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01 janeiro 2018

Comunicação do Grão-Mestre por ocasião do solstício de inverno


Queridos II. em todos os vossos graus e qualidades, a todos saúdo: sede bem-vindos à casa dos valores, à casa dos Irmãos, à nossa casa.

Celebramos hoje em Grande Loja o solstício de Inverno. A palavra solstício vem do latim "sol" e “sistere” – do que não se move. Este fenómeno astronómico, é o momento em que o Sol, durante o seu movimento aparente na esfera celeste, nos traz o registo do dia mais curto e da noite mais longa do ano. Nesse instante, o grande astro rei, ameaça abandonar-nos, arremessa-nos com a frieza da noite eterna, mas trata-se apenas de um prelúdio de generosidade, porque no instante seguinte nos presenteia com a esperança, e as noites começarão a encurtar e os dias começarão a crescer, e a grande vitória da luz sobre a escuridão concretizará a renovação da aliança de vida que o Sol tem para com toda a criação terrestre.

E é desta forma que o Sol nos ensina que nada é eternos meus Irmãos, que tudo é relativo, que tudo é permanente mudança e renovação, que tudo é metamorfose: porque à escuridão das noites longas, sucederá a luzência dos dias felizes, e ao solstício de Inverno, sucederá o solstício de Verão, e que os equinócios hão-de acontecer de permeio, e se morarmos felizes em cada um desses momentos, a nossa vida será uma verdadeira bem-aventurança.

E da ancestral loucura Babilónica de chegar aos céus, nasceu a riqueza das línguas, e por entre os meandros da dissonância do desentendimento dos homens, a velha civilização egípcia criou os hieróglifos e os sumérios o alfabeto, para que os clássicos gregos puderam escrever uma incipiente democracia primordial, ou talvez, quem sabe, para que Camões e Pessoa extravasassem a poesia.

Os romanos geraram cidades abastecidas por água que os magnificentes aquedutos traziam de longe. E pelo tempo em que quis nascer Portugal, os grandes mestres medievais, inventaram catedrais de uma formosura quase perfeita, mas a beleza da nova dimensão da perspectiva renascentista sobrepôs-se-lhe.

E foi então que nós portugueses, de sextante em punho, oferecemos a descoberta dos vários continentes a toda a humanidade.

E durante tão longa caminhada, travaram-se muitas guerras, muito sangue e destruição se arramou à superfície da terra, e a cada vez, das cinzas da dor absoluta, tudo voltou a reflorescer.

E a maçonaria especulativa há já trezentos anos que aprofunda a bondade do polimento da conduta humana, praticando a liberdade, a igualdade e a fraternidade, erguendo todos os dias novos pináculos à nossa catedral interior.

E eu, e os mais velhos que eu, ainda pensamos que a noite fascista nos tolheria os passos e os sentidos, mas erguemo-nos e revigoramos de forças, e ainda fomos capazes de responder à resolução de grandes causas nacionais, como o foram a liberdade, a democracia, a descolonização, a Europa e o desenvolvimento.

E um de entre os nossos foi prémio Nobel da literatura, e outro Presidente da Comissão Europeia, e outro Secretário-geral da ONU. Ganhamos o campeonato europeu de futebol e o melhor futebolista do mundo é nosso, com a proeza renovada por cinco edições. E o festival da eurovisão ganhou-o Salvador Sobral para todos nós, obrigando o seu tão frágil coração a amar por dois! E nós possuídos pela desventura do nosso fado património da humanidade, tínhamos a alma lusa acorrentada, quase condenados a pensar que tudo isto era apenas para os outros, e que, portanto, nos estaria eternamente vedado! E nos augúrios deste mês natalício, já conseguimos mais facilmente acreditar que o Presidente do Eurogrupo podia ser um economista nado nos Algarves.

E o Natal é isto, meus Irmãos: termos a capacidade de acreditar que todos os dias pode nascer a bondade, a alegria, a transcendência de nós mesmos. E muitos natais ainda podemos fazer acontecer: se amarmos, se trabalharmos, se estudarmos, se investigarmos, se formos justos, se praticarmos o bem, se praticarmos a virtude, se formos mansos, se todos os dias a liberdade for o único norte que oriente a construção das nossas novas pontes, que seja apenas ela a dirigir os nossos novos passos, livres.

“Não se pode amar sozinho, e todos os dias voltaremos a aprender”, explicando ao mundo que fomos os primeiros a abolir a pena de morte, apostando no lado manso da humanidade: porque “bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.”

Jesus Cristo, além do elogio da humildade, nesta Bem-Aventurança, ensina-nos que a terra não será propriedade nem dos valentes, nem dos arrogantes, nem daqueles que apenas querem guerrear. Ninguém estará por cima, ninguém estará por baixo, ninguém será usurpador, porque esses, apenas os destroços herdarão. De que nos adianta os grandes domínios, se eles forem construídos sobre a destruição e a desventura? Jesus poderia arrogar-se o maior dos anjos. Poderia humilhar opositores e delatores, mas a sua vitória significou apenas abrir caminhos, semear paz e harmonia. Fazer coisas extraordinárias, também implica a condição de mansidão, porque assim conquistaremos mais corações que todos os grandes valentes como Nero, Alexandre, Hitler ou Stalin. Os mansos não sentem necessidade de provar coisa alguma, nem mesmo que são mansos.

E neste solstício de Inverno, o Sol quer ainda ensinar-nos que há sempre mais que os dois clássicos lados: o da noite e o do dia. Porque a alvorada, o crepúsculo, a vespertina madrugada, o calmo entardecer ou o cálido zénite, fazem parte das belezas e sensações que Deus nos quis oferecer, apenas para que experienciássemos cada um de todos os pontos inscritos sobre a perfeita circunferência, toda e cada uma das nuances da felicidade.

E neste tempo solsticial e natalício, havemos de cultivar a bondade e a compaixão, e limparemos o caminho que nos traz as harmonias, a paz, a justiça, a liberdade, para que possa ser tempo de Natal todos os dias, todos os anos, por todos os séculos dos séculos.

Boas festas, um feliz Natal e um Ano Novo cheio de saúde para todos os meus Irmãos e família.

E era esta a mensagem simples que neste solstício vos queria declarar, e dela imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal da Maçonaria, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquitecto do Universo.

Júlio Meirinhos
Grão Mestre

23 outubro 2017

Comunicação do Grão-Mestre por ocasião do equinócio de outono


O ABANDONO DO INTERIOR, O ABANDONO DE PORTUGAL

Queridos II. em todos os vossos graus e qualidades, a todos saúdo, sede bem-vindos à casa dos valores, à casa dos irmãos, à nossa casa.

Celebramos hoje em Grande Loja o Equinócio de Outono. O fenómeno astronómico ligado ao equinócio, define o instante em que o Sol, na sua órbita aparente, cruza o equador celeste, garantindo nesta data, igual duração entre os dias e as noites. Através desta sugestão igualitária cósmica, reavivo os princípios que norteiam a nossa Augusta Ordem: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. A partir deles extrapolo deveres para o maçon como o dever de solidariedade, o dever da promoção da igualdade de oportunidades, o dever da compaixão fraternal para com o semelhante, o dever de respeito pela dignidade humana, o dever em defender a democracia plena.

E faço esta introdução, porque queria hoje falar-vos do problema maior de Portugal, ao qual nós todos temos obrigação de prestar socorro:

O ABANDONO DO INTERIOR, O ABANDONO DE PORTUGAL,

problema que tem matado e vai continuar a matar.

O fenómeno dantesco dos fogos deste Verão, que assolaram e exauriram o país, que espalharam terror e morte, deve servir de rastilho para que expluda em Portugal uma “bomba nuclear de mudanças radicais”.

Neste fantástico rectângulo português, as assimetrias territoriais de longitude são cada vez mais colossais e gritantes: ao longo do Atlântico afunda-se uma espécie de restinga litoral que soma à volta de 10% do território, 90% da população, que concentra as actividades económicas, a riqueza e os maiores rendimentos, o desenvolvimento, demografia jovem e vigorosa, a qualidade de vida e as acessibilidades.

Nas costas deste litoral que nunca aparecem ao espelho, temos 90% do território que arde todos os anos: 10% da população, todas as desgraças e calamidades, das quais os fogos de Verão, são apenas um povoador de consequência.

E cito o artigo do “Financial Times” que afirma com clarividência: “os incêndios, que devastam Portugal, reflectem décadas de negligência e afastamento do poder político em relação às regiões do interior”.

E eu sei bem do que falo, porque durante muitos anos, fui autarca nas profundezas do interior dos interiores, por isso vos parafraseio Marcelo Rebelo de Sousa, que numa passagem pelo nordeste transmontano, ao improvisar uma aula de geografia para localizar Trás-os-Montes enfatiza: "O nosso país, está dividido entre a Área Metropolitana de Lisboa e o resto. Depois, entre as outras áreas metropolitanas e o resto. Depois, entre todo o litoral e o resto. Depois, há dentro do interior o interior intermédio e o interior profundo. Dentro do interior profundo há o interior mais profundo. E é no interior mais profundo do interior profundo que encontramos Trás-os-Montes", e eu próprio acrescentaria que Miranda do Douro fica mesmo no confim das profundezas de Trás-os-Montes. E é este um problema que deixamos arrastar desde muito longe. Exceptuando Dom Sancho I o Povoador, segundo rei de Portugal, que no último quartel do século XII promoveu e apadrinhou o povoamento dos territórios do país, tal como a fundação da cidade da Guarda, e a atribuição de várias cartas de foral nas Beiras e em Trás-os-Montes, povoando assim áreas remotas do reino, com imigrantes da Flandres e da Borgonha. E a Lei das Sesmarias promulgada na segunda metade do século XIV por Dom Fernando I, que pretendia fixar os trabalhadores rurais às terras e assim diminuir o despovoamento. Além deste dois, talvez não veja outros estadistas que mereçam relevo à altura nesta causa da democracia territorial Portuguesa. No século XIX, eventualmente Dom Pedro IV, mas o interior que escolheu foi o Império do Brasil.

Depois da lei das Sesmarias, as sucessivas estratégias territoriais passaram sempre por extorquir recursos e população ao interior: foram essas gentes que encheram as naus e as galeras dos descobrimentos, que foram levadas para povoar as ilhas até então desertas, as feitorias na Índia, as colónias africanas, o Brasil.

Foram eles os incentivados a imigrar para a Argentina, para a Venezuela, ou América do Norte.

Foram eles que ajudaram vários países europeus a levantarem-se depois da Primeira e Segunda Grandes Guerras, tal como a França, a Alemanha, a Inglaterra, a Bélgica, a Suíça ou a Espanha. Foi a eles que deslocalizamos para que enchessem Lisboa e o Porto.

Recentemente são os escassos jovens licenciados provenientes das regiões do interior os primeiros a engrossar as fileiras da imigração mestrada e doutorada: eu tenho lá uma filha querida!

Muitos dirão que esta é tarefa hercúlea, titânica: impossível!

Eu respondo com o exemplo recente das Alemanhas, que em 1990 tomaram a decisão de se reunificar.

Estamos a falar de coisas diferentes, claro que estamos, mas a verdade é que precisamos agora de uma grande mobilização nacional para esta urgência. Durante os anos de democracia, Portugal já conseguiu responder à resolução de grandes causas nacionais, como o foram a liberdade, a democracia, a descolonização, a Europa e o desenvolvimento. Precisamos agora reunificar o país.

A Unidade de Missão para a Valorização do Interior, aposta do actual Governo, foi o último redundante fracasso absoluto, e agora as contabilidades eleitoralistas, ou as palavras e os afectos já não bastam.

Este vosso servo Grão-Mestre não manda, mas tem com ele O PODER DA PALAVRA. E já vos tinha contado, quanto tudo era apenas trevas e breu, Deus fez luz e criou o universo apenas com palavras: DIZENDO-O. E é apenas através de palavras justas, que hoje vos queria aqui convocar a todos, a fim que sejais apóstolos e cimento forte neste tão nobre desígnio, porque a cada dia o mundo tem que ser melhor e Portugal tem de sê-lo de sobremaneira. E cito o grande poeta do interior, Miguel Torga «O difícil para cada português não é sê-lo; é compreender-se. Nunca soubemos olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão tolda-nos a vista… mas não somos um povo morto, nem sequer esgotado.»

Há cerca de um mês em Vilar Formoso, o Presidente da República, defendeu que a fronteira de Portugal com Espanha, fosse toda ela declarada Património da Humanidade pela UNESCO. Trata-se da mais antiga fronteira da Europa, uma fronteira onde muitas guerras se travaram, mas sobretudo uma fronteira onde os vizinhos dos dois lados nunca deixaram de relacionar-se cordialmente, mas sobretudo entreajudar-se em tempos de desgraça, porque os governos dos dois lados já os tinham abandonado: essa é uma verdadeira mensagem universal para toda a Humanidade, e talvez seja por aí que devamos começar.

E para bom entendedor, meia palavra deve bastar, por isso nada mais acrescento, pois esta era a mensagem simples que hoje vos queria comunicar, e dela imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal dos valores maçónicos, a liberdade em Portugal, na Europa, no mundo, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquitecto do Universo.

Júlio Meirinhos
Grão-Mestre

10 julho 2017

Comunicação do Grão-Mestre por ocasião do solstício de verão


O mundo comemora III séculos de Maçonaria Moderna

Queridos II. em todos os vossos graus e qualidades, a todos saúdo: sede bem-vindos à casa dos valores, à casa dos irmãos, à nossa casa.

Hoje celebramos em Grande Loja o Solstício de Verão. O vocábulo solstício vem da palavra latina “SOL” a que se justapôs a palavra “SISTERE”, que significa não se mexer, designando o momento em que o sol, durante o seu movimento aparente inscrito na esfera celeste, atinge a sua maior declinação em latitude.

Um dia de solstício será eternamente uma grande e mágica aurora: límpida; resplandecente. No solstício de Verão, o dia mais longo do ano, a luz do sol triunfa sobre a escuridão da noite, e oferece-nos a luminosidade plena. E estamos aqui para mais uma vez velarmos meus irmãos. Velarmos juntos a luz absoluta dos ancestrais valores maçónicos, fazendo-a triunfar sobre os medos, sobre as trevas e os obscurantismos, sobre todos os totalitarismos.

Neste preciso dia 24 de Junho de 2017, dia de São João Batista, a maçonaria moderna e especulativa, celebra o seu terceiro centenário. A maçonaria mundial completa assim 300 anos, desde que se atreveu a sonhar e lutar por um ideal de Humanidade, suportado por princípios simples, mas fundadores: o direito de pensar e o dever de tolerar. Universalizando-se a partir de então, a Maçonaria Regular afirma-se através da sua dupla dimensão, humanista e espiritual: por um lado, defendendo uma visão do homem baseada na liberdade de consciência, do intelecto e da igualdade de direitos, e por outro, defendendo um deísmo que reconhece a existência de Deus, mas que deixa aberta a definição da sua identidade.

E foi nessa noite de 24 de Junho de 1717, no terceiro ano do Rei George I, que em Londres na Inglaterra, se realizou a primeira Assembleia de Maçons Livres e Aceites, tendo lugar a reunião no primeiro andar da taberna “Goose and gridiron” (Ganso e grelha). Foi essa também uma noite de aurora primordial para a maçonaria, parafraseando Sophia de Mello Breyner sobre outras livres madrugadas, “O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo”. Foi nessa noite de 24 de Junho de 1717, que quatro lojas inglesas fundaram a primeira Grande Loja Inglesa e elegeram o primeiro Mui Respeitável Grão Mestre da Maçonaria Moderna, Anthony Sayer, encarnando a sua função o Centro da União e da Harmonia Maçónica.

E trezentos anos depois, em pleno terceiro milénio, são ainda muito grandes as resistências a estes ideais de liberdade, simples e fundadores. Por isso estamos aqui todos juntos para velar, o que significa acreditar e defender sempre os princípios maçónicos da liberdade, preferindo ter a garganta cortada a renunciar a eles.

E temos que estar permanentemente em guarda meus irmãos, porque ainda hoje o planeta vive momentos de muitas incertezas na defesa dos valores maçónicos. A grande e nobre Inglaterra que há trezentos anos nos presenteou com a primeira Grande Loja Maçónica, o país que forjou uma das mais densas democracias do mundo, parece ter-se agora cansado da História e envia-nos sinais que vão no sentido de querer ficar fora dela, deixando o “Brexit” criar desunião, arrancando à Europa a democracia mais forte, e apoucando-se assim como nação.

Por outro lado, nos Estados Unidos da América, o seu presidente democraticamente eleito, alheia-se dos verdadeiros males do mundo e em jeito de avestruz, volta as costas ao tratado de Paris e à sustentabilidade ambiental do mundo: temos de estar bem conscientes que apenas temos este planeta, que na sua versão primeira não foi programado para ter segundas oportunidades. Mas mesmo assim acreditemos que a América é maior que o seu presidente, e a Inglaterra maior que o “Brexit”.

E avisa-nos um dos maiores pensadores do nosso tempo, George Steiner: “O nacionalismo é um veneno absoluto e encarna o maior veneno do nosso tempo”.

E sobre o mesmo assunto, nos alvores na Primeira Guerra Mundial, alertava já o grande estadista francês Georges Clémenceau: “Podemos ser patriotas, mas não chauvinistas. E é esta uma distinção muito importante, porque o patriotismo pode ser decente, mas o chauvinismo, o nacionalismo e o totalitarismo, são realidades que vão sempre fazer viver à humanidade tempos muito amargos e degradantes, em que a morte e o medo espreitarão em cada esquina”.

O domínio da retórica é uma das grandes artes maçónicas, mas cuidado com a retórica política malvada, porque pode matar e assassinar por meio da linguagem. O horror do movimento nazi foi largamente baseado na retórica e na propaganda. Muito mais poderosas do que qualquer exército são as mentiras dos totalitarismos, que funcionam através da linguagem: sempre em guarda meus irmãos.

O que caracteriza o mundo actual é o alcance, a amplitude e a rapidez das mudanças. E a sua cadência todos os dias se acelera. Agora já com algum recuo, começamos a perceber que a mundialização indubitavelmente beneficia a humanidade. Nunca a pobreza no mundo recuou tanto e tão depressa e nunca os valores maçónicos estiveram tão difundidos e universalizados. Ainda assim, numa boa parte da população dos países ocidentais, a mundialização está a provocar um grande stress cultural e económico, que veio criar muitos ressentimentos e muitos medos. E a melhor coisa para resolvermos os problemas, não é enfiarmos a cabeça na areia, a melhor coisa é ter consciências dos problemas e resolve-los dentro do respeito dos valores maçónicos, sem nunca cedermos à facilidade aparente e venenosa dos totalitarismos. E é por isso, que igual que da primeira vez há trezentos na “Taberna Ganso e Grelha” devemos continuar eternamente a juntarmo-nos em Grande Loja, para velar em uníssono meus irmãos: para nos fortalecermos na defesa dos valores maçónicos e da liberdade, porque tudo o demais é pura vanidade.

E trezentos anos depois, neste tempo de solstício, a União da grande família dos maçons regulares, é de rigor: façamos o mundo mais feliz, e por contágio, sejamos todos mais felizes.

E era esta a mensagem simples que hoje vos queria comunicar, e dela imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal dos valores maçónicos, a liberdade em Portugal, na Europa, no mundo, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquitecto do Universo.

Júlio Meirinhos
Grão Mestre

Nota: O MRGM Júlio Meirinhos escreve segundo as regras de orografia pré-Acordo Ortográfico de 1990.

Rui Bandeira

05 junho 2017

O Venerável Mestre, o Grão-Mestre e os obreiros da Loja


O meu último texto, que intitulei A aventalite, mereceu vários comentários, quer neste blogue, quem numa rede social onde o mesmo foi publicado. Um dos comentadores fez uma afirmação que merece nela nos detenhamos. Rezava esse comentário, na parte que aqui interessa:

"(O Venerável Mestre) como todos sabemos e conhecemos pelo Regulamento Geral, é o único representante em Loja do Muito Respeitável Grão-Mestre."

Factualmente, e no que respeita à GLLP/GLRP, este comentador tem toda a razão no que afirma. O art. 64.º, n.º 3, do Regulamento Geral da GLLP/GLRP dispõe expressamente:

"O Venerável Mestre em Loja representa o Grão-Mestre."

Norma vigente é norma para ser respeitada - e ponto final! Mas tal não implica que não se possa - em bom rigor, mesmo, não se deva! - analisar a pertinência de uma norma, na perspetiva do aperfeiçoamento futuro da regulamentação. 

Do meu ponto de vista, esta norma vigora e, enquanto vigorar deve ser respeitada, mas será conveniente que, com calma e na altura própria, se analise se a mesma deve manter-se, no seu preciso teor.

É que, sendo norma em vigor (na GLLP/GLRP) que, em Loja, o Venerável Mestre representa o Muito Respeitável Grão-Mestre, uma serena análise permite-nos concluir que, na natureza da Maçonaria, não é isso que sucede, ou deve suceder. Eu diria até que... pelo contrário! Quem representa o titular de uma função? Naturalmente, que representa quem o designa ou escolhe para essa função!

Ora, o Venerável Mestre de uma Loja maçónica - excetuadas as situações, atípicas, de designação pelo Grão-Mestre até à realização, em prazo que não deverá exceder 180 dias, de eleição para o ofício, designadamente quando uma Loja levanta colunas e está em início de trabalhos ou quando atravessa uma crise que impõe a intervenção administrativa da Grande Loja - é eleito pelos obreiros da Loja! Portanto, em bom rigor, o Venerável Mestre só quando é designado, transitoriamente, pelo Grão-Mestre é que o representa. Só nestas particulares e excecionais circunstâncias, em que, seja no início da atividade da Loja, seja em face de circunstâncias anormais, o Grão-Mestre necessita de transitoriamente intervir na Loja e designar um seu responsável até à normalização da escolha por via de eleição pelos obreiros da mesma, é que se pode dizer que é natureza das coisas que o Venerável Mestre designado representa o Grão-Mestre.

E representa-o então, por natureza, apenas e tão só porque não dispõe de legitimidade conferida pelos seus pares e, portanto, necessita de exercer o seu múnus (transitório, repete-se) beneficiando da legitimidade do Grão-Mestre.

Mas, em situação normal, o Venerável Mestre em funções exerce as mesmas porque foi eleito pelos obreiros da sua Loja para assegurar esse exercício. Exerce, portanto, o seu ofício, em representação dos obreiros da sua Loja, que o elegeram para tal. Em exercício normal de funções, o Venerável Mestre da Loja não tem a sua legitimidade por designação do Grão-Mestre, obtém-na por manifestação da vontade coletiva dos obreiros da sua Loja. E, portanto, é a estes que representa.

Uma afirmação descritiva da Maçonaria de que gosto muito, e que frequentemente utilizo, é a que reza que Maçonaria é um maçom livre numa Loja livre. É uma conceção da Maçonaria que preza e afirma o essencial da Maçonaria e da trilogia que tantas vezes, e orgulhosamente, proclamamos: Liberdade - Igualdade - Fraternidade.

O maçom livre junta-se a outros maçons, também livres e, em conjunto, formam uma Loja livre. Livremente a formam e nela atuam. As limitações à liberdade de cada um são por eles fixadas e assumidas e aceites, em ordem à serena e cabal organização, decisão e atuação coletiva. No seio da Loja que todos livremente formaram ou a que livremente aderiram, todos têm um estatuto de perfeita Igualdade. E a sua atuação pauta-se pela indispensável Fraternidade. Quando isto está reunido, faz-se Maçonaria. E a lideraqnça que em cada momento é exercida resulta da Liberdade de todos, da Igualdade de todos, da escolha efetuada por todos em perfeita Fraternidade. O líder, o Venerável Mestre, no exercício normal de funções recebe a sua legitimidade de quem o elegeu e a quem, assim, representa.

Portanto, em bom rigor, a natureza das coisas é que, apesar de estar escrito em regulamento que em Loja o Venerável Mestre representa o Grão-Mestre, na realidade o Venerável Mestre representa os obreiros da sua Loja, designadamente perante o Grão-Mestre.

Porque existe então a mencionada norma regulamentar? Porque, tal como os maçons sabem que não são perfeitos e necessitam continuamente de se aperfeiçoar, também as suas obras, e escolhas, necessitam de constante aperfeiçoamento. Esta norma em concreto é um resquício de uma dada conceção de Grande Loja, que não é a única e que compete com outra conceção de Grande Loja. O regulamento da GLLP/GLRP, tal como - não tenhamos dúvidas! - os regulamentos de outras Obediências maçónicas, é o resultado de compromisso, balanço, evolução, equilíbrio entre duas conceções de Grande Loja ou Grande Oriente, uma mais centralizadora que outra.

Mas isso será tema para esmiuçar em mais um par de textos que hão de vir!

Rui Bandeira  

27 março 2017

Comunicação do Grão-Mestre por ocasião do equinócio da primavera


Queridos Irmãos em todos os vossos graus e qualidades, a todos saúdo: sede bem-vindos à casa dos valores, à casa dos irmãos, à nossa casa. 

Hoje celebramos em Grande Loja o equinócio de Primavera. O vocábulo “equinócio” forma-se a partir de duas palavras latinas: ‘aequus’ que significa ‘igual’ e ‘nox’ que significa noite. Estamos, portanto, numa data, em que a inclinação da terra e os raios da luz do sol, garantem igual duração dos dias e das noites. 

Igual e permanente durabilidade também deve ter para o maçom, o brilho dos vértices do triângulo rectângulo em que assentam os princípios que sempre nortearam a nossa Augusta Ordem: Liberdade, Igualde, Fraternidade: liberdade de consciência e liberdade de pensamento, que permitam a todo o ser humano a aventura de conhecer-se e construir-se; a tolerância e a compaixão fraternal para com o semelhante, o respeito pela dignidade humana sem olhar a credos, classes sociais, raças, género, orientação sexual ou outro tipo de ideias ou ideais. 

Em 2017 a maçonaria moderna celebrará o seu terceiro centenário: a Maçonaria mundial completa 300 anos desde que se atreveu a sonhar e lutar por um ideal de Humanidade, suportado por princípios simples, mas fundadores: o direito de pensar e o dever de tolerar. 

Lamentavelmente, neste início conturbado de terceiro milénio, o mundo e a humanidade ainda está muito longe de ser um lugar que aceite e pratique pacificamente estes ideais simples e fundadores, perpetrando-se ainda muitas formas de obscurantismo: fundamentalismos religiosos, totalitarismos políticos, pensamentos únicos e outras ameaças. 

O velho mundo Europeu e o novo mundo Americano, criadores e resguardos da democracia e dos valores: por vezes cambaleiam, vacilam, duvidam do caminho! Nós maçons, nunca podemos cambalear, vacilar, duvidar: os valores são as nossas únicas grandes luzes, que permanentemente devem aclarar o nosso caminho. 

A este propósito, no dia 27 de Fevereiro último, pela primeira vez na história, um Presidente francês, neste caso François Hollande, visitou o Museu da Franco-Maçonaria em Paris. O objectivo foi simples e claro: reconhecer e enaltecer a contribuição positiva e fundamental que teve a Maçonaria francesa para a história da França, para a história dos países latinos e de maneira universal para a história da Europa, do mundo livre, democrático e progressista.

No seu discurso, François Hollande referiu-se à Maçonaria como grande impulsora do fim do colonialismo, da concessão da nacionalidade francesa aos judeus, da autorização dos sindicatos, do direito de associação, da liberdade de imprensa, da laicidade do Estado francês, do ideal de liberdade dos Estados Unidos ou ainda da fundação da Sociedade das Nações como ponte entre os povos. 

Respiguei algumas passagens do seu discurso que gostaria hoje de partilhar aqui com todos os meus irmãos, para que ouçais e mediteis, para que vos enchais de orgulho e continueis a dar as mãos aos valores em inabalável cadeia de união. 

"No nosso tempo, a Maçonaria é uma bússola muito valiosa, uma luz que ajuda a compreender os problemas para lhes dar respostas. A Maçonaria não se baseia num dogma fechado, mas sim numa visão aberta, é um método e não apenas uma finalidade de propósito. Hoje não diria que as batalhas são as mesmas, mas ao fim de três séculos, são os mesmos valores que precisamos promover, que precisamos organizar, que precisamos defender até atingir o âmago das nossas sociedades que, entretanto, mudaram e evoluíram. 

A Liberdade em primeiro lugar, a liberdade contra o obscurantismo, contra o fanatismo, contra o fundamentalismo, a liberdade absoluta de consciência, contra os dogmas, a liberdade de pensamento contra aqueles que procuram censurar. [...] 

A Igualdade, que no passado serviu para garantir a igualdade política entre todos os cidadãos, independentemente da sua origem ou das suas condições; nos nossos dias, deve servir para impulsionar outras formas de igualdade. [...] 

E a declaração da vontade de caminharmos juntos, de solidariedade anónima, um valor excepcional de fraternidade que implica caminhar com todos os demais. [...] Não podemos defender a liberdade se contradizemos a igualdade; não podemos defender a igualdade, se mitigamos a fraternidade". 

"Enganam-se os perversos que associam a maçonaria a forças secretas, tal um poder oculto por trás de todos os acontecimentos; é bem mais simples: muitos maçons têm desempenhado um papel importante em nome de uma ética que os predispõe à acção, uma vez que seus valores os conduzem ao progresso. 

Foi a vontade de alguns espíritos brilhantes para associar a razão científica dos sábios, ao ideal humanista dos filósofos à aspiração e transcendência dos artistas que forjou o vosso ideário e a vossa vontade. Numa França, naquele tempo ainda dominada pela monarquia absoluta e a religião do estado, as lojas foram à vez um refúgio de tolerância e uma escola de democracia". 

"Muitos maçons foram, ao mesmo tempo, criadores de grandes textos da Revolução, mas igualmente vítimas do desenrolar dos acontecimentos: das purgas do Terror, da regulação do Império, da repressão da Restauração, […]

Esta é a memória dolorosa da Maçonaria francesa, sempre perseguida pelas ditaduras, […] sempre que houve sombras escuras a pairar na história, os maçons foram perseguidos e ainda continuam a ser. […] e a história sombria de todos aqueles que quiseram questionar-vos sobre o que sois, e que sempre cultivaram as mesmas calúnias, os mesmos fantasmas em nome de uma conspiração que não perde, infelizmente, a sua validade. Basta clicar na Internet, e imediatamente ver ressurgir os conspiradores, e todos aqueles que pensam que os maçons andam neste mundo sempre a preparar não sei muito bem que tipo complô. É desconcertante, mas, infelizmente, propagado, cultivado e difundido." 

Meus irmãos: armai-vos das vossas espadas: continuam profanos à porta do tempo, vociferando calúnias contra nós, desejando apenas a nossa morte e a morte dos valores universais da maçonaria. 

E era esta a mensagem simples que neste equinócio queria partilhar convosco, através da força da palavra e dos valores, e deles imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal da Maçonaria, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquitecto do Universo. 

Julio Meirinhos 
Grão-Mestre

Publicado por Rui Bandeira

09 janeiro 2017

Comunicação do Grão-Mestre da GLLP/GLRP por ocasião do solstício de inverno


Enlaço todos os irmãos num enorme abraço em cadeia fraterna. Dizer-vos mais uma e outra vez obrigado: pela vossa comparência e por todos os momentos de fraternidade feliz que me ofereceis. Desassistido da mão amiga e fraterna dos demais irmãos obreiros sou infeliz e não consigo efectuar, sozinho, grandes desígnios e empreendimentos. 

Tal como ouvi na minha iniciação «No entanto, reflicta que nem os adultos isolados e plenamente desenvolvidos podem efectuar sozinhos qualquer grande empreendimento. Pôde fazer sem dificuldade a sua viagem com o passo firme de um homem maduro mas foi-lhe certamente bem útil a companhia de um homem experiente que se comportou como um Irmão»

Cumprido que está um primeiro mandato como Grão-Mestre, dizer-vos que unidos já fizemos muito: somos mais reconhecidos, somos mais respeitados, crescemos, fortalecemo-nos, temos melhores infra-estruturas, comunicamos melhor. Neste segundo mandato que agora iniciei, quero adensar a nossa caminhada interior, estar mais perto dos irmãos, quero fortalecer todos os Ritos com maior rigor ritual e administrativo. 

Nesse sentido os Grandes Inspectores estão a preparar programas de maior proximidade com as Lojas para que possam aconselhar mais e melhor e assim podermos ter Rito a Rito uma maior proficiência ritual, de acordo com as melhores práticas, e ainda práticas administrativas uniformes e comuns a todas as Lojas, quero continuar o desenvolvimento sólido e sustentável da nossa Grande Loja, quero estar plenamente confiante na nossa caminhada para um futuro melhor. 

Quero privilegiar a comunicação com os Irmãos e nesse sentido está a ser desenvolvido um trabalho complexo para transformar por completo o nosso sítio internet, criando-lhe mais valências e com aspecto mais atractivo. 

Em breve novas formas de comunicação com todos os Irmãos serão postas em prática. 

O prestígio da nossa Grande Loja, em termos internacionais, está em crescimento e somos cada vez mais reconhecidos pelas nossas ideias e pela forma que temos de ver o Mundo. 

Neste ano que se inicia, anuncio-vos que a nossa Grande Loja vai organizar a reunião da VI Zona da CMI, e também a Reunião dos Grandes Secretários Europeus. São eventos que nos vão colocar à prova, mas que trarão até nós mais de 50 potências maçónicas.

E por tudo isto vos agradeço mais uma vez. 

Mais uma vez me reporto à minha iniciação e a uma frase que nela ouvi. 

«Mas este trabalho é penoso e exige muitos sacrifícios, os quais terá que praticar se quiser ficar junto de nós. É necessário que tome, desde já, a firme resolução de se entregar a este trabalho, se persistir no desejo que manifestou de ser recebido Maçon»

O trabalho a fazer é muito, exige muito de todos nós e peço-vos que se entreguem ao trabalho nas vossas Lojas e que vos faça persistir no desejo de sermos Homens Melhores. 

E estamos à porta de mais um solstício, meus irmãos, as estações sucedem-se, o natal deve acontecer e o tempo das colheitas deve cumprir-se: Na mie tierra, i an todo Pertual, ye tiempo d'azeituonas i d’azeite i todo isso ten que ber cun maçonarie!

Tal a maçonaria, a oliveira é árvore milenar produtora de fluido sagrado. Prenhe do seu azeite, a oliveira é sina do perdão divino, é rasto de paz. A Terra Prometida era país de oliveiras onde o azeite iluminava os templos. Quando, dentro da Arca, Noé já não aguentava a consumição dos animais que afiançariam a continuidade das especes, o sinal da vida anunciou-se através de um raminho de oliveira, que a pomba, já sem fel, trouxe pendurado no bico.

Num hino à vida, os deuses e heróis que cantam a Odisseia, cobriam o corpo de azeite perfumado. No Jardim das Oliveiras, só essas árvores milenares velaram a agonia de Cristo. Nos templos, sabe-se lá desde quando, da lamparina de azeite nascia a chama que assinalava o sítio más sagrado. Com o cristianismo o azeite torna-se a base dos óleos que materializam os sacramentos.

Depois de mil tormentos, antes em candeia, mezinha ou molho dourado, e agora feito dieta mediterrânica, o sol que aqueceu a seiva que circula no xisto fundo do chão português, como que por magia, transforma-se todos os anos em colheitas de azeite, fluido sagrado que roubou a cor ao ouro, mas é um ouro que escorre e se deixa gostar, que é fonte de vida e não mero adorno rígido e intemporal.

Com aquele sossego consciente que deixe cair a última gota, com a paciência que nos ensinaram os sinais do tempo e como tudo o que participa do halo dos deuses, incumbe-nos mais que nunca a obrigação de ser como a oliveira, ser como o azeite, aquele que vem sempre ao de cimo: seremos verdadeiros sacerdotes embaixadores da alma boa dos homens, dos verdadeiros valores maçónicos, da paz, da justiça, da liberdade.

Tal como o camponês precisa passar a vida a podar as suas oliveiras: arejando-as, afeiçoando-as, retirando-lhe os ramos maus, rejuvenescendo-as eternamente, também os maçons precisam passar a vida a podar os comportamentos dos homens, para que prevaleçam e proliferem apenas os bons, para que se encaminhem apenas para a harmonia, para a paz, para a justiça, para a liberdade, para que possa ser tempo de Natal todos os dias, todos os anos, por todos os séculos dos séculos.

Boas festas, um feliz Natal e um Ano Novo cheio de saúde para todos os irmãos e família.

E era esta a mensagem simples que neste solstício vos queria declarar, e dela imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal da Maçonaria, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquitecto do Universo.

Julio Meirinhos
Grão-Mestre

Nota: O Muito Respeitável Grão-Mestre da GLLP/GLRP, Irmão Júlio Meirinhos, escreve segundo as normas de ortografia pré-Acordo Ortográfico de 1990. 

Também escreve e fala fluentemente naquela que é a outra língua oficial da República Portuguesa, o mirandês, que orgulhosamente  por vezes também inclui nos seus escritos. Foi, aliás, proponente da Lei que consagrou o mirandês como língua oficial da República Portuguesa.

A publicação desta comunicação neste blogue é efetuada com sua autorização.

Rui Bandeira

27 junho 2016

Eleição do Muito Respeitável Grão-Mestre para o triénio 2016/2018...


Foi eleito para desempenhar o cargo máximo na estrutura da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, o candidato e anterior Muito Respeitável Grão-Mestre que se encontrava em funções, o Querido e Muito Respeitável Irmão Júlio Meirinhos, dando acento assim a um processo de continuidade na Obediência; algo que o mesmo vinha desenvolvendo até então e que apartir de agora poderá dar seguimento às suas propostas para este novo mandato e continuar a executar as que já vinha desenvolvendo de forma oportuna.

Neste momento, a Grande Loja terá como meta principal consolidar a sua presença no país e na Maçonaria Regular internacional, seja através do "levantamento de colunas" de novas Lojas bem como do aumento de Templos disponíveis para o trabalho das mesmas, para além do seu labor constante na "relações públicas" com as demais Potências Maçónicas Regulares. Não esquecendo que a breve trecho se irão celebrar os 300 anos de Maçonaria (Especulativa, fundada em 1717) e que Portugal terá um papel primordial na organização destas celebrações.
Mas para já, o mote será prosseguir e concluir alguns do projetos internos que finalmente virão a "luz", ao fim de algum tempo de delineamento.

A Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5, estará, como sempre esteve, à Ordem e às ordens do Muito Respeitável Grão-Mestre, e faz votos para que este novo mandato seja frutuoso e de um vigor tal, que contribua também ele para auxiliar a mudar a percepção e a imagem que a sociedade tem da Maçonaria nacional.
Se pelo menos este último ponto que sugeri se alterasse um pouco, tal seria estupendo, pois e apesar de lés-a-lés virem a público notícias sobre atitudes ou comportamentos "menos maçónicos" (e nem sempre verdadeiros !) de obreiros de alguma Obediência e que geralmente são resolvidos internamente, uma coisa deveria ter a sociedade a noção, é que não se "deve condenar uma árvore por um fruto podre nos seus ramos", esse é um dos erros crassos que existem e que com a ajuda dos maçons se poderia mudar, e muito... 
Por isso, com um Muito Respeitável Grão-Mestre que entre outras coisas, elucide tanto internamente como profanamente o que é e do que (se) trata a Maçonaria, as "coisas" iriam decorrer de uma forma tão mais fácil, quase justa e perfeita...

Terminando, aos dois candidatos e suas equipas, envio o meu triplo abraço fraterno, e ao "eleito" digo que estou à Ordem. 

E agora vamos a trabalhar...

30 maio 2016

“Reflexões Eleitorais”


A GLLP/GLRP encontra-se em época eleitoral para o cargo de Muito Respeitável Grão-Mestre, cargo desempenhado hoje em dia pelo Muito Respeitável Irmão Júlio Meirinhos e que terminará estas funções em Setembro próximo, por altura do Equinócio de Outono.

Findo que está o período de “campanha” de debate de ideias e projetos de ambos os candidatos ao cargo, entrámos agora no período eleitoral.
Deste modo não farei qualquer comentário a qualquer das candidaturas proponentes mas tão somente farei algumas reflexões sobre o momento atual que se vive na Obediência na qual está filiada a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues Nº5, Loja da qual fazem parte os autores deste blogue.

Em Maçonaria não existem candidaturas “melhores” nem “piores”, existem ideias e projetos em questão. Cada uma das candidaturas terá as suas qualidades e os seus “desméritos” face à sua competidora.

Em Maçonaria não se deve importar para o seu seio as “profanices” que são habituais noutros processos eleitorais no mundo profano! 
Na Maçonaria requer-se e deseja-se um debate elevado, tolerante e fraterno de ideias e propostas a serem honradas futuramente pelos candidatos que se propuseram ao cargo, caso sejam eleitos.

Em Maçonaria ninguém – mas mesmo ninguém! – se pode esquecer que se tratam de Irmãos que se candidatam ao cargo mais difícil que existe numa Obediência. E como tal, sendo Irmãos, não são certamente “uns quaisquer”… 
Logo, tal como numa família “normal”, apesar de ser possível nem sempre se concordar em tudo, temos de nos respeitar mutuamente, uma vez que estamos ligados por algo maior, e por isso teremos sempre de suplantar qualquer divergência que possa existir na fraternidade que diariamente vivenciamos.

Durante o período de “campanha” foi possível a quem se candidatou informar, debater, demonstrar os seus projetos; Agora é tempo de serem feitas as reflexões necessárias para a tomada de uma decisão não tão fácil de ter como possa ser suposto o ser.
-É a vida e o futuro da Obediência que está em causa e nada mais! –

O nosso voto deve recair sobre a pessoa que consideremos mais apta e cujo projeto nos parece ser mais consentâneo como as possibilidades de real execução e não em mirabolantes miragens que se possam apresentar a curto prazo. 
Temos de eleger o Irmão que consideremos que desempenhará o cargo com a diligência, disponibilidade e entrega necessária que tanto labor (a gestão de uma Potência Maçónica) obriga.

Somos cerca de 2500 maçons regulares e ultrapassada que está a marca de 100 Respeitáveis Lojas pertencentes à Obediência! Por isso, gerir, guiar, orientar, elucidar “isto tudo” é uma tarefa que considero hercúlea e nada fácil para quem agora o faz e principalmente para aqueles que agora se o propõem a o fazer. 
Quem pensar o contrário está completamente enganado!

O Grão-Mestre para além de um Irmão, terá de ser um “pai”, um “tio”, um “padrinho”, enfim, terá de ser o nosso “guia”, a nossa “Luz”. 
Aquele que nos apoiará, ensinará,representará, mas acima de tudo, que saiba nos colocar no nosso lugar!

Como já disse, não é uma tarefa fácil, e por vezes é mesmo ingrata em ser feita por não se compreenderem os motivos que levam a determinadas decisões, mas temos de as respeitar, por isso se diz que estamos numa “Obediência” apesar de sermos “livre-pensadores”.

Gerir pessoas nunca será fácil, pois gerir egos e comportamentos humanos nunca será fácil de o fazer, por isso o Grão-Mestre terá sempre de ser firme no seu pulso, sapiente nas suas decisões e ter alguma beleza nas suas ações; caso contrário será apenas mais um entre muitos e tal não pode suceder, ele é sempre o “Um”, o “Ele”, aquele a quem os holofotes estarão em permanência apontados, logo a sua conduta deverá  ser imaculada e de um primor tal que não possa envergonhar nunca aqueles que ele representa e dirige.
O cargo de Grão-Mestre implica uma humildade pessoal que tem de ostracizar qualquer sentido individualista e egocêntrico que possa subsistir na sua forma de estar e pensamento. 
- O “todo”(a Obediência) será sempre o mais importante!-
O nosso Reconhecimento e Regularidade terão de ser impreterivelmente sempre, uma das bitolas que o guiarão.

E concluindo, tal como fiz questão de salientar no início do texto, não abordei qualquer proposta de candidatura e nem fiz qualquer juízo de valor sobre nenhum dos atuais proponentes, mas isso não significa que não estive atento ao que foi traçado por qualquer uma das propostas para o futuro da Grande Loja.
No fim, ambos serão escrutinados e sufragados. Um será eleito para representar os demais, o outro fará o seu caminho nas “colunas”, desenvolvendo o seu trabalho maçónico tal como os restantes irmãos.
O importante é que será eleito um Irmão, um de “nós” e isso é que conta. O resto é pura conversa…

28 setembro 2015

Comunicação do Grão-Mestre da GLLP/GLRP à Assembleia de Grande Loja no Equinócio de Outono


Da Regularidade:

Enquanto Grão Mestre da Grande Loja Regular de Portugal, encerro nesta Grande Loja de hoje, um ciclo completo: dois solstícios: dois equinócios: um ano solar, fecho com o compasso maçónico um círculo justo e perfeito.

Antes de mais, agradecer a todos: as horas felizes, os sorrisos, a força, as ajudas, a lealdade, a harmonia, o companheirismo fiel e fraterno.

Dizer ainda que crescemos em Obreiros e em Lojas, que nos fortalecemos, que nos consolidamos, que aumentamos a nossa estruturação e eficácia, o nosso rigor, e através de uma sede de Grande Loja renovada e mais fina e ritualmente adornada, damos corpo a uma melhor imagem de nós, mais bela, espaço repositório da história e memória da nossa Obediência, mais condizente, mais justa e perfeita.

Sendo a nossa sede local onde trabalham 21 Lojas nos dois templos ali consagrados, é no entanto o espaço de todos os Mações e de todas as Lojas da GLLP/GLRP, visitável por Irmãos, Famílias e profanos em horários pré-determinados.

Mantivemos e reforçamos os nossos relacionamentos internacionais credibilizando ainda mais a nossa Grande Loja e demos corpo ao reforço estratégico dos laços da lusofonia.

E por fim conversar convosco sobre Regularidade. E falar-vos deste tema, porque somos uma grande Obediência Maçónica que se filia com total plenitude na Regularidade Maçónica, a maior família maçónica do planeta, que conta já com muitos séculos de tradição.

Por vezes somos levados a não valorizar suficientemente a real importância da nossa Regularidade, porque nos esquecemos que funcionamos tal uma orquestra sinfónica, totalmente afinada: embora o maestro seja fundamental para marcar o tempo, cada músico tem que cuidar do seu instrumento, da sua partitura, da sua melodia, manter-se a si próprio aprumado e ensaiado, estar atento e seguir escrupulosamente o tempo que a batuta do maestro dita, para se poder atingir a coesão e a coerência, para se poder realizar uma execução com unidade interpretativa, em plena harmonia.

E embora o maestro conte imenso, cada um dos restantes elementos conta igualmente imenso. Obrigado a todos por mantermos esta contínua harmonia, obrigado a cada um pelo papel fundamental que tem sido capaz de interpretar e desempenhar.

A regularidade maçónica é filiação que se conquista arduamente, é realidade que se merece depois de conseguida a harmonia, mas é também realidade que se mede ininterruptamente, e que por isso se pode perder a cada nova sinfonia que a nossa orquestra queira interpretar, porque a maléfica tentação da cacofonia espreita insistentemente, o individualismo desintegrador ameaça todos os dias, mas eu garanto-vos que serei sempre um devorador de desunião, um comedor de egocentrismos, um maestro da união e da harmonia.

Não queiramos apenas acreditar nas nuvens de algodão que descobrimos pelas janelas dos aviões, porque elas já foram beber a todas as gotas de orvalho, a todos os rios, a todos os lagos, a todos os mares, a todos os oceanos! Também assim se forma a regularidade maçónica universal, tal uma cadeia que se irmana através de elos que são cada Irmão, cada Loja, cada Grande Loja, cada confederação de Grandes Lojas, continuamente escrutinadas pela Grande Loja Unida de Inglaterra: tal uma romã, a tal meligrana que em várias ocasiões já vos falei.

Sem complexos, servilismos ou perda de soberania da nossa Obediência, a Grande Loja Unida de Inglaterra é uma autoridade indisputável no que a questões de Regularidade dizem respeito, não só porque é a Grande Loja fundadora da Maçonaria tal como a conhecemos mas porque ao longo dos anos emitiu e produziu doutrina sobre a Regularidade constituindo-se assim um referencial incontornável.

E se perdermos a regularidade o que seremos? Pura e total insignificância! Um grupo de homens livres que quer muito ser maçon, mas a quem mais ninguém no mundo lhe reconhece essa qualidade, porque deixamos de emanar luz, para ser apenas reflexo de passageiras venturas, olvidado que já foi o farol primordial que nos alicerça na nascente, que através da distância e do tempo se purificou, sem que qualquer ilusão ou miragem o venha reinventar, amortalhando assim a resplandecência da pureza inicial: e nada mais que grandes ilusões permanecerão, grandes vazios, grandes dissidências e desuniões, paraísos falsos totalmente perdidos.

Pode haver a tentação de deixarmos subir através de nós a vontade de noite, trazida por um ímpeto silêncio que acaricia a pele dos nossos egoísmos, enquanto se estende um imenso lençol de pesada sombra aniquiladora, tão serena que até dá tempo à concretização de todas as grandes destruições, que nos precipitarão em plena garganta de todos os precipícios.

Mas nós preferimos antes sonhar o rio da união como quieta lagoa que não tem que suportar o arrepio, nem tolerar saltos incertos e ousados de contrabandistas que navegam no fio da navalha dos abismos, porque a eternidade Regular, nunca acabará de passar, por isso seguiremos em justo e harmonioso silêncio, o silêncio justo da tradição e da universalidade, para não sermos esmagados pelas desilusões!

E vou continuar a falar-vos do tema da regularidade, mas agora de uma outra regularidade, a regularidade democrática em que o nosso País, o nosso querido Portugal, já se mantem há mais de quarenta anos. E falar desta regularidade democrática, porque se vão mais uma vez desenrolar eleições livres no próximo dia 4 de Outubro, o ato popular e universal que consubstancia a regularidade democrática de cada estado e que a Maçonaria tanto lutou. E não me atrevendo a opinar sobre os partidos políticos que a elas concorrem, creio constituir elemento relevante, o Grão Mestre alertar todos os maçons da sua Augusta Ordem, para que sejam cidadãos intervenientes mas inteiros, agentes plenos de cidadania, que nunca deixarão o seu país derivar para obscurantismos e outros regimes totalitários, por isso serão agentes valorizadores da democracia plena e portanto do ato popular mais sagrado das democracias modernas: as eleições livres.

Dizer ainda que durante estas últimas quatro décadas vividas em democracia, Portugal mudou radicalmente para melhor, tendo sido capaz de responder cabalmente a vários grandes desígnios e causas nacionais tal: a liberdade, a democracia, a descolonização, a infra-estruturação básica, a Europa, o desenvolvimento.

Mas ficam-nos ainda vários grandes desígnios nacionais por resolver, e dentro dos mais prementes, penso ser muito importante frisar três fundamentais: a coesão e justiça social, a coesão e justiça territorial, o respeito e defesa do ambiente.

Coesão e justiça Social para que sejamos realmente capazes de amenizar os sofrimentos dos mais desprotegidos e frágeis, não os deixando em sofrimento à beira da estrada.

Coesão e justiça territorial, de forma a esbatermos o fosso que se cavou entre o litoral mais povoado, mais rico e desenvolvido e o interior em contínuo e total abandono, caminhando a passos largos para o total despovoamento, muito mais pobre, profundamente deprimido e muito menos desenvolvido que a finíssima faixa litoral.

E por fim o respeito e defesa do ambiente, porque apenas temos este país e este planeta para viver, e temos o dever de os deixar aos nossos vindouros, pelo menos em tão bom estado de saúde, como aquele que recebemos dos nossos ascendentes.

É ainda importante frisar, que foi apenas no mês passado, que pela primeira vez um presidente em exercício nos EUA, o nosso Irmão Barack Obama, pisou o Ártico americano, para enfatizar a necessidade do combate drástico ao aquecimento global: e nós por cá não queremos nada que o nosso litoral se afunde, nem o nosso interior se erme!

E neste tempo de equinócio, a União da grande família dos maçons regulares, é de rigor: façamos o mundo mais feliz, e por contágio, sejamos todos mais felizes.

E era esta a mensagem simples que hoje vos queria comunicar, e dela imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal da nossa Regularidade Maçónica, como a regularidade democrática para Portugal, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Júlio Meirinhos
Grão Mestre

06 julho 2015

Maçonaria - Uma grande Família: Princípios e Deveres


Comunicação à Assembleia de Grande Loja no Solstício de Verão
e comemoração do XXIV Aniversário da Grande Loja
Lisboa 27 de Junho de 6015

Acolhemos hoje o solstício de Verão, o dia mais longo, onde a grande vitória da luz sobre a escuridão se concretiza na sua plenitude: e assim tem que ser para todos os maçons, sempre a luz dos ancestrais princípios e valores, a triunfar sobre os medos e as trevas dos obscurantismos.

Comemoramos também hoje o vigésimo quarto aniversário da nossa Grande Loja, que vive um tempo de plena asserção institucional, forte afirmação internacional, grande crescimento em obreiros e lojas, que está a materializar antigos desideratos, tal uma sede própria que se consolida e engalana.

Ainda neste dia de hoje e sempre quero que celebremos a nossa grande e fraterna família maçónica.

Como podeis constatar meus Irmãos, nas suas mais variadas dimensões, podemos bem dizer que hoje é não só um dia grande, como também um grande DIA: três comemorações em uma: não haverá detergente que se lhe iguale em luz.

Desde há muitos séculos, agrupando indivíduos com ancestrais comuns, ou unidos por laços afetivos, que a família se afirma como a unidade básica da sociedade: e é isso que a nossa Augusta Ordem tem que ser: UMA GRANDE FAMÍLIA.

Enriquece-nos, engrandece-nos, valoriza-nos a existência de vários clãs, cada um diferenciado pelo ritual que pratica, herdado dos mesmos ancestrais ascendentes, mas todos irmanados pelo mesmo apego aos princípios e valores de liberdade, de ética, de humanidade. Enquanto agregação social, a nossa Augusta Ordem, a nossa FAMÍLIA, tem que ser capaz de assumir funções de proteção e socialização dos seus membros, abrigando e acomodando a transmissão da nossa cultura inalienável de princípios e valores, o que implica ao mesmo tempo, sermos capazes de assegurar a continuidade, e proporcionar um esquema forte de referência aos membros, dando assim resposta cabal por um lado às necessidades intrínsecas de todos os Irmãos que a incorporam, e por outro às necessidades da sociedade em que nos inserimos.

Dizendo de outra forma: na família maçónica temos direitos que se materializam sobretudo na fraternidade entre os irmãos, mas muito mais que isso, o maçom tem sobretudo obrigações e deveres para traçar caminhos para um futuro mais humano, formando líderes capazes em sólidos princípios éticos e morais. 

Porque não basta pertencer à Maçonaria para se ser Maçom: é sobretudo preciso que incorporemos os Valores que a Maçonaria professa. 

Todo o maçon se une através de juramentos a esta fantástica ordem iniciática que é a Maçonaria. 

E já Thomas More sublinhava, “quando um homem faz um juramento, tem que entregar a honra como fiador, porque outra coisa não lhe é exigida para afiançar o juramento”! Se rompemos o juramento, perdemos a honra e deixamos de ser idóneos, deixamos portanto de ser maçons: e os maçons, ou são inteiros e honrados, ou então são apenas arremedos que arrefecem à sombra de vultos que se interpõem no feixe que a luz projeta.

Hoje como sempre, a maçonaria regular que não é uma realidade estática, muito pelo contrário, deve combater a tirania e lutar pela construção de uma Sociedade mais Justa e Perfeita, pela promoção da Igualdade de Oportunidades, e este desiderato apenas é possível, se os mações forem contumácios agentes que acima de tudo defendem e constroem uma sociedade melhor: para desvarios, bastam os milhões de profanos.

Cada Maçon, todos os dias, deve ser capaz de colocar mais um grão, nem que de pó seja, sobre a grande muralha da construção de sociedades mais justas.

O grande rio da liberdade, apenas se engrandece, se continuamente vir o seu caudal engrossar, por isso todos os dias temos que ser todos nós a alimenta-lo de gotas, quem mais o poderá fazer? E não tenhamos medo, porque os trasbordos e outros riscos do exercício da nossa própria liberdade, apenas nós mesmos os podemos controlar e enfrentar.

Pertencemos a esta ordem iniciática que já conta com séculos de existência, que muita catedral já construiu, e apenas por isso, somos levados a pensar que já tudo está edificado: puro engano!

Vós que como eu, amiúde viajais de avião, aprendei com as lições que vos ensina a paisagem que de cima avistais: quando atravessamos cordilheiras montanhosas, erguem-se altaneiras e duras as rochas, imponentes gritos vindos do fundo do tempo, feridas já cicatrizadas das convulsões da Terra ainda quente, que durante milhões de anos a chuva e o vento não pararam de lamber e que as nuvens de vez em quando acariciam.

E para nós apenas estas frias e duras rochas merecem respeito, enquanto o nosso mirar despreza totalmente os pequenos líquenes que lhe colonizam a pele rugosa, as ervas e as plantas rasteiras que as entornam, porque o nosso olhar ainda não soube aprender, que apenas estes se decidiram verdadeiramente a conquista-las, contando com o tempo como aliado: as rochas vão-se desfazendo, ainda que num tempo muito longo, mas as ervas e os líquenes teimosos renascem a cada ano e o seu verde não pára de conquistar terreno, pois a sua fragilidade é o melhor disfarce para enganar uma dureza fragilidade que nós queremos ver como inexpugnável: se o nosso respeito vai todo para a imponência das rochas e das altas montanhas, e às ervinhas e líquenes apenas desprezo reservamos, isso mostra como ainda tanto temos para andar no caminho da sabedoria, do amor e da liberdade.

E assalta-nos depois a paisagem monótona da imensa e interminável planície centro-europeia, mar fundo de terra fértil, verdejante, que as ervinhas, os líquenes e outras plantinhas já conquistaram às duras e imponentes rochas.

E agarra-se agora aos nossos olhos, a miragem azul-turquesa do mar Mediterrâneo, que esconde negros e profundos rifts centrais, gargantas abertas por onde sobe a lava quente primordial vinda do manto da Terra, sempre pronta a edificar novas cadeias montanhas, feitas de rocha fria erguida: e nós temos que saber, que enquanto maçons, somos as ervas e os líquenes que já as espreitam, e que iremos fazer delas imensas planícies férteis e verdejantes que darão alimento para quem ainda passa fome, e que esse gesto será verdadeira liberdade para os que ainda não conhecem o segredo que ensina a arte de bem saber mirar e durar.

Por esta parábola meus irmãos, apenas vos quis explicar a grandeza da humildade das ervas e dos líquenes, e mostrar-vos também que o céu e o inferno têm paredes meias e que começa sempre por ser impercetível a passagem de um para outro, e que a solidariedade entre os homens é sempre o ponto mais feliz da chegada. 

Tratemos todos os humanos de igual forma, sem distinção de raça, de classe, de género, de orientação sexual, todos como iguais e irmãos; combatamos a vã e vil ambição, o orgulho, o erro o preconceito, a ignorância, a mentira, o fanatismo, os integrismos, a superstição: flagelos da Humanidade, estorvos ao verdadeiro progresso; pratiquemos a justiça, promovamos a salvaguarda dos direitos humanos; pratiquemos a tolerância relativamente à escolha religiosa, à escolha de opinião política; deploremos todos estes aspetos, mas sobretudo esforcemo-nos para reconduzir o mundo aos caminhos de uma humanidade verdadeiramente humana, Solidariedade Maçónica, pura humilde fraternal,onde a felicidade se resplandece em cada um dos rostos que perfazem a humanidade.

E são estes meus Irmãos, os grandes deveres que nos esperam todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos: tudo será humildade e tudo se fará então urgência para edificar um mundo melhor.

E neste tempo solsticial, a União da grande família dos maçons, é de rigor: façamos o mundo mais feliz, mais humano e por contágio, sejamos todos mais felizes.

E era esta a mensagem forte que hoje vos queria comunicar, e dela imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, cumprindo os princípios e deveres, para consolidar a edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Júlio Meirinhos
Grão Mestre

25 maio 2015

Comunicação do Grão-Mestre da GLLP/GLRP à Assembleia de Grande Loja no equinócio da primavera


A importância dos Princípios e Valores

Homenagem a Amadeu Ferreira

(Amadeu Ferreira (1950-2015), personalidade multifacetada: professor universitário, jurista impulsionador da criação dos estudos de Valores Mobiliários na Universidade e co-redator do Código de "Valores Mobiliários", 15 anos vice-presidente da CMVM, escritor, poeta, romancista, contista, dramaturgo, ficcionista, ensaísta, tradutor, assumindo o seu nome civil ou vários pseudónimos, entre eles Fracisco Niebro, Marcus Miranda e Fonso Roixo. Génio, inteligência, cultura, simpatia, bondade, e sobretudo muita simplicidade, são qualidades que coloca ao serviço das causas que abraça, entre elas a cultura e a literatura mirandesas, entregando-se a tarefas hercúleas que tornam Amadeu Ferreira a figura cimeira da literatura mirandesa. Para além da sua vastíssima obra literária em português e mirandês, publicou traduções para mirandês de Camões – poesia lírica e Os Lusíadas, de grande parte da poesia de Fernando Pessoa, nomeadamente a Mensagem, da maior parte dos poetas portugueses do século XX, mas também dos latinos Horácio, Catulo e Virgílio, e ainda de "Os Quatro Evangelhos", a partir da Vulgata latina de São Jerónimo, assim como "O Cântico dos Cânticos - O Mais Alto Cantar de Salomão". A respeito das muitas traduções que realizou para mirandês, referiu à imprensa: "É preocupação minha que os principais poetas da humanidade também falem em mirandês". Muitos dos seus poemas já se encontram traduzidos em várias línguas. Comendador da Ordem do Mérito da República Portuguesa desde 2004, a sua biografia "O Fio das Lembranças – Biografia de Amadeu Ferreira", da autoria de Teresa Martins Marques, publicou-se na Âncora Editora em Março 2015.)

No passado 1 de Março, partiu para o Oriente Eterno um dos maiores amigos que tive: Amadeu Ferreira. Apesar de ser apenas quatro anos mais velho que eu, desde os meus dezasseis anos que o seu exemplo e linha de pensamento moldaram a minha forma de ser para sempre. Mirandês de nascença e de vida, foi Grande Homem em variadíssimos domínios, por isso, em depoimento que fiz para a sua biografia lançada pela Âncora editora no passado 5 de Março, escrevi:

"Para mim falar do Amadeu Ferreira, é sobretudo celebrar o Homem, que pode até nem ser inteligente, nem sábio, nem génio, nem profeta, mas que é antes de mais Homem de Valores, porque incorporou e pratica todos os dias os valores que fizeram com que a humanidade pulasse e avançasse no sentido certo: tudo o resto é vanidade. Obrigado Amadeu, fui um sortudo dos maiores, porque cruzei o tempo e a vida de um Profeta".

Amadeu Ferreira não era maçom, mas várias vezes nos acompanhou em ágapes de Grande Loja, porque subscrevia por inteiro os valores nobres da maçonaria.

Hoje, aqui, conjuntamente convosco, não posso deixar de evocar a sua memória, citando depoimento seu, para a sua única neta, que conta agora com apenas seis meses de idade, onde ele lhe deixa como único conselho para a vida, pautar-se e reger-se por Princípios e Valores fundamentais: todos nós podemos ser essa neta, e todos nós podemos ser continuadores geracionais da sua mensagem, uma verdadeira mensagem maçónica.

E Amadeu Ferreira dirige-se nestes moldes à neta:

"O caminho que cada um tem de seguir para viver a sua vida, é um caminho que ele próprio tem de encontrar e não seguir caminhos alheios. Pode haver sugestões, pode haver dicas, pode haver tudo isso, mas cada um tem de encontrar o seu caminho. Se o não quiser fazer ou não o conseguir fazer, fica perdido. Isto é a primeira ideia que eu quero deixar. Uma ideia de confiança na pessoa, uma ideia de autoconfiança em si própria para encontrar o seu caminho, porque de facto enquanto vivermos, nunca chegamos ao fim do caminho. O caminho é uma procura constante.

Não há respostas prévias, não há soluções que as pessoas tenham. Por isso, vamos encontrando a resposta a cada momento, vamo-la adaptando, ajustando. A ideia de que há sistemas filosóficos e morais que nos dão resposta para tudo é uma ilusão. Todo o pensamento deve ser guiado por princípios e valores, mas eu não consigo ver mais do que dois ou três desses princípios fundamentais, daqueles que valem a pena. Tendo em conta a minha experiência de vida, há três princípios ou valores que considero fundamentais: a liberdade, a humanidade e a positividade.

Primeiro, um princípio de liberdade, sem o qual não temos dignidade, nem nos autonomizamos como pessoas. O princípio da liberdade constitui e alberga o fundamento da dignidade humana. Ser livre significa pensar pela sua cabeça, mas de acordo com a sua experiência, com a experiência que temos em cada momento.

Depois um segundo princípio, que é um princípio de humanidade. O importante são as pessoas. Nós temos de viver com as pessoas. Temos de respeitar as pessoas, compreendê-las, orientarmo-nos para elas, mesmo quando nos desiludem. As pessoas são o mais importante que há no mundo. Portanto, esse princípio de humanidade, é absolutamente essencial. Como costumo dizer: as pessoas são o único monumento que existe à face da terra, tudo o resto é obra.

Há um terceiro princípio essencial, a que costumo chamar princípio de positividade, isto é: vale sempre a pena fazer coisas. O mundo pode ser transformado. Temos de ter ideias no sentido de transformar o mundo. O mundo não está feito, não está acabado, temos capacidade de intervir nele e portanto, cada um de nós pode intervir nesse mundo e pode ajudar a transformá-lo, porque desde o momento em que nascemos, o mundo já não é o mesmo, só pelo simples facto de termos nascido. Isso traz-nos uma responsabilidade muito grande. A ideia de que não vale a pena fazer nada, de que vai tudo sempre a bater ao mesmo, é uma ideia falsa.

Este princípio de positividade, de que vale a pena interagir como cidadãos de corpo inteiro, não ser indiferente, é inquestionável.

Estes princípios de liberdade, de humanidade e de positividade, são irrenunciáveis, absolutamente essenciais e sem os quais, a vida não faz sentido. Sem os quais a dignidade humana não tem fundamento".

Também eu meus queridos irmãos, me tenho esforçado para incutir estes princípios fundamentais na ação dos maçons, por isso referi na minha prancha de tomada de posse como G:.M:: "...no nosso tempo, a liberdade, passou de mera ordem metafísica, para um plano, em que deve afirma-se como a primeira exigência do maçom moderno". Já em relação ao princípio de Humanidade, referi: "Não nascemos maçons, tornamo-nos maçons. E detrás disto há a ideia de que somos os criadores da nossa própria realidade, seja fantástica ou seja a realidade que realiza, por isso cada maçom, no seio da comunidade fraterna de irmãos, é responsável pela sua própria humanização, porque esta não lhe é dada originalmente, ela é fruto de uma luta que edifica a construção permanente: a criação, a luz, a retidão, a separação permanente entre a luz e as trevas, uma caminhada humanística que nos deve constantemente aproximar do próximo".

Relativamente ao princípio de Positividade, fazer todos os dias pequenas coisas para transformar o mundo, foi sempre o grande desígnio da maçonaria universal, e com perseverança, muita coisa temos conseguido, mas temos que continuar.

E continua Amadeu Ferreira, a falar assim para a neta:

"Eu faço derivar todo o comportamento humano a partir destes princípios, incluindo o meu. Se falha algum deles, ficamos mancos, desorientamo-nos, perdemo-nos. São princípios que apontam para um caminho que não é linear, mas difícil. É um caminho que, em relação a cada um deles, nós nos enganamos, temos de andar para trás e para a frente, para ajustar agulhas, em relação aos quais muitas vezes não sabemos que rumo seguir.

Temos que o procurar constantemente. Com a certeza de que todos esses princípios comportam riscos elevadíssimos. Aliás, viver, é uma coisa maravilhosa, mas é um risco. Onde não há risco não há ganho. Por isso vamos encontrar pessoas que apesar de tudo são uns escroques que nos fazem mal, mas não podemos desistir da humanidade, porque se nós perdermos a nossa própria humanidade, coisificamo-nos e portanto, perdemos também essa dignidade.

Vamos encontrar um Planeta Terra mau, pessoas maldosas, que nos fazem mal, inclusivamente, pessoas que nos querem mal. Encontramos guerras desde o início da humanidade, holocaustos, mas aplicar o princípio da positividade à humanidade é possível, pois ela pode ser transformada. Já fomos selvagens, já fomos canibais. Houve alturas em que saíamos de umas guerras para as outras. Só vivíamos de sangue, em que a profissão mais nobre era a profissão de guerreiro e a profissão dos nobres era a guerra. Nós já vivemos esse tempo. Hoje não é assim, mas o que vemos hoje pelo mundo fora? Gente a matar-se, gente que não quer saber uns dos outros.

Apesar de tudo, este princípio da humanidade tem de ser inquestionável e não desistir. O princípio da não desistência perante a capacidade que temos de melhorar as coisas, nem que seja um grãozinho. E não podemos ter a pretensão de ver o que melhoramos, muitas vezes não vemos. A nossa passagem é como a marca de água nas notas de banco, não se vê, mas está lá. E, quando se trata de um momento como nas notas, de marca de água, de ver, de distinguir o verdadeiro do falso, isso ajuda.

Olhamos para a vida, para a terra, vemos todos os grãozinhos de poeira que estão deitados? Não vemos, mas estão lá. Fazem montanhas, quando se multiplicam por milhões. E os atos humanos também são assim. Quando se multiplicam por milhões, os atos bons produzem resultados. Às vezes há retrocessos, porque a história não caminha sempre para a frente e nós temos de ter capacidade para aguentar esses recuos. Mas esse princípio de facto positivo, de capacidade de transformação, de confiança em nós é absolutamente essencial.

Perante este princípio, não há lugar a desistência, não há lugar a fugas, porque às vezes, apetece-nos fugir, mas temos de enfrentar. Este princípio de humanidade conjugado com a nossa liberdade, que nos ajuda a encontrar o nosso caminho e não o dos outros.

Diria à minha neta: sê tu mesma dentro deste caminho, livre com intervenção de cidadã, com intervenção positiva, no sentido de que o mundo é transformável. O mundo onde nasceste não está totalmente feito, sobrou um bocadinho para tu fazeres. Não há grandes coisas, grandes feitos, isso não existe. Todas as coisas que nós fazemos são pequenas coisas. E as únicas grandes coisas que há são as pequenas coisas. Um sorriso, um amigo que se faz, uma mão que se dá.

E nunca em circunstância alguma, fazermos aquilo que nos envergonha a nós próprios e nos obriga a olhar para o chão. Temos de olhar para cima. Espinha direita! Isto é a coisa mais simples que existe e mais complicada ao mesmo tempo.
Eu faria derivar todo o potencial destes princípios e desta postura. Tudo o que nós temos na vida é uma conquista. Cada dia é uma conquista, cada instante é uma conquista e isto conduz-nos a um princípio de humildade. Humildade no sentido de liberdade, de variação, de não chegar a conclusões, de positividade, de transformabilidade das coisas".

E reparem bem meus irmãos, também este princípio de humildade deve estar bem presente no maçom, porque quem se humilha será sempre exaltado.

E termina assim Amadeu Ferreira a carta à sua neta:

"Estou convencido de que a minha neta, tal como a humanidade, irá encontrando o seu caminho, e muito me orgulharei, se for uma pessoa de princípios e valores, como estes que referi, na base da sua dignidade, da sua vida e da sua felicidade, porque felicidade em geral não existe. O que há são momentos felizes que nós construímos. A felicidade é uma construção nossa e nós construímos esses momentos de felicidade, fruto do momento que vivemos. A felicidade é equilíbrio com nós próprios, nada mais que isso. Não é uma coisa do outro mundo, não é o céu na terra. Isso do céu é uma chatice.

Fora disto, que mais eu lhe poderia querer dizer? Mais nada. Isto dar-lhe-á alegria, que é uma coisa fantástica, permitir-lhe-á encontrar o sorriso certo e mais bonito em cada momento, que é a coisa que mais nos pode fazer bem".

E para terminar, também eu quero vincar a importância dos sorrisos, por isso referi na prancha do último solstício: "já ouvi dizer que não se riem os animais, talvez, sarcasticamente as hienas, e nós queremos tanto aprender o valor do riso fraterno, por isso pediremos sempre muito pouco: apenas ser felizes, e talvez assim façamos o mundo mais feliz, e por contágio, sejamos também nós todos mais felizes".

E com esta singela, mas sentida homenagem a Amadeu Ferreira, Homem de Princípios e Valores, foi uma mensagem forte que hoje vos quis deixar, e dela imbuídos, continuaremos o nosso caminho, fazendo o mundo mais feliz e, por contágio, sermos todos mais felizes, cumprindo os Princípios e Valores, para consolidar a edificação da nossa Ordem, a bem da Humanidade,

À Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Lisboa, 21 de Março 6015

Júlio Meirinhos