19 julho 2006

LIBANO, A MINHA PÁTRIA TEM SEMPRE RAZÃO

Não sei se o texto intitulado “Hipocrisia ou Falta de Coragem” tem o seu lugar num blog Maçónico.

Principalmente quando o nosso Querido Irmão JP Setúbal escreve, e passo a citar: “Temos a intenção de falar/brincar/dissertar, mas principalmente tirar as teias de aranha que povoam as cabeças de muitas pessoas sobre os M:. e a M:. dando a conhecer o que queremos, o que fazemos, quem somos.”

Mas como sou tolerante por natureza, e odeio todas as formas de censura, vou respeitar este texto partidário, embora lamentando um ponto de visto verdadeiramente “orientado”.

Vou tentar, então, desfazer um pouco este maniqueísmo e vestir a pele do advogado do diabo.

Primeiro, e para restabelecer a verdade, está errado escrever que os países ocidentais, a não ser os USA, não qualifiquem o Hezbollah de terrorista. O Parlamento Europeu adoptou no dia 10 de Março de 2005 uma resolução qualificando o Hezbollah justamente de terrorista.

Isto dito, justificar o injustificável, quero dizer a sobrevivência de Israel num conflito com o Hezbollah e, consequentemente, dissertar sobre os estragos colaterais na população Libanesa, é pelo menos redutor.

Como se pode escrever tão ligeiramente acerca da morte de crianças e mulheres ? Seres inocentes que cometeram o erro dramático de nascer no país errado, numa época errada.

Será preciso relembrar que são civis que são mortos e não combatentes de uma ou outra frente ?

Não quero polemicar porque trata-se de um assunto grave demais para brincar aos analistas políticos de segunda.

Digo simplesmente que, desde a criação do Estado de Israel até ao dia de hoje, houve 5 conflitos generalizados nos quais o Estado Hebraico esteve implicado (1948, 1956, 1967, 1973 et 1982), sem tomar em conta a guerra civil no Líbano.

E qual foi o resultado dessas guerras ? Pergunto, a nível político?
- Nada! Zero!

Por uma razão muito simples: porque nunca será encontrado um compromisso aceitável pelas partes em presença.
Pelo menos, enquanto os actuais dirigentes Sírios e Iranianos se mantenham no seu lugar. Porque são os verdadeiros responsáveis da situação actualmente vivida no Médio Oriente, fornecendo armas, dinheiro, logística e ideologia aos combatentes do Hezbollah e outras facções armadas.

A razão de esperar uma solução que se chame “Jordânia” ou “Egipto”, que passaram a ser exemplos de uma mudança política correcta.
Correcta para nós, Ocidentais. Obviamente.

Claro que o Estado de Israel tem o direito, e o dever legítimo, de preservar a sua integridade nacional mas quero dizer o seguinte acerca do Líbano:

- Não é bombardeando as estradas conduzindo à Síria que Israel vai dar cabo dos terroristas. Apenas irá matar refugiados que tentam fugir das zonas de combate.
- Como não é bombardeando o porto de Beirute e o seu aeroporto internacional que Tsahal acabará com o Hezbollah. Porque o Líbano não é o Hezbollah, longe disto.
- Os Chiitas representam 24% da população Libanesa, menos que os muçulmanos Sunitas e Druzes ou mesmo até que os Cristãos. Sem contar com a população que vive fora do Líbano, essencialmente Cristã, estimada em 12 ou 13 milhões.
- E seria errado pensar que todos os Chiitas aprovam as acções do Hezbollah.

Então ?

Será que o rapto de dois soldados é a verdadeira razão de tal empenhamento do exército Israelita ?

Será que Israel vai continuar a destruir um Estado de Direito que já sofreu uma guerra civil entre 1975 e 1990 que fez 150.000 mortos ?

Afinal, será uma guerra aberta contra um País vizinho ou retaliações contra uma organização armada que, desde 1982, lança ataques mortíferas contra a população de Israel ?

Ou, então, será para acabar de vez com a memória do massacre ocorrido em Sabra e Chatila quando a Milícia Libanesa e soldados de Tsahal, de mãos dadas, mataram centenas de civis Libaneses ?

Porquê Israel não quer implicar a Síria no conflito com o Hezbollah ?

Porquê Israel recusa o presença de uma força internacional, sob a égide das Nações Unidas, na fronteira com o Líbano?

Porquê ? Porquê ?

Porque, talvez, façam falta os homens livres e de bons costumes neste mundo de loucos.

Erato

2 comentários:

Rui Bandeira disse...

Caríssimo ERATO, gostaria de facto que o "A PARTIR PEDRA" pudesse ser um veículo para ensinar-mos outros "A PARTIR PEDRA", em vez de sermos nós próprios a fazê-lo, aqui !
O que não significa que não possamos exprimir a nossa opinião sobre os assuntos do mundo, ainda que em termos individuais, exclusivamente !

Jose Ruah disse...

@erato
Tem evidentemente o direito à opinião.
Mesmo que ela seja tão o mais facciosa que a minha. É esse o seu direito.

Terei muito gosto em continuar esta discussão caso queira.
Poderá obter junto dos gestores do Blog o Meu contacto.

No entanto antes de vir a liça, reveja a sua história e vai ver que o Seu Libano querido foi sempre instrumentalizado.

Ora pela OLP ora pela Siria e actualmente pelo Hezbollah / Irao