29 julho 2009

Entrevista esclarecedora

François Stifani
Muito Respeitável Grão-Mestre
da Grande Loge Nationale Française

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP tem uma ligação especial com a Grande Loge Nationale Française. Foi esta Grande Loja que a consagrou, então ainda com o nome de Grande Loja Regular de Portugal. Vamos, pois, estando atentos ao que se passa com os nossos Irmãos Regulares de França. E um dos sítios que regularmente consulto é o sítio da Grande Loge Nationale Française.

Deparei recentemente nesse sítio com um vídeo de uma entrevista do Muito Respeitável Grão-Mestre da GLNF, François Stifani que, apesar da sua grande extensão - 27 minutos - vale a pena ver.

Em primeiro lugar, pela naturalidade e simplicidade como o Grão-Mestre Stifani fala, com clareza, de assuntos tão diversos como o segredo maçónico, o que buscam os maçons regulares, a espiritualidade, a diferença entre a Maçonaria Regular e a Maçonaria da orientação do Grande Orient de France, a posição da Maçonaria Regular perante a religião católica e a Igreja Católica, a efetiva aplicação no seio da Maçonaria da divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, etc.. Uma verdadeira lição, em poucos minutos, do que é Maçonaria.

Trata-se de uma entrevista concedida à TV 7, uma televisão regional francesa, de Bordéus. Mas não se pode deixar de notar que, se aqueles 27 minutos são verdadeiramente esclarecedores, sobretudo para os profanos, tal se deve também ao profissionalismo e qualidade do entrevistador. Perguntou o que precisava de perguntar para esclarecer os espectadores e deixou falar o entrevistado. Conduziu a entrevista como se de uma agradável conversa se tratasse, passando de tema a tema com a propósito, sem interromper malcriadamente o seu entrevistado, sem mostrar tomar partido a favor ou contra. O resultado foi um programa interessante, bem conduzido e elucidativo. Bem poderiam alguns e algumas profissionais da nossa praça, que se julgam estrelas do jornalismo televisivo, pôr os olhos e aprender com aquele profissional francês... É que, afinal, uma entrevista televisiva não tem propriamente como objetivo - exceto, parece, para algumas cabecinhas pensadoras que para aí andam... - fazer brilhar o entrevistador, qual estrela com aspirações a supernova... Uma entrevista televisiva é informação e o seu destinatário é o público. Não se destina a fazer brilhar nem entrevistador, nem entrevistado. Destina-se a INFORMAR. E, por isso, é-se bom profissional quando se conduz a entrevista, não com o propósito de contradizer, examinar, achincalhar, provocar, interromper, o entrevistado, não com o objetivo de encher o écran, mas com o único e reto propósito de criar as condições para que o entrevistado possa esclarecer a sua posição sobre os temas propostos. E depois o público faz o seu juízo: uns concordam, outros discordam, outros ainda ficam indiferentes...

Querem saber o que é, o que faz, como se situa perante a vida e a sociedade a Maçonaria Regular?

Pois bem, desde que entendam o francês, reservem 27 minutos do vosso tempo e... sigam este atalho:

http://www.glnf.fr/video2.asp
.

Às vezes, é pela forma mais simples que melhor se esclarece e se é esclarecido!

Rui Bandeira

14 comentários:

Diogo disse...

«Querem saber o que é, o que faz, como se situa perante a vida e a sociedade a Maçonaria Regular?»


Caro Rui Bandeira, tem alguma explicação para isto:

Diário de Notícias - 14 Maio 2009

Maçonaria quer serviços secretos

A obediência maçónica Grande Oriente Lusitano (GOL) pretende criar uma estrutura própria de serviços secretos, que designa por "núcleo interno de intelligence", indicam documentos a que a agência Lusa teve acesso.

A proposta foi apresentada numa reunião da Grande Dieta, órgão que equivale à assembleia geral do GOL a 21 de Março, e aprovada com 57 votos a favor e 21 contra.

O objectivo daquele "núcleo" é, segundo a acta da reunião, cumprir as "funções próprias daqueles organismos [de espionagem] no âmbito da defesa e prevenção", refere a acta da reunião.

A Lusa contactou o GOL, por correio electrónico, para obter do grão-mestre da obediência, António Reis, detalhes da estrutura e os fins práticos a que se destina, mas ainda não obteve qualquer resposta.

Na mesma Dieta foi igualmente aprovada - com 77 votos favoráveis e sete contra - a "contratação de equipas técnicas externas, para fornecimento de serviços de consultadoria e apoio efectivo ao grão-mestre e ao Conselho da Ordem nos domínios da seguran- ça de pessoas, património e informação".


Abraço

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

Releia, por favor, a frase que citou do meu texto. Para lhe chamar bem a atenção do que pretendo, vou colocar em maiúsculas a parte que pretendo destacar:

"Querem saber o que é, o que faz, como se situa perante a vida e a sociedade a MAÇONARIA REGULAR?

Este blogue é escrito por maçons REGULARES, que seguem os princípios da MAÇONARIA REGULAR.

Não temos nada a ver com, não nos interessam e não comentamos os assuntos do GOL, nem o que se escreve sobre o GOL, nem os preconceitos que haja ou deixe de haver, justificados, injustificados ou assim-assim, em relação ao GOL.

Entenda, Diogo, de uma vez por todas: MAÇONARIA REGULAR é uma coisa, GOL é outra!!!!

Quando eu falo de Maçonaria Regular, não me venha com mexericos sobre o GOL! Não misture alhos com bugalhos!

Portanto, meu caro Digo, sobre o mexerico que inseriu no seu comentário, não tenho qualquer explicação, não quero ter, faço gala em não ter, ignoro em absoluto, estou-me completamente nas tintas e todas as expressões equivalentes que quiser!

Se quiser esclarecimentos sobre este mexerico, pergunte a alguém do GOL.

E, por favor, Diogo, já anda pelas bandas deste blogue há tempo suficiente para saber que não vale a pena maçar-nos com provocaçõezinhas baratas do género desta! É que eu sei que o caro Diogo sabe que eu sei que o Diogo sabe muito bem a diferença entre a Maçonaria Regular e o GOL... Já segue este blogue há tempo mais do que suficiente para a ter claramente entendido. Só se fosse burro não teria percebido essa diferença - e eu não o tenho na conta disso!

Sempre que tiver alguma dúvida ou curiosidade sobre Maçonaria Regular, disponha, que eu tentarei responder-lhe o melhor que posso e sei.

Com provocaçõezinhas baratas deste género, por favor, Diogo, não me mace mais!

Um abraço.

Diogo disse...

Caro Rui Bandeira,

Garanto-lhe que não sabia, nem sei, qual é a diferença entre o Grande Oriente Lusitano e uma maçonaria regular. Embora me tenha interessado ultimamente pela maçonaria, não sei distinguir, de forma nenhuma, a diferença entre as várias obediências. O que tenho tentado descobrir é a filosofia subjacente.

Donde, caro Rui, não tem que ficar aborrecido. Essa notícia, que li e reproduzi na vossa caixa de comentários, considero-a preocupante. Foi por isso que chamei a atenção. Se a vossa obediência nada tem a ver com isso, tanto melhor.

Abraço

Crónicas de um Camelo disse...

Bom Dia Caro Senhor Rui Bandeira,

gostaria que partilhasse connosco, se possível, quais são os princípios da MAÇONARIA REGULAR que referenciou, bem como, a sua relevância no papel da Universalidade da filosofia maçónica e dos seus membros.

Finalmente, se na sua opinião, este conceito de regularidade apoiado na "crença" (creio eu), e hoje mais aliado a um conceito de "reconhecimento", não será uma forma de politizar "algo" que não o deveria ser.

Que nos diz ?

Um Abraço.

Jose Ruah disse...

@cronicas de um camelo

Estando o Rui de Férias, mais que merecidas, tomo a liberdade de lhe sugerir que nos proximos 10 a 15 dias , tempo que o Rui estará ausente, vá lendo os Post publicados aqui neste blog ao longo dos ultimos 3 anos.

Dentro do possivel fomos agregando os textos com etiquetas relativas ao(s) assunto(s) que tratam.

Estou certo que encontrará resposta para muito do que pergunta, pois sobre esses temas já muito foi escrito.

Sugiro tambem que nesses textos veja os comentários, pois ai poderão estar tambem informaçoes relevantes.

Crónicas de um Camelo disse...

Meu Caro Senhor José Ruah,

Agradeço desde já a sua disponibilidade e prontidão de resposta na ausência do Sr. Rui Bandeira.

Estas minhas questões prenderam-se após a leitura do texto "Entrevista esclarecedora".

Irei procurar outros textos do vosso blog afim de encontrar algo mais relacionado com as minhas questões.

Espero encontrar.

Cordialmente.

Rui Bandeira disse...

@ Crônicas de um Camelo:

Regressado de férias, posso responder diretamente à sua questão sobre os princípios da Maçonaria Regular. Pode lê-los em http://www.gllp.pt/12-regras.html .

Acrescentando algo mais: a crença num Criador (qualquer que seja a forma como ele é pessoalmente concebido e esteja-se ou não integrado numa religião "organizada") é uma das duas diferenças fundamentais entre a Maçonaria Regular e a Maçonaria Irregular ou Liberal. Tal decorreu historicamente de uma decisão do Gran Orient de France de finais do século XVIII de passar a aceitar ateus e agnósticos nas suas hostes, de deixar de trabalhar à Glória do Grande Arquiteto do Universo e de deixar de ter obrigatoriamente nas suas Lojas um Volume da Lei Sagrada aberto durante os trabalhos.
Já agora, a outra diferença é que a Maçonaria Regular não discute religião nem política em Loja e não tem intervenção política organizada enquanto instituição, ao contrário do que é admitido na Maçonaria Liberal.
O "reconhecimento" nascei da necessidade de aferir r declarar perante os membros de cada Obediência Regular e perante as demais Obediências Regulares quem segue todos os princípios da Maçonaria Regular e quem não é considerado como assim fazendo.
Mas reconheço que existem alguns laivos de exercício de poder, sobretudo pelas Obediências de referência (UGLE, Grandes Lojas americanas e GLNF)na definição e aplicação dos critérios de reconhecimento. O sistema não é perfeito - longe disso. Mas é, por ora, o único que há...

Crónicas de um Camelo disse...

Caro Sr. Rui,

Lí atentamente o seu texto (bem como o link) e, de facto, encontramos esta "marcação" no Grande Oriente de França. Não passou, no meu ponto de vista, de uma decisão "política" pois, a Revolução Francesa não foi obra do "acaso" e, acredito que ela teve o seu peso na balança aquando da tomada de tal decisão.

Quanto a Maçonaria "Regular", ou contrário da "liberal", não discutir política ou religião é algo que, perdoe-me a honestidade, não acredito. Poderá o meu caro Sr. Rui, e acredito que assim seja, afirmar que não existem tais discussões durante a execução dos trabalhos da loja reunida e aberta, contudo, dado tratar-se de uma sociedade fraterna de homens, acredito que tais situações aconteçam no entanto aquando da realização do tradicional ágape. É certo que esta minha última referência já, possivelmente, não contará para deturpar as regras que me mencionou no seu comentário anterior.

Finalmente, agradeço a sua frontalidade e sentido crítico no que toca ao "único" sistema criado por super-potências maçónicas no que toca ao "reconhecimento" de maçons, ou obediências.

Concordo em parte consigo, o sistema não está perfeito e, de facto estas Super-potências tem esse poder, através do número, do seu peso na comunidade maçónica e não só.

Pessoalmente, entristece-me que uma Filosofia tão "Universalista" esteja restringida ao domínio de certas "pessoas" que, entendo olhar apenas para o aspecto burocrático da "coisa". O Maçon deixa de ter a sua liberdade, ou de ser um pensador livre, para submeter-se a um conjunto de protocolos e regras que não me lembro de estarem escritas nos landmarks.

Dir-me-à o meu Caro Sr. Rui, e em tom de resposta, que tais super-potências perduram há centenas de anos e funcionam!

Mas aí entraríamos noutra discussão que nada tem a ver o tema do texto inicial. ou terá !? ...

Agradeço mais uma vez a sua resposta face a minha pergunta de 21/08.

Um Forte Abraço.

Rui Bandeira disse...

@ Crônicas de um Camelo:

1) Claro que na origem da separação de águas entre o Grand Orient de France e a UGLE esteve uma questão política - política no sentido de preservação dos interesses britânicos, política na rivalidade franco-britânica (com ou sem revolução Francesa...), política do ponto de vista do buscar da hegemonia no movimento maçónico e da preservação de um ideário fundamental de origem britânica e que se pretendeu não fosse adulterado. Mas isso passou-se há mais de 200 anos. Já é história...

2) Quanto a não se discutir em Loja política ou religião, na Maçonaria Regular é rigorosamente assim; que se possa falar ou debater política ou religião nos ágapes, não tem nada a ver: aí e então é a vertente convivial que prevalece e as posições individuais de cada um durante o convívio são livres. O importante é que, ENQUANTO INSTITUIÇÃO, a Maçonaria Regular não intervem e não toma posição sobre questões políticas ou religiosas. O que, por si só,já a diferencia - e bem! - da orientação Liberal (que é uma opção respeitável; só que diversa da da Maçonaria Regular).

3) Regime de reconhecimento: concordamos ambos em que não é perfeito. Mas haverá organização humana que o seja? Quanto às razões da imperfeição, se calhar já não estaríamos tão claramente de acordo...
As regras de reconhecimento destinam-se ou têm por consequência a aplicação em três campos distintos:

1) Separar as águas entre a Maçonaria Regular e a Maçonaria Liberal - são regras claras. Por parte da Maçonaria Liberal poderá argumentar-se que separa maçons de maçons e não devia separar; o maçon regular entende que separa e clarifica dois tipos diferentes de Maçonaria.

2) Separar organizações reconhecidas de dissidências - obviamente que são criticadas pelos dissidentes...

3) Sobretudo na Maçonaria americana, a institucionalização do princípio da unicidade num território, isto é, só é reconhecida uma Potência Maçónica com jurisdição sobre um determinado território, a não ser que exista um acordo de partilha e reconhecimento mútuo entre 2 ou mais Potências maçónicas partilhando o mesmo território (caso, por exemplo, da Alemanha, que tem 3 Grandes Lojas regulares, que se reconhecem mutuamente e que criaram uma superestrutura de coordenação comum).
É um princípio de origem americana, aparentemente com alguma lógica, mas que maifsta ou tro tipo de problemas, designadamente em relação ao reconhecimento da Maçonaria Prince Hall (com acordos de mútuo reconhecimento com a Maçonaria "mainstream" em todos os Estados americanos, exceto 11 Estados sulistas). Manifesta-se aqui um problema de outro tipo, particular da sociedade americana, que tem a ver com racismo.É, na minha opinião, claramente uma questão de existência, nos tais 11 Estados, de posição incompatível com o princípio da igualdade, também básico na Maçonaria. Mas o racismo não se erradica por decreto. As 11 GGLL "racistas" já foram 52; há 10 anos eram cerca de 20; o ano passado eram 12; para o ano, espera-se, já só serão 9 ou 10; daqiui a uns anos, desejavelmente, já não será nenhuma.
É um problema sério, mas que necessita de tempo e habilidade para se ir resdolvendo. E, sobretudo, só prova, que a Maçonaria não é perfeita.

Mas, afinal, bem vistas as coisas, não poderia nunca ser: se o maçon busca aperfeiçoar-se, é porque não é perfeito...

Reconhecer oque está mal e os condicionalismos para que melhore é, sobretudo, uma questão de honestidade intelectual. E dessa n
ao deve o maçon prescindir!

Um abraço!

Crónicas de um Camelo disse...

Caro Sr. Rui Bandeira,

Antes de mais devo salientar que me deliciei com o seu texto pois, permite-me entrar em vários aspectos que entendo importantes para a História (passada e futura) da Maçonaria no Mundo.

Irei tentar partilhar a minha opinião de forma ordenada (à sua semelhança) afim de não me dispersar nos micro-temas referenciados.

1)Temos antes de mais de ter em atenção que os séculos XVIII e XIX foram muito marcantes para a Maçonaria. A procura de unificação inicial caiu "por terra" aquando do nascimento de diversas correntes filosóficas fortes e em voga na altura. Isto é, como o meu caro amigo sabe, movimentos filosóficos emergentes como o martinismo, o iluminismo, etc ... que vieram trazer à população maçónica da época um leque de escolha considerável ... boas ou más ... as dissidências surgiram ... e com elas o recrutamento de novos membros ... novos segredos ... novas verdades ...

Pelo que sim, para mim foi uma decisão política, aliás pela própria posição social, e religiosa, da maçonaria. Tanto a nível de gestão recursos humanos como, da continuidade e respectivo crescimento do poder existente e, das não cedências de "espaço" por parte das obediências em causa. Quando 2 gigantes se juntam ... há sempre um que fica a "perder" (assim entende o Homem material ... imperfeito).

2)Pessoalmente, não faço ideia de "processamento" de uma sessão liberal. Uma liturgia sobre um livro branco? ou, melhor dizendo, um clube privado de debate?. Se passam as horas apenas na discussão de este ou aquele projecto político a aprovar ou, qualquer decisão que envolva religião.

Sei (penso eu) é que os maiores "sistemas" políticos e sociais, dos últimos séculos, nasceram sob a mão firme de maçons ... se eram liberais ou não ... se são sistemas perfeitos ou não ... eles funcionaram ... alguns ainda funcionam. É certo que para os seus criadores eram perfeitos ... hoje talvez precisassem apenas de serem actualizados...

Sei (penso eu) também que a Maçonaria Regular possui membros de calibre político, ou religioso ... se esta união de homens se limita a trabalhar a glória de DEUS ... ou do Grande Arquitecto do Universo como é por lá apelidado ... então só trabalham na sua própria perfeição ?

Ou estaremos apenas, e como confirmou e bem o meu caro amigo, a focar um aspecto temporal, pois afinal até acontece ... mas não no âmbito do "momento" mas sim, num mais oportuno e descontraído.

3)Aqui é que está a essência da questão ... tudo está em aberto.

1)As opiniões chocam. Apenas dir-lhe-ei o seguinte. A UGLE (como sabe certamente) não separa este conceito de Regularidade ou Reconhecimento.

Será então que perante tal facto, o "liberalista" estará totalmente errado ? Política ? Sectarismo de Maçons ? 2 Maçonarias ?

2) Os dissidentes são, e serão sempre uma pedra no sapato de quem se viu, e sentiu lesado. Vejamos por exemplo o caso do GOL ... obediência que creio ter sido Regular na pré-época Dr. Salazar. Regular bom ... pelo menos era "reconhecido" pela dita UGLE. Hoje, está creio eu, ligada a uma Obediência Francesa e, já não é regular ... ou reconhecida pela dita.

Mas também é verdade que nascem grandes coisas de dissidências. Vejamos por exemplo o caso no nascimento da Obediência actualmente detentora do tal "reconhecimento" ou "regularidade". Foi mau? foi necessário? foi político?

Eu creio que teve de ser ... ou tinha de ser pois foi uma necessidade da qual hoje vemos os frutos.

É na crítica que se encontra por vezes, o caminho da evolução ... e porque não ... tornar-mo-nos menos imperfeitos.

Aqui, salto para o último ponto que acabei de "focar" (entre aspas).

3) Quem vive no passado não pode ter sucesso no futuro. Faço aqui minhas palavras, a sua expressão que achei muito adequado para este tema.

"O Racismo não se erradica por decreto".

É verdade, e acrescentaria que não é só o racismo.

Espero no entanto continuar a ver bons exemplos, e saber aproveitar os maus para pode crescer na senda ...

Um Forte Abraço e, desculpe o longo texto (posso ser chato por vezes).

Rui Bandeira disse...

@Crônicas de um Camelo:

Escreveu:

"1)As opiniões chocam. Apenas dir-lhe-ei o seguinte. A UGLE (como sabe certamente) não separa este conceito de Regularidade ou Reconhecimento.

Será então que perante tal facto, o "liberalista" estará totalmente errado ? Política ? Sectarismo de Maçons ? 2 Maçonarias ?"

Digo eu:

Como será fácil de deduzir do que tenho escrito sobre este tema, na minha opinião a resposta correta é: 2 Maçonarias.

Seguramente que o maçon liberal não está errado. Apenas tem uma opção de princípio quanto à crença num Criador diversa do maçon regular. Tão respeitável é uma opção coo outra. Entender isto é essencial, pois só com a fraterna tolerância e aceitação da diferença existe verdadeiro comportamento maçónico. É estulto pretender-se discutir que opção é melhor ou mais justa: cada um entende como mais certa e adequada a sua opção - por isso a tem! O maçon liberal, ao aceitar em Loja ateus e agnósticos entende que é mais tolerante, mais aberto que o maçon regular, porque recusa discriminar em função de dogma (entendendo como dogma a crença num Criador). É um argumento que, seguramente, não é negligenciável.
Por mim, entendo que a tarefa de autoaperfeiçoamento só me faz sentido, em termos éticos, na busca da superação individual que estará imanente ao plano da Criação e que dá sentido à Existência. Por isso entendo que o maçon regular pode ir mais além do que o maçon libera (não que necessariamente vá...). Mas claro que o maçon liberal não entende assim e, pelo contrário, considera a exigência da crença num Criador, para ele dogmática,redutora.
Cada um sente-se mais confortável no caminho que escolheu. É tão só isso. Não se pode, e consiência, dizer que um caminhoé melhor do que o outro. Apenas se pode constatar que um caminho é melhor para uns e o outro melhor para outros. E, nesse sentido, ambos são igualmente respeitáveis.
Daí que eu diga: 2 Maçonarias. Não paralelas, seguindo caminhos que não se tocam até ao infinito, mas como dois ramos diferentes que brotaram do mesmo comum tronco.

Crónicas de um Camelo disse...

Caro Sr. Rui Bandeira,

Obrigado pela sua resposta.

Cito:
"Daí que eu diga: 2 Maçonarias. Não paralelas, seguindo caminhos que não se tocam até ao infinito, mas como dois ramos diferentes que brotaram do mesmo comum tronco."

Concordo plenamente, ainda que pessoalmente (lá está a via interior e pessoal) não entenda o porquê de um ateu procurar algo de superior ... se para ele esse superior não existe. É como a história daquele menino que quando crescer quer ser no mínimo o que foi, ou é, o Pai dele ... mas se não tem pai ... como pode ele ascender a algo ... onde estão os seus marcos, os seus exemplos ?? ...

Enfim.

De um mesmo tronco sim, concordo novamente, a história diz-nos isso, até prova do contrário é a que prevalece.

Finalmente gostaria de focar num ponto que ainda não abordamos. Isto é, possuímos os "regulares" e os "liberais".

E aqueles que são regulares (pelas regras citadas) e não pelo dito reconhecimento ?

3 Maçonarias ? Ou são anexados aos liberais ?

Um Abraço.

Rui Bandeira disse...

@ Crônicas de um Camelo:

Uma Obediência Maçónica que não seja reconhecida como Regular pura e simplesmente não goza de qualquer relacionamento formal com Obediência Regular; os seus membros não são admitidos em Lojas regulares; maçons Regulares não visitam Lojas de Obediências não reconhecidas.

Esta é a plítica oficial da UGLE e das Grandes Lojas Regulares.

Fora do enquadramento institucional, cada um é livre de pessoalmente entender como entender. Pessoalmente, eu considero o GOL uma Obediência historicamente estabelecida, com um percurso sério e uma opção que é diferente da Regularidade, mas corresponde a uma evolução própria, decorrente de factos historicamente conhecidos e compreendidos. Não visito Lojas do GOL e não admito membros do GOL na minha Loja, porque assim está determinado. Mas respeito-os e respeito a sua opção e, fora de Loja, tenho todo o gosto em com eles privar.
Quanto a dissidentes, pura e simplesmente não lhes ligo e não tenho qualquer espécie de contactos. Aquilo que um conjunto de adultos deseje fazer em privado é com eles e só com eles.

Crónicas de um Camelo disse...

Caro Sr. Rui,

Bom, vejo que as opiniões pessoais por vezes contradizem o regulamentado, sinal de que, um homem pensante não pode estar restringido a uma "alínea", principalmente quando a filosofia do homem que procura aperfeiçoar-se não o permite.

Agradeço a sua opinião e posição. Fiquei a saber que existem 3 tipos de maçonaria. A sua (Regular UGLE), a liberal (GOL ligada ao GOF) e dos "outros".

Fiquei finalmente a saber que apesar das suas obrigações o maçon pode (e deve) agir conforme lhe dita o coração (ou razão) ainda que as regras não o permitem (espero que sem sanção).

Felizmente somos todos adultos logo podemos escolher na universalidade da filosofia maçónica o trilho que mais convém ao maçon.

Estas coisas são deveras confusas para quem está de fora ... suspeito que até para alguns que devem estar dentro. Não concorda ?

Grato pela sua atenção.

Um Forte Abraço. :)