Atalhos

16 junho 2025

O Futebol e o Espírito da Maçonaria

 

Diz-se, e com razão, que em Loja não se discute futebol. Tal como a política ou a religião, o futebol desperta paixões intensas. As paixões, quando desgovernadas, nunca ou raramente constroem.

Mas há um lado luminoso nessas mesmas paixões, a capacidade de juntar milhares em torno de uma ideia, de um símbolo, de um propósito comum. E quando essa energia é canalizada com elevação, pode erguer verdadeiras catedrais humanas, dentro e fora do Templo.

Há poucas coisas no mundo profano que consigam unir tantas pessoas, de tantos cantos do mundo, como o futebol. Línguas diferentes, culturas opostas, crenças divergentes, e ainda assim, num estádio, ou diante de um ecrã, milhares erguem-se ao mesmo tempo, pelo mesmo motivo.
É um fenómeno de comunhão., de pertença, do símbolo.

E, curiosamente, não está assim tão longe do espírito da Maçonaria.



Também nós, Maçons, vestimos aventais, às vezes, de cores diferentes mas trabalhamos para o mesmo fim. Também nos reunimos em assembleias silenciosas, vindos de mundos tão distintos, para construir em conjunto, também nós acreditamos que, no meio do caos, pode haver harmonia se houver propósito, vontade e elevação.

Ver um clube como o Benfica (peço desculpa aos nãos Benfiquistas, mas a verdade é para ser dita), que tantos Portugueses une, até mesmo entre a diáspora entrar em campo num torneio global como o Mundial de Clubes, faz lembrar-nos que os símbolos têm força. Que a identidade não é apenas um dado biográfico, é um farol.
As Casas do Benfica espalhadas pelo mundo, tal como as Lojas Maçónicas, são pontos de contacto entre mundos, entre tempos, entre memórias. São espaços onde se fala a língua do coração, mesmo quando longe de casa.

Na Maçonaria não se joga para ganhar., joga-se para construir., mas o espírito é semelhante: vencer o ego, ultrapassar o ruído, afinar o compasso colectivo, para que da diversidade surja uma obra comum.

Que este Mundial de Clubes, e os que nele participam, nos recordem que é possível sonhar em conjunto, sem perder o que nos distingue e que no mundo profano, como no Templo, a verdadeira vitória é conseguirmos permanecer fiéis àquilo que nos faz levantar e seguir em frente.

João B. MM

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