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05 junho 2017

O Venerável Mestre, o Grão-Mestre e os obreiros da Loja


O meu último texto, que intitulei A aventalite, mereceu vários comentários, quer neste blogue, quem numa rede social onde o mesmo foi publicado. Um dos comentadores fez uma afirmação que merece nela nos detenhamos. Rezava esse comentário, na parte que aqui interessa:

"(O Venerável Mestre) como todos sabemos e conhecemos pelo Regulamento Geral, é o único representante em Loja do Muito Respeitável Grão-Mestre."

Factualmente, e no que respeita à GLLP/GLRP, este comentador tem toda a razão no que afirma. O art. 64.º, n.º 3, do Regulamento Geral da GLLP/GLRP dispõe expressamente:

"O Venerável Mestre em Loja representa o Grão-Mestre."

Norma vigente é norma para ser respeitada - e ponto final! Mas tal não implica que não se possa - em bom rigor, mesmo, não se deva! - analisar a pertinência de uma norma, na perspetiva do aperfeiçoamento futuro da regulamentação. 

Do meu ponto de vista, esta norma vigora e, enquanto vigorar deve ser respeitada, mas será conveniente que, com calma e na altura própria, se analise se a mesma deve manter-se, no seu preciso teor.

É que, sendo norma em vigor (na GLLP/GLRP) que, em Loja, o Venerável Mestre representa o Muito Respeitável Grão-Mestre, uma serena análise permite-nos concluir que, na natureza da Maçonaria, não é isso que sucede, ou deve suceder. Eu diria até que... pelo contrário! Quem representa o titular de uma função? Naturalmente, que representa quem o designa ou escolhe para essa função!

Ora, o Venerável Mestre de uma Loja maçónica - excetuadas as situações, atípicas, de designação pelo Grão-Mestre até à realização, em prazo que não deverá exceder 180 dias, de eleição para o ofício, designadamente quando uma Loja levanta colunas e está em início de trabalhos ou quando atravessa uma crise que impõe a intervenção administrativa da Grande Loja - é eleito pelos obreiros da Loja! Portanto, em bom rigor, o Venerável Mestre só quando é designado, transitoriamente, pelo Grão-Mestre é que o representa. Só nestas particulares e excecionais circunstâncias, em que, seja no início da atividade da Loja, seja em face de circunstâncias anormais, o Grão-Mestre necessita de transitoriamente intervir na Loja e designar um seu responsável até à normalização da escolha por via de eleição pelos obreiros da mesma, é que se pode dizer que é natureza das coisas que o Venerável Mestre designado representa o Grão-Mestre.

E representa-o então, por natureza, apenas e tão só porque não dispõe de legitimidade conferida pelos seus pares e, portanto, necessita de exercer o seu múnus (transitório, repete-se) beneficiando da legitimidade do Grão-Mestre.

Mas, em situação normal, o Venerável Mestre em funções exerce as mesmas porque foi eleito pelos obreiros da sua Loja para assegurar esse exercício. Exerce, portanto, o seu ofício, em representação dos obreiros da sua Loja, que o elegeram para tal. Em exercício normal de funções, o Venerável Mestre da Loja não tem a sua legitimidade por designação do Grão-Mestre, obtém-na por manifestação da vontade coletiva dos obreiros da sua Loja. E, portanto, é a estes que representa.

Uma afirmação descritiva da Maçonaria de que gosto muito, e que frequentemente utilizo, é a que reza que Maçonaria é um maçom livre numa Loja livre. É uma conceção da Maçonaria que preza e afirma o essencial da Maçonaria e da trilogia que tantas vezes, e orgulhosamente, proclamamos: Liberdade - Igualdade - Fraternidade.

O maçom livre junta-se a outros maçons, também livres e, em conjunto, formam uma Loja livre. Livremente a formam e nela atuam. As limitações à liberdade de cada um são por eles fixadas e assumidas e aceites, em ordem à serena e cabal organização, decisão e atuação coletiva. No seio da Loja que todos livremente formaram ou a que livremente aderiram, todos têm um estatuto de perfeita Igualdade. E a sua atuação pauta-se pela indispensável Fraternidade. Quando isto está reunido, faz-se Maçonaria. E a lideraqnça que em cada momento é exercida resulta da Liberdade de todos, da Igualdade de todos, da escolha efetuada por todos em perfeita Fraternidade. O líder, o Venerável Mestre, no exercício normal de funções recebe a sua legitimidade de quem o elegeu e a quem, assim, representa.

Portanto, em bom rigor, a natureza das coisas é que, apesar de estar escrito em regulamento que em Loja o Venerável Mestre representa o Grão-Mestre, na realidade o Venerável Mestre representa os obreiros da sua Loja, designadamente perante o Grão-Mestre.

Porque existe então a mencionada norma regulamentar? Porque, tal como os maçons sabem que não são perfeitos e necessitam continuamente de se aperfeiçoar, também as suas obras, e escolhas, necessitam de constante aperfeiçoamento. Esta norma em concreto é um resquício de uma dada conceção de Grande Loja, que não é a única e que compete com outra conceção de Grande Loja. O regulamento da GLLP/GLRP, tal como - não tenhamos dúvidas! - os regulamentos de outras Obediências maçónicas, é o resultado de compromisso, balanço, evolução, equilíbrio entre duas conceções de Grande Loja ou Grande Oriente, uma mais centralizadora que outra.

Mas isso será tema para esmiuçar em mais um par de textos que hão de vir!

Rui Bandeira  

08 maio 2017

Da ilusória natureza do Poder em Maçonaria


Na Loja Mestre Affonso Domingues, fora de religião e política, tudo é suscetível de ser discutido e tudo se discute, por vezes acaloradamente. Mas, até hoje, há algo a que a Loja teve o bom-senso de nunca se sujeitar: uma pugna eleitoral. Na nossa Loja, desde há muito que é consensual que o Primeiro Vigilante de um ano é, no ano seguinte, o Venerável Mestre e o Segundo Vigilante de um ano será, no ano seguinte, Primeiro Vigilante e, no subsequente, Venerável Mestre. As exceções a esta regra consensual contam-se pelos dedos de uma mão e ainda sobram dedos (curiosamente, uma dessas exceções envolveu-me a mim, como já neste blogue referi, no texto A ultrapassagem).

Quando imponderáveis se atravessam e assim não pode ser feito, por impossibilidade de o Primeiro Vigilante assumir a função de Venerável Mestre (sucedeu tal, não há muito tempo, na Loja: o Primeiro Vigilante de um ano não pôde assumir no ano seguinte o ofício de Venerável Mestre, porque entretanto foi profissionalmente colocado no estrangeiro), avança o Segundo Vigilante para o ofício.

Até hoje, não ocorreu situação de ambos os Vigilantes não poderem ou não quererem, em simultâneo, assumir o ofício de Venerável Mestre. Mas, se porventura tal ocorrer, não seremos apanhados de surpresa... A maneira de resolver esse imprevisto já tem sido conversada, pela melhor forma de o fazer: pensar em abstrato, sem o constrangimento de uma situação concreta. Nessa situação, existe um constrangimento regulamentar: só pode exercer o ofício de Venerável Mestre quem tenha previamente assegurado o exercício de, pelo menos, um dos ofícios de Vigilante. Como os Vigilantes naturalmente em seguida exercem o ofício de Venerável Mestre, só muito excecionalmente haverá um obreiro da Loja que tenha exercido o ofício de Vigilante e não tenha já passado pela Cadeira de Salomão (como será o caso, quando regressar do estrangeiro, do Irmão que, tendo sido Primeiro Vigilante, não pôde assumir o ofício de Venerável Mestre). Se essa exceção ocorrer e o obreiro estiver disponível para o ofício, deverá ser-lhe dada prioridade, evitando repetição de Venerável Mestre. Quando essa exceção não ocorrer, avança um dos Antigos Veneráveis. Qual? O mais antigo que tiver disponibilidade para tal.

Em suma, haverá sempre uma solução!

O que importa sublinhar é que, na nossa Loja, até agora não houve, e estamos determinados a que não haja, lutas eleitorais. Porque dividem, porque deixam sequelas entre Irmãos e, acima de tudo, porque tais lutas eleitorais contrariam a natureza do Poder em Maçonaria.

Com efeito, bem vistas as coisas, em Maçonaria o Poder é meramente ilusório. A Maçonaria é uma instituição assente completa e absolutamente na disponibilidade VOLUNTÁRIA dos seus membros. Adere à Maçonaria quem manifestar vontade nisso e for admitido. O Mestre Maçom integra a Loja em que voluntariamente se decide integrar, sendo cada um livre de, a qualquer momento, mudar de Loja. Apenas se faz o que cada um voluntariamente entender dever fazer. Se é certo que existe o dever de não violar decisão do Venerável Mestre da Loja, não é menos certo que nada obriga ao cumnprimento dessa decisão, se o obreiro entender não o fazer. Dito por outras palavras: o obreiro tem o dever de não obstaculizar, não contrariar, decisão do Venerável Mestre, mas tem o direito de não a executar, se com ela não concordar. Porque a Maçonaria assenta na Liberdade individual e em caso algum pode violar a consciência individual de um dos seus obreiros.

Assim sendo, é corolário evidente que, não podendo nenhum obreiro ser obrigado a executar decisão do Venerável Mestre com que não concorde, o Poder do Venerável Mestre é meramente ilusório, só tornando efetivas e eficazes as suas decisões, na medida em que as mesmas mereçam a concordância de um número significativo de obreiros.

E há também um segundo corolário a ter em atenção. Porque assim é, porque o Poder do Venerável Mestre assenta na aceitação, na concordância, em relação a cada uma das suas decisões, são indiferentes eventual unanimidade que porventura haja na eleição do Venerável Mestre ou eventual existência de bolsa de descontentamento ou desconfiança em relação a um Venerável Mestre que esteja na altura de assumir o ofício. Em Maçonaria, não há "estado de graça", nem "primeiros cem dias". Isso são conceitos profanos e modas passageiras. A valia de um Venerável Mestre não se afere pelos apoios, loas ou críticas que tenha à partida. Resulta dos juízos que sobre a sua atuação forem feitos no final do seu mandato, quando tiver concluído a sua tarefa. Porque, em bom rigor, os apoios existem - ou não - em relação a cada uma das suas medidas, a cada uma das suas decisões, a cada uma das suas escolhas. Estas - as medidas, as decisões e as escolhas - é que importam e estas é que permitirão, no final, avaliar o valor do mandato de quem as tomou.

É assim estulto reunir aparatosos apoios antes de iniciar o mandato ou temer eventuais discordâncias antes de se saber que concretas decisões se toma. Tão injustificada é a vã confiança do que porventura se sinta levado em ombros para a Cadeira de Salomão, como o temor do que porventura preveja vir a ter discordantes de si. 

Em Maçonaria, o único verdadeiro Poder é o da Persuasão!

Rui Bandeira

20 março 2017

"Veneráveis e Veneralatos..."


Tal como o Rui Bandeira sabiamente explanou nos seus últimos dois textos e que se reportavam à vida interna das Lojas maçónicas, também é de fulcral relevância salientar o contributo que os Veneráveis Mestres (VM) ("presidentes da Loja")  têm em relação à vida interna destas Lojas.

A própria dinâmica da Loja depende grande parte da dinâmica imprimida pelo seu Venerável Mestre bem como pela sua forma de gerir os "destinos" da Loja.

Uma larga maioria não consegue separar -  e isto não é crítica sequer - o mundo profano do mundo iniciático, ou seja, por defeito profissional, muitos nas suas vidas laborais gerem e dirigem pessoas, logo tenderão a agir na Maçonaria da mesma forma que o fazem no mundo profano. Sendo também, por isso mesmo, mais fácil para estes tomar a seu cargo os destinos de uma Loja e a gerir o que lá se passa no seu interior. Mas não releguemos também que a sua forma de agir e estar perante a Sociedade, a sua Educação e Formação Académica também auxiliam e muito o seu (bom!) desempenho, nomeadamente na forma de lidar com a Loja e os seus membros.

Não existem manuais de sobrevivência para um "VM", existirão sim pequenos guias ou opúsculos que algumas Lojas ou Obediências tenham escrito para facilitarem um pouco a vida de quem durante um ano (em média) terá a responsabilidade de gerir a Loja, mas o essencial para a gestão da Loja será a sua vivência e praxis maçónica. Sendo que uns serão mais "ritualistas" e outros mais "administrativos" no cumprimento das suas funções. 

- Cada um como cada qual... - 

Mas não obstante, esta diferenciação da forma de gerir e de estar, pois a cada identidade corresponderá uma forma de gerir, permite a vantagem mesmo que uma Loja tenha uma prática de trabalho homogénea, esta será sempre um pouco diferente de ano para ano, possibilitando aos seus membros não ficarem reféns de um certo marasmo que não lhes possibilite evoluir, seja maçónicamente quer pessoalmente.

Outra das vantagens que diferentes abordagens ou estilos de gestão permite, é que pelo facto de a presidência da Loja ser quase sempre anual e dependente de sufrágio pelos Mestres que compõem a assembleia da Loja,  impedirá, por certo(!), determinadas formas gestionais de cariz ditatorial prolongadas no tempo; resultando que se um dado "VM" desempenhar mal ou de forma nefasta o seu cargo, a Loja somente terá de o "aturar"  um ano - ou menos ! -, mas possibilitando a alguém que desempenhou um bom ofício, que soube conviver bem com as responsabilidades que lhe estavam inerentes, e que num bom português eu possa dizer que tenha levado a Loja a "bom porto", deixando saudades e inclusive "fazendo escola", criando assim alguns seguidores que queiram prosseguir nessa forma de (bem) gerir.

- E cada Loja é uma Loja, tal como cada maçom é diferente do seu semelhante -.

Cada Loja tem a sua identidade própria, podendo ser parecida ou não com as outras de uma mesma Obediência, até porque cada Loja é formada por gente que também pode ser diferente entre si. A heterogenia dos seus membros é uma das grandes qualidades que a Ordem Maçónica se pode orgulhar e enaltecer.

Mas por outro lado, e porque nem tudo "são rosas...", nem sempre corre tudo bem ou como deveria ocorrer, dado existirem, por vezes, Lojas que não deveriam estar sequer em funcionamento dado que o que se passa no seu seio ser tudo menos maçónico, e quase sempre com a conivência do seu "VM". - mesmo que ele não seja o responsável por tais actos, a Loja depende dele e ele será sempre a pessoa que dará a cara pela Loja! - E por causa disto é que um "VM" tem de ter características naturais de um Homem bom, Livre e com bons costumes,  - soa a "beato" mas é assim que tem de ser - para que tais situações menos nobres não ofusquem a Luz que deve resultar da Maçonaria e emanar na sociedade à sua volta.

Ser "VM" nao é tarefa fácil, não é "bater malhete" como se queira... Existem determinadas regras a cumprir e a fazer por cumprir!
Logo, ser investido nas funções de Venerável Mestre não poder ser encarado de forma singela, mas antes como uma demanda tanto pessoal como colectiva. Pessoal porque tal é desempenhado através de um labor próprio e que depende intrinsecamente de si mesmo, e colectivo porque é feito a bem da Loja e da Obediência em geral.

Não é fácil esta tarefa, tal como salientei. E uma parte importante deste trabalho também e que não pode ser esquecida é o apoio que os obreiros da Loja dão ao seu "VM", auxiliando-o na condução dos "trabalhos", promovendo iniciativas em prol da Loja, produzindo Trabalhos/Pranchas  e debatendo respeitosamente a vida interna da Loja. 
Apenas uma Loja com obreiros activos e cujo "VM" seja alguém que possibilite a troca de ideias efectivas, terá um bom prenúncio na sua existência, pois as boas decisões nunca estão sozinhas e muitas das vezes para serem correctamente aplicadas dependerão daqueles que, por sinal, as terão de cumprir...

E por isto que anteriormente afirmei é que considero que uma Loja não é do seu Venerável Mestre, mas sim, que o Venerável Mestre é que é da Loja!
E quem não interiorizar isto, ou não sabe ao que se propõe ou não estará bem na Maçonaria...

Mas nem sempre quem já foi "VM" quis despir o seu cargo, isto é, são mestres que embora já não detenham essas funções, mas que mesmo assim desejam e insistem em o a continuar a o ser... Obstaculizando de forma premente o trabalho que o "VM" em exercício possa fazer. Condicionando este com atitudes ou ideias suas e acicatando os demais obreiros contra o desempenho do seu "VM"; considerando eu isto como uma forma de rebelião que não deveria ter lugar num espaço onde a fraternidade deveria ser um dos seus pilares fundamentais.
Mas pior que isto, serão aqueles que nunca cumpriram tal ofício mas que acham que o desempenharam ou que detêm o direito de o vir a ocupar de forma unilateral, condicionando activamente o desempenho que o "VM" deverá levar a seu cargo...

Enfim, há de tudo um pouco...infelizmente!

Até existem aqueles, sendo mestres ou não, que se acham a "voz da razão" e assim se acharem os "donos da Loja", bloqueando tudo (ou quase...) aquilo a que se propusera a fazer o seu "VM". E esta forma de inquinar uma Loja não deveria ser aceite pelos seus membros e muito menos ser feita com a complacência de um "VM", pois foi ele o eleito para a direcção da Loja e mais ninguém. Uma coisa é um "VM"  aconselhar-se, outra diferente, é deixar outros executarem o seu trabalho.

E é por isto que amíude existem cisões e/ou "abatimentos de colunas" de Lojas com "adormecimentos" ou transferências de membros para outras Lojas, porque já não é possível a convivência entre si. Deixando eu à reflexão para os demais esta situação que é deveras importante para a sobrevivência de uma Loja.

Um "VM" que saiba desempenhar bem o seu cargo nunca permitirá que aconteça o que eu referi e saberá, ou pelo menos tentará, gerir os egos e diferenças de opinião que existem no seio da sua Loja. Essa sim, será talvez a maior dificuldade que poderá encontrar durante o seu veneralato, pois as questões rituais ou administrativas, quando não são graves, são facilmente tratadas ou ultrapassadas. E regra geral são as Admissões de profanos com as suas Iniciações,os "aumentos de salários/graus", gestão corrente da tesouraria da Loja e pouco mais. Aqui sim, um "VM" pode pelas suas qualidades pessoais fazer diferente dos restantes que passam por essa função; a tal "dinâmica" que abordei.

Felizmente que a Respeitável Loja a que pertencem os Mestres "escritores" neste blogue conta nas suas colunas com gente com conhecimentos suficientes para fazer prosperar a Loja. Apoiando-se nos seus membros mais antigos que com a sua experiência e sabedoria corrigem qualquer "desvio administrativo" ou erro ritual que possa surgir, bem como nos seus membros mais recentes, gente pronta a "arregaçar as mangas" e por-se a trabalhar, assim os deixem. 
É somente devido a esta conflexão de "ideias e vontades", convergindo numa acção perseverante e regular, é que uma Loja tem um bom futuro assegurado.
Não basta viver à sombra de feitos do passado, e esta Loja os tem feito; há que criar sempre novas dinâmicas e formas de gerir e a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5 conta já no seu historial de mais de 25 anos de trabalho ininterrupto com gente capaz de o fazer por mais 25 anos e até mais... E gente que pela sua forma de estar, pela sua sensibilidade pessoal  e apoiada nos vastos conhecimentos de alguns dos seus Irmãos, podem ser "herdeiros naturais" da linha de sucessão criada à vários anos  na Loja e que ainda hoje em dia se utilliza.

E concluindo um texto que já vai longo, um Venerável Mestre como sendo alguém com a responsabilidade da gestão anual da Loja, nunca poderá pensar a curto prazo, apenas na gestão corrente, mas sempre com um pensamento a médio/longo prazo, para que a Loja não divirja nos seus destinos, não se preocupando em deixar um "legado pessoal" mas sim, algo sustentado pelo tempo. E por isso mesmo, deve ser alguém com vontade de trabalhar e com "espírito diligente" e rigoroso, sendo meticuloso e disciplinado no que faz, devendo ser o melhor "relações públicas" da sua Loja, pois ele é que dará a cara por ela; não devendo ter um perfil autocrático, mas antes um elevado sentido fraterno. 
Em suma, ser alguém que goste de trabalhar e que o faça pelos outros, não esperando qualquer tipo de encómios à sua pessoa.  

- Somente tendo uma postura humilde perante os seus pares, pode um "VM" ser exaltado pelos demais, e isto se assim o tiver de ser... - 

Para além disso, terá de ser alguém capaz de estabelecer pontes entre os Irmãos que tenham divergências ou contendas entre si, sendo um bom ouvinte e confidente, para além de ter a capacidade em aconselhar os obreiros naquilo que necessitem do seu "VM", e que saiba agir com a "parcimónia" necessária ao seu cargo, sem impulsos ou afins... pois terá de ter a ponderação necessária a cada decisão que tenha de tomar ou que venha a ter de aplicar em relação às funções a si designadas como representante da Loja na Obediência onde esta se encontra filiada. E chegando ao final do seu veneralato, ter a capacidade de fazer um auto-exame de consciência e reflectir no que se propôs a fazer, no que fez e no que poderia ter feito e extrair de aí as suas próprias conclusões, por forma a que quando se sentar no Oriente ao lado do próximo "VM", poder ser ele, também, uma "voz" de e em auxilio a este, porque a função de Past-Venerável ou Mestre Instalado não é mais que isso, uma voz em auxilio do novo Venerável Mestre. 
E como "VM" reconhecer que recebeu a Loja com um determinado funcionamento, em determinado momento, e que entregou ao seu substituto na "cadeira de Salomão" uma Loja que deverá ser mais coesa e mais forte do que aquela que terá recebido do seu antecessor, - esta é a sua obrigação! - o que nem sempre é simples de ser feito. 
Não deixando nunca de ter sempre presente a noção de que por qual forma pretenderá  ser (re)conhecido no final do seu ano de trabalho, se por ter sido "Venerável" ou pelo seu "Veneralato"...

11 outubro 2011

O mistério dos veneráveis desaparecidos



É saudável e desejável que uma loja maçónica seja composta por obreiros de diversas idades, maturidades e experiências; quando tal sucede, alarga-se o leque de crescimento potencial de cada um. Na Mestre Affonso Domingues temos desde aprendizes com vinte e tal anos de vida a mestres octogenários com mais de quarenta anos de maçonaria, e o contacto entre uns e outros é muito enriquecedor.

No ano maçónico que recentemente teminou (o ano maçónico começa em Setembro, pelo equinócio de Outono) tive a honra de ser Secretário da Mestre Affonso Domingues. Para além de estar incumbido de redigir e distribuir as convocatórias, bem como redigir e apresentar as atas das sessões, é dever do secretário anotar as presenças, ausências e justificações. As novas tecnologias tornam extremamente fácil fazer-se uns "bonecos" com os números em bruto; de uma simples folha de cálculo com os mapas da assiduidade ao longo das sessões pode extrair-se vários números interessantes.

A Loja Mestre Affonso Domingues tem uma vintena de anos, e uma meia centena de obreiros. Cada sessão do ano transato teve, em média, cerca de 18 presenças. Há perfis de assiduidade de todos os tipos, desde os que não perdem uma aos que, ao longo de um ano, não conseguiram ir a uma única sessão. Há os que aparecem quase sempre; os que faltam quase sempre; e há os assim-assim, em vários gradientes.

Os mais assíduos são, na maioria, Aprendizes e Companheiros. É natural; ainda entusiasmados - diria: ainda apaixonados - não perdem uma oportunidade, sequiosos de aprender, de conhecer, de avançar. E estranho é - e mau sinal! - que assim não seja. Se um Aprendiz começa a faltar muito, quase sempre se acaba por vê-lo sair, desmotivado ou ciente de que a Maçonaria pouco ou nada lhe diz. Um Companheiro raramente fica pelo caminho; já que fez metade do caminho, acaba por fazer a outra metade. O pior é depois: chegados a Mestre, muitos ficam-se por aí e, desmotivados, acabam por desaparecer - ou ir desaparecendo, caindo na rank da assiduidade.

Fruto desta experiência, é costume, na Mestre Affonso Domingues, ocupar-se desde cedo os novos Mestres com ofícios que lhes permitam manter-se motivados, aprender novas valências, e ser úteis à Loja. O percurso costuma, mais coisa menos coisa, começar pelo cargo de Tesoureiro, passando a Secretário, depois a Mestre de Cerimónias, a Segundo Vigilante, a Primeiro Vigilante, e por fim a Venerável Mestre, seguindo-se um ano como Ex-Venerável, e terminando como Guarda Interno. Leram bem: 8 anos, dos quais os últimos dois são bastante mais calmos do que os anteriores. Os ofícios de Orador, Experto, Hospitaleiro e Organista não fazem, normalmente, parte desta sucessão - que, note-se, não é rígida e, com exceção do Tesoureiro (que é eleito) pode ser alterada pelo Venerável Mestre, pois é este quem nomeia os "seus" oficiais.

Um ano como Aprendiz, outro como Companheiro, eventualmente um ano de interregno (ou não...) e depois seis a oito anos de ofícios sucessivos. Uma década de atividades diferentes. Será de estranhar que, do terço dos obreiros da Loja que já foi instalado na Cadeira de Salomão, apenas um terço seja assíduo às sessões? De facto, é corolário frequentemente repetido entre nós que, depois de descer da cadeira, o ex-venerável desaparece para raramente voltar a ser visto. Muitos perguntam-se o que falhou, o que leva esses irmãos a deixar de aparecer, o que é que a Loja pode fazer para os cativar de novo.

Acho que nada pode ser feito; e que é, mesmo, normal que assim suceda.

Em certa medida, uma loja é como uma universidade: entra-se com um objetivo - aprender - e sai-se com a autonomia que permite continuar a aprender sozinho. A maioria fica-se pelo ciclo inicial de conhecimento, pega no canudo e faz-se à vida. Alguns - poucos! - continuam a querer aprender sempre mais. Destes, uns tantos ganham o gosto de ajudar outros a seguir os seus próprios percursos. Tal como uma universidade é feita de muitos alunos, e de uns tantos professores que marcam o centro e os limites da estrada, alertam para os precipícios e partilham da experiência de muitas caminhadas, assim é uma Loja com muitos Aprendizes e Companheiros, e uns quantos Mestres Instalados.

Os Mestres Instalados que insistem em continuar a aparecer são o maior tesouro de uma Loja. Entre nós, são poucos mas bons: um terço de um terço. São eles a nossa fração de antiguidade, as nossas "âncoras no passado", a nossa memória não escrita.

Paulo M.

14 julho 2011

Vem aí o 22º Veneravel

À semelhança de anos anteriores na primeira sessão do mês de Julho a Loja Mestre Affonso Domingues elege os seus Veneravel Mestre e Tesoureiro.

Para os cargos de Veneravel e Tesoureiro foram eleitos respectivamente Nuno L. e Vitor M. ambos mestres.

Vitor é uma das apostas da Loja. Não tendo sido iniciado na Mestre Affonso Domingues, nela ingressou vindo de outra Loja quando ainda era Companheiro, concluindo o seu tempo e passando a Mestre. A sua forma de estar não passou despercebida e a sua integração decorreu sem sobressaltos, tanto que hoje foi eleito tesoureiro.

Nuno pelo seu lado é já membro da Loja ha uns anos e progrediu paulatinamente passando por quase todos os oficios de Loja. Nuno apesar da sua antiguidade ainda está na "casa dos trintas" sendo por isso um jovem.

Porque esperamos trabalho de qualidade fomos absolutamente unanimes na escolha.

A instalação decorrerá, previsivelmente, na primeira sessão de Setembro.


José Ruah

28 outubro 2010

O Vigésimo Primeiro Veneravel Mestre

Tem o cronista, para o efeito eu próprio, que começar por pedir desculpa por em tempo devido nao ter anunciado a eleição do ora empossado Veneravel Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues.

Na sessão de 27 de Outubro, foi instalado o Irmão A.Jorge, ele também cronista deste blog e editor do sitio internet da loja. Nao foi por isso que foi eleito e instalado, foi mais porque durante 12 anos, tempo que intervalou a sua iniciação em Outubro de 1998 e a sua Instalaçao como VM, progrediu desempenhou quase todos os cargos de Loja, aprendeu, ensinou, trabalhou.

A sua instalação é um corolário da sua disponibilidade para com a Loja. Dele esperamos trabalho, e progresso, serenidade e seriedade.

Para mim, que ha 12 anos atrás assinei a sua ficha de candidatura, assumindo-me como proponente, foi um privilégio enorme poder ser o Mestre Instalador.

Da Loja, sabe ele já que receberá tudo o que houver para dar, A Loja ao escolhe-lo sabe bem que o espremerá para que dê tudo o que tem para dar.

É assim na Affonso Domingues, e nós gostamos.


José Ruah

14 setembro 2009

O Vigésimo

Não é um bilhete de lotaria, antes pelo contrário espera-se que seja tudo menos o acaso da Sorte.



É o 20º Veneravel Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues.



Rui de seu nome, mas não o Bandeira, foi o primeiro Vigilante o mandato passado, e em julho foi eleito por unanimidade.



Rui é um mestre muito antigo, mais antigo na maçonaria que os Marretas aqui do blog. Passou uns anos ausente, voltou e mostrou que vinha para trabalhar, para ajudar.



No sabado passado foi instalado na cadeira de Veneravel, dando inicio ao seu mandato.



Dele se espera que seja Veneravel, mas sobretudo que seja ele próprio e que nos brinde com a sua alegria de viver e de fazer coisas.



Para ele a nossa disposiçao de fazer mais coisas.


José Ruah

13 julho 2009

Continuidade - Vem aí o 20º Veneravel.

Acontece todos os anos na primeira sessão do mês de Julho a eleição do Veneravel Mestre e do Tesoureiro.

A estabilidade da Loja permite que o processo eleitoral decorra sem quaisquer problemas ou dificuldades e consequentemente se eleve o espirito de união da loja.

Para os cargos de Veneravel e Tesoureiro foram eleitos respectivamente Rui C.L. e Alberto J.G. ambos mestres.

Se Alberto é um mestre recente e assume aqui o seu primeiro cargo de Loja, já Rui é um mestre com muitos, muitos anos de maçonaria. É do tempo da fundação da Grande Loja e não fosse ter tido que se ausentar durante uns anos já teria sido seguramente Veneravel há muito mais tempo.

Junta-se assim a experiencia de um com o desafio a outro no sentido de levar a Loja Mestre Affonso Domingues para mais um ano de trabalho que se espera gratificante.

A instalação decorrerá, previsivelmente, na primeira sessão de Setembro.


José Ruah

16 fevereiro 2009

MISERÁVEL MESTRE crónica de ‘MILLÔR FERNANDES’ (?)

Reapareci com o convite para a dádiva de sangue do próximo dia 28.
Acontece que o nosso inesgotável Rui, já há 3 ou 4 semanas, me enviou uma estórinha supostamente de autoria de Millôr Fernandes, autor de quem sou fã indiscutível desde há muitos anos, pelo humor sem paralelo com que escreve crónicas da vida diária, em críticas tão humoradas quanto verrinosas e certeiras.
Desde o tempo de ‘O Cruzeiro’ que o admiro, e já lá vão várias dezenas de anos (ele tem mais do que eu…).
No início do ‘A Partir Pedra’ um dos primeiros posts que coloquei foi exatamente um texto do Millôr, extraordinário ( a famosa definição da ‘Rôsca’… uma rosca é uma rosca, é uma rosca, é uma rosca.) e aí descobrimos, ambos (eu e o Rui), que era-mos igualmente fãs do Millôr Fernandes.
Este texto, após chegar ao nossos correios, teve um acerto igualmente suposto porque neste momento não temos qualquer certeza quanto à sua autoria.
Chegou como sendo do Millôr, mas a logo depois apareceu-nos um desmentido que nos merece tanta credibilidade quanto a primeira autoria.
Com autor ou sem ele fica uma certeza, não é minha autoria e tão pouco do Rui.
Mas ambos estamos de acordo que merece ser postado !
A questão está em que o que aqui vai no texto ‘não é moleza, não…’, bem pelo contrário, é dureza mesmo !
Eu conheço alguns… por muito que isso me doa, e dói, podem crer.
É o caminho para a perfeição…? pois será… !
Por isso é tão duro, por isso é dureza !
Aí vai :


Tô falando....não param de me perseguir! Estão sempre contra a minha pessoa. E ainda se dizem irmãos. O negócio é que a Loja estava um marasmo. "Tava um saco".
Aliás, por falar nisso, sempre preferi AMASSARMARIA à Maçonaria, vocês sabem. Só tem um negócio lá que atrai: O PODER!
Foi aí que resolvi: quero ser Venerável!
Comecei a conversar com os caras, mas eles me vieram com um papo de que era cedo, que eu não tinha sido secretário...! Função subalterna, trabalha mais do que fala. Jamais! Não tenho tempo para isso... QUERO MESMO É SER VENERÁVEL! Mas tudo tem seu jeito. Os dias passaram, bati papo com uns e outros, fui enrolando. Fiz um leilãozinho de cargos.
Pouco trabalho e muita pose. As Vigilâncias vão para dois alérgicos ao trabalho. Nada de preparar Instruções. Se elas já estão escritas, quem quiser que leia, bolas.
A oratória vai para um caso patológico de exibicionismo que precisa de platéia - vai ter sempre! E por ai continuei...
Quanto àquelas condições de elegibilidade, atropelei todas. Pra freqüência, atestado médico comprovando ‘Mal de Escroque’. Nada como uns livrinhos misticistas. Dou uma cheirada neles e viajo no esoterês...

Bons costumes? Não tem problema, eles ainda não me conhecem direito...
Capacidade administrativa? Bah, administração é coisa para jogar em cima do secretário. Meu negócio é bater malhete e usar paramento. O resto, eu leio e só assino. Mas tem uma turminha que se acha dona da Loja só porque não falta, arruma e desarruma o Templo, chega cedo, comparece no Tronco ou na obra de amor e outras besteiras dessas. Eles resolveram lançar um candidato deles. Mesmo que ele não tenha chance, não custa pichar um pouco.
Como dizia meu guru, "da calúnia sempre fica alguma coisa..." Fui armando nos bastidores, fazendo cabalas com minha grande capacidade de persuasão... Vocês sabem, ele é muito jovem, não presta para mandar...
Comprei presentinhos, fiz longos discursos e botei algumas notas no Tronco (pô que desperdício). Prometi, bajulei e menti. Beijei criancinhas, abracei sogras, fui a batizado e enterro. Enfim, tornei-me o candidato ideal.
O outro boboca, coitado, nem fez campanha. Apresentou um tal plano de trabalho que fazia jus ao nome, só falava de trabalho. Argh! Ninguém deve ter gostado.

Chegou o grande dia da eleição, eu lá tranqüilo, já até pensando na reeleição. Aliás preciso até ver quantas vezes é permitido, de repente, dá até para mudar o regulamento... Por falar nisso, será que venerável é como comprar toca-fitas: instalação é de graça? Não importa. Se não for, ponho na conta da Loja, junto com as dos paramentos, que já mandei fazer, bordados a ouro.
Enfim, o grande momento. Começa a apuração.
Há Unanimidade, estão dizendo. É a glória. Eu mereço...
O quê...? Ganhou o outro? Não absurdo! É roubo! E o meu voto e os compars..., quero dizer, correligionários? Heim...? Não tínhamos freqüência? Vocês não me merecem. Vou fundar uma outra Loja, para ser Venerável.
Vocês ainda vão ver a ‘VIGARICE & PICARETAGEM’ em funcionamento ainda este ano. Quero meu Quit Placet! O quê? Tem de pagar? Deixa pra lá então!
TFA
Ir.·. Millôr Fernandes (?)

E hoje fica assim.

JPSetúbal

14 setembro 2008

Continuidade - instalado o 19º

Ora pois Venerável Mestre!!

Depois de eleito em Julho, coube a J.F. ser instalado na primeira sessão de Setembro.

A cerimónia, decorreu com a solenidade que se impunha. O Muito Respeitavel Grão Mestre que esteve presente tomou em mãos algumas partes da cerimónia, ajudando o Mestre Instalador que era apenas e só um dos Vice Grão Mestre e além disso membro da Loja.

A Loja continua entregue a mãos experientes, não no cargo mas em maçonaria, pois JF é membro da Affonso Domingues desde o dia da sua Iniciaçao e nela fez todo o seu percurso.

Estamos seguros que o seu mandato,que agora se inicia, será proficuo e permitirá que a Loja engrandeça e siga no caminho que tem vindo a percorrer.

Desejo ( desejamos) um grande sucesso ao JF e daqui vai um TFA.

José Ruah

15 agosto 2008

Veneravel Mestre - "Nosso" vs "Eu"

Há uns tempos atrás abordámos no blog a questão da Sucessão nos seguintes post
Percurso a Venerável de minha autoria e Da Linha e do Percurso da autoria do Rui Bandeira

Um atento leitor Brasileiro que abaixo se identifica e que é Irmão trabalhando numa Loja do estado do Paraná ao não conseguir colocar um comentário enviou-o por correio electrónico, dando autorização que fosse reproduzido.

Diz-nos então como segue:

“Visão cabalística para o caminho a Venerável Mestre.
Na "Arvore da Vida",ou KABBALAH como queiram, o Ven:. Me:. ocupa a posição de KETHER. É a posição referente a letra hebraica YOD (10), reservada à pessoas investidas do "NOSSO" fortemente.É uma condição indispensável para que a energia da EGREGA seja profícua. Pessoas com o "EU" muito fortes aterram no próprio trono de Salomão a energia da égregora, e a Loja ficará prejudicada na maioria das ocasiões. Então, não basta simplesmente querer ser Ven:.M:., ou já ter passado por outros cargos, é sobretudo e importante ser um Ir:. evoluído no desbastar da PEDRA BRUTA. É mister ser uma pessoa do "NOSSO", ser bom ouvinte e complacente por natureza.
Triplice aos irs:. portugueses.
Avides R. F.
Lj Tiradentes - Curitiba – Brasil”

Este Irmão pega numa vertente muito mais esotérica para analisar a questão e mesmo com toda a subjectividade da Cabala ele transmite uma mensagem absolutamente objectiva.

O Venerável tem que possuir uma noção de Nosso muito mais forte que uma noção de Eu.

Gostei do que li e por isso permiti-me escrever algo acerca do assunto.

Ao longo dos anos conheci muitos Veneráveis de muitas Lojas, e intuitivamente ia dizendo para mim, que um era muito “mandão”, outro “brando de mais”, outro muito falador, enfim fui catalogando, e com isso permitia-me tentar perceber o que ia acontecer naquela Loja nesse ano.

Ao longo dos últimos anos, tenho tido sempre uma conversa com o novo Venerável da Mestre Affonso Domingues. Essa conversa tem sempre lugar para meados de Novembro.

Porquê meados de Novembro e não inicio de Setembro que é a altura da tomada de posse?

Há evidentemente uma razão para isso. Em meados de Novembro o novo Venerável já dirigiu 3 ou 4 sessões. Já se libertou do nervosismo inicial e já começou a mostrar como faz e qual o seu estilo.

E nessa altura, é altura de transmitir a minha opinião sobre o desempenho. Em conversa privada e longe de quaisquer outros ouvidos que não os do Venerável.
A minha opinião pode ser qualquer, desde dizer-lhe que está tudo certo e que se continuar assim vai ser um sucesso, até dizer-lhe que o modo como está a gerir a Loja pode gerar que perca o controlo.

Mas sempre lhes digo a mesma coisa, antes de grandes decisões e antes de submeter assuntos mais complexos à Loja, envolvam outros Irmãos Mestres no assunto, auscultando-os e trazendo-os para o projecto se for esse o caso, sejam os Árbitros e não os jogadores.

O nosso Irmão Avides, diz-nos que o sentido colectivo do Venerável é a característica essencial e uma das chaves para o sucesso do mandato. E eu concordo.

Há várias maneiras para se chegar ao “ Nosso”. A mais recomendável é através de trabalho individual de aperfeiçoamento, de entendimento do que é uma Loja, de respeito pelos demais, do uso da firmeza quando necessário. É evidente que isto não invalida que se deva percorrer um caminho para chegar a Venerável, deve-se é juntar nesse caminho as peças necessárias para que a preparação seja o mais completa possível, quer ritual, quer administrativa, quer psicológica.

É também evidente que “ não pode ser tudo nosso” ou seja o Venerável tem que de vez em quando ser “Eu” e dar uma batida de malhete mais forte, mas isso faz parte dos ossos do oficio.

O Venerável é o fulcro no qual está equilibrado o balancé. E essa sua missão de manter equilibrada a Loja é primordial.

E manter esse equilíbrio significa sucesso e progresso. Significa Lojas mais fortes no final de cada mandato. Significa maior consciência de grupo.

Enfim, fica aqui mais uma achega sobre o papel do Venerável Mestre de uma Loja.

Resta fazer uma ressalva final, já com este texto em produção o Irmão Avides conseguiu colocar o seu comentário, todavia achei que continuava a fazer sentido este post.
José Ruah

16 maio 2008

Percurso a Venerável

Volto !!! - espero.

O Rui deixou-nos com mais um brilhate texto sobre a " linha de sucessão", no qual nos apresenta a sua visão do fenomeno da continuidade de uma Loja.
Referiu-se a uma intervençao minha, originalmente proferida em Loja em 27/7/2006 , já lá vao 2 anos, e que tenho vindo a apresentar em outras Lojas.
No meu comentário ao texto do Rui abordei rapidamente o tema na minha perspectiva. Todavia e para melhor enquadrar o que disse publico, com alguns cortes necessários, o texto apresentado em Loja.



Cargos de Oficial e Percursos de Progressão
REAA - Lojas Azuis


Nem todos os Aprendizes chegam a Companheiro, destes nem todos chegarão a Mestre Maçon. Seguramente que apenas alguns dos Mestres chegarão a Venerável Mestre . E Esta deve ser uma das regras fundamentais de qualquer Loja, devendo ser comunicada aos aprendizes no seu primeiro dia.

O Cargo de Venerável não é o fim último de uma “carreira” dentro da Loja. É um cargo ao qual se deve chegar porque se crê que naquele momento aquela pessoa pode acrescentar à Loja.

Como tradicionalmente a escolha do Venerável é feita com 2 anos de antecedência, ou seja no momento da nomeação do 2º Vigilante, a Loja prepara-se com tempo.

No Nosso Rito temos os seguintes cargos a serem desempenhados em cada ano Maçónico.

Vigilantes ; Secretário ; Orador ; Tesoureiro ; Experto ; Mestre de Cerimónias ; Hospitaleiro ; Guarda Interno ; Organista

Temos assim cargos eminentemente rituais, outros administrativos, uma terceira categoria de natureza mista, e uma quarta que chamarei outros.

Sem dúvida que o Secretário e o Tesoureiro são cargos administrativos, como não há duvida que M. Cerimónias, Experto, Hospitaleiro, Guarda Interno são de cariz ritual.

Os Vigilantes embora tendo um peso ritual importante, têm também uma carga administrativa associada, e têm ainda a função de Ensino, por isso não são bem uma coisa nem outra, são corolários.

O Organista é um caso à parte, tem uma óbvia e importantíssima função ritual, e tem uma função espiritual fundamental, pois com a sua mestria pode tornar as penosas sessões mais ligeiras.

E quanto ao Orador?

Passando caso a caso

Secretario: tem como função primordial guardar a memória da Loja e tratar dos assuntos de correspondência e comunicação. É por excelência o auxiliar do VM no que ao sector administrativo diz respeito.

Tesoureiro: como o próprio nome indica é aquele que guarda e administra os bens pecuniários da Loja.

Mestre-de-cerimónias: Usando um termo futebolístico é o Patrão do Rectângulo. Age às instruções do VM, tendo no entanto autonomia para circular sem autorização para resolver problemas e orientar trabalhos.

Hospitaleiro: Tem como função principal o acompanhamento dos Irmãos nas alegrias e nas tristezas, representando para o efeito a Loja, sendo que ritualmente lhe cumpre a função de recolha dos obulos

Vigilantes: São os vértices do Triangulo simbólico que comanda a Loja. Têm a seu cargo as colunas, e a passagem do Saber.
Têm a seu cargo, conjuntamente com o VM a representação externa da Loja, sendo-lhes dados poderes para em Nome da Loja defenderem as posições da Loja nos fóruns onde têm assento.
Têm como função o auxílio ao VM na preparação das sessões, sendo ainda o primeiro filtro dos trabalhos apresentados pelos Irmãos integrantes das respectivas colunas (entenda-se Aprendizes e Companheiros)

Guarda Interno: Para alguns o símbolo da Humildade a que se submete o Mestre que já foi Venerável. Aparentemente pouco participante nas sessões, tem por missão fundamental anunciar que alguém bate à porta e de que modo o faz, tendo que saber para tal quando deve fazer esse anúncio. É o primeiro a verificar quem se apresenta, sendo que para tal o seu conhecimento dos ritos e dos graus é fundamental. O conhecimento adquirido é de grande importância.

Experto – A ele estão confiadas tarefas importantes de condução de cerimónias de Iniciação, Aumento de Salário e Exaltação. Estando ainda acometidas as tarefas de ensino no decurso destas cerimonias.
Tem em alguns casos a prerrogativa de se deslocar sem a necessidade do M. Cerimónias. Tem ainda como missão identificar irmãos de outras lojas ou obediências, prestando nisso auxílio ao Guarda Interno.

Estão assim vistas as funções em Loja quer as administrativas quer as Rituais.

E Quanto ao Orador?

O Orador não foi esquecido. Mas é na minha opinião o Caso que não se enquadra.
Não é definitivamente um cargo Administrativo, mas sanciona o trabalho administrativo.
Não é definitivamente um cargo Ritual mas sanciona múltiplos aspectos rituais.
Não é definitivamente um cargo de Gestão da Loja, mas sanciona a gestão.
É o único que pode falar depois do Venerável Mestre.
É o único que pode falar quando achar que para tal há razão, nomeadamente em questões de regularidade e cumprimento dos regulamentos.

São-lhe pedidas orações de sapiência, sobre o que se passa em Loja independentemente do grau.
É, deveria ser, aquele que verifica as pranchas de Aprendizes e Companheiros para aferir se o seu conteúdo está consentâneo com o grau em que vai ser apresentado.
Em meu entender, deveria também fazer prévia verificação das pranchas de Mestre, pois estes muitas vezes levados pela vontade de ensinar quebram barreiras.

O Orador tem que saber tudo. É uma espécie de corolário dos demais Oficiais.

Vejamos

Como pode sancionar trabalhos administrativos, rituais e de gestão se não souber como fazê-los.
Como pode ajudar à condução dos trabalhos se não tiver experiência para tal.
Como pode ser o guardião da LEI se não for um mestre experimentado.

Ao longo destes anos que por aqui ando, tenho vindo a pensar sobre o que deve ser uma Loja, e como devem circular os Irmãos nela.

Estou certo que opinião sobre este assunto há pelo menos uma por cada cabeça pensante.

O percurso até ao Veneralato, para além do desempenho dos cargos de Vigilantes, deve incluir uma vertente administrativa e uma ritual.

Tentando dar uma sequencia a este percurso o mestre deverá desempenhar, não necessariamente de forma consecutiva os seguintes cargos:

Secretário e/ou Tesoureiro
Mestre de Cerimónias
Hospitaleiro

Estará então apto a entrar na sequência Sul – Ocidente – Oriente.
Depois de ser VM não há contestação ao passar um ano enquanto PVM e outro como GI.

Quanto ao Experto e ao Orador cargos fundamentais, deveriam ser a sequência lógica após o Guarda Interno, num novo percurso de Ocidente a Oriente, para finalmente terminar nas colunas.

E se este percurso não for seguido porque pode haver indisponibilidade falta de tempo, ou compromisso, pelo menos que o Orador seja um antigo Venerável pois os anos de trabalho permitirão que seja o repositório da experiência acumulada.

Todavia é necessário entender que a conclusão a que chego não é a de que a sucessão começa no início. Isso seria por a escolha do VM a 5 ou mais anos de distância o que é muito, tanto mais que nem sempre os Irmãos podem ter o compromisso de seguir uma sequência tão grande sem falhas.

O que quero dizer é que o capital de experiência deve ser aproveitado ao máximo pois uma loja só consegue o seu equilíbrio, e mais uma vez no meu ponto de vista, se tiver sempre um apreciável número de antigos Veneráveis activos.

Este equilíbrio que um “conselho Senatorial” pode proporcionar tem que ser entendido como apenas como isso e não como um Conselho no lugar do Venerável.

No entanto nada disto tem qualquer valor ou utilidade se a Loja não cuidar da renovação, iniciando, passando a Companheiro, elevando a Mestre mas sobretudo durante este percurso apostando na formação.

Esta formação deve ser mais vasta que a simples presença em sessão, deve incluir sessões instrução formais quer dentro do templo, quer fora do templo.

Os vigilantes ao terem que fazer essas sessões instrução, terão eles próprios que se preparar e que estudar, e com isso carregarão o seu lastro para o desempenho da função de Venerável Mestre para a qual serão chamados num futuro próximo.

O sucesso do percurso está, de facto, ligado ao Homem em si, mas está muito mais ligado à capacidade da Loja de suprir quaisquer defeitos ou falhas e permitir o sucesso daqueles que por feitio ou personalidade são um pouco menos carismáticos, e também ter a capacidade de mitigar as acções daqueles que são muito carismáticos.

Disse acima que o Venerável deverá acrescentar à Loja. Acrescentar significa continuar um projecto existente e não fazer um projecto próprio. Apenas a Loja deverá ter um projecto para o qual contribuem todos incluindo o Venerável.

Não tendo por objectivo estabelecer uma tese, e daí uma doutrina, penso ter deixado aqui alguma matéria de discussão, ou pelo menos de reflexão.
José Ruah

09 setembro 2007

Continuidade - Aí está o 18º

Em Julho passado anunciei aqui a eleiçao do JPSetubal para o cargo de Veneravel Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues.

Como isto da Maçonaria é a sério (pelo menos na Affonso Domingues), não tardou nem um dia a mais que o tempo minimo possivel para que o JPSetubal fosse instalado como Veneravel Mestre da Loja.

Instalado porque literalmente e simbolicamente o Veneravel é instalado na Cadeira de Veneravel, que representa simbolicamente a Cadeira De Salomão.

A Cerimónia decorreu com toda a SOlenidade que se impunha.

JPSetubal deu já uma clara ideia da forma como vai querer que decorra o seu Veneralato e com isso demosntrar claramente que pretende deixar a Loja mais forte , o que aliás tem sido uma constante.

A ti JPSetubal, co-blogueiro,VM e amigo um Triplo e Fraterno Abraço com votos de sucesso.

José Ruah

16 julho 2007

14 de Julho

Reunião maçónica - 1750

Está fora de dúvidas que a primeira palavra tem de ser o agradecimento a quem, sem me conhecer, penso eu, se prestou a vir felicitar os eleitos da nossa Loja, sendo que eu sou um deles.
Obrigado pois ao nosso sempre atento Profano.

Os meus Irmãos da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues quiseram que seja eu a tomar a responsabilidade pela condução dos trabalhos da Loja no próximo ano maçónico, que começará em Setembro.

Esta escolha ocorreu em data particularmente significativa para mim.
Quem acompanha este blog desde há 1 ano, pelo menos, recordar-se-á (ou poderá agora ir consultar) do que eu aqui escrevi em 14 de Julho de 2006.
Nessa altura resolvi que era a hora de pôr em público a figura de alguém que foi sempre preterido no seu País, mau grado o reconhecimento das entidades oficiais americanas que, mesmo como simples marinheiro, Lhe reconheceram o mérito do salvamento de centenas de cidadãos americanos, náufragos de navios americanos torpedeados por submarinos alemães no mar dos Açores em 1943/4.

Seria esta a data do Seu aniversário, o que transforma este acto de eleição para próximo V:.M:. da nossa Respeitável Loja uma prenda singularíssima, se não para Ele directamente, pelo menos através do filho que cá deixou.

Por outro lado este facto ocorre também em coincidência com a data da comemoração da Revolução Francesa, na qual os maçons se envolveram “forte e feio”, e a partir da qual se estabeleceram os conceitos que entendemos básicos para o relacionamento entre os homens e para o desenvolvimento da Humanidade.
Igualdade, Liberdade, Fraternidade são a base moral da Maçonaria.
Foram o lema no assalto à Bastilha e temos a certeza de que se os homens os tomassem como seu objectivo, teríamos o mundo com menos fome, menos guerra, menos tristeza.

Há momentos na vida que compensam muitos outros de amargura e desilusão.
Ainda há bem pouco tempo perdemos outro grande Homem do mundo.
Grande por razões diferentes mas grande também, e aqui deixei o meu “até à vista” num desses momentos em que a amargura nos toca por dentro, que nos dá para ficar absortos pensando na (in)utilidade das arrelias e enganos pelos quais passamos constantemente.

A alegria que os meus Queridos Irmãos me quiseram proporcionar neste 14 de Julho, as palavras fraternas de apoio que ouvi, compensam bem esses outros momentos de frustração com que a vida nos vai presenteando de vez em quando.
Meus Irmão, o que tenho recebido de Vós é incomparavelmente mais do que tenho merecido.

Apenas OBRIGADO.



JPSetúbal

14 julho 2007

A Continuidade - Vem ai o 18.º

Hoje a Loja Mestre Affonso Domingues, elegeu o seu proximo Veneravel Mestre e o proximo Tesoureiro.

Numa votaçao sem qualquer sobressalto, foi assegurada a continuidade da Liderança da Loja.

Para Tesoureiro foi eleito o Irmão Nuno. S. L., e espera-o um cargo dificil e ingrato, mas que ele conseguirá cumpri-lo nao temos qualquer duvida.

Para Veneravel, e será o 18.º Veneravel da Loja, foi eleito o Irmao JPSetubal, habitual colaborador deste Blog.

A tomada de posse ocorrerá em Setembro e nessa altura disso daremos conhecimento aqui.

Ao Nuno e ao JPSetubal , felicitaçoes.

Jose Ruah

12 setembro 2006

Novo Venerável Mestre na Loja Mestre Affonso Domingues

No passado fim de semana ocorreu a cerimónia de Instalação na Cadeira de Salomão, isto é, da tomada de posse, do novo Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues, PauloFR, que também já tem publicado textos neste blogue.

PauloFR fora eleito em Julho, por unanimidade de votos, para o exercício da função.

Esteve presente no acto o Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, Alberto Trovão do Rosário.

A cerimónia foi conduzida pelo Vice-Grão-Mestre, Mário Martin Guia.

Seguidamente, PauloFR deu, de imediato, posse aos elementos que designou para o exercício das demais funções na Loja.

Um dos elementos a quem PauloFR conferiu posse foi o assíduo colaborador deste blogue JPSetúbal, que assumiu as funções de 1.º Vigilante.

Um abraço a todos os empossados, mas em especial a estes dois co-blogueiros, manifestando a esperança de que o exercício, sempre absorvente, das funções que lhes foram confiadas e que estão agora a exercer não os impeça de continuarem a partilhar connosco os seus textos.

Rui Bandeira

05 setembro 2006

Venerável Mestre


Este blogue, como repetidamente tenho frisado, destina-se a ser lido por maçons e por não maçons. Os maçons estão habituados a usar termos ou expressões cujo significado lhes é familiar, mas que pode ser de difícil ou impossível entendimento para quem não for maçon. Sempre que me apercebecer que pode ser esse o caso, procurarei inserir um texto que torne claro, para todos, o significado de palavra ou expressão utilizada.

No texto publicado ontem, é referido, a dado passo, o "Venerável Mestre". Será esta a primeira expressão a ser esclarecida.

Venerável Mestre é a designação dada ao membro que exerce a função de direcção dos trabalhos de uma Loja maçónica.

Na Loja Mestre Affonso Domingues, o Venerável Mestre é eleito, usualmente em Julho, e toma posse após a pausa para férias, que decorre sempre durante todo o mês de Agosto. Logo, e ressalvada a ocorrência de situações que imponham uma alteração pontual (doença, por exemplo), o Venerável Mestre eleito em Julho toma posse no decorrer do mês de Setembro subsequente. Isto dá-lhe tempo para escolher e convidar os membros da Loja que, durante o seu mandato, irão exercer as várias tarefas necessárias ao funcionamento de uma Loja maçónica. Com efeito, à excepção da função de Tesoureiro - cujo titular é eleito, por regra em simultâneo com o Venerável Mestre - todas as demais funções são exercidas por elementos escolhidos pelo Veneável Mestre eleito. Pretende-se assim garantir o funcionamento de uma equipa que seja, tanto quanto possível, coesa e, portanto, eficaz no exercício das suas tarefas.

O mandato do Venerável Mestre (e também o do Tesoureiro) é de um ano, de Setembro a Setembro, podendo o Venerável Mestre ser reeleito apenas uma vez (o Tesoureiro pode ser reeleito sem qualquer limitação). Assegura-se, assim, que a Loja não fique dependente da direcção de um dos seus membros, por muito influente, eficaz ou consensual que seja.

Na Loja Mestre Affonso Domingues, a prática tem sido a de o membro eleito para Venerável Mestre exercer um só mandato. Privilegia-se assim a rotatividade e a aplicação do princípio de que todo o elemento admitido na Loja tem capacidade para a dirigir, pelo que, a seu tempo, o fará.

Com a eleição de um membro para Venerável Mestre, a Loja delega-lhe o poder de direcção da mesma, quer em temos administrativos, quer em termos de direcção de reuniões, quer em termos de execução das deliberações tomadas.

A confiança que a Loja deposita no membro que elegeu para exercer a função de Venerável Mestre inclui a delegação de poder para, sempre que, sobre qualquer assunto em debate, não se verifique a existência de uma posição consensual, ser o Venerável Mestre quem assume a decisão, a qual deve, porém, ser ponderada, prudente e tendo em atenção as posições expostas. Essa decisão poderá, assim, ser a de opção por uma das posições expressas (normalmente, quando o Venerável Mestre verifica ser essa a posição largamente maioritária, ainda que não consensual), a opção por uma das posições expressas, alterada ou complementada parcialmente por contributos provenientes das outras (procurando-se atingir a melhor solução racionalmente possível) ou uma solução intermédia entre duas ou mais das posições expressas (normalmente quando se não forma uma maioria clara, procurando-se atingir uma solução em que, ainda que não totalmente, todos, ou quase, os elementos da Loja, se possam rever).

Na sequência da discussão de qualquer assunto, em que todos os Mestres maçons têm a oportunidade de se pronunciar, a decisão anunciada pelo Venerável Mestre, decorrente do seu prudente juízo sobre a vontade da Loja, assume o carácter de deliberação da Loja, que é então, sem mais discussão, aceite e executada pelos seus membros.

Durante o período do seu mandato, os poderes delegados ao membro da Loja eleito Venerável Mestre são, assim, consideráveis e devem ser exercidos com a Sabedoria e a Prudência que a tradição atribui a Salomão. Costumam, assim, os maçons dizer que o Venerável Mestre da Loja toma assento na Cadeira de Salomão.

A expressão "Venerável Mestre" decorre da adaptação da expressão inglesa "Worshipful Master". São expressões que se utilizam desde o século XVIII e que, embora nos dias de hoje, tenham uma aparência pomposa e deslocada do uso actual da língua, continuam a ser comummente utilizadas pelos maçons, sempre rigorosos na aplicação da Tradição e dos bons ensinamentos dos que nos precederam. Também noutas ocasiões, todos utilizam expressões que cairam em desuso no dia a dia: quem não dirigiu já a sua correspondência a um "Exmo. Senhor"?

Rui Bandeira