessoalmente, ambos os candidatos sabem que por ambos nutro grande consideração e com ambos mantive, mantenho e manterei as melhores relações. Como os demais, efetuarei a minha escolha e só um deles poderá ser escolhido. Mas desde já deixo bem claro que, para mim, a escolha não é de um contra o outro, antes de um agora e porventura o outro depois.  

Ao Júlio e ao José Manuel aqui deixo, a cada um, um triplo e fraternal abraço. Estou certo que aquele que, no final do presente processo eleitoral, vencer exercerá condignamente o ofício de Grão-Mestre e o que não vencer dará a melhor colaboração fraterna ao outro e à GLLP/GLRP.

Rui Bandeira

07 julho 2010

Retomando o curso...


O capítulo "comemoração dos 20 anos da Loja Mestre Affonso Domingues" está quase encerrado. O livro Loja Mestre Affonso Domingues - 20 anos de História foi lançado (muito obrigado aos muitos amigos que estiveram presentes) e está agora em curso de comercialização normal, ao preço de capa de 14 Euros. Quem ainda não adquiriu o livro, pode fazê-lo através do sítio http://esquadroecompasso.com (acedendo ao sítio, clicar em livros; ou, em "procurar produto", colocar "Mestre Affonso Domingues" ou "20 anos de história", ou ainda simplesmente "RLMAD01"), encomendando-o, ou diretamente no "showroom" da "Esquadro e Compasso", situado na Rua do Patrocínio, n.º 19 B, Lisboa (horário de abertura: 14,30-18,30 horas, de 3.ª a sábado). Pode ainda encomendar através do endereço de correio eletrónico mestreaffonsodomingues@gmail.com.

A sessão e o jantar comemorativo do 20.º aniversário da Loja ocorrerão no próximo sábado, dia 10 de julho.

E pronto! Basta de recordar o passado! Retome-se o regular curso de viver o presente e preparar o futuro!

Este blogue vai assim retomar o seu curso normal. Nas próximas semanas, tenciono responder a algumas questões colocadas pelo Diogo, na sequência de uma sua pergunta e uma resposta minha. Para que quem nos segue possa localizar-se, transcrevo aqui as pergunta e resposta iniciais:

Pergunta: Pode-me explicar uma coisa? Porque é que o olho que tudo vê – símbolo maçónico – aparece nas notas de dólar?

Resposta: Como deverá saber, grande parte dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América foram maçons, designadamente George Washington, que foi Grão-Mestre da Grande Loja do seu Estado e cuja efígie figura na nota de 1 dólar, aquela em que, no verso, está o "olho que tudo vê". Por outro lado, o "olho que tudo vê" é também uma conhecida representação do Criador. E, se reparar, no mesmo lado da nota de dólar onde está essa imagem, está a divisa "In God we trust", divisa adotada pelos USA. Quer pelo significado simbólico religioso, quer pelo significado simbólico maçónico, os criadores da nota de dólar decidiram colocar lá o símbolo. O que demonstra ainda uma outra coisa: nos EUA, a Maçonaria Americana é CRENTE e uma interventora social conhecida e reconhecida, daí que por lá uma coisa como esta seja encarada como natural - e é-o. Essa é uma das razões porque entendo que a Maçonaria Europeia do século XXI, particularmente a Maçonaria Regular Portuguesa deve rejeitar a fama e o (mau) proveito de secretismo, divulgando o que faz, porque faz, como faz e dizendo abertamente o pouco que reserva para si, e porquê - como nós procuramos fazer aqui no A Partir Pedra.

A propósito desta resposta, uma pequena correção: não consegui confirmar que George Washington tenha sido efetivamente eleito Grão-Mestre da Grande Loja da Virgínia (a colónia e, depois, o Estado americano onde residia). Conforme verifiquei na página da História dessa Grande Loja, aquando das diligências para a sua criação, foi sugerido para seu primeiro Grão-Mestre George Washington, mas declinou o convite, em virtude das suas obrigações como Comandante na Guerra da Independência dos Estados Unidos (cfr. aqui) e o primeiro Grão-Mestre da Grande Loja da Virgínia veio a ser, em 1778, John Blair Jr..

George Washington veio, no entanto, a exercer funções de "acting Grand Master" (Grão-Mestre em exercício), isto é, a exercer ritualmente a função de Grão.Mestre em determinada cerimónia, em substituição do Grão-Mestre de ofício, designadamente na cerimónia da Colocação da Primeira Pedra do Capitólio, em 18 de setembro de 1793, cerimónia de que existe o conhecido quadro que se reproduz acima.

Rui Bandeira

30 junho 2008

Solsticio de Verão - Aniversário



Decorreu no passado Sábado a sessão de Grande Loja correspondente ao Solsticio de Verão e consequentemente o aniversário da constituição da Grande Loja.

E vão 17 anos desde a consagração pela Grande Loge Nationale Française, e vão dias bons e dias maus e outros assim assim.

O de sábado foi dia bom. Sala absolutamente cheia estando cerca de 250 Irmãos presentes.

A GLLP/GLRP foi honrada com a presença de várias potências estrangeiras a saber:

Moldova, Marrocos, Roménia, Itália, França, Espanha, Brasil e a mais importante de todas a Inglaterra. A Grande Loja Unida de Inglaterra fez-se representar pelo seu Pró Grão Mestre o Marquês de Northampton, 2ª figura da hierarquia da UGLE.

A sessão decorreu ligeira e rapidamente, sendo respeitados todos os procedimentos e protocolos.

Mas a melhor noticia foi que o Grão Mestre da GLLP/GLRP o Muito Respeitável Irmão Mário Martin Guia se apresentou de saúde e com toda a sua força e jovialidade, já recuperado das maleitas que lhe atormentaram a saúde nos primeiros meses deste ano.

O Jantar decorreu em ambiente agradável (segundo me disseram que eu não pude estar presente pois obrigações familiares mais importantes assim o determinaram) e de grande fraternidade.

Evidentemente que, e como sempre, a prestimosa colaboração da Milu e da Sandra foi de importância vital para que a logística do evento decorresse sem sobressaltos.

Mais um marco na história da GLLP/GLRP.



José Ruah

01 abril 2008

Registo

No passado sábado, dia 30 de Março, teve lugar a Assembleia de Grande Loja da GLLP/GLRP do equinócio da Primavera. Como habitualmente, esta Assembleia de Grande Loja foi dedicada essencialmente a trabalhos administrativos. Estando prevista uma revisão do Regulamento Geral e do Estatuto da Associação GLLP, a Assembleia foi precedida, na manhã desse dia, por uma reunião entre a Comissão encarregada da elaboração das respectivas propostas e os representantes das Lojas, destinada a debater as propostas apresentadas e a analisar as posições transmitidas pelas Lojas. Essa reunião foi bastante profícua, tendo permitido limar algumas arestas, aperfeiçoar as propostas de alteração e expurgá-las de soluções menos adequadas, tendo-se atingido soluções consensuais que permitiram, em Assembleia, a rápida aprovação das praticamente consensuais emendas.

Ao princípio da tarde, teve lugar o também habitual Conselho de Veneráveis Mestres, reunião de todos os Veneráveis Mestres de todas as Lojas da GLLP/GLRP com a equipa do Grão-Mestrado, destinada à análise da actuação das Lojas, informação, coordenação e planificação dos trabalhos para os próximos meses. Esta reunião, que ocorre, normalmente, com uma periodicidade trimestral, é sempre um excelente meio de contacto entre os responsáveis máximos em exercício nas Lojas e de estabelecimento de plataformas e projectos de colaboração.

Ainda antes da Assembleia de Grande Loja, reuniu a Assembleia da Associação GLLP, a associação de direito civil que corporiza a personalidade jurídica da Obediência, que tratou dos indispensáveis assuntos inerentes à vida de uma associação de direito privado: debate e votação das contas do ano transacto, debate e votação do orçamento e eleições dos titulares dos órgãos sociais. Enfim, profanidades, mas profanidades necessárias...

A Assembleia de Grande Loja procedeu então à formal aprovação das alterações ao Regulamento Geral, contas e Orçamento. Burocracias, mas não só, já que estes instrumentos são essenciais à normal vida da Obediência e neles se espelham escolhas importantes sobre os caminhos que a mesma trilhará no futuro próximo.

Mas tudo isto não é o verdadeiro objectivo deste texto. Esse apresenta-se em quatro parágrafos, já de seguida.

É normal que em todas as Assembleias de Grande Loja exista um período de intervenções "a bem da Ordem", isto é, um período destinado a intervenções sem sujeição a ordem de trabalhos definida. Tradicionalmente, esse período era aproveitado pelas Lojas para a apresentação de cumprimentos ao Grão-Mestre, aos Grandes Oficiais e às demais Lojas, em intervenções protocolares espelhando o sentimento de fraternidade que a todos une. No princípio e durante algum tempo, era um intervalo agradável nos trabalhos. Mas o número de Lojas foi crescendo. O que inicialmente era uma dúzia de breves apresentações de cumprimentos, que não consumiam mais de um quarto de hora, passou a ser um penoso e longo exercício de repetitivas intervenções de dezenas de Lojas. Havia que atalhar. A Maçonaria preza as suas tradições - e a afirmação e reafirmação dos sentimentos fraternais é indubitavelmente uma delas -, mas deve evoluir e promover mudanças sempre que necessário. E, em regra, as melhores soluções acabam por ser simples, ovos de Colombo à vista de toda a gente, mas ignorados até que alguém se lembra de para elas chamar a atenção.

Desde o início do mandato do actual Grão-Mestre que se optou por uma solução que, mantendo a afirmação da fraternidade, obviou à perda de tempo e à penosidade de sucessivas intervenções parecidas de dezenas de Lojas: em cada Assembleia de Grande Loja intervém, para a tradicional apresentação de cumprimentos e manifestação de regozijo pela presença e convívio de todos, apenas UMA loja, que assegura a dita intervenção em nomes de todas as Lojas presentes. A escolha da Loja que intervém é simples e feita de forma transparente: por ordem do respectivo número no cadastro da Grande Loja.

O ano passado houve quatro sessões da Assembleia de Grande Loja. A deste fim de semana foi a quinta sessão, desde que se inaugurou, com proveito, este sistema. A Loja Mestre Affonso Domingues é a Loja n.º 5 no cadastro da GLLP/GLRP. Logo, nesta Assembleia de Grande Loja, a intervenção para a protocolar apresentação de cumprimentos foi da responsabilidade da Loja Mestre Affonso Domingues e assegurada pelo seu actual Venerável Mestre, JPSetúbal.

Não se trata de nada particularmente especial. Mas não quis deixar de aqui registar este acto. Até porque, se a GLLP/GLRP mantiver, como todos esperamos, a sua saudável evolução e o seu paulatino crescimento, em número de obreiros e de Lojas, o mais certo é que idêntica situação não volte a ser assegurada pela Loja Mestre Affonso Domingues (basta que a média de criação anual de novas Lojas não seja inferior ao número de Assembleias de Grande Loja) ou, pelo menos, só volte a ser assegurada por ela daqui a muitos e muitos anos. E isso merece registo!

Rui Bandeira

26 novembro 2007

O Grão-Mestre Fundador

Fernando Teixeira foi o Grão-Mestre Fundador da Obediência Maçónica Regular Portuguesa, internacionalmente reconhecida, em que se integra a Loja Mestre Affonso Domingues, que se denominou, inicialmente de Grande Loja Regular de Portugal e que presentemente se denomina Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal (GLLP/GLRP). O seu currículo maçónico está resumido na página dedicada aos Past Grão-Mestres do sítio da GLLP/GLRP, na forma seguinte:

Curriculum Vitae maçónico

- Grau 33 do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceite.
- Membro Honorário do Grande Priorado de Helvetia.
- Cavaleiro Benfeitor Honorário da Cidade Santa, do Grande Priorado Lusitano.
- Grande Prior do Capítulo Português do Arco Real.
- Membro de Honra da Grande Loja de Washington D.C.
- Membro de Honra da Loja "Atlântida" da Grande Loja de Espanha.
- Grande Oficial Honorário do Grande Oriente de Itália.
- Membro Honorário (Venerável de Honra) da Loja "Oldest Ally" da Grande Loja Unida de Inglaterra.
- Grande Oficial Honorário da Grande Loja de Porto Rico.
- Grão Mestre Honorário "Ad Vitam" da Grande Loja da Roménia.
- Medalha de ouro da Grande Loja Nacional Francesa.

Em 1984, Fernando Teixeira sai do Grande Oriente Lusitano e funda a Grande Loja de Portugal.
Em 1989, é designado Grão Mestre do Distrito de Portugal da Grande Loja Nacional Francesa.
Em 29 de Junho de 1991, a Grande Loja Regular de Portugal é constituída e reconhecida internacionalmente como Obediência Regular em Portugal, tendo Fernando Teixeira sido nomeado o seu primeiro Grão Mestre.
Reeleito em Setembro de 1994, é substituído em Setembro de 1996, a seu pedido e por motivos de saúde, tendo sido nomeado Grão Mestre Jubilado.

Quando relembro na minha memória Fernando Teixeira, a expressão que assoma ao espírito para definir a marca que deixou em mim é a de Príncipe da Renascença. Fernando Teixeira possuía um carisma invulgar, sabia que o tinha e utilizava-o sem tibiezas. Como Grão-Mestre, governou a Grande Loja com mão de ferro envolta em luva de pelica e sorriso cúmplice. Impunha a sua vontade como um rei absoluto, mas ouvia todos os obreiros, desde os mais próximos colaboradores ao mais recente e imberbe Aprendiz com interesse, agrado e atenção. E não se coibia de elogiar uma boa ideia, um ponto de vista interessante, vindo de um obscuro obreiro e de ordenar (é o termo: Fernando Teixeira, mesmo quando pedia, ordenava...) aos seus mais íntimos colaboradores, aos que asseguravam os mais altos ofícios na Grande Loja, que executassem a boa ideia, que atentassem no ponto de vista interessante.

A imagem que guardo de Fernando Teixeira é a de um homem com uma notória superioridade intelectual, uma cultura enciclopédica, que impressionava os demais e os predispunha para seguirem as suas orientações. Daí o seu carisma. Mas também era um homem perfeitamente consciente desse seu carisma e que o utilizava, sem qualquer hesitação, para garantir que a sua vontade imperasse. Fernando Teixeira foi, sem dúvida, um homem brilhante, que era óptimo ter como amigo, mas que era temível ter como inimigo...

A Grande Loja muito deve a Fernando Teixeira, à sua enorme inteligência, à sua habilidade no trato, à sua capacidade diplomática. Tendo sido criada na esfera de influência da Grande Loja Nacional Francesa, obteve, em tempo recorde, o reconhecimento das Grandes Lojas da esfera de influência anglo-saxónicas, as Grandes Lojas americanas e a Grande Loja Unida de Inglaterra e, com ele, o reconhecimento em todo o Mundo, como a Potência Maçónica Regular em Portugal. Conseguiu, em escassos dois anos, o que outros, mais ricos, fortes e poderosos, em outras paragens levaram anos e anos a obter.

Criou a Obediência a partir quase do nada, com espartana administração dos escassos recursos disponíveis. Sabia e fez saber que a afirmação da Obediência passava também pelo seu apuro ritual. Ensinou e exigiu que se aprendesse.

Fernando Teixeira foi, sobretudo, um grande líder. Com todas as características de um líder. Com todas as virtudes de um líder. Também com os defeitos que o hábito da liderança cria. Era uma vedeta e comportava-se como tal - mas todos gostavam dele assim mesmo e todos esperavam que fosse precisamente assim que se comportasse. Era autoritário e proclamava o seu orgulho em o ser - mas todos se sentiam confiantes no seu exercício da autoridade.

Os cinco anos de exercício do ofício de Grão-Mestre por Fernando Teixeira foram muito frutuosos. Do nada, ou quase, a Obediência cresceu, implantou-se, estruturou-se, organizou-se.

Fernando Teixeira apreciava as boas coisas da vida e afirmava-o sem tibiezas. E gostava de pompa e circunstância, sobretudo nas cerimónias em que recebíamos dignitários estrangeiros. Misturava a solenidade com a humanidade e singeleza com a naturalidade só acessível aos eleitos. Recordo-me de, ainda Companheiro, o ver entrar com pomposa solenidade, usando um riquíssimo avental e o seu Colar de Grão-Mestre, numa sessão de Grande Loja. A dada altura, essa sessão de Grande Loja ficou restrita aos Mestres - o que impôs que os Aprendizes e Companheiros aguardassem no exterior o desenrolar dos trabalhos até à altura em que podiam reentrar. Mas os trabalhos eram demorados e o tempo passava... De repente, no hall do hotel onde os mais novos procuravam consolar o seu aborrecimento, a caminho do tédio, aparece Fernando Teixeira, com todos os seus paramentos. "Fiz um intervalo nos trabalhos, para vir cá fora fumar uma cigarrilha e fazer-vos um pouco de companhia, que já estão há muito tempo à espera..." E cavaqueou durante dez minutos com os Aprendizes e Companheiros, após o que reentrou para recomeçar a sessão. E claro que deixou cá fora umas dezenas de incondicionais, resgatados do tédio da espera por dez minutos de atenção do Grão-Mestre...

Foi assim Fernando Teixeira, príncipe da Renascença, homem brilhante e carismático, que gerou incomensuráveis fidelidades.

Fernando Teixeira gostava do Poder - e assumia-o. Mas a saúde começou a traí-lo e resignou-se a deixar o ofício de Grão-mestre. Mas o perfume do Poder não deixou de o atrair. Conviveu mal com a saída do ofício. Não deixou respirar o seu sucessor. Estava então, também rodeado de alguns próximos que eram mais lata brilhante do que metal precioso. Não se apercebeu que o brilho que estes mostravam mais não era do que o pálido reflexo do brilho que ele próprio emanava. Ainda o seu sucessor não tinha aquecido o lugar, desentendeu-se com ele e quis impor a sua exoneração. Acabou por integrar a cisão da Casa do Sino.

Do meu ponto de vista, errou então. Mas não é esse erro, por muito dolorosas que tenham sido as situações então vividas, que deslustra, a meus olhos e aos olhos de todos quantos com ele privaram naqueles anos gloriosos de implantação da Maçonaria Regular em Portugal, tudo o que anteriormente, com brilhantismo, ele fez em benefício desta.

Tenho - temos, todos nós nesta Casa - muito orgulho, muita honra no Grão-Mestre Fundador, Fernando Teixeira.

E muita gratidão pelo que lhe devemos. E alguma saudade.

Outros haverá que também homenageiam a sua memória. Pela minha parte, em nada isso me incomoda. Poderemos ter, porventura, outras divergências. Ainda bem que convergimos na boa recordação de Fernando Teixeira. E, lá no Oriente Eterno a que, chegada a sua hora, Fernando Teixeira passou, estas tricas dos pobres humanos nada significam...

Rui Bandeira