26 dezembro 2016

Os Valores vencerão os medos e o terror


Quis o calendário deste ano que este texto se publique a 26 de dezembro, logo após o feriado do Natal. Espero que todos os que o leem tenham tido umas Boas Festas, em paz, sossego e junto de sua família, se assim foi o seu desejo.

Quer o calendário e a programação deste blogue que o próximo texto que convosco partilhe seja publicado já no início da segunda semana de janeiro de 2017, quando os festejos da Passagem de Ano já mais não forem do que recordação.

Esta é altura de balanço do ano que está prestes a findar e de expectativa em relação ao ano que aí vem. Abalanço-me ao balanço e à expectativa.

Vivemos tempos complicados e que nos impõem a necessidade de serenidade nas análises que fazemos.

O ano que finda não foi, seguramente, dos melhores anos da nossa vida coletiva. Em termos económicos, em Portugal começou-se a ver um ainda muito leve, e esperemos que não tão frágil como alguns o pintam, desanuviamento. Mas no Brasil a coisa parece estar feia e a instabilidade política e a desconfiança que se adensa sobre muitos dos atores políticos não vai ajudar nada. Receio que no País-Continente a situação vá piorar antes de melhorar... Desejo que piore pouco e por pouco tempo e que melhore muito e consistentemente. Nos demais países lusófonos, alguns vivem tempos de dificuldade, outros procuram diminuir as dificuldades que vêm de trás. Que paulatinamente todo o espaço que compartilha a nossa língua consiga evoluir, melhorar e, sobretudo, manter-se em Paz!

A nível global, o ano prestes a findar foi um tempo de crescimento da insegurança, da prática de atrocidades, de crescimento de nacionalismos e paroquialismos, de retrocesso da racionalidade e de cedência ao medo irracional, à fúria destemperada, à recusa do outro que é diferente, que só pode preocupar quem acredita que o Homem é mais do que bicho e instintos. Atentados, xenofobia. regresso de nacionalismos retrógados e, sobretudo, muito perigosos, populismos aproveitando-se dos medos de gentes desorientadas, senhores do mundo e de guerra em braços-de-ferro cujas consequências não recaem (nunca recaem...) sobre eles, mas sobre uma amálgama de pobre, desprezada e indefesa gente que, no mínimo, passa à condição de refugiada, no máximo perde a vida e no meio sofre um horroroso cortejo de violências, fome, estropiações e barbaridades, a tudo isso assistimos durante este ano e, pior, não temos razões para ser otimistas e antecipar que deixaremos de assistir no próximo ano.

Vivemos tempos difíceis, de medo, de insegurança, de misérias, mas também de egoísmos, demagogias e fundamentalismos.

A luta pelas armas e pelas medidas policiais e judiciais contra os fundamentalismos e suas expressões de terror é necessária, mas é insuficiente. 

O Mundo vive hoje uma guerra que é diferente das que anteriormente houve. Agora já não se trata de embates de exércitos clássicos, nem sequer de guerrilhas em busca da erosão de poderes confiando no apoio de populações. Agora assiste-se à tentativa de estabelecimento, por qualquer meio, de uma conceção fundamentalista de vida, utilizando o terror para tentar quebrar quem é diferente, com o fito de o sujeitar ao modo de vida que julgam dever ser o único com direito a existir. 

Essa guerra tem, obviamente, de ser combatida pela força das armas e da imposição das normas de sã convivência social, mas só pode ser ganha com a vitória das ideias de Liberdade, de Democracia, de Respeito pelas Identidades de Todos sobre a estreita e mesquinha mentalidade de quem se acha o detentor da única verdade admissível.

Não é cedendo a medos e endossando populismos que vamos lá. Não é fechando fronteiras que obtemos segurança. Não é rejeitando os outros por serem diferentes de nós e parecidos com a matilha fundamentalista, mas também dela vítimas, e quantas vezes mais direta, grave e profundamente vítimas dos raivosos de pensamento único, que extirpamos o cancro que ataca o corpo da nossa sociedade global.

Temos de ter a sensatez e a força de compreender que religião não tem nada a ver com fundamentalismo terrorista, designadamente que muitos muçulmanos sofrem também ataques ferozes por parte de pretensos guardiães das pretensas purezas de uma fé que distorcem, enfim que distinguir a religião islâmica da caricatura nojenta que dela fazem os que usam o terror e o fundamentalismo para desvirtuar o que é uma crença tão respeitável como as demais.

Deus, Jeovah, Allah, são apenas designações diveras do mesmo e único Criador. É estúpido - sobretudo profundamnete estúpido! - que se trucidem pessoas apenas em função e em nome de uma alegada pureza e superioridade de que se arrogam uns quantos - afinal seres de vistas curtas e horizontes muitíssimo limitados! - que não só se arrogam detentores de pretensa verdade absoluta como buscam impô-la pela força e pelo terror a quem dessa pretensa verdade absoluta se desvie um milímetro que seja.

A longo prazo, a vitória sobre estes ignorantes e canhestros fundamentalistas obter-se-á, não pela rejeição ou medo do diferente, mas pela inclusão e diálogo aberto entre os diferentes, inclusão e diálogo que inevitavelmente mostrarão a todos que, afinal, os aparentemente diferentes são essencialmente iguais! Essa será a forma como isolaremos os tumores e os extirparemos do seio da Humanidade! 

Há umas centenas de anos, a Europa dilacerava-se em nome de diferentes conceções religiosas. Um espaço houve onde se podiam juntar todos os que tinham diferentes conceções, desde que de boa vontade, coração puro e espírito de fraternidade para o seu semelhante. Foram as Lojas maçónicas. Aí germinaram as sementes da Tolerância, da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade, do Respeito pelos Direitos Humanos, que conduzirama Humanidade a tempos de Paz e de Progresso.

Hoje, perante a ameaça de fundamentalismos, de extremismos, de populismos, a Maçonaria continua a ser um espaço de diálogo, de fraternidade, de debate entre iguais, ainda que aparentemente diferentes. Aqui se continuam a deitar as sementes, e a cuidar para que germinem e cresçam, da Tolerância, da Paz e da Concórdia.

À bruta força dos extremismos, a Maçonaria contrapõe a Sabedoria, a sã Força e a Beleza das ideias da Tolerância, da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade, do Respeito pelos Direitos Humanos. A Maçonaria, as suas Lojas, os seus debates serenos, a sua Fraternidade, estão na linha de combate ao obscurantismo. E, no final, serão os nossos Valores que vencerão. Porque são as ideias que vencem o terror!

Rui Bandeira 

19 dezembro 2016

"Prancha de Traçar"


O texto que hoje publico viu a sua "luz" aqui à algum tempo atrás e quero partilhá-lo também com os habituais leitores e visitantes do  "A Partir Pedra", e trata de um tema que faz parte da vivência e prática maçónica, e que são as "Pranchas"...

Uma “Prancha de Traçar”, ou “Prancha Traçada” como também é costume se designar, pois é o resultado final que é avaliado, não é mais do que um trabalho efetuado por um maçom. Independentemente do material do qual é elaborado ou tema abordado, ela é sempre de extrema relevância no processo de aprendizagem e formação do maçom bem como no seu trajeto pelos vários graus do rito que pratique.

  O facto de se designarem por Pranchas de Traçar, os trabalhos apresentados em Loja e executados por Maçons, é originário da Maçonaria Operativa, a maçonaria dos artífices pedreiros da época da Idade Média.

Era nas suas pranchas que eles desenhavam as plantas dos imóveis, criavam os seus projetos de construção e montavam a maqueta da construção a realizar. Algo que nos dias de hoje, é efetuado pela classe dos arquitetos (provindo dessa classe outra designação pela qual também é conhecida a prancha de traçar, a “Peça de Arquitetura”).

 É através da execução de pranchas que o maçom toma um maior contato com a vasta simbologia maçónica e a interpreta à sua própria maneira. Ele nas suas pranchas, emprega o seu cunho pessoal e a sua noção sobre os vários assuntos ou temas maçónicos em análise.

Qualquer assunto é passível de ser traçado numa prancha, devendo apenas o mesmo ser executado através de um método de estudo e pesquisa sobre o tema, de forma a completar ou inovar o que já existe sobre a matéria em análise, ou se possível, criar algo novo que ainda não exista comentado ou feito, nomeadamente no caso de pranchas em que a pintura ou a música são a temática central.

  Todas as pranchas são passíveis de serem comentadas, apesar de ser costumeiro se afirmar que “prancha de Mestre não se comenta”, as críticas e comentários existem à mesma, nem que seja para assertivar ou elogiar o Irmão que a executou para além do tema que serviu de base à construção da prancha. Já em relação às pranchas dos Aprendizes e Companheiros, essas recebem as críticas necessárias à formação dos mesmos, na medida em que tal seja necessário.

  E tal como a construção mais simples é fruto de uma intensa pesquisa e enorme trabalho no seu desenvolvimento, também as pranchas dos pedreiros, agora “livres”, são executadas com o mesmo sentido de responsabilidade e labor. Sendo que a prancha a realizar, independentemente do seu tema, dever acima de tudo conter as três grandes qualidades maçónicas, “Força, Sabedoria e Beleza”.

“Força”, porque deve ser forte o suficiente para ficar impregnada na alma do maçom; “Sabedoria”, porque uma prancha deve conter informação relevante que ensine os demais; e “Beleza”, porque neste mundo nada pode ser forte e sapiente, se não encerrar em si algo de belo.

  Agora se esta prancha que eu “tracei” engloba as qualidades maçónicas, só os leitores o poderão afirmar… 

12 dezembro 2016

Valores Maçónicos (II)


O segundo tema dos Antigos Deveres respeita ao relacionamento que o maçom deve ter com o Poder Político e respectivas autoridades.

Eis o seu teor:

Um Maçon é sempre um súbdito pacífico, respeitador do poder civil, em qualquer lugar que resida ou trabalhe. Jamais está implicado em conspirações ou conluios contra a paz e a felicidade da nação, nem se há-de rebelar contra a autoridade, porque a guerra, os derramamentos de sangue e as perturbações, têm sido sempre funestas à Maçonaria. Assim, os antigos Reis e Príncipes sempre estiveram dispostos a proteger os membros da corporação posto que sua tranquilidade e fidelidade, que refutavam praticamente as calúnias de seus adversários, realçavam a Honra da Fraternidade, que sempre prosperou em tempos de paz. De modo que, se um Irmão se rebelasse contra o Estado, não deveria ser sustentado em seus atos. Todavia, poderia ser confortado, como um infeliz, e se não for reconhecido culpado de nenhum outro crime, embora a fiel Confraria deva desaprovar sua rebelião para não dar ao governo motivo de descontentamento e para evitar que alimente suspeitas, não se pode excluí-lo da Loja, suas relações com ela permanecendo invioláveis.

Deste texto retira-se que o maçom deve seguir o Valor do Respeito da Legalidade, que implica a recusa de atividade revolucionária ou o uso de violência para alteração de regime político. É, no fundo, o princípio essencial da Democracia. A sociedade organiza-se segundo normas que devem ser respeitadas. A alteração dessas normas deve efetuar-se pelas formas previstas na legalidade vigente. A mudança de responsáveis políticos deve ocorrer no respeito da legalidade e sempre por via pacífica e democrática.

Também aqui estão presentes os Valores da Fraternidade, da Tolerância e, bem vistas as coisas, da Igualdade e da Liberdade.

Mesmo perante o erro, que deve ser desaprovado, deve permanecer a inviolabilidade dos laços entre maçons.

A Fraternidade não implica auxílio na infração ou injusta vantagem concedida a quem quer que seja. Mas implica, perante a desgraça. o auxílio, perante o erro, o auxílio na sua superação.

Pressuposto da Fraternidade é a Tolerância (que não se confunde com permissividade), a aceitação de que o outro tem o direito de pensar e agir de forma diferente da minha maneira de pensar e de agir, sem, por isso, perder a meu respeito e a minha consideração pela sua individualidade. Posso e devo discordar de pensamentos com que não me identifico - mas não posso deixar de respeitar o direito do outro de pensar diferentemente de mim. Posso e devo verberar e condenar a ação errada, mas não devo ostracizar quem errou, antes cumpre-me auxiliar a que quem errou se corrija. Devo reconhecer que, tal como o outro erra no seu pensamento ou na sua ação, também eu estou sujeito a errar no meu pensamento e na minha ação. Devo, portanto, tolerar sem rebuço entendimento diverso do meu que considero errado, até porque, no limite, só a realidade e o futuro demonstrarão se o pensamento errado era o do outro ou o meu…

Subjacente à Fraternidade e à Tolerância está a Igualdade. Todos somos iguais na essência, embora todos sejamos diferentes, porque cada um de nós é único. Cumpre-nos, assim, reconhecer a Igualdade essencial do outro, imanente na sua diferença pessoal. Mais. só porque somos todos essencialmente iguais é que nos logramos realizar individualmente nas nossas diferentes especificidades. Daí , dessa Igualdade essencial, inevitavelmente que resulta a nossa necessidade de Tolerância das diferenças imanentes às diversas individualidades e a Fraternidade que nos deve unir aos nossos essencialmente iguais que, afinal, são todos os demais.

Tudo isto, em última instância, deriva da Liberdade de que o Criador nos dotou. O livre arbítrio é caraterística intrínseca do Homem e só existe na medida em que exista a Liberdade para cada um se determinar.

O Criador arquitetou o Universo concedendo a estas criaturas o Livre Arbítrio, para que o exerçam em Liberdade, reconhecendo que todos estão em plano de Igualdade essencial, nas suas diferenças individuais, que devem ser, assim Toleradas, devendo todos manter um relacionamento Fraterno.

Os demais Antigos Deveres, genericamente, repetem a necessidade destes Valores havendo apenas que realçar, de novo, quanto à Conduta que devem adotar os maçons, a referência aos Valores do Respeito (Não organizareis comissões privadas nem conversações separadas sem permissão do mestre, nem falareis de coisas impertinentes nem indecorosas, nem interrompereis o mestre nem os vigilantes nem qualquer irmão que fale com o mestre; nem vos comportarei jocosamente nem apalhaçadamente enquanto a loja estiver ocupada com assuntos sérios e solenes; nem usareis de linguagem indecente sob qualquer pretexto que seja; mas antes manifestareis o respeito devido aos vossos mestre, vigilantes e companheiros e venerá-los-eis.), da Temperança (Podeis divertir-vos com alegria inocente, convivendo uns com os outros segundo as vossas possibilidades. Evitai porém todos os excessos…), da Cortesia (Deveis cumprimentar-vos uns aos outros de maneira cortês…) e da Prudência (Sereis prudentes nas vossas palavras e atitudes…).

Respeito, Temperança, Cortesia e Prudência são Valores sociais que os maçons adotam também como essenciais na sua conduta.

Em suma, os Valores maçónicos são a expressão dos Valores Sociais adotados pelos maçons, com especial grau de exigência para si próprios. A contínua e intransigente prática destes Valores conduz o maçom ao seu desejado aperfeiçoamento pessoal, moral e espiritual. Os Valores maçónicos são assim o meio, o caminho e as ferramentas para o maçom levar a cabo a sua construção de si.

Rui Bandeira

05 dezembro 2016

"Tronco da Viúva"...

Hoje publico um texto de minha autoria e que foi publicado anteriormente aqui, cujo o tema é o "Tronco da Viúva". Termo este um pouco estranho para quem pouco ou nada sabe sobre a Maçonaria mas que não deixa de ter um cariz muito importante dentro da Ordem.
Desta forma, passo ao texto em si:

"Tronco da Viúva

 O “Tronco da Viúva” é também designado por “Tronco da Beneficência” ou “Tronco da Solidariedade”.
 Ao Tronco da Viúva são lhe atribuídas várias origens, pelo que uma das mais assumidas pela Maçonaria tem origem bíblica.
Hiram Abiff, mestre construtor do Templo de Salomão era filho de uma viúva. Mestre esse, que foi assassinado por três companheiros seus, por não querer divulgar os segredos de construção a que estava sujeito como mestre-de-obras. Esse assassinato veio mais tarde a originar uma das mais importantes lendas da Maçonaria; a qual está na base da maioria dos ritos maçónicos atuais. Advindo dessa lenda, o epíteto de “Filhos da Viúva”, com que se costumam designar os Maçons.

O facto de se designar por “tronco”, deve-se ao facto dos trabalhadores afectos à construção do Templo de Salomão, os Aprendizes e Companheiros, receberem os seus salários ao final do dia, junto às colunas do Templo. Para além de que etimologicamente, “caixa de esmolas” na língua francesa também se designar por “tronc”.
Sendo que o termo “Tronco da Viúva”, simboliza também uma (caixa de) esmola para socorro e auxílio das esposas (e filhos menores) de Irmãos falecidos.

Em Loja é o Mestre Hospitaleiro que está encarregado de fazer circular o Tronco da Viúva. Tronco esse, que em dado momento litúrgico de uma sessão maçónica, circula pelos Irmãos para que possam efetuar o seu óbolo na medida em que tal lhes seja possível.

Cabe ao Mestre Hospitaleiro e ao Mestre Tesoureiro, cuidarem para que ele se encontre numa situação-equilíbrio para que se possa prestar o auxílio necessário a quem dele reclamar. E como tal, o Tronco da Viúva não se quer nem muito cheio nem muito vazio. Se o mesmo se encontrar vazio, é porque as doações não serão significativas, correndo-se o risco, de se não se auxiliar quem dele necessitar numa situação imediata. Mas se ele se encontrar cheio, é porque quem necessitar de auxílio, não o estará a receber na devida forma.

Sendo que um dos deveres do Mestre Hospitaleiro é o de bem aconselhar o Venerável Mestre sobre os fins a darem às importâncias obtidas na circulação do Tronco da Viúva em Loja. A quem ou a quais, sejam Irmãos ou Instituições Sociais de que os necessitem.

Essa também é uma das funções sociais da Maçonaria. Ajudar outras instituições carenciadas que necessitem de auxílio; não procurando o Maçon o reconhecimento de tais atos, pois a soberba não deve existir nas suas ações. O Maçon assim faz, porque simplesmente acha de que o deve fazer, não porque procura méritos ou benefícios com isso. 
Sendo que, por não se procurar reconhecimentos ou assumir falsos méritos, é que a caridade maçónica sob a forma de tronco, é feita de forma reservada, nunca devendo um Maçon mostrar o que deposita no Tronco da Viúva. 
Quem procurar reconhecimento, deve procurar outro sítio para fazer a sua solidariedade, a sua caridade.

O Tronco em si mesmo, é uma forma de Solidariedade, ele lembra ao Maçon, que a beneficência e a solidariedade devem estar presentes ao longo da sua vida, fazendo ambos parte dos deveres do Maçon. Além de que, na circulação do Tronco da Viúva em Loja se relembrar ao Maçon que ele deve ser generoso e caritativo. Por isso, quando um Maçon faz o seu óbolo, ele deve dar um pouco de si também. Mas nunca com o pensamento de que um dia se necessitar, terá algo a que se “agarrar”. O Tronco da Viúva não serve de ”almofada” para os Maçons. Não devendo eles se aproveitarem da sua existência, para mais tarde o utilizarem sem razão aparente.

Quando um Maçon faz a sua entrega, a sua dádiva para o Tronco da Viúva, a única coisa que deve ter em mente, é o de partilhar um pouco de si mesmo e do que tem com os demais Irmãos.

Mas apesar de não ser uma obrigação principal da Maçonaria, pois a mesma não é uma IPSS, cabe ao Maçon ter um espírito solidário com quem dele necessite. Por isso mesmo, a missão do Tronco da Viúva, é a de ajudar um Irmão que necessite de auxílio.
Mas para alguém puder ser ajudado, é também necessário que o Irmão em causa reconheça a sua necessidade de auxílio. Mas, nem sempre quem precisa de ajuda, o solicita. A vergonha ou inclusive o orgulho, são em grande parte dos casos, o “travão” pessoal à procura de auxílio. Quem precisa de ajuda, deve por para “trás das costas” tais sentimentos, pois agindo assim, corre o sério risco de perder toda a ajuda que necessitar. E hoje em dia, devido à forma acelerada de como vivemos as nossas vidas, nem sempre nos é possível perceber quem necessita da nossa ajuda.

Todos nós em certas alturas da Vida, passamos por momentos em que fraquejamos ou que a nossa força mental não nos consegue ajudar a suportar o dia-a-dia.
 É principalmente nesses casos que o Maçon deve ajudar os seus Irmãos. Tentando se aperceber com a sua iluminação, quem necessita mais dele. Mas essa ajuda nem sempre deve ser (ou pode ser…) financeira mas antes moral ou espiritual, pois nem todas as carências de um Irmão são pecuniárias ou materiais. Muitas vezes apenas alguém necessita de uma palavra de inspiração, uma “palmada nas costas” ou um simples gesto de afeto e carinho. Tais gestos com certeza não podem ser depositados num saco, devem-no antes ser entregues (pessoalmente) ao Irmão necessitado. 
É amparando o seu Irmão, que o Maçon lhe demonstra a sua solidariedade e vive o espírito de fraternidade que a Maçonaria lhe oferece.

 Tal como afirmei anteriormente, a Maçonaria não é uma IPSS. Antes é uma Instituição que promove a Solidariedade, a Beneficência, a Fraternidade. E como tal, a sua principal missão é ser solidária com os seus membros/Irmãos. 
Sendo assim, não deve uma Loja virar as costas a um Irmão que esteja em apuros, devendo antes, correr em seu auxílio e o amparar na resolução dos seus problemas. E é para isso que fundamentalmente existe o Tronco da Viúva.
A única obrigação que ele tem, é a de ser bem utilizado!".
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