12 junho 2006

Violências

Foi recentemente exibido na RTP1 uma reportagem televisiva intitulada “Quando a violência vai à escola”. Este programa teve o mérito de trazer à luz do dia algo, que de uma forma implícita todos nós sabíamos que existia em algumas escolas portuguesas. Violência, indisciplina, desrespeito.

Violência, indisciplina e desrespeito entre alunos e para com os professores.

As imagens retrataram esta realidade de uma forma impessoal, fria e cruel. E naturalmente, quando somos confrontados com factos dolorosos e com uma realidade que nos entristece, sentimo-nos chocados e revoltados.

Seria de esperar um pouco de bom senso pelos responsáveis pelo nosso sistema de educação.

Seria de esperar que fossem tornadas públicas medidas e planos de acção que evitassem ocorrências semelhantes no futuro das nossas escolas.

Seria de esperar, que na ausência de algo de concreto que (muito ao gosto dos nossos dias) se noticiasse a constituição de uma comissão de estudo e avaliação da violência escolar, das suas competências e objectivos.

Mas para minha supresa, refere o jornal Correio da manhã na sua edição online de hoje (12 de Junho de 2006), que: O Ministério da Educação reagiu à transmissão, alegando suspeita de eventual violação do direito à imagem dos alunos filmados, sem o seu conhecimento.”

Palavras para quê? ... ...

Na semana que findou a Senhora Ministra da Educação afirmou públicamente que os TPC (Trabalhos Para Casa) são geradores de desigualdade. Esta afirmação obrigou-me a uma aturada reflexão sem que tenha chegado a alguma conclusão válida dada a complexidade da matéria... No final sobraram-me mais perguntas que respostas:

  • Será que pretende dizer que se gera desigualdade quando alguns alunos fazem os trabalhos e estudam em casa, e outros não?
  • Será que pretende transmitir que se gera desigualdade quando alguns pais mais conscênciosos apoiam os seus filhos no que respeita à escola, e outros não?

A solução proposta pela Senhora Ministra é a de que os alunos passem mais algum tempo do seu dia, para além das 5 ou 6 horas diárias de aulas, em salas de estudo com apoio de um docente.

  • Não lhe parece excessivo tanto tempo em sala de aula?
  • Não acha que o rendimento destes alunos se irá todo nivelar pela fasquia mais baixa?
  • Não considera que se os alunos já são difíceis de se controlar no seu horário escolar base, a sua atenção, comportamento e rendimento ainda serão menores durante estes tempos suplementares de estudo?

Que cada um de nós encontre no seu bom senso as respostas para estas questões.


Fernão de Magalhães

1 comentário:

Rui Bandeira disse...

A desigualdade quanto aos TPC a que a Ministra se referia tem precisamente a ver com o facto de alguns alunos trem pais presentes e que exercem a sua função de educadores e outros, infelizmente só verem os pais ao fim de semana ou breves minutos à noite, pois a (des)organização das grandes urbes faz com que muitos demorem horas do trabalho a casa.
O propósito de generalização de salas de estudo com apoio de docente visa colmatar essa forçada ausência de muitos pais.
Parece-mé, pois, uma boa medida.
Rui Bandeira