21 março 2016

"Qualidades maçónicas"


Sempre que em maçonês se fala em "qualidades maçónicas", não se está a abordar nenhum adjetivo em concreto mas antes funções e cargos ocupados por membros dos quadros de obreiros das lojas maçónicas.

Para erigir e fazer funcionar uma Loja é necessária uma determinada quantidade Mestres, para fundar uma Loja são necessários 7 mestres e para o seu funcionamento pelo menos 5 mestres, sendo o ideal existir um mínimo de 7 mestres presentes numa sessão maçónica.
Estes mestres ocuparão cargos e funções necessárias ao normal e regular funcionamento de uma Loja. E dado que uma loja maçónica é uma estrutura similar a uma qualquer associação, necessita de ter quem a dirija e de quem se ocupe de outros cargos que são necessários existirem para que esta associação/"Loja" funcione em pleno; ou seja, de forma justa e perfeita.

Normalmente a quantidade  de cargos a serem preenchidos pelos obreiros de uma Loja (designados por Oficiais) depende quase sempre do tipo de Rito executado nas sessões dessa mesma Loja. E digo "quase sempre" porque a ocupação dos cargos de uma Loja devem ser efetuados por Mestres, mas tal nem sempre é possível por vários fatores, sejam o tamanho do "Quadro da Loja" (número de obreiros) seja pela assiduidade dos mesmos.

Existem funções que podem em caso de recurso extremo ser ocupadas e executadas por Companheiros e/ou Aprendizes. Estando vedado a estes membros qualquer cargo de "direção" de Loja ou de certa ritualidade que os impeça de tal fazer.

No caso em concreto da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5, o Rito executado sempre nas suas sessões é o "Rito Escocês Antigo e Aceite", vulgo "REAA", e que conta com sete oficiais "principais"/"obrigatórios"; a saber:
  • Venerável Mestre: o Mestre que dirige a Loja.
  • 1ºVigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável pela formação de Companheiros e "Coluna do Sul".
  • 2ªVigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável pela formação dos Aprendizes e "Coluna do Norte".
  • Secretário: Ocupa-se dos habituais "trabalhos de secretaria" (correspondência, registo de presenças, elaboração de Atas...)
  • Orador: Certifica-se que os trabalhos de Loja decorrem de forma correta e regulamentar.
  • Tesoureiro: Gere as "economias & finanças" da Loja.
  • Mestre de Cerimónias: Cargo Ritual.
Os Ofícios acima designados são os que tornam uma Loja justa e perfeita e que são necessários ao normal funcionamento da Loja, mas existem outros que também têm a sua relevância na estrutura da Loja, a saber:
  • Experto: Cargo Ritual.
  • Hospitaleiro: Cargo Ritual e responsável pela gestão do Tronco da Viúva".
  • Organista: Responsável pelas sonoridades ambientes e rituais da Loja. É o chamado "DJ de serviço".
  • Guarda Interno: Certifica-se da cobertura da Loja; isto é, pela sua "segurança".
  • Arquivista: Responsável pela gestão do Arquivo da Loja.
  • Mestre Instalado: Mestres que ocuparam a direção de Loja no passado.  Pode-se considerar que são "conselheiros" do Venerável Mestre, por assim dizer.
Alguns destes últimos ofícios não são de execução obrigatória por Mestres apesar de preferencialmente serem efetuados por esses membros da Loja.
No entanto, é natural que existam outras "qualidades" na Maçonaria e que são referentes ao Grão-Mestrado (ocupadas pelo governo da Obediência Maçónica), sendo esta uma estrutura do tipo federativo, congregando o Grão-Mestre, os Grandes Oficiais e os seus respetivos Assistentes.

Contudo, algo que não pode nem deve ser confundido entre si são os "Graus" e as "Qualidades", uma vez que executar um cargo/ofício não é o mesmo que deter determinado grau.
Um "grau" é a posição/nível de conhecimento que um maçom tem e que ocupa na "hierarquia" da Maçonaria; a "qualidade" como referi anteriormente, são os cargos que se ocupam. E para ocupar determinados Ofícios é necessário ter sido atingido determinado grau, quase sempre o de Mestre Maçom ou inclusive o de "Venerável Mestre".
Já para obter um Grau, o cargo desempenhado na Loja pouco ou quase nada será relevante, pois o conhecimento ritual obtido e a boa assiduidade geralmente é que são determinantes para tal.


Espero que com esta pequena explicação, escrita de forma simples e ligeira, possa ter retirado algumas das dúvidas que alguns profanos têm acerca do funcionamento de uma Loja Maçónica no que a "qualidades" (cargos) diz respeito.

8 comentários:

Jocelino Neto disse...

Caro Nuno Raimundo, há alguma particularidade no REAA que faça diferir (de obediência a obediência, local a local,...)a ordem dos vigilantes em relação às colunas? Ou seja, "1º Vigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável pela formação de Companheiros e 'Coluna do Sul' e o 2º Vigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável pela formação dos Aprendizes e 'Coluna do Norte'" (como informa em vosso texto) ou vice-versa: 1º vigilante auxilia os Aprendizes e "Coluna do Norte" e 2º Vigilante auxilia os Companheiros e "Coluna do Sul"?

TFA

Nuno Raimundo disse...

Olá MQI,
que eu conheça, não.

TFA

Unknown disse...

Caro Nuno Raimundo,

O termo "DJ de Serviço" é real um um apelido, uma brincadeira?

Um abraço fraternal,

Luciano Galina

Nuno Raimundo disse...

Eu é que costumo por hábito, para aligeirar a "coisa", dizer que o Mestre Organista é o DJ de serviço, uma vez que é ele que tem como responsabilidade cuidar da música ambiente da Loja, seja ela ritual ou não.

TFA

Jocelino Neto disse...

Caro Nuno Raimundo, minha dúvida se deve a associação dos Vigilantes às colunas bem como suas "responsabilidades". Tendo como referência a prática do REAA no Brasil, o 1º Vigilante está associado a formação dos aprendizes e encontra-se no ocidente, próximo a "Coluna do Norte". Já o 2º Vigilante é responsável pela formação dos companheiros e está na "Coluna do Sul". Em seu texto expuseste o inverso. Não é de meu intento analisar comparativamente peculiaridades ritualísticas, nem definir qual configuração está mais adequada, apenas, lançar Luz sobre esta dúvida na esperança que me auxilie a encontrar a reposta. Bem haja, meu Ir.*. Nuno. T.*.F.*.A.*.

Nuno Raimundo disse...

E fizeste muito bem!
Em Portugal, no REAA que conheço e pratico, a associação dos Vigilantes é como eu afirmei. Desconhecia esse facto no Brasil.
Não sei quais os motivos para essa diferenciação, uma vez que a posição em Loja é a mesma em ambos os países.



TFA

Jocelino Neto disse...

Peço a gentileza de acessar o link em sequência I.*. Nuno:

http://www.noesquadro.com.br/2011/01/por-que-os-aprendizes-se-sentam-no.html

Agradeço desde já a oportunidade da construção conjunta de conhecimento.

T.*.F.*.A.*.

Miah disse...
Este comentário foi removido pelo autor.