10 outubro 2016

Léxico maçónico: Ágape (republicação)

Este texto que hoje é republicado e que pode ser acessado no seu original aqui é da autoria do Rui Bandeira e já foi alvo de uma consideração póstuma que foi publicada uns anos mais tarde neste mesmo blogue e que também pode ser consultada aqui .

O Ágape ritual é uma das componentes mais belas do próprio ritual maçónico. Nele se vive e prolonga a fraternidade vivida na Cadeia de União.
Ele é um prologo da vivência em Loja e onde todos, também ao mesmo nível, podem falar, sem estarem a violar qualquer preceito maçónico ou até mesmo por estarem subscritos ao "silêncio" referente ao grau a que alguns dos elementos da Loja possam estar remetidos durante a execução de uma sessão maçónica e ao mesmo tempo para aproveitar para tomar uma refeição em conjunto.
Assim, depois desta pequena introdução ao tema de hoje, deixo-Vos com o texto na íntegra:

"Léxico Maçónico: Ágape

Nos vários textos anteriores, foi várias vezes mencionado o termo "ágape", aliás num deles definido como refeição tomada em conjunto por maçons, em regra depois, ou imediatamente antes, das reuniões de Loja.
Em circunstâncias ideais, as instalações onde decorrem reuniões de Lojas devem estar preparadas para ter uma sala, de tamanho adequado e devidamente mobilada, onde possa ser servida e consumida a refeição, e ainda local para a confecção desta.
Durante um ágape, são efectuados pelo menos sete brindes, dedicados ao Presidente da República, a todos os Chefes de Estado que protegem a Maçonaria, ao Grão-Mestre, ao Venerável Mestre da Loja, aos demais Oficiais da Loja, aos Visitantes (ou, nos ágapes brancos, às senhoras presentes) e a todos os Maçons, onde quer que se encontrem.
O ágape branco é um ágape em que estão presentes não maçons, em regra familiares e amigos. No ágape branco, o cerimonial é aligeirado ao mínimo, mantendo-se apenas os brindes.
O ágape ritual é considerado o prolongamento dos trabalhos em Loja. Nele, os Aprendizes e Companheiros têm oportunidade de exprimir as suas opiniões, relativamente aos assuntos debatidos em Loja (já que, em sessão de Loja, os Aprendizes e Companheiros devem observar a regra do silêncio, para mais concentradamente poderem dedicar a sua atenção ao que vêm e ouvem) ou colocados em discussão no próprio ágape.
Quando existem condições de privacidade que o permitam, o Venerável Mestre, no início do ágape, informa qual o tema sobre o qual todos os elementos presentes devem emitir as suas considerações, pela forma que entenderem. Seguidamente, cada um dos elementos presentes deve, à vez, levantar-se, apresentar-se e proferir uma alocução breve sobre o tema indicado. Esta rotina possibilita o melhor conhecimento mútuo de todos os membros de uma Loja (pois cada um expõe, em plena liberdade e perante a atenção silenciosa dos demais os seus pontos de vista), facilita a integração dos membros mais recentes (que verificam a prática da igualdade entre maçons e a aceitação das diferenças de opinião entre eles) e contribui para a superação do receio de falar em público de que sofrem algumas pessoas.
Quando existem condições para a refeição ser preparada e consumida nas instalações da Loja, por regra é nomeado um elemento da Loja, que fica com a responsabilidade de dirigir a preparação da refeição e do local onde a mesma vai ser consumida.
Quando não existem as condições de privacidade entendidas necessárias, o ritual do ágape reduz-se aos brindes ou é, mesmo, eliminado, servindo a refeição apenas (e já é bom!) para possibilitar a sã convivência entre os elementos da Loja.
Os ágapes em muito contribuem para a criação e o fortalecimento dos laços de amizade e solidariedade entre os maçons.

Rui Bandeira"

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