Atalhos
31 maio 2007
Nao que me preocupasse, mas...
Este nome, uma composição feita com o meu nome e apelidos, não escondendo quem realmente sou, nao publicitava também.
Ora face às noticias que apareceram hoje na imprensa semanal, e face ao facto de o meu nome vir la referenciado ( não comento o artigo pelo menos para já) pensei que estaria na altura de mudar o meu "diz que é uma especie de pseudonimo", para o meu nome.
Assim poderão ver no Blog e no meu perfil já o meu nome.
Quanto à minha contribuição para este blog tem andado fraca, mas tenho 2 textos em escrita, sendo que um deles so pode ser publicado depois do Rui publicar um texto que sei que está a escrever.
Até lá, vou ver o que se arranja
Jose Ruah
30 maio 2007
A The Victorian Lodge of Research, n.º 218
Tal como a Loja de Investigação Britânica, a Quatuor Coronati, também esta Loja de Investigação australiana agrega a si um Círculo de Correspondentes a que se podem juntar os Mestres Maçons de todo o Mundo. A adesão ao Círculo de Correspondentes implica o pagamento de uma quota anual de 20,00 euros e dá direito a receber a publicação anual dos trabalhos apresentados em Loja e a assistir às reuniões da Loja, que reúne normalmente no Centro Maçónico de Victoria, situado em 300, Albert Street, East Melbourne, às quartas sextas-feiras dos meses de Fevereiro a Outubro.
São objectivos da Loja: a investigação maçónica, a difusão do conhecimento maçónico, o realce da grande Tradição da Ordem, a promoção do interesse em tudo o que constitua Maçonaria, sem quaisquer limites excepto o respeito pelos princípios maçónicos e o confronto com os problemas que se colocam à Maçonaria nos tempos actuais e com os desafios futuros, sendo seu entendimento que é do melhor interesse da Maçonaria que nenhuma opinião deixe de ser considerada, desde que apresentada com verdadeiro espírito maçónico.
O lema da Loja é SEQUENDO LAMPADA DISCO, que se pode traduzir por APRENDO SEGUINDO A LUZ.
A próxima reunião desta Loja de Investigação terá lugar no próximo dia 22 de Junho e nela o Irmão Paul Alexander, que já exerceu o ofício de Venerável Mestre da Loja, apresentará o trabalho intitulado Foi Napoleão Maçon? O terceiro Quartel do século XVIII.
Rui Bandeira
29 maio 2007
Uma História da Maçonaria Britânica (1425-1583)
O texto é interessantíssimo. É claramente um trabalho sério e objectivo de um académico competente. Não faz a apologia da Maçonaria Britânica, nem a critica ou ataca. Apresenta factos, interpreta-os e relaciona-os com os eventos, designadamente políticos, da respectiva época. Relata a evolução da Maçonaria tal como a mesma ocorreu, nos bons e nos maus aspectos e apresenta a sua interpretação das razões de ocorrência dos principais eventos. É uma peça imprescindível da cultura geral de um maçon e um texto esclarecedor para quem se interessa pelo fenónemo da Maçonaria.
Quer porque nem todos lêem fluentemente inglês, quer pelo interesse intrínseco das informações constantes desse trabalho, vou sumariá-lo aqui no blogue. Mesmo em sumário, a sua extensão é significativa. Opto assim por dividir o sumário em vários textos, que tenciono publicar alternadamente com textos de outros temas.
O Professor Prescott divide a História da Maçonaria Britânica em dez períodos: 1425-1583; 1583-1717; 1717-1736/7; 1737-1763; 1763-1797-8; 1798-1834; 1834-1855-6; 1856-1874; 1874-1967; e 1967-2000.
O resumo de hoje respeita ao primeiro desses períodos, 1425-1583.
As origens da moderna maçonaria como um movimento social encontram-se nas fraternidades religiosas que floresceram particularmente após a peste negra de 1349. Essas fraternidades existiram primeiramente para encomendar e pagar orações pelas almas dos seus membros, mas começaram a ser utilizadas por determinados grupos dos artesãos para assumirem a responsabilidade pela regulamentação das respectivas actividades. A peste negra tinha causado uma falta de artesãos hábeis e o governo esforçou-se por tentar manter os salários baixos. A tensão inflaccionista era particularmente aguda nas profissões ligadas à construção. Em 1425, foi publicada legislação proibindo os trabalhadores da construção de se organizarem para exigir salários mais elevados. É neste evento que nós podemos encontrar a causa para o início dos mitos da maçonaria. Os grupos de construtores em pedra desenvolveram uma lenda de que lhes tinham sido dadas cartas-patentes antigas, permitindo que se organizassem. Reagiram também contra a estratificação crescente da sua profissão, desenvolvendo lendas que procuraram demonstrar que todos os trabalhadores de construção (maçons) eram irmãos com estatuto igual. Os dois manuscritos que registam estas lendas, preservados na Biblioteca Britânica e conhecidos como os manuscritos de Regius e de Cooke, foram usados aparentemente para ultrapassar a proibição de organização. As lendas constantess dos manuscritos Regius e Cooke, e em especial a reivindicação de que os maçons tinham recebido uma carta-patente do (inexistente) príncipe Edwin, um alegado filho do rei anglo-saxão Athelstan, permanecem de importância fundamental para o entendimento da moderna Maçonaria. Estas lendas obtiveram um novo impulso em meados do século XVI, quando nova inflação conduziu a novas tentativas de restringir os salários dos artesãos. Em 1552, os líderes de uma greve de trabalhadores da construção em York foram presos. Em resposta, ocorreu uma mais substancial elaboração das lendas que constavam em Regius e Cooke, com a concessão por Edwin de uma carta-patente especificamente aos trabalhadores da construção (maçons) de York, um detalhe novo que pretendeu aparentemente reforçar a posição destes. Esta primeira fase da história da Maçonaria poderá ser chamada a fase do sindicalismo.
Rui Bandeira
28 maio 2007
A eleição do Terceiro Venerável Mestre
Naquele início de Verão de 1992, a Loja Mestre Affonso Domingues ia proceder à eleição do sucessor de José M. M.. A contra-gosto! Era praticamente unânime a opinião de que ele deveria assegurar um novo mandato. Mas José M. M. não concordava. Tinha mesmo tido o cuidado de ter providenciado pela aprovação, pela Loja, do seu Regulamento Interno, nele tendo incluído uma disposição que previa que o Venerável Mestre só podia exercer o máximo de dois mandatos consecutivos. Apesar da argumentação dos demais membros de que ele só tinha sido eleito uma vez (o seu primeiro mandato ocorrera por designação mediante decreto do Grão-Mestre), a sua posição era definitiva: já tinha cumprido dois mandatos, chegara a hora de transmitir o malhete de Venerável Mestre a outrem.
E, na sessão seguinte, José C. C. foi tranquilamente eleito Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues, para o período de Setembro de 1992 a Setembro de 1993!
25 maio 2007
Diálogo (VII - e último)
- Não sei se serão as últimas, ou apenas as que sobram das primeiras, mas são três.
- Vamos lá, então.
- Primeira: sei que vou entrar numa Loja onde tu estás. E se não gostar? Fico amarrado a essa Loja para sempre?
- Salvo circunstâncias excepcionais, o candidato é dirigido para a Loja do seu primeiro proponente. As razões disso são evidentes: o proponente é o elemento de ligação entre o candidato e o grupo onde se vai inserir e facilitará a sua integração nele; por outro lado, essa foi a Loja que procedeu às inquirições, que avaliou o candidato e recolheu os elementos que lhe possibilitarão providenciar pela harmoniosa integração do novo elemento. Mas o maçon não está preso à Loja em que foi iniciado, a sua Loja-mãe. Uma vez que tenha sido elevado a Mestre, poderá mudar de Loja ou filiar-se em mais do que uma Loja.
- E antes disso?
- Normalmente, o Aprendiz e o Companheiro não mudam de Loja, quer porque estão em plena formação, que deve decorrer sem sobressaltos, quer porque nem sequer tem o suficiente conhecimento da da Obediência para conscientemente optar. Mas esta não é uma regra absoluta: já houve vários casos, por diferentes razões (mudança de localidade de residência, por exemplo) em que ocorreu a mudança de Loja de Aprendiz ou de Companheiro. Evidentemente que, nesses casos, deve formar-se uma conjunção de vontades, do próprio, dos Veneráveis Mestres da Loja de origem e da Loja de destino e não haver objecção da Grande Loja.
- Segunda questão: como faço o pagamento da jóia de iniciação?
- No próprio dia, antes de eu te conduzir às instalações onde vais ser iniciado, entregas-me o cheque. Eu tratarei de o entregar ao Tesoureiro da Loja e depois de te dar o respectivo recibo...
- Dá para descontar no IRS?
- Querias... Vai sonhando... Mas, continuando com o assunto do pagamento da jóia, isso é tratado antes de seres conduzido ao Templo para que, uma vez lá, nenhum assunto de natureza profana te distraia do que vais viver. A propósito, aconselho-te a, nesse dia, não usares pulseira ou fio.
- Porquê?
- Vais ser iniciado. Deves deixar os metais à porta do Templo. Isso simboliza que a materialidade profana deve estar afastada da espiritualidade maçónica. Se não levares pulseira ou fio, não será necessário que tos retiremos... Quanto ao resto, já sabes: fatinho escuro, sapatinho preto, camisinha brança, gravata preta... Ou seja, por uma vez na vida vais-te vestir decentemente..
-Conversa sem piadinha não é conversa, já vi.. Nem te respondo. Prefiro colocar a terceira questão...
- Força!
- Como vai ser a Iniciação?
- A essa não te respondo! A Iniciação é para ser vivida, não é para ser contada!
Rui Bandeira
24 maio 2007
A carta-patente da Loja
A carta-patente é o documento que proclama e certifica a criação, pela forma tradicional e regularmente reconhecida, de uma Loja maçónica. É, obviamente, um documento importantíssimo para qualquer Loja maçónica, em termos históricos, mas também em termos rituais, pois uma Loja maçónica Regular deve, salvo motivos imponderáveis, reunir na presença da sua carta-patente, como testemunho directo da sua criação dentro dos limites e princípios da Regularidade.
A imagem que ilustra este texto é a de uma carta-patente respeitante à criação de uma Loja Regular chilena, a Loja Pentalpha, em 16 de Setembro de 1965, ao Oriente de Santiago do Chile e sob os auspícios da Grande Logia de Chile. Não é, por ora, possível publicar a carta-patente da Loja Mestre Affonso Domingues, não tanto por não estar ainda digitalizada (isso resolvia-se em alguns minutos...), mas porque a mesma contém nomes de maçons vivos e que não declararam publicamente essa condição, pelo que, no respeito de uma essencial regra maçónica, tem de se respeitar a reserva de sua identidade.
A carta-patente da Loja foi emitida, pelo então Grão Mestre da Grande Loge Nationale Française (GLNF), André Roux, em 30 de Junho de 1990, ainda no âmbito do Distrito de Portugal daquela Grande Loja. 30 de Junho é, assim, a data de aniversário da Loja. Recorde-se que a reinstituição da Regularidade Maçónica em Portugal processou-se através de criação de várias Lojas sob os auspícios da GLNF, que constituiram o Distrito de Portugal daquela Obediência Regular e que, ulteriormente, obtiveram a consagração da Grande Loja Regular de Portugal, hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.
Foram designados para exercer, em primeiro lugar, os ofícios de Venerável Mestre, 1.º Vigilante e 2.º Vigilante, respectivamente, os Irmãos Eduardo M., Hélder V. e José Cunha C.. Em documento anexo, figura também a lista dos Maçons fundadores da Loja, entre os quais, nada mais, nada menos, os que vieram a ser os três primeiros Grão-Mestres da GLLP/GLRP: Fernando Teixeira, Luís Nandin de Carvalho e José Anes!
Na sequência dos acontecimentos que vieram a ser conhecidos como cisão da Casa do Sino, estes documentos ficaram extraviados. Durante anos, a Loja Mestre Affonso Domingues trabalhou na presença de uma nova carta-patente, emitida pelo Grão-Mestre da GLLP/GLRP. Ontem, um Grande Oficial muito querido de todos nós visitou a nossa Loja e deu-nos a grata surpresa de nos trazer os documentos. A partir de agora, a Loja Mestre Affonso Domingues pode exibir duas cartas-patentes: a da sua criação, ainda no âmbito do Distrito de Portugal da GLNF e a emitida já pela GLLP/GLRP, de que foi Loja fundadora!
Rui Bandeira
23 maio 2007
O desejo de Shane
O rapaz da foto é Shane Bernier. Vive em Lancaster, Ontario, Canadá. Sofre de leucemia linfoblástica aguda. Após 130 semanas de tratamento, a doença ressurgiu. Tem sete anos de idade. Completa oito anos no próximo dia 30 de Maio. Sabedor da gravidade do seu estado, mantém um espírito positivo. E tem um desejo: superar o número de cartões de aniversário que alguém alguma vez recebeu, relativamente a um único aniversário.
Esse desejo é uma forma de manter o seu optimismo na luta contra a doença que o mina. Por cada cartão recebido, o seu sorriso aumenta (e que bom é poder manter o sorriso na face de uma criança sofrendo de uma doença terrível!), a sua coragem cresce.
Ser solidário é também ter pequenos gestos. Enviar um cartão de aniversário (se não encontrar um na papelaria da esquina, um simples postal ilustrado também serve...), com uma pequena nota (HAPPY BIRTHDAY, SHANE é o suficiente...), porventura não alterará o curso da sua doença. Mas aumentará a sua felicidade. E fazer um rapazinho feliz com um simples e fácil gesto também é ser solidário. E também nos aquece o coração...
O aniversário de Shane Bernier é já no próximo dia 30. Ajude a inundar os serviços postais de Lancaster, Ontario, de cartões de aniversário para ele. Só lhe custa o preço do cartão e do selo. É barato o preço da felicidade. Sobretudo porque um pouco dessa felicidade ficará também no seu coração!
Os cartões devem ser enviados para
Shane Bernier
Trate disso JÁ! Se deixa para depois, ainda se esquece e o dia 30 está já aí!
E, já agora, ajude a divulgar este desejo. Não envie 385 mensagens de correio electrónico, basta apenas uma: No fim deste texto, está um ícone com a imagem de um sobrescrito. Clique no ícone. Na janela que se abre, ponha o seu endereço de correio electrónico no remetente, o endereço de correio electrónico da pessoa a quem decidir enviar a mensagem e, no campo de texto, basta escrever: MANDA UM AGORA! E clique no enviar. Já está!
E ainda, se me permite que abuse e se tem 18 e 45 anos, aproveite este pretexto e, depois de mandar o cartão, trate de se ir registar como dador de medula óssea. Se não puder tratar disso já, agende, para não se esquecer. Nada como um pequeno gesto de solidariedade para nos abalançarmos a um gesto um pouco maior...
Rui Bandeira
22 maio 2007
A Freemason Inn
Agora dou conta da existência, nos Estados Unidos, da Freemason Inn, situada em Norfolk, Virgínia.
Tanto quanto é possível verificar através do seu sítio na Rede, trata-se um estabelecimento que se integrará na categoria do "hotel de charme", especialmente adequado para umas férias a dois...
A diária de um quarto duplo varia entre 145 e 245 dólares (107,50 - 181,63 euros, ao câmbio de hoje).
Minhas caras cunhadas: quando o vosso mais-que-tudo, meu Irmão, for aos States, se for para a Costa Leste, aproveitem para o lembrar que é uma boa altura para uma segunda lua-de-mel! Afinal de contas, como pode ele recusar uma estada na... Freemason Inn?
Rui Bandeira
21 maio 2007
O Homem e o seu Caminho
O Homem abeirou-se do Sábio e perguntou-lhe:
II
Que aprendeste no teu Caminho?
Então o Homem encontrou o terceiro Portal, onde se lia:
- Que aprendeste no teu Caminho?
O Homem respondeu:
- Que aprendeste no teu Caminho?
O Homem respondeu:
20 maio 2007
A minha amiga Aranha
JoseSR
19 maio 2007
Até algum dia
18-May-2007
Na madrugada do dia 18 de Maio, dia do aniversário da AI Portugal, faleceu o seu Presidente, António João Simões Monteiro.Simões Monteiro, foi membro fundador da Amnistia Internacional Portugal. Ao longo dos anos, desempenhou várias funções, nomeadamente Presidente da Direcção, Conselho Fiscal e Presidente da Mesa da Assembleia Geral, entre outros. A sua vida sempre se pautou pelas causas sociais, uma vez que estava ligado a várias organizações.
O corpo estará na Igreja de S. João de Deus, na Praça de Londres a partir das 18 horas de hoje. A missa de corpo presente será amanhã às 14h30 e o funeral seguirá para o cemitério do Alto de São João.
No dia em que se celebra o 26º aniversário da AI Portugal, que fique o lema que tantas vezes professou “Direitos Humanos, sempre!”.
18 maio 2007
Gastronomia Maçónica – 8
Em Setembro do ano passado foram “postados” vários textos discorrendo, em lume brando, sobre uma possível, eventual, talvez haja, não… não há, afinal sempre apareceu…, …, …, gastronomia maçónica.
Estas dúvidas terríveis, existenciais e gastronómicais constituíram uma boa desculpa (desculpa, não… ”razão”, uma boa razão era o que eu queria escrever !) para que logo, logo, surgisse uma comissão de estudiosos (os 3 blogueiros mais usuais destas letras e mais o PauloR que também tem ajudado), assim como que uma espécie de um grupo de reflexão, que se atiraram…(“atiraram” parece-me pouco delicado, talvez mais propriamente se dedicaram…, é, parece-me mais apropriado), bem que se dedicaram ao estudo desta matéria com afinco, denodo, esforçadamente, estudando analisando, procurando, … e mais 24 coisas destas assim terminadas em “ando”, concluindo (esta é em “indo” para evitar versos) que, mais uma vez, é no Oriente que se deve ir buscar a sabedoria.
Verdadeiramente, assim !
E como da conhecida e muito divulgada sabedoria oriental vem uma máxima chinesa que diz que:
- Todo o conhecimento genuíno tem origem na experiência directa
pois não teve esse grupo de trabalho (trabalho, sim, não julguem que o pessoal brinca em serviço…) outra solução senão esforçar-se por experimentar, “in loco”, (quero dizer, no prato !) os espécimes gastronómicos que a história medieval (alguma é medieval de anteontem, mas a gente não liga a esses pormenores) trouxe até aos nossos tempos.
Quem leu os textos publicados em Setembro de 2006 (vá, confessem que já não se lembram de nada… seus distraídos, sempre de costas para a cultura do povo !) sabe que foram ali referidas algumas preciosidades, entre elas, “Gigot D'agneau de 7 Heures”, “Pavão com aipo”, “Perdiz trimolette”, “Capão em caldo de canela”, “Pombos estufados” … bem, um nunca mais acabar de pitéus que a curiosidade da “comissão” quer estudar até ao fim, custe o que custar, doa a quem doer.
Estas matérias são muito sérias e chega de deixar comida no prato… ah, não é nada disso, desculpem, estava distraído, chega de deixar os inquéritos em meio, para que o tempo os leve até ao arquivo da impunidade.
Somos responsáveis ! Não queremos ficar impunes !
Prometemos que connosco as coisas irão até às últimas consequências !!!
E assim, depois de um primeiro ensaio, experiência que o JoséSR orientou sabiamente em seu laboratório, por sinal magnificamente apetrechado não ficando nada a dever às cantinas dos nossos laboratórios de investigação, óh…, vejam que disparate de confusão, não fica a dever nada ao equipamento laboratorial, quem se lembrou de falar em cantinas… que confusão imperdoável (!), então ia eu dizendo que num 1º ensaio experimentámos uma tal “sopinha de melão” que óh… óh… parecia saltar sozinha das “bases de ensaio” (designação científica para os vulgares pratos que o povo menos preparado utiliza) para os locais pessoais de experimentação e saboreamento (também designados por “goelas”).
Esta primeira experiência constituiu um êxito científico que superou de tal forma as exigências das revistas científicas mundiais que estas se sentiram incapazes de publicar o relatório respectivo por clara falta de capacidade de entendimento dos seus leitores !!!
Ontem cumpriu-se então o segundo ensaio, desta feita em laboratório independente, e que serviu para esclarecer várias dúvidas que perduravam há vários meses sobre alguns detalhes constituintes de algumas peças de “caca” que se diziam mal encaradas.
Preparado que foi o balcão laboratorial foram-nos entregues as peças para estudo.
Primeiro um “coelhinho medievo” que se anunciava como bravo mas que não pareceu nada, antes pelo contrário, comportou-se com uma mansidão só alterada pelos procedimentos relativos à dissecação que se seguiu.
Pudemos separar da sua estrutura alguns chumbos que atribuímos a alterações químicas de diagnosticadas “pedras no rim” de que, provavelmente, o animal sofreu em vida.
Enfim, é uma explicação possível… atendendo a que estávamos perante uma “caca” !
Finalmente foram-nos entregues as supostas “perdizes trimoletes” (“caca” também !).
A comissão mantinha fundadas dúvidas sobre a origem, datação e percurso histórico destas tais perdizes e, de facto pudemos constatar alterações significativas entre a expectativa histórica e a realidade contemporânea.
Digamos que da expectativa restou apenas… o tacho !!! Não foi mau. Tudo o resto pois… foi outra música, ou por outra forma, foi outro tempero.
Áh … mas eram magníficas, com um enquadramento inesperado.
Correu bem porque os instrumentos de análise têm-se mantido ao longo das épocas, o que quer dizer que já na época “trimolete” se utilizavam os garfos e as facas !.
E assim passámos esta segunda experiência, melhorando significativamente a nossa aprendizagem “maçónico-gastronómica”, dedicados como estamos ao estudo dos hábitos de muitos séculos passados.
A Maçonaria não tem tempo.
Desde sempre… até sempre…
Não há pois pressa na conclusão destes estudos nem na elaboração do respectivo relatório final.
Deixemos estas tarefas em lume brando (ou em “banho-maria” como se usa em algumas regiões).
Nota: Para que se não pense que este texto foi descuidadamente preparado, aqui ficam três “ ,,, “ cedilhas que sobraram.
JPSetúbal
Ele perguntar-te-á...
1. Deus não te perguntará a marca do automóvel que conduziste.
Ele perguntar-te-á quantas pessoas transportaste nele.
2. Deus não te perguntará qual era o tamanho da tua casa.
Ele perguntar-te-á quantas pessoas recebeste nela.
3. Deus não te perguntará o que tinhas no teu roupeiro.
Ele perguntar-te-á quantas pessoas ajudaste a vestir.
4. Deus não te perguntará qual foi o teu salário mais elevado.
Ele perguntar-te-á o que deste em troca para o obter.
5. Deus não te perguntará se foste doutor, arquitecto ou engenheiro.
Ele perguntar-te-á se fizeste o teu trabalho o melhor que podias.
6. Deus não te perguntará quantos amigos tiveste.
Ele perguntar-te-á quantos te escolheram para seu amigo.
7. Deus não te perguntará onde tu viveste.
Ele perguntar-te-á como trataste os teus vizinhos.
8. Deus não te perguntará qual a cor da tua pele.
Ele perguntar-te-á pela qualidade dos teus valores.
9. Deus não te perguntará porque demoraste tanto para encontrar o teu Caminho.
Ele perguntar-te-á que fizeste para o encontrar.
10. Deus não te perguntará a quantas pessoas tu divulgaste estes valores.
Ele perguntar-te-á a quem deste o teu exemplo.
Rui Bandeira
17 maio 2007
Caixa de recibos maçónica
É para evitar isso que existe esta caixinha.
Deve ter pertencido a um maçon ou sido feita para um, atento o símbolo que ostenta.
Um pormenor: o metal de que é feita é... ouro!
Está em leilão no e-bay. A base de licitação é de 24 dólares americanos ( cerca de 17,68 Euros) e os custos de expedição para Portugal (o vendedor é de Boston, Estados Unidos) são de 7 dólares (cerca de 5,16 Euros) que, naturalmente, acrescem ao valor da licitação. O arrematante pode pagar através do sistema PayPal (pagamento por via electrónica, método preferido pelo vendedor), em dinheiro ou por transferência bancária. É indicado como prazo de entrega, após o pagamento, o de 4 a 6 dias úteis.
O leilão decorre até às 17,30 h (hora da Costa Oeste dos Estados Unidos, menos oito horas do que em Portugal Continental) do dia 19 de Maio de 2007, sábado (1,30 h da madrugada de 20 de Maio, domingo, em Portugal Continental).
No momento em que escrevo, ainda não existe qualquer lanço apresentado.
Informação obtida através do blogue Freemason's Corner.
Rui Bandeira
16 maio 2007
O Segundo Venerável Mestre
Conheci José M.M. quando ele me telhou. Com efeito, tendo eu sido iniciado e passado a Companheiro na Alemanha, na Loja Miguel Cervantes y Saavedra, ao Oriente de Bonn e tendo iniciado trabalhos uma Obediência Regular em Portugal, diligenciei a minha transferência maçónica para Portugal. Foi-me indicada como Loja mais adequada a Loja Mestre Affonso Domingues e assim me apresentei ao seu Venerável Mestre em exercício, que, para início de conversa, me telhou, isto é, assegurou-se da minha qualidade de Companheiro Maçon, fazendo-me demonstrar perante ele tal facto mediante os meios de reconhecimento do segundo grau da Maçonaria.
José M.M. era, e creio que continua a ser, um homem extremamente afável e, sobretudo, um grande condutor de homens, um excepcional líder de grupos. Penso que muito daquilo que a Loja Mestre Affonso Domingues ainda hoje é resulta da marca que ele lhe imprimiu no seu início.
No período do seu mandato, a Maçonaria Regular em Portugal estava a organizar-se e a implantar-se. Foi na Loja Mestre Affonso Domingues, sob a direcção de José M.M., que se fixaram os primeiros rituais do Rito Escocês Antigo e Aceite em uso na Obediência.
José M.M. já tinha experiência como Venerável Mestre. Orgulhava-se, aliás, de ter sido o mais jovem Venerável Mestre de uma Loja, ainda no GOL. Sob a sua direcção e beneficiando da sua experiência, a Loja Mestre Affonso Domingues dedicou-se à aprendizagem da correcta execução do ritual, em todas as cerimónias maçónicas, de tal forma tendo conseguido atingir esse objectivo que, por decreto do Grão-Mestre Fernando Teixeira, teve, durante algum tempo, o quase exclusivo de iniciar, passar a Companheiro e elevar a Mestre (para além dela, só o próprio Grão-Mestre e a Grande Loja o podiam fazer). Assim, virtualmente durante cerca de dois anos, quase todos os Maçons da Obediência foram iniciados por Oficiais da Loja Mestre Affonso Domingues.
Foram dois anos de arrasar, sempre e só em Iniciações, Passagens e Elevações! A Loja cimentou-se no trabalho ritual, as relações fraternais assentaram na mútua colaboração, na atenção aos lapsos e sua correcção, no esforço de fazer bem e cada vez melhor.
Este legado, esta marca, diria que quase genética, da Loja Mestre Affonso Domingues ainda hoje permanece. A Loja dispõe de vários membros que, sem sequer necessitarem de preparação prévia, estão aptos a dirigir ou executar funções em qualquer cerimónia do Rito Escocês Antigo e Aceite, em qualquer ofício ritual. E continua a estimular os seus membros mais recentes para que aprendam e executem todos os ofícios em Loja, aprendendo a razão de ser de cada frase, de cada movimento, a surpreender o seu significado, a executar sempre bem e procurando fazê-lo melhor. Hoje muitas outras Lojas felizmente também o fazem, tão bem ou melhor que nós, e isso só nos alegra e estimula a procurarmos sempre progredir!
Para além desse legado da atenção ao bom exercício do trabalho ritual, José M.M: deixou um outro importante legado à Loja: a noção de que a função de Venerável Mestre é susceptível de ser exercida por qualquer Mestre maçon e que é a Loja que faz o Venerável Mestre, tanto quanto este faz aquela. Desenvolverei o assunto no texto dedicado ao Venerável Mestre que lhe sucedeu.
José M.M., elemento muito ligado, até afectivamente, a Fernando Teixeira, acompanhou-o na cisão de 1996. Foi essa a primeira vez que a Loja não o seguiu. A partir daí, os nossos caminhos passaram a ser diversos.
Mas isso não impede que se reconheça que muito deve a Loja Mestre Affonso Domingues ao seu segundo Venerável Mestre, primeiro no efectivo exercício de funções, José M.M.. Porque os caminhos podem divergir, mas a Memória permanece.
Rui Bandeira
15 maio 2007
Diálogo (VI)
- Produtividade é analisar bem as situações, ser prudente e reunir todos os elementos para chegar à melhor solução possível. Produtividade é diminuir os erros.
- Mas porque é que demoram taaaannnto tempo?
- Nem sequer demorámos muito tempo. Para tua informação, só dois meses ficou a tua candidatura exposta no quadro de informações...
- Para quê?
- É o tempo mínimo que uma proposta de candidatura tem de ficar exposta para poder ser vista por todos e poder qualquer maçon, mesmo se de Loja diferente da que a vai votar, colocar objecções.
- E se alguém colocar objecções?
- O Venerável Mestre da Loja onde decorre o processo analisa-as e decide se continua com o processo normalmente, se diligencia a recolha de mais informações (por exemplo, ouvir o visado sobre a objecção exposta) ou se pára o processo.
- Com tantas precauções é milagre uma candidatura ser aceite...
- Não. É simplesmente responsabilidade...
- Mas afinal qual foi o resultado da MINHA votação????
- Foste aprovado para Iniciação com uma votação pura e sem mácula!
- Votação pura e sem mácula?
- Por unanimidade! As votações por voto secreto são realizadas pelo método bola branca - bola preta. Quem concorda, coloca uma bola branca na urna; quem discorda, coloca uma bola preta: Uma votação pura e sem mácula é aquela em que, verificada a urna, só se vêem bolas brancas, que não é maculada por nenhuma bola preta...
- YYYYEEESSSS! Arrasei! Maioria super-hiper-mega absoluta...
- Calma com o entusiasmo. Passaste à justa!
- À justa? Se foi por unanimidade!
- Pois, isso mesmo. É que uma candidatura só é aprovada se não tiver votos contra, isto é, se for aprovada por unanimidade. Percebes agora porque é que eu disse antes que era vantajoso para o candidato designar-se para o inquirir quem tivesse na votação inicial manifestado objecções... É a melhor forma de verificar se as objecções são ultrapassadas, de forma a que não seja colocada uma bola preta na hora da verdade...
- Mas... Unanimidade? Assim qualquer maçon pode bloquear uma admissão.
- Quase... Há válvulas de escape para prevenir injustiças. Por exemplo, na Loja Mestre Affonso Domingues, se houver três ou mais bolas pretas, a candidatura é rejeitada. Mas se houver, apenas uma ou duas bolas pretas, a decisão final fica adiada para a sessão seguinte.
- Porquê?
- Porque, nessa eventualidade - e só nessa!-, quem colocou a bola preta tem a obrigação de, em privado, explicar ao Venerável Mestre as razões da sua oposição solitária. O Venerável Mestre tem o poder de, em face da explicação recebida, confirmar a bola preta (o que implica a rejeição da candidatura) ou anulá-la, se entender que essas razões são fúteis ou infundamentadas. Se anular o ou os dois votos contrários, então só contam as bolas brancas e a candidatura é aprovada.
- Então e se quem votar contra não for justificar a sua razão?
- É impensável que um maçon não assuma a responsabilidade de justificar um seu voto ao Venerável Mestre. Portanto, se porventura ocorrer uma votação em que haja uma bola preta que não seja justificada, o Venerável Mestre só pode tirar uma conclusão: a bola preta foi colocada por lapso, inadvertidamente, e portanto anula-a.
- E três votos contra? Também precisam de ser justificados?
- Aí já não. Já há três cabeças a declarar oposição, já não há necessidade de mais qualquer explicação. A candidatura fica rejeitada.
- Mas a minha foi aceite! E agora?
- Agora esperas que eu te diga quando serás iniciado. A paciência é, decididamente, uma virtude indispensável aos maçons...
Rui Bandeira
14 maio 2007
Gomes Freire de Andrade
Gomes Freire de Andrade nasceu em Viena de Áustria em 27 de Janeiro de 1757 e passou ao Oriente Eterno executado no Forte de S. Julião da Barra, em 18 de Outubro de 1817.
Era filho de Ambrósio Freire de Andrade, embaixador de Portugal, e de uma senhora, condessa de Schafgoche, vinda de antiga e ilustre família da Boémia.
Teve a educação que na época se costumava dar aos filhos da nobreza. Destinado à carreira militar, assentou praça de cadete no regimento de Peniche, sendo em 1772 promovido a alferes. Passou à Armada Real, embarcando em 1784 na esquadra que foi auxiliar as forças navais espanholas no bombardeamento de Argel.
Regressou a Lisboa em Setembro, promovido a tenente do mar da Armada Real, e em Abril de 1788 voltou ao antigo regimento no posto de sargento-mor. Tendo alcançado licença para servir no exército de Catarina II, em guerra contra a Turquia, partiu para a Rússia. Em São Petersburgo conquistou as maiores simpatias na corte e da própria imperatriz. Na campanha de 1788-1789, comandada pelo príncipe Potemkin, distinguiu-se nas planícies do Danúbio, na Crimeia e sobretudo no cerco de Oczakow, sendo o primeiro a entrar na frente do regimento quando a praça se rendeu em 17 de Outubro de 1788, depois de cerco prolongado. Praticou muitos actos de bravura, sendo aos 26 anos recompensado com o posto de Coronel do exército da imperatriz, que em 1790 lhe foi confirmado no exército português, mesmo ausente.
Em 1816 foi eleito Grão-Mestre da Maçonaria portuguesa e tornou-se a «alma» de uma conspiração liberal contra o Marechal Beresford, oficial que administrava Portugal sob mão de ferro, como se tratasse uma colónia inglesa, despertando grande descontentamento junto dos oficiais e intelectuais portugueses. A 25 de Maio de 1817, em estado avançado dos preparativos da insurreição contra Beresford, Gomes Freire foi preso conjuntamente com outros 11 conspiradores, por denúncia de três maçons (três traidores, como na Lenda do 3.º grau...), José Andrade Corvo de Camões, Morais de Sarmento e João de Sequeira Ferreira Soares.
Gomes Freire de Andrade foi enforcado por ordem do Marechal Beresford no cadafalso na Torre de S. Julião da Barra e os demais no Campo de Santana, hoje denominado, em sua memória, Campo dos Mártires da Pátria.
Narra Borges Grainha que um dia antes da execução um coronel inglês, Robert Haddock, visitou o Grão-Mestre na cadeia e ofereceu-lhe como irmão a oportunidade para a fuga. Gomes Freire recusou a oportunidade!
Em 1853 foi erguido um monumento no sítio onde morreu sendo desde então homenageado como um dos heróis da luta pela instituição da monarquia constitucional em Portugal e um dos mártires mais eminentes da Maçonaria portuguesa.
A execução de Gomes Freire de Andrade é tema de uma das obras relevantes do teatro português do século XX, Felizmente há luar, de Luís de Sttau Monteiro.
Tem o seu nome uma Ordem Honorífica da Maçonaria Regular Portuguesa, a Ordem General Gomes Freire de Andrade, destinada a honrar os que prestam relevantes serviços à Maçonaria Regular.
Rui Bandeira
12 maio 2007
João Vilarett fez anos no dia 10 de Maio
E no entanto a João Vilarett devemos em grande parte o conhecimento dos mais importantes poetas de língua portuguesa.
Não foi poeta, mas disse poesia como ninguém até hoje (e recordo Manuel Lereno e Mário Viegas que foram grandes, mesmo muito grandes... só que Vilarett nesta matéria foi enorme !).
Quem o ouve dizer José Régio tem que sentir a pele encrespar-se. Quem o ouve contar a história da "Menina Gorda" tem que sorrir e comover-se.
Por mais simples que fosse o texto, João Vilarett transformava-o num hino aos sentidos, aprofundava-o ao ponto que ninguém imaginaria possível, descobria-lhe uma humanidade muitas vezes insuspeita antes dele a pôr a descoberto. E no entanto não tem direito nem a uma mençãozinha, ranhosa que seja, nos livros escolares do nosso ensino, miserável, da língua portuguesa. Mau grado os responsaveis (?) pela matéria falarem, despudoradamente, alto e bom som, na língua de Camões. Como se Camões alguma vez tivesse escrito ou falado esta língua ! Como se João Vilarett alguma tivesse dito "esta língua"!
Chegou ao meu correio um texto ao qual não há que acrescentar nada e que portanto transcrevo em directo, nesta recordação que, em memória de Portugal, entendi dever fazer. A minha opinião é a de que os mais velhos têm a obrigação de não deixar esquecer o que de melhor este País (800 anos de existência e todas culturas) que se chama PORTUGAL teve (tem !) e que a geração de "responsáveis" (?) actual faz o que pode para apagar.
Ele dizia poesia como ninguém. É sobretudo por isso que é recordado. João Villaret foi actor de teatro e de cinema e apresentou programas de televisão. Morreu aos 48 anos mas, neste quase meio século de vida, fez com que uma nação se apaixonasse pelos poetas nacionais. Sobretudo Fernando Pessoa. Mas não só: “Muita gente ouviu falar pela primeira vez de José Régio através de João Villaret”, afirma o historiador Vítor Pavão dos Santos. Quando, no final da década de 50, a televisão se tornou a nova religião, Villaret surgiu como um profeta. Todos os domingos, religiosamente, prendia as pessoas ao pequeno ecrã.
João Henrique Pereira Villaret nasceu em Lisboa em 10 de Maio de 1913. Viviam-se os anos revoltos da I República, quando Portugal ainda buscava o seu rumo. João, por seu lado, não teve de procurar muito. Já trazia no sangue a vontade e a capacidade de encantar o público em cima de um palco. Foi actor, encenador e declamador. Foi uma fera dos palcos. O seu percurso demonstra que obras superlativas têm poder de reverter expectativas e derrubar barreiras consideradas intransponíveis. Depois de frequentar o Conservatório Nacional, começou por integrar o elenco da companhia de teatro lisboeta Rey Colaço-Robles Monteiro. Mais tarde, fez parte da companhia teatral Os Comediantes de Lisboa, fundada em 1944 por António Lopes Ribeiro e o seu irmão Francisco, mais conhecido por Ribeirinho. A mesma dupla de irmãos já fora responsável pelo êxito do filme “O Pai Tirano” (1941), onde Villaret faz uma breve aparição como pedinte mudo. Seguem-se “Frei Luís de Sousa” (1950) e “O Primo Basílio” (1959). No cinema, João Villaret trabalhou ainda com Leitão de Barros em filmes como “Inês de Castro” (1944) e “Camões” (1946). Ficou também na memória de quem viu a peça “Esta Noite Choveu Prata”. E quem não assistiu, vive hoje das descrições apaixonadas dos que lá estiveram. No extinto Teatro Avenida, em Lisboa. Corria o ano de 1954. Se, nos anos 30, o cinema se tornara “pouco a pouco um vício”, segundo afirmava na época a revista “Ilustração”, no final dos anos 50 é a televisão que vem ocupar o seu lugar. É assim que nascem estrelas como João Villaret. A experiência que adquirira no palco e em cinema, assim como em programas radiofónicos, faz do seu programa de televisão um êxito. Aos domingos era impreterível vê-lo declamar, com graça e paixão, poemas dos maiores autores nacionais. “Na televisão, teve um papel muito importante na divulgação dos grandes poetas portugueses, sobretudo Fernando Pessoa e António Botto, que eram amigos dele”, lembra o historiador Vítor Pavão dos Santos. E acrescenta: “Conseguiu pô-los em contacto com o público.” João Villaret soube ir mais longe e, em conjunto com Aníbal Nazaré e Nelson de Barros, deu origem à canção “Fado Falado”, onde se afirmava: “Se o fado se canta e chora, também se pode falar.” Criava-se um estilo. De mão no peito e olhar fixo na câmara, prendia as famílias ao pequeno ecrã. Era um homem grande, volumoso. Mas maior ainda era a sua arte. “Um grande português é alguém que foi capaz de colocar as suas qualidades intelectuais e morais ao serviço do país onde nasceu”, diz a actriz Maria do Céu Guerra. Não se refere a Villaret, mas a definição adequa-se. João Villaret morreu, aos 48 anos, em 21 de Janeiro de 1961. “Tocam os sinos na torre da igreja”… Ainda era a sua voz que se ouvia, a “cantar” o poema “Procissão” de António Lopes Ribeiro. “Na nossa aldeia, que Deus a proteja, já passou a procissão”, terminava. “Villaret tinha rara capacidade de lidar com o público e fez grande divulgação dos poetas. Isso foi muito importante”, conclui Vítor Pavão dos Santos.
(Texto com origem no programa "Os Grandes Portugueses" da RTP).
JPSetúbal
11 maio 2007
Fundação da Loja e Primeiro Venerável Mestre
Há muito que eu e outros dos mais antigos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues ocasionalmente falávamos que se devia preservar a memória da Loja, elaborar registo do que se foi passando ao longo do tempo, para além do que fica registado na linguagem seca das actas, para que, mesmo depois do desaparecimento dos mais antigos, os vindouros pudessem ter acesso às raízes e à evolução da Loja. Mas nunca se passou do "pois é", "boa ideia", "temos de tratar disso".
Foi ao elaborar o texto O nome da Grande Loja, uma elaboração em que tive de rememorar eventos que, na época, foram traumáticos e que, por isso mesmo, evitava relembrar, que, subitamente, a evidência se fez clara no meu espírito: de nada vale dizer que é preciso registar a memória da Loja, se nada se fizer. Tenho os meios: vivi quase todo o tempo da Loja até agora e, do que não vivi, ainda pude falar com quem viveu; a minha memória ainda não está irremediavelmente afectada pelo inevitável decurso do tempo; e este blogue e o seu arquivo é um local tão bom como qualquer outro para guardar o registo do que se foi passando. É a hora de me chegar à frente e começar a fazer o relato do que me lembro que se passou. Talvez outros sigam então o exemplo e completem, corrijam, aperfeiçoem o que eu apenas esboçarei.
Vou, pois iniciar mais uma série de textos aqui no blogue, que agruparei sob o marcador "Memória da Loja". Como as demais séries que aqui vão havendo, serão publicados textos na periodicidade de "quando me apetecer". É, como os demais aqui no blogue, um trabalho para se ir fazendo, sem pressas, sem pressões, com gosto e descontraidamente. Espero que a pedra bruta que aqui irei deixando seja, não obstante, suficientemente talhada para que outros, mais hábeis do que eu, a vão polindo e adornando, para que possa vir a ser não totalmente sem mérito.
Uma nota deixo: os textos que aqui deixar não têm a pretensão de constituírem a História da Loja: a História é feita pelos historiadores, que estão cientificamente preparados e detêm as técnicas e os conhecimentos para a registarem; os meros escrevinhadores, mesmo que escrevinhem sobre o que viveram e viram, mais não podem aspirar do que a deixarem meros rascunhos, esperando que porventura úteis para quem efectivamente saiba e queira escrever História.
Uma única limitação me imponho: mesmo despretensiosamente, só se pode registar de uma forma minimamente objectiva o que não está demasiado perto e que, assim não demasiadamente perturbe a busca de uma razoável objectividade na análise e registo de eventos. Consequentemente, o mais perto da actualidade a que chegarei será até ao Veneralato do Venerável Mestre que precedeu o ex-Venerável em exercício. Mas essa é limitação a que só terei de atender daqui a uma não negligenciável quantidade de textos.
E, para que este texto não seja só um manifesto de intenções, comece-se já com breve menção da fundação da Loja e referência ao seu Venerável Mestre fundador.
A Loja Mestre Affonso Domingues foi fundada, ainda antes da formal constituição da Grande Loja Regular de Portugal (GLRP), hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, como loja pertencente ao Distrito de Portugal da Grande Loge Nationale Française (GLNF). Foi, na ordem de numeração desse Distrito, ulteriormente mantida na ordem de numeração da GLLP/GLRP, a Loja n.º 5, com a sua criação contemporânea das quatro que a precedem nessa Ordem: Fernando Pessoa, n.º 1, Porto do Graal, n.º2, Europa, n.º 3, e General Gomes Freire de Andrade, n.º 4. Todas agruparam maçons que, oriundos do Grande Oriente Lusitano (GOL), Obediência que se integra na corrente liberal da Maçonaria, desejavam refundar a Maçonaria Regular em Portugal.
A data de constituição oficial da Loja Mestre Affonso Domingues, enquanto Loja nº 5 da GLLP/GLRP é coincidente com a data da fundação da Grande Loja Regular de Portugal, hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.
O ano da fundação da Loja Mestre Affonso Domingues é o de 1990. O maçon designado para, em primeiro lugar, exercer a função de seu Venerável Mestre foi Eduardo M. . Não o cheguei a conhecer. E creio que nunca chegou efectivamente a presidir a uma sessão da Loja - pelo menos é a ideia que recordo da consulta que, há anos, fiz do primeiro livro de actas da Loja. Eduardo M., segundo me foi dito, adoeceu e não pôde chegar a assumir o exercício dessa função. Mas o seu lugar como Fundador e designado primeiro Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues merece ficar registado.
Rui Bandeira
10 maio 2007
Os doze mandamentos maçónicos
Mas vou procurando...
Dei ontem com um texto publicado por Júlio Capilé em O Progresso, no qual o autor, além do mais, transcreve Os doze mandamentos maçónicos, da autoria de Joaquim Gervásio, que penso ser Joaquim Gervásio de Figueiredo, autor de um popular Dicionário da Maçonaria que, apesar da sua vetustez, continua a ser um livro muito útil para quem quer apreender o significado de muitos conceitos e termos utilizados em Maçonaria e escolas de pensamento que, de algum modo, com ela estiveram historicamente relacionadas.
Eis, pois,
Os doze mandamentos maçónicos
- Deus é Todo-Poderoso, Sabedoria Eterna e Imutável e Inteligência Suprema. Honrá-Lo-ás com a prática das virtudes.
- Tua religião será a de fazeres o Bem pelo prazer de fazê-lo. Jamais por obrigação.
- Tua alma é imortal; nada farás, pois que a degrade.
- Sê amigo do sábio e conserva os seus preceitos. Combate o vício sem descanso. Não faças aos outros, aquilo que não queres que te façam. Conforma-te com tua sorte conservando a luz do sábio.
- Ama tua esposa, teus filhos e tua pátria, cujas leis obedecerás. Honra teus parentes, respeita os velhos, instrui os jovens e protege a infância.
- Considera teu amigo como se fora outra parte de ti mesmo e jamais te afastes dele em seu infortúnio. Por sua morte, porta-te com ele como se ainda vivesse.
- Foge das falsas amizades para resguardar e justificar a tua boa reputação.
- Não te deixes dominar pela Paixão e sê indulgente para com o erro alheio.
- Escuta mais, fala menos e age bem.
- Esquece as injúrias; ao Mal respondas com o Bem e não abuses de tua superioridade.
- Aprende a conhecer melhor os Homens, para te conheceres melhor a ti mesmo.
- Busca a verdade, sê justo e evita a ociosidade.
Não é preciso ser-se maçon para se perceber que são boas regras de vida!
Rui Bandeira
09 maio 2007
Um cartoon português dedicado à imigração ganha o WORLD PRESS CARTOON 2007
Em 1985 licenciou-se em pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Ilustra livros infantis desde 1987 e trabalha desde 1986 como ilustradora e cartonista para diversas revistas e jornais em Portugal e no estrangeiro.Trabalhou em cenografia, multimédia e animação.
As suas ilustrações foram apresentadas em várias exposições colectivas e individuais,em Portugal, no Brasil, na Alemanha, em França e na República Checa.
Em 2002 e em 2005 foi-lhe atribuído pela Society of News Design (EUA) o Award of Exellence. Em 2006 recebeu o Prémio Stuart de Desenho de Imprensa para o melhor cartoon da imprensa portuguesa.